A Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep+) decidiu manter os atuais níveis de produção de petróleo neste domingo, 4, na véspera das sanções do Ocidente contra o petróleo russo. O grupo, que conta com a participação da Rússia, manteve o ritmo definido em outubro, com uma redução de dois milhões de barris diários até o fim de 2023 para manter os preços do combustível em alta.
Havia um temor sobre a decisão da Opep deste domingo devido às circunstâncias do teto criado pela União Europeia, G-7 e Austrália para controlar o petróleo russo, em uma decisão sem precedentes para diminuir as receitas de Moscou, usadas para financiar a guerra na Ucrânia. Em outubro, quando a redução da produção foi anunciada pela Opep, a decisão contrariou os Estados Unidos, que buscavam a redução dos preços nos postos de gasolina.
Desde então, os dois preços de referência no mercado mundial registraram queda e são negociados atualmente entre US$ 80 e US$ 85 (R$ 417 e R$ 443, respectivamente), muito longe dos US$ 130 (R$ 678) por barril registrados em março, pouco depois do início da invasão da Ucrânia.
Segundo a Opep+, os atuais preços validam a estratégia de manter os níveis de produção reduzidos. “Era a forma correta de agir para estabilizar os mercados”, disse o grupo em um comunicado.
Analistas do mercado afirmam que os participantes decidiram manter a decisão de outubro devido à incerteza que as sanções sobre o petróleo russo podem gerar no mercado. A próxima reunião do bloco foi marcada para 4 de junho de 2023, mas os participantes deixaram em aberto a possibilidade de se reunirem antes para adotar novas medidas caso haja necessidade.
Segundo o analista do banco suíço UBS, Giovanni Stauvono, outro elemento que influenciou a criação da Opep+, além do teto, foi a flexibilização das regras sanitárias contra a covid-19 na China, após os protestos no país. A medida diminui as preocupações do mercado por causa da alta demanda do país, que é o maior importador mundial de petróleo bruto do mundo.
O efeito da guerra sobre o petróleo
Rússia não aceita teto sobre petróleo
O vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexandre Novak, afirmou neste domingo que o estabelecimento do teto sobre o petróleo russo pode levar o Kremlin a suspender as entregas a qualquer país que adotar a medida. Essa reação já havia sido dita antes por Moscou, que agora reitera a postura de não aceitar a medida.
Segundo Novak, a Rússia trabalha para criar mecanismos capazes de proibir o uso do teto, independente do preço que esteja em vigor. Na sexta-feira, 2, o Ocidente decidiu limitar o preço do petróleo russo a US$ 60 (R$ 313) por barril, um pouco abaixo do valor atual de US$ 65 (R$ 339). “Essas interferências podem levar apenas a uma maior desestabilização do mercado e a uma escassez de recursos energéticos”, declarou Novak.
Além do teto, um embargo da União Europeia que impede as entregas marítimas de petróleo russo na Europa passa a valer nesta segunda-feira, 5. A medida afeta dois terços das importações feitas pelo bloco e retira bilhões de receitas do Kremlin. /AFP, EFE