Analista político e professor de Relações Internacionais da FGV-SP. Escreve quinzenalmente

Opinião|Por que tantos eleitores da antiga Alemanha Oriental votam em radicais de direita e de esquerda


Resultados de eleições estaduais recentes revelam profundas diferenças entre o leste e oeste da Alemanha

Por Oliver Stuenkel

Quase 35 anos depois da reunificação alemã, as discrepâncias políticas entre os Estados que integravam a antiga Alemanha Oriental e o restante do país permanecem nítidas. O aspecto mais chamativo talvez seja a firme disposição dos eleitores do leste para votar em partidos radicais anti-sistema tanto à esquerda quanto à direita do espectro ideológico. Isso se evidenciou durante as recentes eleições estaduais na Turíngia e na Saxônia. Na Turíngia, o Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, foi o partido mais votado — obteve 32.8% dos votos. Três dos quatro partidos com melhor desempenho eleitoral podem ser considerados radicais. O recém-criado BSW, que funde pensamento nacionalista, anti-capitalista, pró-Rússia e anti-imigração com uma visão conservadora nos costumes, obteve 15.8% dos votos, e A Esquerda, sucessor do Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED), que governou a antiga Alemanha Oriental de 1949 a 1989, recebeu apoio de 13,1% dos eleitores. Dos partidos tradicionais, apenas o CDU, de centro-direita, se destacou com 23,6%. Da mesma forma, os resultados na vizinha Saxônia destoam na realidade política dos estados no oeste, onde partidos radicais não têm apoio comparável. Por que tantos eleitores no leste apoiam partidos extremistas?

Votação na Saxônia, onde eleição expôs disposição dos eleitores do leste para votar em partidos radicais anti-sistema de esquerda e de direita.  Foto: Odd Andersen/AFP

Em primeiro lugar, o menor número de eleitores centristas se explica pela história da Alemanha Oriental. Após a revolta popular reprimida de 1953, numerosos cidadãos com convicções políticas moderadas e ambições profissionais fugiram para a Alemanha Ocidental. Até a construção do Muro de Berlim em 1961, 2,5 milhões – de um total de 17 milhões – fugiram, seguidos por mais meio milhão nas três décadas seguintes. Como lembra o jornalista alemão Markus Wehner, tantas pessoas fugiram que circulava a piada no país segundo a qual a DDR, a abreviação em alemão do país socialista, na verdade significava “Der doofe Rest” (algo como “o estúpido restante”). Mesmo depois da reunificação de 1989, mais dois milhões foram embora. Essa fuga de cérebros contínua, somada ao estilo um tanto arrogante com o qual a Alemanha Ocidental integrou a antiga Alemanha Oriental no contexto da reunificação, explica por que parte dos eleitores no leste até hoje se sente marginalizada na sociedade alemã. A sensação de impotência explica também por que 54% da população na antiga Alemanha Oriental concorda com a afirmação: “Apenas parecemos viver numa democracia, mas os cidadãos não têm o poder real”. Já no restante do país, apenas 27% concordam com essa frase. Não surpreende, portanto, que o leste alemão seja uma terra fértil para partidos extremistas.

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Como o êxodo na Alemanha Oriental depois da reunificação foi maior entre mulheres, há no leste um excedente de homens, particularmente vulneráveis a narrativas anti-establishment e de vitimização. Tanto o BSW quanto A Esquerda, por exemplo, contribuem para a construção de um imaginário fictício do passado socialista, durante o qual não havia imigrantes, insegurança e medo da globalização. Com o passar do tempo, aqueles com menos de 40 anos de idade no leste da Alemanha já não têm memória concreta da repressão política e do fracasso econômico da extinta Alemanha Oriental. Os eleitores mais jovens de hoje não estão imunes ao pensamento da esquerda radical de que o regime socialista não era tão ruim assim. O êxito dessa distorção histórica ajuda a entender por que 43% dos eleitores na Alemanha Oriental concordam com a tese de que “o socialismo é uma boa ideia, mas foi mal implementada”, afirmação com a qual apenas 18% estão de acordo no Ocidente.

Além disso, diferentemente da Alemanha Ocidental, a Alemanha Oriental nunca assumiu responsabilidade pelos horrores do nazismo e não investiu na orientação de sua população sobre os perigos do canto da sereia do fascismo, como se os alemães orientais da época não tivessem eles também corroborado com o governo de Hitler.

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Esses motivos são provavelmente mais relevantes do que as disparidades econômicas entre as duas regiões – até porque a diferença de desempenho econômico entre o oeste e o leste é menos expressiva do que a desigualdade regional existente em outros países, como na Itália e no Reino Unido.

O Muro de Berlim “ainda estará de pé (...) daqui a 100 anos”, profetizou Erich Honecker, o líder da Alemanha Oriental (socialista), em 1989, pouco antes do colapso do regime. Mesmo que tenha errado na previsão, não se pode negar que, 35 anos mais tarde, as cicatrizes do Muro permanecem visíveis, até mais do que se esperava.

Quase 35 anos depois da reunificação alemã, as discrepâncias políticas entre os Estados que integravam a antiga Alemanha Oriental e o restante do país permanecem nítidas. O aspecto mais chamativo talvez seja a firme disposição dos eleitores do leste para votar em partidos radicais anti-sistema tanto à esquerda quanto à direita do espectro ideológico. Isso se evidenciou durante as recentes eleições estaduais na Turíngia e na Saxônia. Na Turíngia, o Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, foi o partido mais votado — obteve 32.8% dos votos. Três dos quatro partidos com melhor desempenho eleitoral podem ser considerados radicais. O recém-criado BSW, que funde pensamento nacionalista, anti-capitalista, pró-Rússia e anti-imigração com uma visão conservadora nos costumes, obteve 15.8% dos votos, e A Esquerda, sucessor do Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED), que governou a antiga Alemanha Oriental de 1949 a 1989, recebeu apoio de 13,1% dos eleitores. Dos partidos tradicionais, apenas o CDU, de centro-direita, se destacou com 23,6%. Da mesma forma, os resultados na vizinha Saxônia destoam na realidade política dos estados no oeste, onde partidos radicais não têm apoio comparável. Por que tantos eleitores no leste apoiam partidos extremistas?

Votação na Saxônia, onde eleição expôs disposição dos eleitores do leste para votar em partidos radicais anti-sistema de esquerda e de direita.  Foto: Odd Andersen/AFP

Em primeiro lugar, o menor número de eleitores centristas se explica pela história da Alemanha Oriental. Após a revolta popular reprimida de 1953, numerosos cidadãos com convicções políticas moderadas e ambições profissionais fugiram para a Alemanha Ocidental. Até a construção do Muro de Berlim em 1961, 2,5 milhões – de um total de 17 milhões – fugiram, seguidos por mais meio milhão nas três décadas seguintes. Como lembra o jornalista alemão Markus Wehner, tantas pessoas fugiram que circulava a piada no país segundo a qual a DDR, a abreviação em alemão do país socialista, na verdade significava “Der doofe Rest” (algo como “o estúpido restante”). Mesmo depois da reunificação de 1989, mais dois milhões foram embora. Essa fuga de cérebros contínua, somada ao estilo um tanto arrogante com o qual a Alemanha Ocidental integrou a antiga Alemanha Oriental no contexto da reunificação, explica por que parte dos eleitores no leste até hoje se sente marginalizada na sociedade alemã. A sensação de impotência explica também por que 54% da população na antiga Alemanha Oriental concorda com a afirmação: “Apenas parecemos viver numa democracia, mas os cidadãos não têm o poder real”. Já no restante do país, apenas 27% concordam com essa frase. Não surpreende, portanto, que o leste alemão seja uma terra fértil para partidos extremistas.

Como o êxodo na Alemanha Oriental depois da reunificação foi maior entre mulheres, há no leste um excedente de homens, particularmente vulneráveis a narrativas anti-establishment e de vitimização. Tanto o BSW quanto A Esquerda, por exemplo, contribuem para a construção de um imaginário fictício do passado socialista, durante o qual não havia imigrantes, insegurança e medo da globalização. Com o passar do tempo, aqueles com menos de 40 anos de idade no leste da Alemanha já não têm memória concreta da repressão política e do fracasso econômico da extinta Alemanha Oriental. Os eleitores mais jovens de hoje não estão imunes ao pensamento da esquerda radical de que o regime socialista não era tão ruim assim. O êxito dessa distorção histórica ajuda a entender por que 43% dos eleitores na Alemanha Oriental concordam com a tese de que “o socialismo é uma boa ideia, mas foi mal implementada”, afirmação com a qual apenas 18% estão de acordo no Ocidente.

Além disso, diferentemente da Alemanha Ocidental, a Alemanha Oriental nunca assumiu responsabilidade pelos horrores do nazismo e não investiu na orientação de sua população sobre os perigos do canto da sereia do fascismo, como se os alemães orientais da época não tivessem eles também corroborado com o governo de Hitler.

Esses motivos são provavelmente mais relevantes do que as disparidades econômicas entre as duas regiões – até porque a diferença de desempenho econômico entre o oeste e o leste é menos expressiva do que a desigualdade regional existente em outros países, como na Itália e no Reino Unido.

O Muro de Berlim “ainda estará de pé (...) daqui a 100 anos”, profetizou Erich Honecker, o líder da Alemanha Oriental (socialista), em 1989, pouco antes do colapso do regime. Mesmo que tenha errado na previsão, não se pode negar que, 35 anos mais tarde, as cicatrizes do Muro permanecem visíveis, até mais do que se esperava.

Quase 35 anos depois da reunificação alemã, as discrepâncias políticas entre os Estados que integravam a antiga Alemanha Oriental e o restante do país permanecem nítidas. O aspecto mais chamativo talvez seja a firme disposição dos eleitores do leste para votar em partidos radicais anti-sistema tanto à esquerda quanto à direita do espectro ideológico. Isso se evidenciou durante as recentes eleições estaduais na Turíngia e na Saxônia. Na Turíngia, o Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, foi o partido mais votado — obteve 32.8% dos votos. Três dos quatro partidos com melhor desempenho eleitoral podem ser considerados radicais. O recém-criado BSW, que funde pensamento nacionalista, anti-capitalista, pró-Rússia e anti-imigração com uma visão conservadora nos costumes, obteve 15.8% dos votos, e A Esquerda, sucessor do Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED), que governou a antiga Alemanha Oriental de 1949 a 1989, recebeu apoio de 13,1% dos eleitores. Dos partidos tradicionais, apenas o CDU, de centro-direita, se destacou com 23,6%. Da mesma forma, os resultados na vizinha Saxônia destoam na realidade política dos estados no oeste, onde partidos radicais não têm apoio comparável. Por que tantos eleitores no leste apoiam partidos extremistas?

Votação na Saxônia, onde eleição expôs disposição dos eleitores do leste para votar em partidos radicais anti-sistema de esquerda e de direita.  Foto: Odd Andersen/AFP

Em primeiro lugar, o menor número de eleitores centristas se explica pela história da Alemanha Oriental. Após a revolta popular reprimida de 1953, numerosos cidadãos com convicções políticas moderadas e ambições profissionais fugiram para a Alemanha Ocidental. Até a construção do Muro de Berlim em 1961, 2,5 milhões – de um total de 17 milhões – fugiram, seguidos por mais meio milhão nas três décadas seguintes. Como lembra o jornalista alemão Markus Wehner, tantas pessoas fugiram que circulava a piada no país segundo a qual a DDR, a abreviação em alemão do país socialista, na verdade significava “Der doofe Rest” (algo como “o estúpido restante”). Mesmo depois da reunificação de 1989, mais dois milhões foram embora. Essa fuga de cérebros contínua, somada ao estilo um tanto arrogante com o qual a Alemanha Ocidental integrou a antiga Alemanha Oriental no contexto da reunificação, explica por que parte dos eleitores no leste até hoje se sente marginalizada na sociedade alemã. A sensação de impotência explica também por que 54% da população na antiga Alemanha Oriental concorda com a afirmação: “Apenas parecemos viver numa democracia, mas os cidadãos não têm o poder real”. Já no restante do país, apenas 27% concordam com essa frase. Não surpreende, portanto, que o leste alemão seja uma terra fértil para partidos extremistas.

Como o êxodo na Alemanha Oriental depois da reunificação foi maior entre mulheres, há no leste um excedente de homens, particularmente vulneráveis a narrativas anti-establishment e de vitimização. Tanto o BSW quanto A Esquerda, por exemplo, contribuem para a construção de um imaginário fictício do passado socialista, durante o qual não havia imigrantes, insegurança e medo da globalização. Com o passar do tempo, aqueles com menos de 40 anos de idade no leste da Alemanha já não têm memória concreta da repressão política e do fracasso econômico da extinta Alemanha Oriental. Os eleitores mais jovens de hoje não estão imunes ao pensamento da esquerda radical de que o regime socialista não era tão ruim assim. O êxito dessa distorção histórica ajuda a entender por que 43% dos eleitores na Alemanha Oriental concordam com a tese de que “o socialismo é uma boa ideia, mas foi mal implementada”, afirmação com a qual apenas 18% estão de acordo no Ocidente.

Além disso, diferentemente da Alemanha Ocidental, a Alemanha Oriental nunca assumiu responsabilidade pelos horrores do nazismo e não investiu na orientação de sua população sobre os perigos do canto da sereia do fascismo, como se os alemães orientais da época não tivessem eles também corroborado com o governo de Hitler.

Esses motivos são provavelmente mais relevantes do que as disparidades econômicas entre as duas regiões – até porque a diferença de desempenho econômico entre o oeste e o leste é menos expressiva do que a desigualdade regional existente em outros países, como na Itália e no Reino Unido.

O Muro de Berlim “ainda estará de pé (...) daqui a 100 anos”, profetizou Erich Honecker, o líder da Alemanha Oriental (socialista), em 1989, pouco antes do colapso do regime. Mesmo que tenha errado na previsão, não se pode negar que, 35 anos mais tarde, as cicatrizes do Muro permanecem visíveis, até mais do que se esperava.

Quase 35 anos depois da reunificação alemã, as discrepâncias políticas entre os Estados que integravam a antiga Alemanha Oriental e o restante do país permanecem nítidas. O aspecto mais chamativo talvez seja a firme disposição dos eleitores do leste para votar em partidos radicais anti-sistema tanto à esquerda quanto à direita do espectro ideológico. Isso se evidenciou durante as recentes eleições estaduais na Turíngia e na Saxônia. Na Turíngia, o Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, foi o partido mais votado — obteve 32.8% dos votos. Três dos quatro partidos com melhor desempenho eleitoral podem ser considerados radicais. O recém-criado BSW, que funde pensamento nacionalista, anti-capitalista, pró-Rússia e anti-imigração com uma visão conservadora nos costumes, obteve 15.8% dos votos, e A Esquerda, sucessor do Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED), que governou a antiga Alemanha Oriental de 1949 a 1989, recebeu apoio de 13,1% dos eleitores. Dos partidos tradicionais, apenas o CDU, de centro-direita, se destacou com 23,6%. Da mesma forma, os resultados na vizinha Saxônia destoam na realidade política dos estados no oeste, onde partidos radicais não têm apoio comparável. Por que tantos eleitores no leste apoiam partidos extremistas?

Votação na Saxônia, onde eleição expôs disposição dos eleitores do leste para votar em partidos radicais anti-sistema de esquerda e de direita.  Foto: Odd Andersen/AFP

Em primeiro lugar, o menor número de eleitores centristas se explica pela história da Alemanha Oriental. Após a revolta popular reprimida de 1953, numerosos cidadãos com convicções políticas moderadas e ambições profissionais fugiram para a Alemanha Ocidental. Até a construção do Muro de Berlim em 1961, 2,5 milhões – de um total de 17 milhões – fugiram, seguidos por mais meio milhão nas três décadas seguintes. Como lembra o jornalista alemão Markus Wehner, tantas pessoas fugiram que circulava a piada no país segundo a qual a DDR, a abreviação em alemão do país socialista, na verdade significava “Der doofe Rest” (algo como “o estúpido restante”). Mesmo depois da reunificação de 1989, mais dois milhões foram embora. Essa fuga de cérebros contínua, somada ao estilo um tanto arrogante com o qual a Alemanha Ocidental integrou a antiga Alemanha Oriental no contexto da reunificação, explica por que parte dos eleitores no leste até hoje se sente marginalizada na sociedade alemã. A sensação de impotência explica também por que 54% da população na antiga Alemanha Oriental concorda com a afirmação: “Apenas parecemos viver numa democracia, mas os cidadãos não têm o poder real”. Já no restante do país, apenas 27% concordam com essa frase. Não surpreende, portanto, que o leste alemão seja uma terra fértil para partidos extremistas.

Como o êxodo na Alemanha Oriental depois da reunificação foi maior entre mulheres, há no leste um excedente de homens, particularmente vulneráveis a narrativas anti-establishment e de vitimização. Tanto o BSW quanto A Esquerda, por exemplo, contribuem para a construção de um imaginário fictício do passado socialista, durante o qual não havia imigrantes, insegurança e medo da globalização. Com o passar do tempo, aqueles com menos de 40 anos de idade no leste da Alemanha já não têm memória concreta da repressão política e do fracasso econômico da extinta Alemanha Oriental. Os eleitores mais jovens de hoje não estão imunes ao pensamento da esquerda radical de que o regime socialista não era tão ruim assim. O êxito dessa distorção histórica ajuda a entender por que 43% dos eleitores na Alemanha Oriental concordam com a tese de que “o socialismo é uma boa ideia, mas foi mal implementada”, afirmação com a qual apenas 18% estão de acordo no Ocidente.

Além disso, diferentemente da Alemanha Ocidental, a Alemanha Oriental nunca assumiu responsabilidade pelos horrores do nazismo e não investiu na orientação de sua população sobre os perigos do canto da sereia do fascismo, como se os alemães orientais da época não tivessem eles também corroborado com o governo de Hitler.

Esses motivos são provavelmente mais relevantes do que as disparidades econômicas entre as duas regiões – até porque a diferença de desempenho econômico entre o oeste e o leste é menos expressiva do que a desigualdade regional existente em outros países, como na Itália e no Reino Unido.

O Muro de Berlim “ainda estará de pé (...) daqui a 100 anos”, profetizou Erich Honecker, o líder da Alemanha Oriental (socialista), em 1989, pouco antes do colapso do regime. Mesmo que tenha errado na previsão, não se pode negar que, 35 anos mais tarde, as cicatrizes do Muro permanecem visíveis, até mais do que se esperava.

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Analista político e Professor de Relações Internacionais da FGV-SP

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