Analista político e professor de Relações Internacionais da FGV-SP. Escreve quinzenalmente

Opinião|Imigração é garantia de que EUA não entrarão em declínio


Nenhuma outra nação tem a mesma capacidade de atrair e integrar imigrantes em grande escala

Por Oliver Stuenkel
Atualização:

Disfunção política, polarização destrutiva, epidemia de opioides, dívida pública crescente, expectativa de vida masculina em declínio e risco crescente de violência política – a lista de problemas enfrentados atualmente pelos Estados Unidos é longa e preocupante. Diante de tantas dificuldades, seria de se esperar que a maior potência econômica e militar do planeta estivesse em processo irreversível de declínio.

Porém, comparados com a maioria das outras economias desenvolvidas, os EUA estão em uma situação surpreendentemente invejável: diferentemente da Alemanha e de outras economias europeias, onde as principais empresas como Volkswagen não souberam se modernizar, os EUA lideram em áreas que devem dominar a economia do século 21, como a inteligência artificial. Igualmente em contraste com várias das maiores economias do planeta – como o Japão, a China e de novo a Alemanha, que enfrentam crises demográficas – a média etária nos EUA é relativamente baixa e estável. Enquanto expressiva parte da Europa enfrenta estagnação econômica, a economia americana vai bem: atualmente os EUA são responsáveis por 26,3% da economia global, a maior porcentagem em quase duas décadas e um aumento de 2,3 pontos porcentuais desde 2018. Se o Reino Unido fizesse parte dos EUA, seria um dos Estados com o menor PIB per capita do país, comparável ao Mississippi.

Há numerosos fatores que explicam a superioridade dos EUA em dinamismo e riqueza, desde maior produtividade per capita até a “sorte geológica” de não ter que importar energia, além de um ambiente regulatório e leis trabalhistas mais flexíveis.

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Kamala Harris e Donald Trump irão disputar as eleições presidenciais americanas no dia 5 de novembro  Foto: Alex Brandon/AP

No entanto, um fator merece destaque e deve se tornar uma vantagem competitiva cada vez mais relevante – e uma espécie de salva-vidas econômico. Trata-se da capacidade ímpar dos EUA de atrair e integrar imigrantes em grande escala. Tal afirmação pode parecer estranha diante da retórica pouco acolhedora da chapa presidencial do Partido Republicano, que tem chance considerável de comandar a nação a partir de 2025. É pouco provável, porém, que as promessas de deportação em massa de imigrantes sem documentação passem de uma tentativa de mobilizar a base trumpista. Afinal, a expulsão dos aproximadamente 11 milhões de imigrantes ilegais no país produziria uma catástrofe econômica e criaria uma enorme pressão inflacionária em função da falta de mão de obra.

Enquanto muitos americanos criticam, com razão, a forma como o atual governo lida com a crise migratória na fronteira com o México, quase dois terços da população veem a imigração como algo positivo, e os dados corroboram as vastas vantagens que a imigração produz para os EUA. Segundo previsões do Banco Central, a força de trabalho dos Estados Unidos crescerá por 5,2 milhões de pessoas na próxima década, principalmente por causa do aumento da imigração. Como resultado, o PIB será cerca de US$ 8,9 trilhões maior, e as receitas fiscais do governo federal serão US$ 1,2 trilhão maiores no período de 2024-34, levando a uma redução de US$ 900 bilhões do déficit.

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O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa do debate presidencial americano, na Filadélfia, Estados Unidos  Foto: Alex Brandon/AP

Além disso, a imigração é o motor da inovação da economia americana: 45% das empresas da Fortune 500 foram fundadas por imigrantes ou seus filhos – entre eles, Google, AT&T, Budweiser, Colgate, eBay, General Electric, IBM e McDonalds, Apple, Disney, IBM, Boeing, 3M e Home Depot. Embora os estrangeiros representem apenas 13,6% da população dos EUA, 55% das startups americanas com valor de pelo menos US$1 bilhão tiveram pelo menos um fundador imigrante.

Independentemente de quem sucederá Joe Biden na Casa Branca, não há dúvida de que os EUA devem reformar seu sistema migratório e a gestão de suas fronteiras. Da mesma maneira, porém, o país continuará se beneficiando imensamente da chegada de milhões de migrantes em busca de oportunidades econômicas – que o ex-presidente George W. Bush chamou de “trunfo definidor dos EUA”. Vale lembrar as palavras do ex-presidente Ronald Reagan, do Partido Republicano, em 1989.

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“Qualquer pessoa, de qualquer canto da Terra, pode vir morar nos EUA e se tornar um americano... Acredito que essa é uma das fontes mais importantes da grandeza dos Estados Unidos. (...) De maneira única entre as nações, atraímos nosso povo—nossa força—de todos os países e de todos os cantos do mundo. E, ao fazer isso, renovamos e enriquecemos continuamente nossa nação. Graças a cada nova onda de chegada a esta terra de oportunidades, somos uma nação eternamente jovem (...) Essa qualidade é vital para nosso futuro como nação. Se algum dia fechássemos a porta para novos americanos, nossa liderança no mundo logo seria perdida.”

Disfunção política, polarização destrutiva, epidemia de opioides, dívida pública crescente, expectativa de vida masculina em declínio e risco crescente de violência política – a lista de problemas enfrentados atualmente pelos Estados Unidos é longa e preocupante. Diante de tantas dificuldades, seria de se esperar que a maior potência econômica e militar do planeta estivesse em processo irreversível de declínio.

Porém, comparados com a maioria das outras economias desenvolvidas, os EUA estão em uma situação surpreendentemente invejável: diferentemente da Alemanha e de outras economias europeias, onde as principais empresas como Volkswagen não souberam se modernizar, os EUA lideram em áreas que devem dominar a economia do século 21, como a inteligência artificial. Igualmente em contraste com várias das maiores economias do planeta – como o Japão, a China e de novo a Alemanha, que enfrentam crises demográficas – a média etária nos EUA é relativamente baixa e estável. Enquanto expressiva parte da Europa enfrenta estagnação econômica, a economia americana vai bem: atualmente os EUA são responsáveis por 26,3% da economia global, a maior porcentagem em quase duas décadas e um aumento de 2,3 pontos porcentuais desde 2018. Se o Reino Unido fizesse parte dos EUA, seria um dos Estados com o menor PIB per capita do país, comparável ao Mississippi.

Há numerosos fatores que explicam a superioridade dos EUA em dinamismo e riqueza, desde maior produtividade per capita até a “sorte geológica” de não ter que importar energia, além de um ambiente regulatório e leis trabalhistas mais flexíveis.

Kamala Harris e Donald Trump irão disputar as eleições presidenciais americanas no dia 5 de novembro  Foto: Alex Brandon/AP

No entanto, um fator merece destaque e deve se tornar uma vantagem competitiva cada vez mais relevante – e uma espécie de salva-vidas econômico. Trata-se da capacidade ímpar dos EUA de atrair e integrar imigrantes em grande escala. Tal afirmação pode parecer estranha diante da retórica pouco acolhedora da chapa presidencial do Partido Republicano, que tem chance considerável de comandar a nação a partir de 2025. É pouco provável, porém, que as promessas de deportação em massa de imigrantes sem documentação passem de uma tentativa de mobilizar a base trumpista. Afinal, a expulsão dos aproximadamente 11 milhões de imigrantes ilegais no país produziria uma catástrofe econômica e criaria uma enorme pressão inflacionária em função da falta de mão de obra.

Enquanto muitos americanos criticam, com razão, a forma como o atual governo lida com a crise migratória na fronteira com o México, quase dois terços da população veem a imigração como algo positivo, e os dados corroboram as vastas vantagens que a imigração produz para os EUA. Segundo previsões do Banco Central, a força de trabalho dos Estados Unidos crescerá por 5,2 milhões de pessoas na próxima década, principalmente por causa do aumento da imigração. Como resultado, o PIB será cerca de US$ 8,9 trilhões maior, e as receitas fiscais do governo federal serão US$ 1,2 trilhão maiores no período de 2024-34, levando a uma redução de US$ 900 bilhões do déficit.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa do debate presidencial americano, na Filadélfia, Estados Unidos  Foto: Alex Brandon/AP

Além disso, a imigração é o motor da inovação da economia americana: 45% das empresas da Fortune 500 foram fundadas por imigrantes ou seus filhos – entre eles, Google, AT&T, Budweiser, Colgate, eBay, General Electric, IBM e McDonalds, Apple, Disney, IBM, Boeing, 3M e Home Depot. Embora os estrangeiros representem apenas 13,6% da população dos EUA, 55% das startups americanas com valor de pelo menos US$1 bilhão tiveram pelo menos um fundador imigrante.

Independentemente de quem sucederá Joe Biden na Casa Branca, não há dúvida de que os EUA devem reformar seu sistema migratório e a gestão de suas fronteiras. Da mesma maneira, porém, o país continuará se beneficiando imensamente da chegada de milhões de migrantes em busca de oportunidades econômicas – que o ex-presidente George W. Bush chamou de “trunfo definidor dos EUA”. Vale lembrar as palavras do ex-presidente Ronald Reagan, do Partido Republicano, em 1989.

“Qualquer pessoa, de qualquer canto da Terra, pode vir morar nos EUA e se tornar um americano... Acredito que essa é uma das fontes mais importantes da grandeza dos Estados Unidos. (...) De maneira única entre as nações, atraímos nosso povo—nossa força—de todos os países e de todos os cantos do mundo. E, ao fazer isso, renovamos e enriquecemos continuamente nossa nação. Graças a cada nova onda de chegada a esta terra de oportunidades, somos uma nação eternamente jovem (...) Essa qualidade é vital para nosso futuro como nação. Se algum dia fechássemos a porta para novos americanos, nossa liderança no mundo logo seria perdida.”

Disfunção política, polarização destrutiva, epidemia de opioides, dívida pública crescente, expectativa de vida masculina em declínio e risco crescente de violência política – a lista de problemas enfrentados atualmente pelos Estados Unidos é longa e preocupante. Diante de tantas dificuldades, seria de se esperar que a maior potência econômica e militar do planeta estivesse em processo irreversível de declínio.

Porém, comparados com a maioria das outras economias desenvolvidas, os EUA estão em uma situação surpreendentemente invejável: diferentemente da Alemanha e de outras economias europeias, onde as principais empresas como Volkswagen não souberam se modernizar, os EUA lideram em áreas que devem dominar a economia do século 21, como a inteligência artificial. Igualmente em contraste com várias das maiores economias do planeta – como o Japão, a China e de novo a Alemanha, que enfrentam crises demográficas – a média etária nos EUA é relativamente baixa e estável. Enquanto expressiva parte da Europa enfrenta estagnação econômica, a economia americana vai bem: atualmente os EUA são responsáveis por 26,3% da economia global, a maior porcentagem em quase duas décadas e um aumento de 2,3 pontos porcentuais desde 2018. Se o Reino Unido fizesse parte dos EUA, seria um dos Estados com o menor PIB per capita do país, comparável ao Mississippi.

Há numerosos fatores que explicam a superioridade dos EUA em dinamismo e riqueza, desde maior produtividade per capita até a “sorte geológica” de não ter que importar energia, além de um ambiente regulatório e leis trabalhistas mais flexíveis.

Kamala Harris e Donald Trump irão disputar as eleições presidenciais americanas no dia 5 de novembro  Foto: Alex Brandon/AP

No entanto, um fator merece destaque e deve se tornar uma vantagem competitiva cada vez mais relevante – e uma espécie de salva-vidas econômico. Trata-se da capacidade ímpar dos EUA de atrair e integrar imigrantes em grande escala. Tal afirmação pode parecer estranha diante da retórica pouco acolhedora da chapa presidencial do Partido Republicano, que tem chance considerável de comandar a nação a partir de 2025. É pouco provável, porém, que as promessas de deportação em massa de imigrantes sem documentação passem de uma tentativa de mobilizar a base trumpista. Afinal, a expulsão dos aproximadamente 11 milhões de imigrantes ilegais no país produziria uma catástrofe econômica e criaria uma enorme pressão inflacionária em função da falta de mão de obra.

Enquanto muitos americanos criticam, com razão, a forma como o atual governo lida com a crise migratória na fronteira com o México, quase dois terços da população veem a imigração como algo positivo, e os dados corroboram as vastas vantagens que a imigração produz para os EUA. Segundo previsões do Banco Central, a força de trabalho dos Estados Unidos crescerá por 5,2 milhões de pessoas na próxima década, principalmente por causa do aumento da imigração. Como resultado, o PIB será cerca de US$ 8,9 trilhões maior, e as receitas fiscais do governo federal serão US$ 1,2 trilhão maiores no período de 2024-34, levando a uma redução de US$ 900 bilhões do déficit.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa do debate presidencial americano, na Filadélfia, Estados Unidos  Foto: Alex Brandon/AP

Além disso, a imigração é o motor da inovação da economia americana: 45% das empresas da Fortune 500 foram fundadas por imigrantes ou seus filhos – entre eles, Google, AT&T, Budweiser, Colgate, eBay, General Electric, IBM e McDonalds, Apple, Disney, IBM, Boeing, 3M e Home Depot. Embora os estrangeiros representem apenas 13,6% da população dos EUA, 55% das startups americanas com valor de pelo menos US$1 bilhão tiveram pelo menos um fundador imigrante.

Independentemente de quem sucederá Joe Biden na Casa Branca, não há dúvida de que os EUA devem reformar seu sistema migratório e a gestão de suas fronteiras. Da mesma maneira, porém, o país continuará se beneficiando imensamente da chegada de milhões de migrantes em busca de oportunidades econômicas – que o ex-presidente George W. Bush chamou de “trunfo definidor dos EUA”. Vale lembrar as palavras do ex-presidente Ronald Reagan, do Partido Republicano, em 1989.

“Qualquer pessoa, de qualquer canto da Terra, pode vir morar nos EUA e se tornar um americano... Acredito que essa é uma das fontes mais importantes da grandeza dos Estados Unidos. (...) De maneira única entre as nações, atraímos nosso povo—nossa força—de todos os países e de todos os cantos do mundo. E, ao fazer isso, renovamos e enriquecemos continuamente nossa nação. Graças a cada nova onda de chegada a esta terra de oportunidades, somos uma nação eternamente jovem (...) Essa qualidade é vital para nosso futuro como nação. Se algum dia fechássemos a porta para novos americanos, nossa liderança no mundo logo seria perdida.”

Disfunção política, polarização destrutiva, epidemia de opioides, dívida pública crescente, expectativa de vida masculina em declínio e risco crescente de violência política – a lista de problemas enfrentados atualmente pelos Estados Unidos é longa e preocupante. Diante de tantas dificuldades, seria de se esperar que a maior potência econômica e militar do planeta estivesse em processo irreversível de declínio.

Porém, comparados com a maioria das outras economias desenvolvidas, os EUA estão em uma situação surpreendentemente invejável: diferentemente da Alemanha e de outras economias europeias, onde as principais empresas como Volkswagen não souberam se modernizar, os EUA lideram em áreas que devem dominar a economia do século 21, como a inteligência artificial. Igualmente em contraste com várias das maiores economias do planeta – como o Japão, a China e de novo a Alemanha, que enfrentam crises demográficas – a média etária nos EUA é relativamente baixa e estável. Enquanto expressiva parte da Europa enfrenta estagnação econômica, a economia americana vai bem: atualmente os EUA são responsáveis por 26,3% da economia global, a maior porcentagem em quase duas décadas e um aumento de 2,3 pontos porcentuais desde 2018. Se o Reino Unido fizesse parte dos EUA, seria um dos Estados com o menor PIB per capita do país, comparável ao Mississippi.

Há numerosos fatores que explicam a superioridade dos EUA em dinamismo e riqueza, desde maior produtividade per capita até a “sorte geológica” de não ter que importar energia, além de um ambiente regulatório e leis trabalhistas mais flexíveis.

Kamala Harris e Donald Trump irão disputar as eleições presidenciais americanas no dia 5 de novembro  Foto: Alex Brandon/AP

No entanto, um fator merece destaque e deve se tornar uma vantagem competitiva cada vez mais relevante – e uma espécie de salva-vidas econômico. Trata-se da capacidade ímpar dos EUA de atrair e integrar imigrantes em grande escala. Tal afirmação pode parecer estranha diante da retórica pouco acolhedora da chapa presidencial do Partido Republicano, que tem chance considerável de comandar a nação a partir de 2025. É pouco provável, porém, que as promessas de deportação em massa de imigrantes sem documentação passem de uma tentativa de mobilizar a base trumpista. Afinal, a expulsão dos aproximadamente 11 milhões de imigrantes ilegais no país produziria uma catástrofe econômica e criaria uma enorme pressão inflacionária em função da falta de mão de obra.

Enquanto muitos americanos criticam, com razão, a forma como o atual governo lida com a crise migratória na fronteira com o México, quase dois terços da população veem a imigração como algo positivo, e os dados corroboram as vastas vantagens que a imigração produz para os EUA. Segundo previsões do Banco Central, a força de trabalho dos Estados Unidos crescerá por 5,2 milhões de pessoas na próxima década, principalmente por causa do aumento da imigração. Como resultado, o PIB será cerca de US$ 8,9 trilhões maior, e as receitas fiscais do governo federal serão US$ 1,2 trilhão maiores no período de 2024-34, levando a uma redução de US$ 900 bilhões do déficit.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa do debate presidencial americano, na Filadélfia, Estados Unidos  Foto: Alex Brandon/AP

Além disso, a imigração é o motor da inovação da economia americana: 45% das empresas da Fortune 500 foram fundadas por imigrantes ou seus filhos – entre eles, Google, AT&T, Budweiser, Colgate, eBay, General Electric, IBM e McDonalds, Apple, Disney, IBM, Boeing, 3M e Home Depot. Embora os estrangeiros representem apenas 13,6% da população dos EUA, 55% das startups americanas com valor de pelo menos US$1 bilhão tiveram pelo menos um fundador imigrante.

Independentemente de quem sucederá Joe Biden na Casa Branca, não há dúvida de que os EUA devem reformar seu sistema migratório e a gestão de suas fronteiras. Da mesma maneira, porém, o país continuará se beneficiando imensamente da chegada de milhões de migrantes em busca de oportunidades econômicas – que o ex-presidente George W. Bush chamou de “trunfo definidor dos EUA”. Vale lembrar as palavras do ex-presidente Ronald Reagan, do Partido Republicano, em 1989.

“Qualquer pessoa, de qualquer canto da Terra, pode vir morar nos EUA e se tornar um americano... Acredito que essa é uma das fontes mais importantes da grandeza dos Estados Unidos. (...) De maneira única entre as nações, atraímos nosso povo—nossa força—de todos os países e de todos os cantos do mundo. E, ao fazer isso, renovamos e enriquecemos continuamente nossa nação. Graças a cada nova onda de chegada a esta terra de oportunidades, somos uma nação eternamente jovem (...) Essa qualidade é vital para nosso futuro como nação. Se algum dia fechássemos a porta para novos americanos, nossa liderança no mundo logo seria perdida.”

Disfunção política, polarização destrutiva, epidemia de opioides, dívida pública crescente, expectativa de vida masculina em declínio e risco crescente de violência política – a lista de problemas enfrentados atualmente pelos Estados Unidos é longa e preocupante. Diante de tantas dificuldades, seria de se esperar que a maior potência econômica e militar do planeta estivesse em processo irreversível de declínio.

Porém, comparados com a maioria das outras economias desenvolvidas, os EUA estão em uma situação surpreendentemente invejável: diferentemente da Alemanha e de outras economias europeias, onde as principais empresas como Volkswagen não souberam se modernizar, os EUA lideram em áreas que devem dominar a economia do século 21, como a inteligência artificial. Igualmente em contraste com várias das maiores economias do planeta – como o Japão, a China e de novo a Alemanha, que enfrentam crises demográficas – a média etária nos EUA é relativamente baixa e estável. Enquanto expressiva parte da Europa enfrenta estagnação econômica, a economia americana vai bem: atualmente os EUA são responsáveis por 26,3% da economia global, a maior porcentagem em quase duas décadas e um aumento de 2,3 pontos porcentuais desde 2018. Se o Reino Unido fizesse parte dos EUA, seria um dos Estados com o menor PIB per capita do país, comparável ao Mississippi.

Há numerosos fatores que explicam a superioridade dos EUA em dinamismo e riqueza, desde maior produtividade per capita até a “sorte geológica” de não ter que importar energia, além de um ambiente regulatório e leis trabalhistas mais flexíveis.

Kamala Harris e Donald Trump irão disputar as eleições presidenciais americanas no dia 5 de novembro  Foto: Alex Brandon/AP

No entanto, um fator merece destaque e deve se tornar uma vantagem competitiva cada vez mais relevante – e uma espécie de salva-vidas econômico. Trata-se da capacidade ímpar dos EUA de atrair e integrar imigrantes em grande escala. Tal afirmação pode parecer estranha diante da retórica pouco acolhedora da chapa presidencial do Partido Republicano, que tem chance considerável de comandar a nação a partir de 2025. É pouco provável, porém, que as promessas de deportação em massa de imigrantes sem documentação passem de uma tentativa de mobilizar a base trumpista. Afinal, a expulsão dos aproximadamente 11 milhões de imigrantes ilegais no país produziria uma catástrofe econômica e criaria uma enorme pressão inflacionária em função da falta de mão de obra.

Enquanto muitos americanos criticam, com razão, a forma como o atual governo lida com a crise migratória na fronteira com o México, quase dois terços da população veem a imigração como algo positivo, e os dados corroboram as vastas vantagens que a imigração produz para os EUA. Segundo previsões do Banco Central, a força de trabalho dos Estados Unidos crescerá por 5,2 milhões de pessoas na próxima década, principalmente por causa do aumento da imigração. Como resultado, o PIB será cerca de US$ 8,9 trilhões maior, e as receitas fiscais do governo federal serão US$ 1,2 trilhão maiores no período de 2024-34, levando a uma redução de US$ 900 bilhões do déficit.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa do debate presidencial americano, na Filadélfia, Estados Unidos  Foto: Alex Brandon/AP

Além disso, a imigração é o motor da inovação da economia americana: 45% das empresas da Fortune 500 foram fundadas por imigrantes ou seus filhos – entre eles, Google, AT&T, Budweiser, Colgate, eBay, General Electric, IBM e McDonalds, Apple, Disney, IBM, Boeing, 3M e Home Depot. Embora os estrangeiros representem apenas 13,6% da população dos EUA, 55% das startups americanas com valor de pelo menos US$1 bilhão tiveram pelo menos um fundador imigrante.

Independentemente de quem sucederá Joe Biden na Casa Branca, não há dúvida de que os EUA devem reformar seu sistema migratório e a gestão de suas fronteiras. Da mesma maneira, porém, o país continuará se beneficiando imensamente da chegada de milhões de migrantes em busca de oportunidades econômicas – que o ex-presidente George W. Bush chamou de “trunfo definidor dos EUA”. Vale lembrar as palavras do ex-presidente Ronald Reagan, do Partido Republicano, em 1989.

“Qualquer pessoa, de qualquer canto da Terra, pode vir morar nos EUA e se tornar um americano... Acredito que essa é uma das fontes mais importantes da grandeza dos Estados Unidos. (...) De maneira única entre as nações, atraímos nosso povo—nossa força—de todos os países e de todos os cantos do mundo. E, ao fazer isso, renovamos e enriquecemos continuamente nossa nação. Graças a cada nova onda de chegada a esta terra de oportunidades, somos uma nação eternamente jovem (...) Essa qualidade é vital para nosso futuro como nação. Se algum dia fechássemos a porta para novos americanos, nossa liderança no mundo logo seria perdida.”

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