O que realmente aconteceu com iate real Britannia da 5° temporada de The Crown?


Série trouxe à tona a relação da monarquia com o governo britânico e sugere que iate era o ‘lugar favorito’ da rainha

Por Karla Adam

LONDRES - A muito aguardada 5° temporada da série britânica The Crown chegou ao Netflix com uma metáfora de peso - aproximadamente 4 mil toneladas. Trata-se do iate real Britannia, apresentado ao público em 1953 pela então jovem rainha Elizabeth II, na Escócia, um mês antes de sua coroação.

“Espero que este novo navio, como sua nova rainha, prove ser confiável e constante, capaz de resistir a qualquer tempestade”, declara ela na série sob muitos aplausos. O drama constrói um elo narrativo entre o navio e a rainha, que segue até 1991, quando a discussão sobre reparos do iate acontece em paralelo ao debate sobre a monarca, de 65 anos, estar muito velha para desempenhar o seu papel. A rainha morreu em setembro, aos 96 anos, após 70 de reinado.

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A série sugere que a rainha teria pressionado o primeiro-ministro da época, John Major, para que o governo custeasse os reparos do iate, o que poderia ter sido uma interferência inadequada na política por um monarca constitucional. Devido a isso, vieram à tona questões envolvendo o lobby entre o governo e a monarquia britânica.

Em imagem de 1985, a rainha Elizabeth II (C) posa para foto oficial com delegações de 45 países da Commonwealth a bordo do iate Britannia em Nassau, nas Bahamas Foto: Dave Caulkin/AP - 16/10/1985

Agora, o atual primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, recentemente, cancelou os planos para a construção de um iate real substituto, ideia que ressurgiu no governo de Boris Johnson. O empreendimento custaria cerca de 250 milhões de libras (cerca de R$ 1,5 bilhão) e 30 milhões de libras (cerca de R$ 189 milhões) por ano para funcionar.

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O que se sabe sobre o Britannia, o ‘palácio flutuante´?

Há realmente um iate real e ele foi batizado pela jovem rainha com uma garrafa de vinho Empire, mas sem o discurso autorreferencial. A série sugere que o iate seria o “lugar” favorito da monarca, uma possibilidade que não é afastada pelos biógrafos. Embora servido por uma tripulação de 220 pessoas, o navio era um lugar onde a família real podia relaxar e escapar do olhar atento do público.

O Britannia foi o último de uma série de iates reais que remontam a 1660 e ao rei Carlos II. Em 44 anos de serviço, o iate navegou mais de 1 milhão de milhas náuticas, o equivalente a mais de 40 voltas ao redor da Terra, atracando em mais de 600 portos, em135 países.

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Rainha Elizabeth se emociona com a desativação do iate real Britannia Foto: Reuters/Stringer/Files - 11/12/1997

Ao longo de sua história, personalidades influentes estiveram a bordo do iate, como Dwight D. Eisenhower, Gerald Ford, Ronald Reagan, Bill Clinton, Boris Yeltsin e Nelson Mandela. Quando a guerra civil eclodiu no sul do Iêmen, em 1986, o Britannia ajudou a evacuar civis.

A rainha realmente fez lobby?

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O Major da vida real, primeiro-ministro da época, chamou as conversas da série que sugerem o lobby de “um barril de bobagens”. Já Robert Lacey, consultor histórico de The Crown, disse ao jornal The Washington Post que o tema do iate teria inevitavelmente surgido entre a rainha e o primeiro-ministro, que se reuniam uma vez por semana para discutir assuntos de Estado. Para Hardman, o biógrafo real, embora a rainha sem dúvida estivesse interessada em reparos ou substituição, ela não teria “apoiado seus primeiros-ministros em troca de dinheiro”.

Um rebocador puxa o iate Britannia em seu cais no Ocean Terminal em Edimburgo, Escócia, onde hoje ele pode ser visitado  Foto: David Moir/Reuters - 06/01/2012

Em uma carta escrita em 1994, posteriormente guardada nos Arquivos Nacionais, o vice-secretário particular da rainha, Kenneth Scott, escreveu ao gabinete que “a rainha naturalmente daria as boas-vindas se fosse possível encontrar uma maneira de disponibilizar para a nação no século 21 o tipo de serviço que o Britannia prestou nos últimos 43 anos”.

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Vale destacar que, na época, o governo de Major decidiu não reparar ou renovar o navio.

O que aconteceu com o Britannia?

A última viagem do iate ao exterior foi para Hong Kong, em 1997, quando o território foi devolvido à China. Alguns meses depois, o Britannia empreendeu sua turnê de despedida pelo Reino Unido, escalando seis portos principais e tocando suas sirenes ao passar pelo estaleiro que o construiu, antes de retornar para uma cerimônia de descomissionamento em Portsmouth, Inglaterra, em 11 de dezembro de 1997. Lacey observou: “A única vez que a rainha foi vista chorando foi quando o iate real foi desativado”.

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Flautista solitário toca um lamento no convés do Britannia durante o funeral de Estado da rainha Elizabeth II Foto: Lesley Martin/PA via AP - 19/09/2022

Hoje, o navio é uma atração para visitantes em Edimburgo, na Escócia. Durante o funeral de Estado da rainha, em setembro, um flautista solitário tocou um lamento em seu convés.

LONDRES - A muito aguardada 5° temporada da série britânica The Crown chegou ao Netflix com uma metáfora de peso - aproximadamente 4 mil toneladas. Trata-se do iate real Britannia, apresentado ao público em 1953 pela então jovem rainha Elizabeth II, na Escócia, um mês antes de sua coroação.

“Espero que este novo navio, como sua nova rainha, prove ser confiável e constante, capaz de resistir a qualquer tempestade”, declara ela na série sob muitos aplausos. O drama constrói um elo narrativo entre o navio e a rainha, que segue até 1991, quando a discussão sobre reparos do iate acontece em paralelo ao debate sobre a monarca, de 65 anos, estar muito velha para desempenhar o seu papel. A rainha morreu em setembro, aos 96 anos, após 70 de reinado.

A série sugere que a rainha teria pressionado o primeiro-ministro da época, John Major, para que o governo custeasse os reparos do iate, o que poderia ter sido uma interferência inadequada na política por um monarca constitucional. Devido a isso, vieram à tona questões envolvendo o lobby entre o governo e a monarquia britânica.

Em imagem de 1985, a rainha Elizabeth II (C) posa para foto oficial com delegações de 45 países da Commonwealth a bordo do iate Britannia em Nassau, nas Bahamas Foto: Dave Caulkin/AP - 16/10/1985

Agora, o atual primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, recentemente, cancelou os planos para a construção de um iate real substituto, ideia que ressurgiu no governo de Boris Johnson. O empreendimento custaria cerca de 250 milhões de libras (cerca de R$ 1,5 bilhão) e 30 milhões de libras (cerca de R$ 189 milhões) por ano para funcionar.

O que se sabe sobre o Britannia, o ‘palácio flutuante´?

Há realmente um iate real e ele foi batizado pela jovem rainha com uma garrafa de vinho Empire, mas sem o discurso autorreferencial. A série sugere que o iate seria o “lugar” favorito da monarca, uma possibilidade que não é afastada pelos biógrafos. Embora servido por uma tripulação de 220 pessoas, o navio era um lugar onde a família real podia relaxar e escapar do olhar atento do público.

O Britannia foi o último de uma série de iates reais que remontam a 1660 e ao rei Carlos II. Em 44 anos de serviço, o iate navegou mais de 1 milhão de milhas náuticas, o equivalente a mais de 40 voltas ao redor da Terra, atracando em mais de 600 portos, em135 países.

Rainha Elizabeth se emociona com a desativação do iate real Britannia Foto: Reuters/Stringer/Files - 11/12/1997

Ao longo de sua história, personalidades influentes estiveram a bordo do iate, como Dwight D. Eisenhower, Gerald Ford, Ronald Reagan, Bill Clinton, Boris Yeltsin e Nelson Mandela. Quando a guerra civil eclodiu no sul do Iêmen, em 1986, o Britannia ajudou a evacuar civis.

A rainha realmente fez lobby?

O Major da vida real, primeiro-ministro da época, chamou as conversas da série que sugerem o lobby de “um barril de bobagens”. Já Robert Lacey, consultor histórico de The Crown, disse ao jornal The Washington Post que o tema do iate teria inevitavelmente surgido entre a rainha e o primeiro-ministro, que se reuniam uma vez por semana para discutir assuntos de Estado. Para Hardman, o biógrafo real, embora a rainha sem dúvida estivesse interessada em reparos ou substituição, ela não teria “apoiado seus primeiros-ministros em troca de dinheiro”.

Um rebocador puxa o iate Britannia em seu cais no Ocean Terminal em Edimburgo, Escócia, onde hoje ele pode ser visitado  Foto: David Moir/Reuters - 06/01/2012

Em uma carta escrita em 1994, posteriormente guardada nos Arquivos Nacionais, o vice-secretário particular da rainha, Kenneth Scott, escreveu ao gabinete que “a rainha naturalmente daria as boas-vindas se fosse possível encontrar uma maneira de disponibilizar para a nação no século 21 o tipo de serviço que o Britannia prestou nos últimos 43 anos”.

Vale destacar que, na época, o governo de Major decidiu não reparar ou renovar o navio.

O que aconteceu com o Britannia?

A última viagem do iate ao exterior foi para Hong Kong, em 1997, quando o território foi devolvido à China. Alguns meses depois, o Britannia empreendeu sua turnê de despedida pelo Reino Unido, escalando seis portos principais e tocando suas sirenes ao passar pelo estaleiro que o construiu, antes de retornar para uma cerimônia de descomissionamento em Portsmouth, Inglaterra, em 11 de dezembro de 1997. Lacey observou: “A única vez que a rainha foi vista chorando foi quando o iate real foi desativado”.

Flautista solitário toca um lamento no convés do Britannia durante o funeral de Estado da rainha Elizabeth II Foto: Lesley Martin/PA via AP - 19/09/2022

Hoje, o navio é uma atração para visitantes em Edimburgo, na Escócia. Durante o funeral de Estado da rainha, em setembro, um flautista solitário tocou um lamento em seu convés.

LONDRES - A muito aguardada 5° temporada da série britânica The Crown chegou ao Netflix com uma metáfora de peso - aproximadamente 4 mil toneladas. Trata-se do iate real Britannia, apresentado ao público em 1953 pela então jovem rainha Elizabeth II, na Escócia, um mês antes de sua coroação.

“Espero que este novo navio, como sua nova rainha, prove ser confiável e constante, capaz de resistir a qualquer tempestade”, declara ela na série sob muitos aplausos. O drama constrói um elo narrativo entre o navio e a rainha, que segue até 1991, quando a discussão sobre reparos do iate acontece em paralelo ao debate sobre a monarca, de 65 anos, estar muito velha para desempenhar o seu papel. A rainha morreu em setembro, aos 96 anos, após 70 de reinado.

A série sugere que a rainha teria pressionado o primeiro-ministro da época, John Major, para que o governo custeasse os reparos do iate, o que poderia ter sido uma interferência inadequada na política por um monarca constitucional. Devido a isso, vieram à tona questões envolvendo o lobby entre o governo e a monarquia britânica.

Em imagem de 1985, a rainha Elizabeth II (C) posa para foto oficial com delegações de 45 países da Commonwealth a bordo do iate Britannia em Nassau, nas Bahamas Foto: Dave Caulkin/AP - 16/10/1985

Agora, o atual primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, recentemente, cancelou os planos para a construção de um iate real substituto, ideia que ressurgiu no governo de Boris Johnson. O empreendimento custaria cerca de 250 milhões de libras (cerca de R$ 1,5 bilhão) e 30 milhões de libras (cerca de R$ 189 milhões) por ano para funcionar.

O que se sabe sobre o Britannia, o ‘palácio flutuante´?

Há realmente um iate real e ele foi batizado pela jovem rainha com uma garrafa de vinho Empire, mas sem o discurso autorreferencial. A série sugere que o iate seria o “lugar” favorito da monarca, uma possibilidade que não é afastada pelos biógrafos. Embora servido por uma tripulação de 220 pessoas, o navio era um lugar onde a família real podia relaxar e escapar do olhar atento do público.

O Britannia foi o último de uma série de iates reais que remontam a 1660 e ao rei Carlos II. Em 44 anos de serviço, o iate navegou mais de 1 milhão de milhas náuticas, o equivalente a mais de 40 voltas ao redor da Terra, atracando em mais de 600 portos, em135 países.

Rainha Elizabeth se emociona com a desativação do iate real Britannia Foto: Reuters/Stringer/Files - 11/12/1997

Ao longo de sua história, personalidades influentes estiveram a bordo do iate, como Dwight D. Eisenhower, Gerald Ford, Ronald Reagan, Bill Clinton, Boris Yeltsin e Nelson Mandela. Quando a guerra civil eclodiu no sul do Iêmen, em 1986, o Britannia ajudou a evacuar civis.

A rainha realmente fez lobby?

O Major da vida real, primeiro-ministro da época, chamou as conversas da série que sugerem o lobby de “um barril de bobagens”. Já Robert Lacey, consultor histórico de The Crown, disse ao jornal The Washington Post que o tema do iate teria inevitavelmente surgido entre a rainha e o primeiro-ministro, que se reuniam uma vez por semana para discutir assuntos de Estado. Para Hardman, o biógrafo real, embora a rainha sem dúvida estivesse interessada em reparos ou substituição, ela não teria “apoiado seus primeiros-ministros em troca de dinheiro”.

Um rebocador puxa o iate Britannia em seu cais no Ocean Terminal em Edimburgo, Escócia, onde hoje ele pode ser visitado  Foto: David Moir/Reuters - 06/01/2012

Em uma carta escrita em 1994, posteriormente guardada nos Arquivos Nacionais, o vice-secretário particular da rainha, Kenneth Scott, escreveu ao gabinete que “a rainha naturalmente daria as boas-vindas se fosse possível encontrar uma maneira de disponibilizar para a nação no século 21 o tipo de serviço que o Britannia prestou nos últimos 43 anos”.

Vale destacar que, na época, o governo de Major decidiu não reparar ou renovar o navio.

O que aconteceu com o Britannia?

A última viagem do iate ao exterior foi para Hong Kong, em 1997, quando o território foi devolvido à China. Alguns meses depois, o Britannia empreendeu sua turnê de despedida pelo Reino Unido, escalando seis portos principais e tocando suas sirenes ao passar pelo estaleiro que o construiu, antes de retornar para uma cerimônia de descomissionamento em Portsmouth, Inglaterra, em 11 de dezembro de 1997. Lacey observou: “A única vez que a rainha foi vista chorando foi quando o iate real foi desativado”.

Flautista solitário toca um lamento no convés do Britannia durante o funeral de Estado da rainha Elizabeth II Foto: Lesley Martin/PA via AP - 19/09/2022

Hoje, o navio é uma atração para visitantes em Edimburgo, na Escócia. Durante o funeral de Estado da rainha, em setembro, um flautista solitário tocou um lamento em seu convés.

LONDRES - A muito aguardada 5° temporada da série britânica The Crown chegou ao Netflix com uma metáfora de peso - aproximadamente 4 mil toneladas. Trata-se do iate real Britannia, apresentado ao público em 1953 pela então jovem rainha Elizabeth II, na Escócia, um mês antes de sua coroação.

“Espero que este novo navio, como sua nova rainha, prove ser confiável e constante, capaz de resistir a qualquer tempestade”, declara ela na série sob muitos aplausos. O drama constrói um elo narrativo entre o navio e a rainha, que segue até 1991, quando a discussão sobre reparos do iate acontece em paralelo ao debate sobre a monarca, de 65 anos, estar muito velha para desempenhar o seu papel. A rainha morreu em setembro, aos 96 anos, após 70 de reinado.

A série sugere que a rainha teria pressionado o primeiro-ministro da época, John Major, para que o governo custeasse os reparos do iate, o que poderia ter sido uma interferência inadequada na política por um monarca constitucional. Devido a isso, vieram à tona questões envolvendo o lobby entre o governo e a monarquia britânica.

Em imagem de 1985, a rainha Elizabeth II (C) posa para foto oficial com delegações de 45 países da Commonwealth a bordo do iate Britannia em Nassau, nas Bahamas Foto: Dave Caulkin/AP - 16/10/1985

Agora, o atual primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, recentemente, cancelou os planos para a construção de um iate real substituto, ideia que ressurgiu no governo de Boris Johnson. O empreendimento custaria cerca de 250 milhões de libras (cerca de R$ 1,5 bilhão) e 30 milhões de libras (cerca de R$ 189 milhões) por ano para funcionar.

O que se sabe sobre o Britannia, o ‘palácio flutuante´?

Há realmente um iate real e ele foi batizado pela jovem rainha com uma garrafa de vinho Empire, mas sem o discurso autorreferencial. A série sugere que o iate seria o “lugar” favorito da monarca, uma possibilidade que não é afastada pelos biógrafos. Embora servido por uma tripulação de 220 pessoas, o navio era um lugar onde a família real podia relaxar e escapar do olhar atento do público.

O Britannia foi o último de uma série de iates reais que remontam a 1660 e ao rei Carlos II. Em 44 anos de serviço, o iate navegou mais de 1 milhão de milhas náuticas, o equivalente a mais de 40 voltas ao redor da Terra, atracando em mais de 600 portos, em135 países.

Rainha Elizabeth se emociona com a desativação do iate real Britannia Foto: Reuters/Stringer/Files - 11/12/1997

Ao longo de sua história, personalidades influentes estiveram a bordo do iate, como Dwight D. Eisenhower, Gerald Ford, Ronald Reagan, Bill Clinton, Boris Yeltsin e Nelson Mandela. Quando a guerra civil eclodiu no sul do Iêmen, em 1986, o Britannia ajudou a evacuar civis.

A rainha realmente fez lobby?

O Major da vida real, primeiro-ministro da época, chamou as conversas da série que sugerem o lobby de “um barril de bobagens”. Já Robert Lacey, consultor histórico de The Crown, disse ao jornal The Washington Post que o tema do iate teria inevitavelmente surgido entre a rainha e o primeiro-ministro, que se reuniam uma vez por semana para discutir assuntos de Estado. Para Hardman, o biógrafo real, embora a rainha sem dúvida estivesse interessada em reparos ou substituição, ela não teria “apoiado seus primeiros-ministros em troca de dinheiro”.

Um rebocador puxa o iate Britannia em seu cais no Ocean Terminal em Edimburgo, Escócia, onde hoje ele pode ser visitado  Foto: David Moir/Reuters - 06/01/2012

Em uma carta escrita em 1994, posteriormente guardada nos Arquivos Nacionais, o vice-secretário particular da rainha, Kenneth Scott, escreveu ao gabinete que “a rainha naturalmente daria as boas-vindas se fosse possível encontrar uma maneira de disponibilizar para a nação no século 21 o tipo de serviço que o Britannia prestou nos últimos 43 anos”.

Vale destacar que, na época, o governo de Major decidiu não reparar ou renovar o navio.

O que aconteceu com o Britannia?

A última viagem do iate ao exterior foi para Hong Kong, em 1997, quando o território foi devolvido à China. Alguns meses depois, o Britannia empreendeu sua turnê de despedida pelo Reino Unido, escalando seis portos principais e tocando suas sirenes ao passar pelo estaleiro que o construiu, antes de retornar para uma cerimônia de descomissionamento em Portsmouth, Inglaterra, em 11 de dezembro de 1997. Lacey observou: “A única vez que a rainha foi vista chorando foi quando o iate real foi desativado”.

Flautista solitário toca um lamento no convés do Britannia durante o funeral de Estado da rainha Elizabeth II Foto: Lesley Martin/PA via AP - 19/09/2022

Hoje, o navio é uma atração para visitantes em Edimburgo, na Escócia. Durante o funeral de Estado da rainha, em setembro, um flautista solitário tocou um lamento em seu convés.

LONDRES - A muito aguardada 5° temporada da série britânica The Crown chegou ao Netflix com uma metáfora de peso - aproximadamente 4 mil toneladas. Trata-se do iate real Britannia, apresentado ao público em 1953 pela então jovem rainha Elizabeth II, na Escócia, um mês antes de sua coroação.

“Espero que este novo navio, como sua nova rainha, prove ser confiável e constante, capaz de resistir a qualquer tempestade”, declara ela na série sob muitos aplausos. O drama constrói um elo narrativo entre o navio e a rainha, que segue até 1991, quando a discussão sobre reparos do iate acontece em paralelo ao debate sobre a monarca, de 65 anos, estar muito velha para desempenhar o seu papel. A rainha morreu em setembro, aos 96 anos, após 70 de reinado.

A série sugere que a rainha teria pressionado o primeiro-ministro da época, John Major, para que o governo custeasse os reparos do iate, o que poderia ter sido uma interferência inadequada na política por um monarca constitucional. Devido a isso, vieram à tona questões envolvendo o lobby entre o governo e a monarquia britânica.

Em imagem de 1985, a rainha Elizabeth II (C) posa para foto oficial com delegações de 45 países da Commonwealth a bordo do iate Britannia em Nassau, nas Bahamas Foto: Dave Caulkin/AP - 16/10/1985

Agora, o atual primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, recentemente, cancelou os planos para a construção de um iate real substituto, ideia que ressurgiu no governo de Boris Johnson. O empreendimento custaria cerca de 250 milhões de libras (cerca de R$ 1,5 bilhão) e 30 milhões de libras (cerca de R$ 189 milhões) por ano para funcionar.

O que se sabe sobre o Britannia, o ‘palácio flutuante´?

Há realmente um iate real e ele foi batizado pela jovem rainha com uma garrafa de vinho Empire, mas sem o discurso autorreferencial. A série sugere que o iate seria o “lugar” favorito da monarca, uma possibilidade que não é afastada pelos biógrafos. Embora servido por uma tripulação de 220 pessoas, o navio era um lugar onde a família real podia relaxar e escapar do olhar atento do público.

O Britannia foi o último de uma série de iates reais que remontam a 1660 e ao rei Carlos II. Em 44 anos de serviço, o iate navegou mais de 1 milhão de milhas náuticas, o equivalente a mais de 40 voltas ao redor da Terra, atracando em mais de 600 portos, em135 países.

Rainha Elizabeth se emociona com a desativação do iate real Britannia Foto: Reuters/Stringer/Files - 11/12/1997

Ao longo de sua história, personalidades influentes estiveram a bordo do iate, como Dwight D. Eisenhower, Gerald Ford, Ronald Reagan, Bill Clinton, Boris Yeltsin e Nelson Mandela. Quando a guerra civil eclodiu no sul do Iêmen, em 1986, o Britannia ajudou a evacuar civis.

A rainha realmente fez lobby?

O Major da vida real, primeiro-ministro da época, chamou as conversas da série que sugerem o lobby de “um barril de bobagens”. Já Robert Lacey, consultor histórico de The Crown, disse ao jornal The Washington Post que o tema do iate teria inevitavelmente surgido entre a rainha e o primeiro-ministro, que se reuniam uma vez por semana para discutir assuntos de Estado. Para Hardman, o biógrafo real, embora a rainha sem dúvida estivesse interessada em reparos ou substituição, ela não teria “apoiado seus primeiros-ministros em troca de dinheiro”.

Um rebocador puxa o iate Britannia em seu cais no Ocean Terminal em Edimburgo, Escócia, onde hoje ele pode ser visitado  Foto: David Moir/Reuters - 06/01/2012

Em uma carta escrita em 1994, posteriormente guardada nos Arquivos Nacionais, o vice-secretário particular da rainha, Kenneth Scott, escreveu ao gabinete que “a rainha naturalmente daria as boas-vindas se fosse possível encontrar uma maneira de disponibilizar para a nação no século 21 o tipo de serviço que o Britannia prestou nos últimos 43 anos”.

Vale destacar que, na época, o governo de Major decidiu não reparar ou renovar o navio.

O que aconteceu com o Britannia?

A última viagem do iate ao exterior foi para Hong Kong, em 1997, quando o território foi devolvido à China. Alguns meses depois, o Britannia empreendeu sua turnê de despedida pelo Reino Unido, escalando seis portos principais e tocando suas sirenes ao passar pelo estaleiro que o construiu, antes de retornar para uma cerimônia de descomissionamento em Portsmouth, Inglaterra, em 11 de dezembro de 1997. Lacey observou: “A única vez que a rainha foi vista chorando foi quando o iate real foi desativado”.

Flautista solitário toca um lamento no convés do Britannia durante o funeral de Estado da rainha Elizabeth II Foto: Lesley Martin/PA via AP - 19/09/2022

Hoje, o navio é uma atração para visitantes em Edimburgo, na Escócia. Durante o funeral de Estado da rainha, em setembro, um flautista solitário tocou um lamento em seu convés.

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