HAVANA - Consolidando o feito mais relevante de sua política externa para a América Latina, o presidente americano, Barack Obama, desembarcará neste domingo em Havana na primeira viagem oficial de um líder dos EUA à ilha em quase nove décadas. A última visita deste nível entre os dois países foi em 1928, quando Calvin Coolidge foi recebido na ilha por seu colega cubano, Gerardo Machado.
O gesto de Obama coroa o esforço diplomático que tomou corpo em 17 de dezembro de 2014, quando os dois países – inimigos mortais do período da Guerra Fria, que quase levaram o planeta a um conflito nuclear em 1962 – se comprometeram a reduzir o grau do confronto, reabrir suas respectivas embaixadas e incentivar o intercâmbio comercial, cultural e científico.
Famílias separadas em razão da intensa rivalidade ideológica veem na reaproximação uma nova oportunidade de integração. Cubanos que migraram para os EUA – a poucas milhas de distância – poderão agora tomar voos regulares para a ilha, assim como ajudar parentes em Cuba com menos limitações do que as que enfrentam hoje.
Embora a situação diplomática tenha alcançado nos últimos meses um alívio sem precedentes desde o triunfo da revolução liderada por Fidel Castro, em 1959, restam dois pontos dos mais espinhosos para que as relações dos dois países cheguem à normalização total: o embargo econômico imposto por Washington em 1962 e o status da região de Guantánamo, arrendada perpetuamente pelos EUA em 1903.
No caso do embargo, seu levantamento teria de ser aprovado pelo Congresso americano – possibilidade pouco factível diante da maioria republicana do Legislativo dos EUA. Seu efeitos, porém, podem ser amenizados por medidas executivas. Washington não cogita, no entanto, a devolução de Guantánamo no curto prazo.