BRASÍLIA - A oposição no Congresso Nacional repudiou nesta quarta-feira, dia 31, a recepção do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, em Brasília pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as declarações de apoio do petista à ditadura chavista. Deputados e senadores de direita, ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, promoveram uma reunião virtual com Juan Guaidó, que foi reconhecido como presidente interino da Venezuela pela comunidade internacional. Eles convidaram o ex-deputado a visitar o Brasil.
Na segunda-feira e na terça, Lula declarou - e insistiu na versão - que existe um mínimo de democracia na Venezuela, a situação no País nunca esteve tão tranquila e os abusos de direitos humanos no país são fruto de uma “narrativa” de quem não gosta de Maduro.
O líder bolivariano participou de reuniões com Lula no Palácio do Planalto e participou da cúpula de presidentes sul-americanos, promovida pelo governo brasileiro, no Itamaraty. A viagem marcou reinserção de Maduro no cenário político regional, com apoio do governo petista. A proximidade entre Lula e o chavista, no entanto, foi criticada pelos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e do Uruguai, Luis Lacalle Pou.
Deputados e senadores das bancadas evangélica, do agronegócio e da segurança pública lotaram um auditório na Câmara para a reunião virtual com Guaidó, que deixou a liderança da oposição venezuelana no ano passado, em meio a disputas internas. No mês passado, ele deixou a Venezuela e se refugiou nos Estados Unidos, passando pela Colômbia, sob a alegação de risco e perseguição.
“Vossa Excelência tem nosso apreço e queremos vê-lo em breve no Brasil”, convidou Van Hattem. “Nos veremos em breve no Brasil”, respondeu Guaidó, que agradeceu o apoio ao povo venezuelano e afirmou que o Congresso brasileiro “mostrou do lado de quem está”.
Solidariedade a Guaidó
Os parlamentares prestaram solidariedade a Guaidó e outros opositores exilados no exterior e disseram que a presença de Maduro causou vergonha ao País.
A mesa foi composta, entre outros, pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pelo líder da oposição no Senado e ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN), além do Van Hatten e do senador Eduardo Girão (Novo-CE).
Marinho afirmou que também vai articular, colhendo assinaturas, uma moção de protesto no Senado. “Há uma relativização das platitudes que são pronunciadas todo dia. Lula tem nos brindado com obviedades e afrontas ao Estado Democrático de Direito todos os dias”, afirmou o senador. Segundo ele, as declarações de Lula sobre a Venezuela soaram como “um escarnio, uma zombaria”.
A reunião também contou com a participação de Maria Teresa Belandria, representante enviada por Guiadó a Brasília. Reconhecida formalmente como embaixadora pelo Itamaraty, ela encerrou a missão no fim de 2022, após a eleição de Lula, quando já estava claro que o governo reataria laços diplomáticos com Caracas.