O último truque de Binyamin Netanyahu, o ‘Mágico’, em Israel


Como em um ritual, Netanyahu faz anúncios drásticos para assustar ou emocionar eleitores antes de votação

Por THE ECONOMIST
Atualização:

É uma espécie de ritual. Com a eleição se aproximando, Binyamin Netanyahu vai fundo para assustar ou emocionar seus apoiadores radicais. Fala coisas desagradáveis sobre a minoria árabe de Israel. Adverte sobre fraude na votação. Pede a conservadores nervosos que imaginem um gabinete com um ministro chamado Ahmed.

Os palestinos criticaram a promessa de campanha de Netanyahu Foto: Gil Cohen-Magen / AFP

Na terça-feira, deu uma cartada: se reeleito, afirmou, vai anexar o Vale do Jordão. Tal iniciativa – na verdade, simplesmente discuti-la – seria execrada no exterior, mesmo por aliados de Israel. Mas críticas externas preocupam menos Netanyahu do que a ameaça de uma derrota interna.

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Esta será a segunda eleição israelense desde abril. A votação anterior deu 65 cadeiras aos partidos radicais e religiosos, o que deveria permitir a Bibi formar um governo. Mas Avigdor Lieberman, líder do partido Yisrael Beiteinu, rejeitou aderir – a menos que o governo aprovasse uma lei que dificulta a judeus ultraortodoxos evitar o serviço militar matriculando-se em escolas religiosas. Netanyahu não podia aceitar isso, pois seus aliados ultraortodoxos boicotariam qualquer coalizão. Ele saiu humilhado, faltando apenas uma cadeira para formar maioria. 

Anteriormente em Israel, o presidente poderia pedir a outro partido para formar a coalizão. Mas Netanyahu quer evitar isso a qualquer preço. Ele é acusado de corrupção e fraude. Permanecer no poder facilitará sua defesa. Talvez por isso ele tenha convencido o novo Parlamento a se dissolver, forçando uma nova eleição. Assim, no dia 17, os israelenses vão mais uma vez às urnas.

Se as pesquisas estiverem certas, Netanyahu, mais uma vez, não conseguirá maioria. A jogada de Lieberman ganhou apoio. Pesquisas dizem que seu pequeno partido dobrou de tamanho desde abril. Isso não faria dele um sério candidato a chefiar o governo, mas o tornaria um sério obstáculo para Netanyahu. E os partidos ultraortodoxos, contrários ao serviço militar obrigatório, não apoiariam um governo que deseja aprovar essa lei. 

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Essas seriam boas notícias para os rivais de Netanyahu, mas eles também têm poucas perspectivas de vitória. O maior adversário, partido Azul e Branco, está saindo de uma campanha marcada por lutas internas e gafes. Ele não tem um caminho fácil para formar uma coalizão. Enquanto isso, o ex-premiê Ehud Barak voltou à política com alarde. Mas, em lugar de esquentar a eleição, apenas turvou as águas para os eleitores de centro-esquerda, confusos sobre quem apoiar.

Cinco meses após a eleição, a opinião pública pouco mudou. Se Lieberman se ativer à sua posição, uma maioria do Parlamento, provavelmente, vai aderir a partidos ávidos por ver a saída de Netanyahu. Isso é a única coisa que os une – dificilmente o bastante para fazer partidos árabes se sentarem com nacionalistas judeus no mesmo governo. É a volta do impasse.

O comparecimento às urnas em abril foi de 68%, 4 pontos porcentuais a menos do que em 2015. Muito da queda se deveu ao pobre comparecimento entre os árabes israelenses – apenas 49%, uma queda de 15 pontos. Os ultraortodoxos comparecerão em massa, incentivados por seus rabinos, o que ajuda Netanyahu. Mas ele, sem dúvida, está preocupado com o que vão pensar seus adeptos.

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Há anos que as pesquisas mostram que mesmo direitistas radicais estão cansados do longo reinado de Netanyahu e de seus intermináveis escândalos pessoais. Eles não vão cruzar a linha partidária e votar na centro-esquerda, mas podem decidir ficar em casa.

No passado, Netanyahu conseguiu superar o “cansaço com Bibi” através do medo. Na eleição de 2015, por exemplo, ele advertiu que os eleitores árabes compareceriam “em massa” às urnas. Neste ano, ele voltou à carga, acusando os árabes de arquitetar fraude eleitoral e de tentar “roubar a eleição”. Duas semanas antes da votação, ele tentou aprovar às pressas uma emenda para permitir que observadores filmassem centros de votação, numa tentativa de intimidar eleitores árabes (a emenda não passou).

Agora, ele vem com a promessa de anexação, um antigo sonho da extrema direita. Não está claro se Netanyahu cumprirá a promessa – ele está no poder há 13 anos e nunca fez nada de concreto para anexar o território. Mas suas palavras ajudam a deixar a ideia mais normal. Um futuro líder poderá ser um pouco menos contido. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ  © 2019 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

É uma espécie de ritual. Com a eleição se aproximando, Binyamin Netanyahu vai fundo para assustar ou emocionar seus apoiadores radicais. Fala coisas desagradáveis sobre a minoria árabe de Israel. Adverte sobre fraude na votação. Pede a conservadores nervosos que imaginem um gabinete com um ministro chamado Ahmed.

Os palestinos criticaram a promessa de campanha de Netanyahu Foto: Gil Cohen-Magen / AFP

Na terça-feira, deu uma cartada: se reeleito, afirmou, vai anexar o Vale do Jordão. Tal iniciativa – na verdade, simplesmente discuti-la – seria execrada no exterior, mesmo por aliados de Israel. Mas críticas externas preocupam menos Netanyahu do que a ameaça de uma derrota interna.

Esta será a segunda eleição israelense desde abril. A votação anterior deu 65 cadeiras aos partidos radicais e religiosos, o que deveria permitir a Bibi formar um governo. Mas Avigdor Lieberman, líder do partido Yisrael Beiteinu, rejeitou aderir – a menos que o governo aprovasse uma lei que dificulta a judeus ultraortodoxos evitar o serviço militar matriculando-se em escolas religiosas. Netanyahu não podia aceitar isso, pois seus aliados ultraortodoxos boicotariam qualquer coalizão. Ele saiu humilhado, faltando apenas uma cadeira para formar maioria. 

Anteriormente em Israel, o presidente poderia pedir a outro partido para formar a coalizão. Mas Netanyahu quer evitar isso a qualquer preço. Ele é acusado de corrupção e fraude. Permanecer no poder facilitará sua defesa. Talvez por isso ele tenha convencido o novo Parlamento a se dissolver, forçando uma nova eleição. Assim, no dia 17, os israelenses vão mais uma vez às urnas.

Se as pesquisas estiverem certas, Netanyahu, mais uma vez, não conseguirá maioria. A jogada de Lieberman ganhou apoio. Pesquisas dizem que seu pequeno partido dobrou de tamanho desde abril. Isso não faria dele um sério candidato a chefiar o governo, mas o tornaria um sério obstáculo para Netanyahu. E os partidos ultraortodoxos, contrários ao serviço militar obrigatório, não apoiariam um governo que deseja aprovar essa lei. 

Essas seriam boas notícias para os rivais de Netanyahu, mas eles também têm poucas perspectivas de vitória. O maior adversário, partido Azul e Branco, está saindo de uma campanha marcada por lutas internas e gafes. Ele não tem um caminho fácil para formar uma coalizão. Enquanto isso, o ex-premiê Ehud Barak voltou à política com alarde. Mas, em lugar de esquentar a eleição, apenas turvou as águas para os eleitores de centro-esquerda, confusos sobre quem apoiar.

Cinco meses após a eleição, a opinião pública pouco mudou. Se Lieberman se ativer à sua posição, uma maioria do Parlamento, provavelmente, vai aderir a partidos ávidos por ver a saída de Netanyahu. Isso é a única coisa que os une – dificilmente o bastante para fazer partidos árabes se sentarem com nacionalistas judeus no mesmo governo. É a volta do impasse.

O comparecimento às urnas em abril foi de 68%, 4 pontos porcentuais a menos do que em 2015. Muito da queda se deveu ao pobre comparecimento entre os árabes israelenses – apenas 49%, uma queda de 15 pontos. Os ultraortodoxos comparecerão em massa, incentivados por seus rabinos, o que ajuda Netanyahu. Mas ele, sem dúvida, está preocupado com o que vão pensar seus adeptos.

Há anos que as pesquisas mostram que mesmo direitistas radicais estão cansados do longo reinado de Netanyahu e de seus intermináveis escândalos pessoais. Eles não vão cruzar a linha partidária e votar na centro-esquerda, mas podem decidir ficar em casa.

No passado, Netanyahu conseguiu superar o “cansaço com Bibi” através do medo. Na eleição de 2015, por exemplo, ele advertiu que os eleitores árabes compareceriam “em massa” às urnas. Neste ano, ele voltou à carga, acusando os árabes de arquitetar fraude eleitoral e de tentar “roubar a eleição”. Duas semanas antes da votação, ele tentou aprovar às pressas uma emenda para permitir que observadores filmassem centros de votação, numa tentativa de intimidar eleitores árabes (a emenda não passou).

Agora, ele vem com a promessa de anexação, um antigo sonho da extrema direita. Não está claro se Netanyahu cumprirá a promessa – ele está no poder há 13 anos e nunca fez nada de concreto para anexar o território. Mas suas palavras ajudam a deixar a ideia mais normal. Um futuro líder poderá ser um pouco menos contido. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ  © 2019 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

É uma espécie de ritual. Com a eleição se aproximando, Binyamin Netanyahu vai fundo para assustar ou emocionar seus apoiadores radicais. Fala coisas desagradáveis sobre a minoria árabe de Israel. Adverte sobre fraude na votação. Pede a conservadores nervosos que imaginem um gabinete com um ministro chamado Ahmed.

Os palestinos criticaram a promessa de campanha de Netanyahu Foto: Gil Cohen-Magen / AFP

Na terça-feira, deu uma cartada: se reeleito, afirmou, vai anexar o Vale do Jordão. Tal iniciativa – na verdade, simplesmente discuti-la – seria execrada no exterior, mesmo por aliados de Israel. Mas críticas externas preocupam menos Netanyahu do que a ameaça de uma derrota interna.

Esta será a segunda eleição israelense desde abril. A votação anterior deu 65 cadeiras aos partidos radicais e religiosos, o que deveria permitir a Bibi formar um governo. Mas Avigdor Lieberman, líder do partido Yisrael Beiteinu, rejeitou aderir – a menos que o governo aprovasse uma lei que dificulta a judeus ultraortodoxos evitar o serviço militar matriculando-se em escolas religiosas. Netanyahu não podia aceitar isso, pois seus aliados ultraortodoxos boicotariam qualquer coalizão. Ele saiu humilhado, faltando apenas uma cadeira para formar maioria. 

Anteriormente em Israel, o presidente poderia pedir a outro partido para formar a coalizão. Mas Netanyahu quer evitar isso a qualquer preço. Ele é acusado de corrupção e fraude. Permanecer no poder facilitará sua defesa. Talvez por isso ele tenha convencido o novo Parlamento a se dissolver, forçando uma nova eleição. Assim, no dia 17, os israelenses vão mais uma vez às urnas.

Se as pesquisas estiverem certas, Netanyahu, mais uma vez, não conseguirá maioria. A jogada de Lieberman ganhou apoio. Pesquisas dizem que seu pequeno partido dobrou de tamanho desde abril. Isso não faria dele um sério candidato a chefiar o governo, mas o tornaria um sério obstáculo para Netanyahu. E os partidos ultraortodoxos, contrários ao serviço militar obrigatório, não apoiariam um governo que deseja aprovar essa lei. 

Essas seriam boas notícias para os rivais de Netanyahu, mas eles também têm poucas perspectivas de vitória. O maior adversário, partido Azul e Branco, está saindo de uma campanha marcada por lutas internas e gafes. Ele não tem um caminho fácil para formar uma coalizão. Enquanto isso, o ex-premiê Ehud Barak voltou à política com alarde. Mas, em lugar de esquentar a eleição, apenas turvou as águas para os eleitores de centro-esquerda, confusos sobre quem apoiar.

Cinco meses após a eleição, a opinião pública pouco mudou. Se Lieberman se ativer à sua posição, uma maioria do Parlamento, provavelmente, vai aderir a partidos ávidos por ver a saída de Netanyahu. Isso é a única coisa que os une – dificilmente o bastante para fazer partidos árabes se sentarem com nacionalistas judeus no mesmo governo. É a volta do impasse.

O comparecimento às urnas em abril foi de 68%, 4 pontos porcentuais a menos do que em 2015. Muito da queda se deveu ao pobre comparecimento entre os árabes israelenses – apenas 49%, uma queda de 15 pontos. Os ultraortodoxos comparecerão em massa, incentivados por seus rabinos, o que ajuda Netanyahu. Mas ele, sem dúvida, está preocupado com o que vão pensar seus adeptos.

Há anos que as pesquisas mostram que mesmo direitistas radicais estão cansados do longo reinado de Netanyahu e de seus intermináveis escândalos pessoais. Eles não vão cruzar a linha partidária e votar na centro-esquerda, mas podem decidir ficar em casa.

No passado, Netanyahu conseguiu superar o “cansaço com Bibi” através do medo. Na eleição de 2015, por exemplo, ele advertiu que os eleitores árabes compareceriam “em massa” às urnas. Neste ano, ele voltou à carga, acusando os árabes de arquitetar fraude eleitoral e de tentar “roubar a eleição”. Duas semanas antes da votação, ele tentou aprovar às pressas uma emenda para permitir que observadores filmassem centros de votação, numa tentativa de intimidar eleitores árabes (a emenda não passou).

Agora, ele vem com a promessa de anexação, um antigo sonho da extrema direita. Não está claro se Netanyahu cumprirá a promessa – ele está no poder há 13 anos e nunca fez nada de concreto para anexar o território. Mas suas palavras ajudam a deixar a ideia mais normal. Um futuro líder poderá ser um pouco menos contido. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ  © 2019 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

É uma espécie de ritual. Com a eleição se aproximando, Binyamin Netanyahu vai fundo para assustar ou emocionar seus apoiadores radicais. Fala coisas desagradáveis sobre a minoria árabe de Israel. Adverte sobre fraude na votação. Pede a conservadores nervosos que imaginem um gabinete com um ministro chamado Ahmed.

Os palestinos criticaram a promessa de campanha de Netanyahu Foto: Gil Cohen-Magen / AFP

Na terça-feira, deu uma cartada: se reeleito, afirmou, vai anexar o Vale do Jordão. Tal iniciativa – na verdade, simplesmente discuti-la – seria execrada no exterior, mesmo por aliados de Israel. Mas críticas externas preocupam menos Netanyahu do que a ameaça de uma derrota interna.

Esta será a segunda eleição israelense desde abril. A votação anterior deu 65 cadeiras aos partidos radicais e religiosos, o que deveria permitir a Bibi formar um governo. Mas Avigdor Lieberman, líder do partido Yisrael Beiteinu, rejeitou aderir – a menos que o governo aprovasse uma lei que dificulta a judeus ultraortodoxos evitar o serviço militar matriculando-se em escolas religiosas. Netanyahu não podia aceitar isso, pois seus aliados ultraortodoxos boicotariam qualquer coalizão. Ele saiu humilhado, faltando apenas uma cadeira para formar maioria. 

Anteriormente em Israel, o presidente poderia pedir a outro partido para formar a coalizão. Mas Netanyahu quer evitar isso a qualquer preço. Ele é acusado de corrupção e fraude. Permanecer no poder facilitará sua defesa. Talvez por isso ele tenha convencido o novo Parlamento a se dissolver, forçando uma nova eleição. Assim, no dia 17, os israelenses vão mais uma vez às urnas.

Se as pesquisas estiverem certas, Netanyahu, mais uma vez, não conseguirá maioria. A jogada de Lieberman ganhou apoio. Pesquisas dizem que seu pequeno partido dobrou de tamanho desde abril. Isso não faria dele um sério candidato a chefiar o governo, mas o tornaria um sério obstáculo para Netanyahu. E os partidos ultraortodoxos, contrários ao serviço militar obrigatório, não apoiariam um governo que deseja aprovar essa lei. 

Essas seriam boas notícias para os rivais de Netanyahu, mas eles também têm poucas perspectivas de vitória. O maior adversário, partido Azul e Branco, está saindo de uma campanha marcada por lutas internas e gafes. Ele não tem um caminho fácil para formar uma coalizão. Enquanto isso, o ex-premiê Ehud Barak voltou à política com alarde. Mas, em lugar de esquentar a eleição, apenas turvou as águas para os eleitores de centro-esquerda, confusos sobre quem apoiar.

Cinco meses após a eleição, a opinião pública pouco mudou. Se Lieberman se ativer à sua posição, uma maioria do Parlamento, provavelmente, vai aderir a partidos ávidos por ver a saída de Netanyahu. Isso é a única coisa que os une – dificilmente o bastante para fazer partidos árabes se sentarem com nacionalistas judeus no mesmo governo. É a volta do impasse.

O comparecimento às urnas em abril foi de 68%, 4 pontos porcentuais a menos do que em 2015. Muito da queda se deveu ao pobre comparecimento entre os árabes israelenses – apenas 49%, uma queda de 15 pontos. Os ultraortodoxos comparecerão em massa, incentivados por seus rabinos, o que ajuda Netanyahu. Mas ele, sem dúvida, está preocupado com o que vão pensar seus adeptos.

Há anos que as pesquisas mostram que mesmo direitistas radicais estão cansados do longo reinado de Netanyahu e de seus intermináveis escândalos pessoais. Eles não vão cruzar a linha partidária e votar na centro-esquerda, mas podem decidir ficar em casa.

No passado, Netanyahu conseguiu superar o “cansaço com Bibi” através do medo. Na eleição de 2015, por exemplo, ele advertiu que os eleitores árabes compareceriam “em massa” às urnas. Neste ano, ele voltou à carga, acusando os árabes de arquitetar fraude eleitoral e de tentar “roubar a eleição”. Duas semanas antes da votação, ele tentou aprovar às pressas uma emenda para permitir que observadores filmassem centros de votação, numa tentativa de intimidar eleitores árabes (a emenda não passou).

Agora, ele vem com a promessa de anexação, um antigo sonho da extrema direita. Não está claro se Netanyahu cumprirá a promessa – ele está no poder há 13 anos e nunca fez nada de concreto para anexar o território. Mas suas palavras ajudam a deixar a ideia mais normal. Um futuro líder poderá ser um pouco menos contido. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ  © 2019 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

É uma espécie de ritual. Com a eleição se aproximando, Binyamin Netanyahu vai fundo para assustar ou emocionar seus apoiadores radicais. Fala coisas desagradáveis sobre a minoria árabe de Israel. Adverte sobre fraude na votação. Pede a conservadores nervosos que imaginem um gabinete com um ministro chamado Ahmed.

Os palestinos criticaram a promessa de campanha de Netanyahu Foto: Gil Cohen-Magen / AFP

Na terça-feira, deu uma cartada: se reeleito, afirmou, vai anexar o Vale do Jordão. Tal iniciativa – na verdade, simplesmente discuti-la – seria execrada no exterior, mesmo por aliados de Israel. Mas críticas externas preocupam menos Netanyahu do que a ameaça de uma derrota interna.

Esta será a segunda eleição israelense desde abril. A votação anterior deu 65 cadeiras aos partidos radicais e religiosos, o que deveria permitir a Bibi formar um governo. Mas Avigdor Lieberman, líder do partido Yisrael Beiteinu, rejeitou aderir – a menos que o governo aprovasse uma lei que dificulta a judeus ultraortodoxos evitar o serviço militar matriculando-se em escolas religiosas. Netanyahu não podia aceitar isso, pois seus aliados ultraortodoxos boicotariam qualquer coalizão. Ele saiu humilhado, faltando apenas uma cadeira para formar maioria. 

Anteriormente em Israel, o presidente poderia pedir a outro partido para formar a coalizão. Mas Netanyahu quer evitar isso a qualquer preço. Ele é acusado de corrupção e fraude. Permanecer no poder facilitará sua defesa. Talvez por isso ele tenha convencido o novo Parlamento a se dissolver, forçando uma nova eleição. Assim, no dia 17, os israelenses vão mais uma vez às urnas.

Se as pesquisas estiverem certas, Netanyahu, mais uma vez, não conseguirá maioria. A jogada de Lieberman ganhou apoio. Pesquisas dizem que seu pequeno partido dobrou de tamanho desde abril. Isso não faria dele um sério candidato a chefiar o governo, mas o tornaria um sério obstáculo para Netanyahu. E os partidos ultraortodoxos, contrários ao serviço militar obrigatório, não apoiariam um governo que deseja aprovar essa lei. 

Essas seriam boas notícias para os rivais de Netanyahu, mas eles também têm poucas perspectivas de vitória. O maior adversário, partido Azul e Branco, está saindo de uma campanha marcada por lutas internas e gafes. Ele não tem um caminho fácil para formar uma coalizão. Enquanto isso, o ex-premiê Ehud Barak voltou à política com alarde. Mas, em lugar de esquentar a eleição, apenas turvou as águas para os eleitores de centro-esquerda, confusos sobre quem apoiar.

Cinco meses após a eleição, a opinião pública pouco mudou. Se Lieberman se ativer à sua posição, uma maioria do Parlamento, provavelmente, vai aderir a partidos ávidos por ver a saída de Netanyahu. Isso é a única coisa que os une – dificilmente o bastante para fazer partidos árabes se sentarem com nacionalistas judeus no mesmo governo. É a volta do impasse.

O comparecimento às urnas em abril foi de 68%, 4 pontos porcentuais a menos do que em 2015. Muito da queda se deveu ao pobre comparecimento entre os árabes israelenses – apenas 49%, uma queda de 15 pontos. Os ultraortodoxos comparecerão em massa, incentivados por seus rabinos, o que ajuda Netanyahu. Mas ele, sem dúvida, está preocupado com o que vão pensar seus adeptos.

Há anos que as pesquisas mostram que mesmo direitistas radicais estão cansados do longo reinado de Netanyahu e de seus intermináveis escândalos pessoais. Eles não vão cruzar a linha partidária e votar na centro-esquerda, mas podem decidir ficar em casa.

No passado, Netanyahu conseguiu superar o “cansaço com Bibi” através do medo. Na eleição de 2015, por exemplo, ele advertiu que os eleitores árabes compareceriam “em massa” às urnas. Neste ano, ele voltou à carga, acusando os árabes de arquitetar fraude eleitoral e de tentar “roubar a eleição”. Duas semanas antes da votação, ele tentou aprovar às pressas uma emenda para permitir que observadores filmassem centros de votação, numa tentativa de intimidar eleitores árabes (a emenda não passou).

Agora, ele vem com a promessa de anexação, um antigo sonho da extrema direita. Não está claro se Netanyahu cumprirá a promessa – ele está no poder há 13 anos e nunca fez nada de concreto para anexar o território. Mas suas palavras ajudam a deixar a ideia mais normal. Um futuro líder poderá ser um pouco menos contido. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ  © 2019 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

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