CARACAS - A oposição venezuelana tentará hoje mobilizar sua militância em um plebiscito simbólico contra o plano do presidente Nicolás Maduro de aprovar uma Assembleia Constituinte em duas semanas.
O governo, em campanha para a eleição dos 545 constituintes, promove a votação como a única saída para a convulsão política e social. A opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) considera a iniciativa uma “fraude” com a qual o governo tenta se perpetuar no poder, após 18 anos de chavismo.
Sem o aval do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado de servir ao governo, a MUD celebrará a consulta popular confiante de que milhões rejeitarão a Constituinte. O objetivo é conseguir uma participação expressiva hoje e trabalhar por um boicote à votação convocada pelo governo para o dia 30. Cinco ex-presidentes de países latino-americanos acompanharão a consulta de hoje.
Uma das vozes mais fortes contra o plebiscito do governo é a da procuradora-geral Luisa Ortega Díaz, chavista dissidente que o governo pretende afastar do cargo. Ontem ela respondeu à última tentativa de intimidá-la – na sexta-feira, o Tribunal Supremo de Justiça aprovou a submissão dela amanhã a um detector de mentiras.
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Lilian Tintori, esposa do opositor venezuelano Leopoldo López, pediu que a população do país participe do plebiscito simbólico em 16 de julho. Ela esteve em uma reunião com familiares de prisioneiros e opositores mortos em consequência das manifestações contra o governo.
“Não tenho problema em submeter-me ao polígrafo, mas não posso fazê-lo se essa prova é pedida por um tribunal ilegítimo, cujo poder não reconheço”. Ela classificou a iniciativa como “violação aos direitos humanos”. O governo pretende provar que Ortega mentiu ao afirmar que não deu aval à seleção de magistrados da corte. / AFP