CARACAS - Líderes de oposição da Venezuela condenaram nesta sexta-feira, 26, a decisão da Justiça do país que proibiu a coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) de concorrer nas próximas eleições presidenciais, descrevendo a medida como uma manobra do governo do presidente Nicolás Maduro para manipular a votação a seu favor.
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A decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano - acusado pela oposição de apoiar o governo - de impedir a MUD de se registrar na eleição representa mais um obstáculo para a oposição. A votação deve acontecer até o dia 30 de abril, entretanto, os principais líderes da oposição, Leopoldo López e Henrique Capriles, estão proibidos de concorrer.
Críticos dizem que Maduro está privando a Venezuela de uma eleição livre e justa durante um período de crise econômica sem precedentes. “Isso demonstra o medo que Maduro sente da população”, disse o parlamentar de oposição Stalin González, na quinta-feira.
A comunidade internacional também está colocando pressão no governo. Os Estados Unidos disseram nesta semana que a eleição “aprofundará e não ajudará a resolver as tensões nacionais”, e o vice-presidente americano, Mike Pence, chamou Maduro de “ditador”.
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"Se a oposição venezuelana optar por participar, ela corre o risco de legitimar um processo eleitoral que é questionado pela comunidade internacional", diz o analista da IHS, Diego Moya-Ocampos. "No entanto, se a oposição escolher não participar da votação, Maduro poderá expandir seu mandato automaticamente por mais seis anos."
Apelo de Santos
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmou nesta sexta que seu país não reconhecerá o resultado das eleições presidenciais na Venezuela se estas não forem realizadas com as devidas garantias, e pediu à comunidade internacional que faça o mesmo.
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O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, prometeu ‘varrer’ as eleições que serão realizadas antes de 30 de abril. O atual chefe de Estado vai buscar a reeleição, apesar de sua impopularidade.
"A decisão recente de convocar eleições sem dar as garantias necessárias para que sejam consideradas transparentes, e assim a oposição possa participar com regras de jogo aceitáveis, é uma decisão que tem que ser rejeitada pela comunidade internacional, como é rejeitada pela Colômbia", afirmou.
Santos, em visita oficial a Viena, disse que a Colômbia fez todos os esforços para buscar uma transição pacífica e democrática na Venezuela, o que qualificou de "necessário".
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"Infelizmente, a Venezuela se tornou uma ditadura. A Venezuela está sofrendo uma crise que ninguém imaginava que um país tão rico poderia sofrer", disse o presidente colombiano em um discurso ao lado de seu homólogo austríaco, Alexander Van der Bellen.
Santos também se referiu à postura do Grupo de Lima, integrado por 14 países americanos, de exigir garantias para a realização das eleições presidenciais convocadas na Venezuela para antes de maio.
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"Se não houver eleições transparentes, se não houver garantias, o Grupo de Lima continuará com uma posição de não reconhecer o que sair de qualquer procedimento que não tenha legitimidade suficiente", advertiu o governante.
"As pessoas lá estão passando fome. Não têm acesso a remédios. Estão realmente sofrendo e isso não convém a ninguém", lamentou. Nesse sentido, Santos afirmou que a Colômbia e a comunidade internacional ofereceram ajuda alimentar e medicamentos à Venezuela, algo que as autoridades venezuelanas rejeitaram. / REUTERS e EFE