Veja os principais fatos que marcaram a conturbada relação entre Estados Unidos e Irã nos últimos 50 anos e que chegaram a provocar o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países.
1953 - O Golpe
Em agosto de 1953, a CIA ajudou a orquestrar a derrubada do popular primeiro-ministro iraniano Mohammed Mossadegh, colocando o xá Mohammed Reza Pahlavi no poder. Washington interveio depois que o Reino Unido, que era contra a política de Mossadegh de nacionalizar uma indústria petrolífera britânica, convenceu oficiais americanos de que o premiê estaria levando o país ao comunismo. Assim que o poder britânico enfraqueceu, os EUA se tornaram o símbolo do que muitos consideraram o imperialismo ocidental.
1972 - Fortificando as relações
A visita do presidente americano, Richard Nixon, em 1972, cimentou a aproximação estratégia entre o Irã e os EUA. Porém, a oposição ao xá Mohammed Reza Pahlavi, liderada pelo clérigo exilado aiatolá Ruhollah Khomeini, se preparou.
1979 - A Revolução Islâmica
O aiatolá Khomeini foi detido em 1963 pelas forças de segurança do xá Mohamad Reza Pahlevi, por se opor às medidas liberais que este estava realizando no país, as quais classificou como contrárias ao Islã. Um ano mais tarde, foi enviado ao exílio na Turquia, mas as autoridades do país não o aceitaram. Posteriormente, foi deportado para o Iraque, onde também não foi aceito, sendo, por fim, exilado na França, aonde chegou em outubro de 1978, se instalando em Neauphle-le-Chateau, perto de Paris. No exílio, Khomeini continuou lutando contra o regime do xá e as gravações de seus discursos foram utilizadas pelos grupos de oposição no Irã.
Em 1979, revolucionários iranianos derrubam o xá Reza Pahlevi, que era apoiado pelos EUA, e transformam o país numa teocracia islâmica sob o comando do aiatolá Ruhollah Khomeini. O xá foge para o exílio em janeiro de 1979. No mês seguinte, Khomeini retornou ao Irã para selar a vitória da revolução cujo mantra era "Morte à América".
Tomada da embaixada - Em novembro de 1979, estudantes iranianos tomaram a embaixada americana em Teerã. Cerca de 300 estudantes invadiram o local e fizeram 52 reféns. Após uma fracassada tentativa de resgate, em 1980, eles são soltos em janeiro de 1981, 444 dias depois, após acordo mediado pela Argélia. Após o incidente, Washington rompeu relações diplomáticas com Teerã.
Quatro dias depois, o aiatolá designou um novo governo e proclamou a República Islâmica do Irã. Após a aprovação por plebiscito da constituição, Khomeini se tornou líder supremo da política e da religião no país. Durante seu mandato, o aiatolá dissolveu alguns dos grupos que o tinham apoiado em sua luta para chegar ao poder e decretou a execução de seus opositores e dos membros do antigo regime. Khomeini conduziu a República Islâmica com firmeza até sua morte, em 3 de junho de 1989, quando o país se encontrava imerso no isolamento político internacional.
1986 - Caso Irã-Contras
Os EUA apoiavam o Iraque na guerra contra o Irã (1980-1988), mas em 1986 descobriu-se que os americanos vendiam armas secretamente para os iranianos. O ex-presidente americano Ronald Reagan admitiu os acordos secretos com o Irã e que violavam o embargo americano. O comércio visava a libertação de americanos detidos por militantes xiitas pró-Irã no Líbano. O dinheiro era usado para financiar os contrarrevolucionários na Nicarágua.
1988 - Tragédia do voo 655
O navio americano USS Vincennes disparou um míssil teleguiado que abateu no ar um Airbus da Iran Air, matando 290 passageiros, sendo 66 crianças.
1997 - Reformistas no comando
Os iranianos elegeram o reformista Mohammad Khatami para a presidência, que promoveu um "diálogo entre civilizações". Durante seus dois mandatos, Khatami tentou reativar as relações diplomáticas e conseguiu restaurar os laços políticos e econômicos com outros países, especialmente do Ocidente.
Após os ataques de 11 de setembro de 2001, o Irã ofereceu apoio para as forças americanas na guerra contra os altos líderes do Taleban no Afeganistão, apoiados pelo chefe da Al-Qaeda Osama bin Laden. Teerã ainda ajudou a garantir o sucesso de uma conferência pós-guerra multilateral sobre o futuro afegão. Em janeiro de 2002, o ex-presidente George W. Bush inclui o Irã no chamado "Eixo do mal" e acusou o país de tentar produzir armas nucleares.
2003 - Invasão do Iraque
A coalizão liderada pelos EUA removem o ditador Saddam Hussein do poder, um líder árabe sunita que foi inimigo mortal do Irã, e levou ao poder facções políticas xiitas ligadas ao regime iraniano. Enquanto o Iraque mergulhou na insurgência e na violência sectária, os EUA acusava o Irã de armas, financiar e treinar militantes xiitas que atacavam as forças americanas em missão no território iraquiano. Teerã negou as acusações, culpando a presença das tropas dos EUA pela violência.
2008 - O impasse nuclear
Os EUA lideraram os esforços para endurecer as sanções da ONU contra o Irã por conta de seu programa nuclear e, em março, o Conselho de Segurança aprovou uma terceira rodada de sanções. Teerã afirma que seu projeto atômico está de acordo com as leis, é pacífico e desenvolvido apenas com a finalidade de produzir eletricidade, mas não convenceu o Ocidente.
As tensões entre Irã e EUA pioraram desde a eleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad em 2005, que repreendeu o Ocidente, questionou o Holocausto e pediu para que Israel seja varrido do mapa. A surpresa em relação ao governo de Ahmadinejad surgiu quando a Inteligência americana afirmou, no fim de 2007, que o Irã congelou seus planos atômicos militares em 2003.
2009 - A nova administração
O novo presidente dos EUA, Barack Obama, disse que os EUA estão prontos para estender uma mão para o Irã. "É importante estarmos dispostos a dialogar com o Irã para expressar de forma clara onde estão nossas diferenças, mas também onde podemos progredir", disse. "Se países como o Irã estiverem dispostos a abrir a mão, encontrarão a nossa estendida".
Ahmadinejad saudou a oferta do presidente americano, desde que os EUA demonstrem mudanças políticas, não tática. Foi uma mudança de enfoque em relação a George W. Bush, que procurou isolar Teerã, e diplomatas ocidentais disseram que a mudança em Washington pode oferecer uma chance “do tipo que só aparece uma vez em uma geração” para os dois países adversários porem fim a três décadas de hostilidade.