A Missão de Estabilização da ONU na República Democrática do Congo (Monusco), liderada pelo general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, ameaça usar a força pela primeira vez contra os combatentes do movimento M23. A milícia recebeu a ordem de entregar seu armamento até hoje, às 17 horas de Brasília.O alerta foi emitido na terça-feira, quando foi dado o prazo de 48 horas para que os rebeldes abandonassem a violência. O grupo atua na região de Goma, no leste do país, na fronteira com Ruanda e Uganda. Caso eles não deponham as armas, a ONU ameaça "usar a força".A Monusco ordenou que os rebeldes "deixem suas armas na base" da missão e passem a aderir ao programa de desmobilização. Se isso não for respeitado, eles "serão considerados uma ameaça para os civis" e as medidas necessárias para desarmá-los serão utilizadas.Em março, o Conselho de Segurança da ONU votou a criação de uma brigada de intervenção com mandato ofensivo. Ou seja, não se trata mais apenas de uma força de manutenção da paz. O grupo deve contar com mais de 3 mil soldados para combater os grupos rebeldes no leste da República Democrática do Congo. O principal foco é o M23, acusado de receber armas do governo de Ruanda, que nega.Em abril, o general gaúcho foi escolhido para liderar a Monusco, depois de passagem considerada positiva pelo Haiti, entre 2006 e 2009. Sua nomeação já previa a atuação das tropas internacionais na África, que deverão ajudar o Exército da RDC a criar uma zona de segurança em Goma.Os rebeldes estão na região desde o início de 2012, concentrados na Província de Kivu do Norte. Goma, sua capital e a maior cidade, foi conquistada no fim do ano passado após uma ofensiva relâmpago dos rebeldes. Pressionado, o M23 abandonou a cidade e aceitou iniciar uma negociação com o governo de Kinshasa. Mas, sem evolução, o grupo lançou há 15 dias uma nova ofensiva contra o Exército nas proximidades de Goma, o que fez a ONU temer uma nova retomada da cidade.O general brasileiro admite que o Exército congolês está empenhado em impedir a nova invasão, mas justifica a medida da ONU. "Goma e Sake continuam vulneráveis e precisamos dar garantias de que elementos negativos não continuem a colocar em risco os civis nessa área". Segundo ele, são mais de 1 milhão de civis na região.