Objetos encontrados pelas autoridades na floresta auxiliaram nas buscas pelas quatro crianças que estavam desaparecidas há 40 dias, após a queda de um avião na Colômbia. As crianças foram encontradas na sexta-feira, 9, e chegaram a Bogotá para receber atendimento médico na manhã deste sábado, 10.
Os irmãos da comunidade indígena Huitoto, identificados como Lesly Mukutuy, 13, Soleiny Mukutuy, 9, Tien Noriel Ronoque Mukutuy, 4, e Cristin Neruman Ranoque, que completou um ano durante o período na selva, foram os únicos sobreviventes de um acidente aéreo ocorrido em 1º de maio, aparentemente devido a uma falha mecânica. Eles faziam o trajeto entre Caquetá e San José del Guaviare. A mãe das crianças, o piloto e um líder da comunidade nativa morreram.
Mais de 100 soldados e indígenas da região, com o apoio de cães farejadores, realizaram as buscas pelas crianças na região onde ocorreu o acidente, enfrentando dificuldades como a densa vegetação da área, com árvores de até 40 metros de altura, a presença de onças e cobras e a chuva constante que impede que as pessoas ouçam possíveis pedidos de ajuda.
As forças armadas disseram desde o início que tinham esperança de encontrá-los com vida. À medida que a busca avançava, os soldados encontraram pequenas pistas na selva que reforçam essa esperança, incluindo um abrigo improvisado, tesoura, laços de cabelo, sapatos, pegadas, uma mamadeira, fraldas e pedaços de frutas que pareciam ter sido mordidos por humanos.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, chegou a anunciar, dias depois do acidente, que as crianças haviam sido encontradas, mas voltou atrás na informação, pediu desculpas e as buscas continuaram.
Pistas
No dia 17 de maio, as equipes de busca descobriram um abrigo improvisado com paus e galhos, aparentemente montado pelas crianças, onde havia tesouras, laços de cabelo e pequenas pegadas. Também encontraram pedaços de frutas que poderiam ter sido comidos pelas crianças.
Poucas horas depois, o Instituto de Bem-Estar Familiar (ICBF) da Colômbia divulgou um comunicado dizendo que havia sido informado de que as crianças estavam “vivas e com boa saúde”.
Alguns dias depois, em 24 de maio, soldados e indígenas localizam em dois lugares diferentes fraldas, tênis, um acessório para celular, uma tampa de garrafa e uma toalha que acreditavam terem sido abandonados pelas crianças.
Durante a busca, os militares carregavam alto-falantes com uma mensagem na língua materna das crianças indígenas, pedindo que parassem para que pudessem localizá-las. Segundo o exército, as tropas percorreram 2.656 quilômetros para tentar localizar as crianças. Duas vezes a distância equivalente à distância entre Bogotá e Quito, a capital do Equador.
As crianças acabaram sendo encontradas no dia 9 de junho, quarenta dias após o acidente aéreo, a apenas cinco quilômetros do local onde o avião caiu. O oficial militar encarregado do resgate, General Pedro Sánchez, disse que foram os indígenas que encontraram as crianças. As pegadas deixadas pelo cachorro Wilson, que integrou a operação de busca e se perdeu na selva horas antes de os menores serem encontrados, surgem como peça chave para o desfecho feliz. Wilson, no entanto, continua desaparecido. / AP, EFE, AFP, WP