Oposição britânica tenta evitar recesso do Parlamento proposto por Johnson


Premiê enfrenta ações judiciais, revolta da imprensa e de membros do próprio partido contra manobra para forçar Brexit sem acordo

Por Redação
Atualização:

LONDRES - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, está sendo submetido a um bombardeio de críticas por ter prolongado o recesso parlamentar, medida que foi interpretada como uma forma de forçar a separação abrupta entre Reino Unido e União Europeia, com um Brexit sem acordo.

Nesta quinta-feira, 29, a oposição e membros rebeldes do partido governista, o Conservador, começaram a articular maneiras de evitar a manobra de Johnson.

Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, o maior de oposição, disse nesta quinta que a estratégia será impedir o recesso por meio do voto no Parlamento, que se reúne na semana que vem.

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Manifestação em frente ao Parlamento Britânico um dia depois do premiê Boris Johnson prolongar recesso da Casa para tentar garantir Brexit sem acordos Foto: Facundo Arrizabalaga/EFE

A ideia ganhou o apoio imediato de vários veteranos do Partido Conservador, como David Lidington, ex-secretério de Defesa, David Gauke, ex-secretário de Justiça, e Richard Harrington, que foi vice-secretário da Indústria no governo de Theresa May.

“Semana que vem será a última oportunidade que o Parlamento terá para retomar o controle do processo e garantir que os deputados tenham voz antes de um Brexit sem acordo”, disse Gauke, repetindo o que havia declarado horas antes o ex-chanceler Philip Hammond.

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Na Escócia, um grupo de 75 deputados entrou com uma ação judicial para tentar impedir a manobra de Johnson nos tribunais. “Prolongar o recesso do Parlamento é abuso de poder”, afirmou o advogado Aidan O’Neill. Ações semelhantes foram protocoladas em Belfast, na Irlanda do Norte, e em Londres. 

A decisão de Johnson também provocou protestos de rua. Manifestações foram registradas nas principais cidades do Reino Unido, as maiores em Manchester, Glasgow, Leeds, Liverpool e Londres – marchas estão sendo programadas para sábado, incluindo o bloqueio de ruas e estradas.

Uma petição contra a manobra parlamentar atingiu nesta quinta 1,5 milhão de assinaturas, bem mais do que as 100 mil necessárias para que o tema seja debatido pelos deputados no Parlamento.

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O premiê enfrenta ainda uma onda de demissões. O deputado conservador Lord Young deixou o cargo de líder do governo no Parlamento e Ruth Davidson renunciou ao posto de presidente do Partido Conservador na Escócia.

Quem também não poupou o premiê foi a imprensa. Os principais jornais e tabloides estamparam manchetes críticas à manobra de Johnson. O Financial Times, um dos mais tradicionais jornais do Reino Unido, disse que é hora de os partidos “removerem Boris Johnson” do poder. “É hora de os parlamentares derrubarem seu governo com um voto de desconfiança, abrindo caminho para uma eleição na qual a população possa expressar sua vontade.”

Primeiro-ministro britânico,Boris Johnson Foto: Ludovic Marin/ AFP
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Mesmo pressionado, o premiê não dá sinais de arrependimento. Na quarta-feira, Johnson decidiu prolongar o recesso parlamentar até o dia 14 de outubro, diminuindo a janela para que os deputados discutam e aprovem medidas para evitar um Brexit radical, sem acordo com a UE – o prazo para que o Reino Unido deixe o bloco é 31 de outubro.

O Brexit sem um acordo comercial com a UE é considerado uma catástrofe pela maioria dos economistas. Estudo do Banco da Inglaterra aponta que o PIB do Reino Unido será até 3,9% menor em 2034 em relação a como seria se não houvesse Brexit.

Analistas temem ainda uma crise de abastecimento de remédios e alimentos, caso os controles de fronteira sejam restabelecidos.

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Fuga em massa de empresas

A saída do Reino Unido da União Europeia vem tendo consequências práticas há algum tempo. Sony, Panasonic, Honda, JP Morgan, Bank of America, Hitachi, Philips, Toshiba e Unilever são algumas das empresas que já decidiram ou pretendem anunciar mudanças para o continente.

Nesta semana, o governo da Holanda disse que 100 empresas já instalaram suas bases no país nos últimos três anos em razão do Brexit. Em Londres, os setores financeiro e de seguros devem ser os mais atingidos – várias companhias já se mudaram para a Europa. / AP, REUTERS e NYT

LONDRES - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, está sendo submetido a um bombardeio de críticas por ter prolongado o recesso parlamentar, medida que foi interpretada como uma forma de forçar a separação abrupta entre Reino Unido e União Europeia, com um Brexit sem acordo.

Nesta quinta-feira, 29, a oposição e membros rebeldes do partido governista, o Conservador, começaram a articular maneiras de evitar a manobra de Johnson.

Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, o maior de oposição, disse nesta quinta que a estratégia será impedir o recesso por meio do voto no Parlamento, que se reúne na semana que vem.

Manifestação em frente ao Parlamento Britânico um dia depois do premiê Boris Johnson prolongar recesso da Casa para tentar garantir Brexit sem acordos Foto: Facundo Arrizabalaga/EFE

A ideia ganhou o apoio imediato de vários veteranos do Partido Conservador, como David Lidington, ex-secretério de Defesa, David Gauke, ex-secretário de Justiça, e Richard Harrington, que foi vice-secretário da Indústria no governo de Theresa May.

“Semana que vem será a última oportunidade que o Parlamento terá para retomar o controle do processo e garantir que os deputados tenham voz antes de um Brexit sem acordo”, disse Gauke, repetindo o que havia declarado horas antes o ex-chanceler Philip Hammond.

Na Escócia, um grupo de 75 deputados entrou com uma ação judicial para tentar impedir a manobra de Johnson nos tribunais. “Prolongar o recesso do Parlamento é abuso de poder”, afirmou o advogado Aidan O’Neill. Ações semelhantes foram protocoladas em Belfast, na Irlanda do Norte, e em Londres. 

A decisão de Johnson também provocou protestos de rua. Manifestações foram registradas nas principais cidades do Reino Unido, as maiores em Manchester, Glasgow, Leeds, Liverpool e Londres – marchas estão sendo programadas para sábado, incluindo o bloqueio de ruas e estradas.

Uma petição contra a manobra parlamentar atingiu nesta quinta 1,5 milhão de assinaturas, bem mais do que as 100 mil necessárias para que o tema seja debatido pelos deputados no Parlamento.

O premiê enfrenta ainda uma onda de demissões. O deputado conservador Lord Young deixou o cargo de líder do governo no Parlamento e Ruth Davidson renunciou ao posto de presidente do Partido Conservador na Escócia.

Quem também não poupou o premiê foi a imprensa. Os principais jornais e tabloides estamparam manchetes críticas à manobra de Johnson. O Financial Times, um dos mais tradicionais jornais do Reino Unido, disse que é hora de os partidos “removerem Boris Johnson” do poder. “É hora de os parlamentares derrubarem seu governo com um voto de desconfiança, abrindo caminho para uma eleição na qual a população possa expressar sua vontade.”

Primeiro-ministro britânico,Boris Johnson Foto: Ludovic Marin/ AFP

Mesmo pressionado, o premiê não dá sinais de arrependimento. Na quarta-feira, Johnson decidiu prolongar o recesso parlamentar até o dia 14 de outubro, diminuindo a janela para que os deputados discutam e aprovem medidas para evitar um Brexit radical, sem acordo com a UE – o prazo para que o Reino Unido deixe o bloco é 31 de outubro.

O Brexit sem um acordo comercial com a UE é considerado uma catástrofe pela maioria dos economistas. Estudo do Banco da Inglaterra aponta que o PIB do Reino Unido será até 3,9% menor em 2034 em relação a como seria se não houvesse Brexit.

Analistas temem ainda uma crise de abastecimento de remédios e alimentos, caso os controles de fronteira sejam restabelecidos.

Fuga em massa de empresas

A saída do Reino Unido da União Europeia vem tendo consequências práticas há algum tempo. Sony, Panasonic, Honda, JP Morgan, Bank of America, Hitachi, Philips, Toshiba e Unilever são algumas das empresas que já decidiram ou pretendem anunciar mudanças para o continente.

Nesta semana, o governo da Holanda disse que 100 empresas já instalaram suas bases no país nos últimos três anos em razão do Brexit. Em Londres, os setores financeiro e de seguros devem ser os mais atingidos – várias companhias já se mudaram para a Europa. / AP, REUTERS e NYT

LONDRES - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, está sendo submetido a um bombardeio de críticas por ter prolongado o recesso parlamentar, medida que foi interpretada como uma forma de forçar a separação abrupta entre Reino Unido e União Europeia, com um Brexit sem acordo.

Nesta quinta-feira, 29, a oposição e membros rebeldes do partido governista, o Conservador, começaram a articular maneiras de evitar a manobra de Johnson.

Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, o maior de oposição, disse nesta quinta que a estratégia será impedir o recesso por meio do voto no Parlamento, que se reúne na semana que vem.

Manifestação em frente ao Parlamento Britânico um dia depois do premiê Boris Johnson prolongar recesso da Casa para tentar garantir Brexit sem acordos Foto: Facundo Arrizabalaga/EFE

A ideia ganhou o apoio imediato de vários veteranos do Partido Conservador, como David Lidington, ex-secretério de Defesa, David Gauke, ex-secretário de Justiça, e Richard Harrington, que foi vice-secretário da Indústria no governo de Theresa May.

“Semana que vem será a última oportunidade que o Parlamento terá para retomar o controle do processo e garantir que os deputados tenham voz antes de um Brexit sem acordo”, disse Gauke, repetindo o que havia declarado horas antes o ex-chanceler Philip Hammond.

Na Escócia, um grupo de 75 deputados entrou com uma ação judicial para tentar impedir a manobra de Johnson nos tribunais. “Prolongar o recesso do Parlamento é abuso de poder”, afirmou o advogado Aidan O’Neill. Ações semelhantes foram protocoladas em Belfast, na Irlanda do Norte, e em Londres. 

A decisão de Johnson também provocou protestos de rua. Manifestações foram registradas nas principais cidades do Reino Unido, as maiores em Manchester, Glasgow, Leeds, Liverpool e Londres – marchas estão sendo programadas para sábado, incluindo o bloqueio de ruas e estradas.

Uma petição contra a manobra parlamentar atingiu nesta quinta 1,5 milhão de assinaturas, bem mais do que as 100 mil necessárias para que o tema seja debatido pelos deputados no Parlamento.

O premiê enfrenta ainda uma onda de demissões. O deputado conservador Lord Young deixou o cargo de líder do governo no Parlamento e Ruth Davidson renunciou ao posto de presidente do Partido Conservador na Escócia.

Quem também não poupou o premiê foi a imprensa. Os principais jornais e tabloides estamparam manchetes críticas à manobra de Johnson. O Financial Times, um dos mais tradicionais jornais do Reino Unido, disse que é hora de os partidos “removerem Boris Johnson” do poder. “É hora de os parlamentares derrubarem seu governo com um voto de desconfiança, abrindo caminho para uma eleição na qual a população possa expressar sua vontade.”

Primeiro-ministro britânico,Boris Johnson Foto: Ludovic Marin/ AFP

Mesmo pressionado, o premiê não dá sinais de arrependimento. Na quarta-feira, Johnson decidiu prolongar o recesso parlamentar até o dia 14 de outubro, diminuindo a janela para que os deputados discutam e aprovem medidas para evitar um Brexit radical, sem acordo com a UE – o prazo para que o Reino Unido deixe o bloco é 31 de outubro.

O Brexit sem um acordo comercial com a UE é considerado uma catástrofe pela maioria dos economistas. Estudo do Banco da Inglaterra aponta que o PIB do Reino Unido será até 3,9% menor em 2034 em relação a como seria se não houvesse Brexit.

Analistas temem ainda uma crise de abastecimento de remédios e alimentos, caso os controles de fronteira sejam restabelecidos.

Fuga em massa de empresas

A saída do Reino Unido da União Europeia vem tendo consequências práticas há algum tempo. Sony, Panasonic, Honda, JP Morgan, Bank of America, Hitachi, Philips, Toshiba e Unilever são algumas das empresas que já decidiram ou pretendem anunciar mudanças para o continente.

Nesta semana, o governo da Holanda disse que 100 empresas já instalaram suas bases no país nos últimos três anos em razão do Brexit. Em Londres, os setores financeiro e de seguros devem ser os mais atingidos – várias companhias já se mudaram para a Europa. / AP, REUTERS e NYT

LONDRES - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, está sendo submetido a um bombardeio de críticas por ter prolongado o recesso parlamentar, medida que foi interpretada como uma forma de forçar a separação abrupta entre Reino Unido e União Europeia, com um Brexit sem acordo.

Nesta quinta-feira, 29, a oposição e membros rebeldes do partido governista, o Conservador, começaram a articular maneiras de evitar a manobra de Johnson.

Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, o maior de oposição, disse nesta quinta que a estratégia será impedir o recesso por meio do voto no Parlamento, que se reúne na semana que vem.

Manifestação em frente ao Parlamento Britânico um dia depois do premiê Boris Johnson prolongar recesso da Casa para tentar garantir Brexit sem acordos Foto: Facundo Arrizabalaga/EFE

A ideia ganhou o apoio imediato de vários veteranos do Partido Conservador, como David Lidington, ex-secretério de Defesa, David Gauke, ex-secretário de Justiça, e Richard Harrington, que foi vice-secretário da Indústria no governo de Theresa May.

“Semana que vem será a última oportunidade que o Parlamento terá para retomar o controle do processo e garantir que os deputados tenham voz antes de um Brexit sem acordo”, disse Gauke, repetindo o que havia declarado horas antes o ex-chanceler Philip Hammond.

Na Escócia, um grupo de 75 deputados entrou com uma ação judicial para tentar impedir a manobra de Johnson nos tribunais. “Prolongar o recesso do Parlamento é abuso de poder”, afirmou o advogado Aidan O’Neill. Ações semelhantes foram protocoladas em Belfast, na Irlanda do Norte, e em Londres. 

A decisão de Johnson também provocou protestos de rua. Manifestações foram registradas nas principais cidades do Reino Unido, as maiores em Manchester, Glasgow, Leeds, Liverpool e Londres – marchas estão sendo programadas para sábado, incluindo o bloqueio de ruas e estradas.

Uma petição contra a manobra parlamentar atingiu nesta quinta 1,5 milhão de assinaturas, bem mais do que as 100 mil necessárias para que o tema seja debatido pelos deputados no Parlamento.

O premiê enfrenta ainda uma onda de demissões. O deputado conservador Lord Young deixou o cargo de líder do governo no Parlamento e Ruth Davidson renunciou ao posto de presidente do Partido Conservador na Escócia.

Quem também não poupou o premiê foi a imprensa. Os principais jornais e tabloides estamparam manchetes críticas à manobra de Johnson. O Financial Times, um dos mais tradicionais jornais do Reino Unido, disse que é hora de os partidos “removerem Boris Johnson” do poder. “É hora de os parlamentares derrubarem seu governo com um voto de desconfiança, abrindo caminho para uma eleição na qual a população possa expressar sua vontade.”

Primeiro-ministro britânico,Boris Johnson Foto: Ludovic Marin/ AFP

Mesmo pressionado, o premiê não dá sinais de arrependimento. Na quarta-feira, Johnson decidiu prolongar o recesso parlamentar até o dia 14 de outubro, diminuindo a janela para que os deputados discutam e aprovem medidas para evitar um Brexit radical, sem acordo com a UE – o prazo para que o Reino Unido deixe o bloco é 31 de outubro.

O Brexit sem um acordo comercial com a UE é considerado uma catástrofe pela maioria dos economistas. Estudo do Banco da Inglaterra aponta que o PIB do Reino Unido será até 3,9% menor em 2034 em relação a como seria se não houvesse Brexit.

Analistas temem ainda uma crise de abastecimento de remédios e alimentos, caso os controles de fronteira sejam restabelecidos.

Fuga em massa de empresas

A saída do Reino Unido da União Europeia vem tendo consequências práticas há algum tempo. Sony, Panasonic, Honda, JP Morgan, Bank of America, Hitachi, Philips, Toshiba e Unilever são algumas das empresas que já decidiram ou pretendem anunciar mudanças para o continente.

Nesta semana, o governo da Holanda disse que 100 empresas já instalaram suas bases no país nos últimos três anos em razão do Brexit. Em Londres, os setores financeiro e de seguros devem ser os mais atingidos – várias companhias já se mudaram para a Europa. / AP, REUTERS e NYT

LONDRES - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, está sendo submetido a um bombardeio de críticas por ter prolongado o recesso parlamentar, medida que foi interpretada como uma forma de forçar a separação abrupta entre Reino Unido e União Europeia, com um Brexit sem acordo.

Nesta quinta-feira, 29, a oposição e membros rebeldes do partido governista, o Conservador, começaram a articular maneiras de evitar a manobra de Johnson.

Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, o maior de oposição, disse nesta quinta que a estratégia será impedir o recesso por meio do voto no Parlamento, que se reúne na semana que vem.

Manifestação em frente ao Parlamento Britânico um dia depois do premiê Boris Johnson prolongar recesso da Casa para tentar garantir Brexit sem acordos Foto: Facundo Arrizabalaga/EFE

A ideia ganhou o apoio imediato de vários veteranos do Partido Conservador, como David Lidington, ex-secretério de Defesa, David Gauke, ex-secretário de Justiça, e Richard Harrington, que foi vice-secretário da Indústria no governo de Theresa May.

“Semana que vem será a última oportunidade que o Parlamento terá para retomar o controle do processo e garantir que os deputados tenham voz antes de um Brexit sem acordo”, disse Gauke, repetindo o que havia declarado horas antes o ex-chanceler Philip Hammond.

Na Escócia, um grupo de 75 deputados entrou com uma ação judicial para tentar impedir a manobra de Johnson nos tribunais. “Prolongar o recesso do Parlamento é abuso de poder”, afirmou o advogado Aidan O’Neill. Ações semelhantes foram protocoladas em Belfast, na Irlanda do Norte, e em Londres. 

A decisão de Johnson também provocou protestos de rua. Manifestações foram registradas nas principais cidades do Reino Unido, as maiores em Manchester, Glasgow, Leeds, Liverpool e Londres – marchas estão sendo programadas para sábado, incluindo o bloqueio de ruas e estradas.

Uma petição contra a manobra parlamentar atingiu nesta quinta 1,5 milhão de assinaturas, bem mais do que as 100 mil necessárias para que o tema seja debatido pelos deputados no Parlamento.

O premiê enfrenta ainda uma onda de demissões. O deputado conservador Lord Young deixou o cargo de líder do governo no Parlamento e Ruth Davidson renunciou ao posto de presidente do Partido Conservador na Escócia.

Quem também não poupou o premiê foi a imprensa. Os principais jornais e tabloides estamparam manchetes críticas à manobra de Johnson. O Financial Times, um dos mais tradicionais jornais do Reino Unido, disse que é hora de os partidos “removerem Boris Johnson” do poder. “É hora de os parlamentares derrubarem seu governo com um voto de desconfiança, abrindo caminho para uma eleição na qual a população possa expressar sua vontade.”

Primeiro-ministro britânico,Boris Johnson Foto: Ludovic Marin/ AFP

Mesmo pressionado, o premiê não dá sinais de arrependimento. Na quarta-feira, Johnson decidiu prolongar o recesso parlamentar até o dia 14 de outubro, diminuindo a janela para que os deputados discutam e aprovem medidas para evitar um Brexit radical, sem acordo com a UE – o prazo para que o Reino Unido deixe o bloco é 31 de outubro.

O Brexit sem um acordo comercial com a UE é considerado uma catástrofe pela maioria dos economistas. Estudo do Banco da Inglaterra aponta que o PIB do Reino Unido será até 3,9% menor em 2034 em relação a como seria se não houvesse Brexit.

Analistas temem ainda uma crise de abastecimento de remédios e alimentos, caso os controles de fronteira sejam restabelecidos.

Fuga em massa de empresas

A saída do Reino Unido da União Europeia vem tendo consequências práticas há algum tempo. Sony, Panasonic, Honda, JP Morgan, Bank of America, Hitachi, Philips, Toshiba e Unilever são algumas das empresas que já decidiram ou pretendem anunciar mudanças para o continente.

Nesta semana, o governo da Holanda disse que 100 empresas já instalaram suas bases no país nos últimos três anos em razão do Brexit. Em Londres, os setores financeiro e de seguros devem ser os mais atingidos – várias companhias já se mudaram para a Europa. / AP, REUTERS e NYT

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