Teerã aperta cerco contra imprensa


Mais de 150 jornais foram fechados e 11 jornalistas estão detidos; escritor condenado relata perseguição

Por Adriana Carranca

A primeira vez que Emadeddin Baghi entrou na temida prisão iraniana de Evin, ao norte de Teerã, foi nos dias seguintes à Revolução Islâmica de 1979. Então com 18 anos, fora visitar as celas onde opositores do governo recém-deposto haviam sido torturados. O revolucionário, que se engajara na luta armada para derrubar o reinado dos xás e instaurar a sonhada democracia islâmica, sob o comando do líder espiritual Ruhollah Khomeini, só não imaginava voltar ali como prisioneiro, anos depois, pelas mãos do mesmo regime que ajudou a colocar no poder. 'O Ocidente deveria atrair o Irã' Polícia do Irã fecha cerco a jovens Um olhar feminino sobre o Irã    Encarcerado de 2000 a 2003, Baghi recebeu, na o dia 2 de agosto, nova sentença de 3 anos de prisão. Seu advogado recorreu e novo julgamento será marcado nesta semana. "Vivo com as malas prontas para a prisão", disse, em entrevista ao Estado (colocar link).   Outros dois jornalistas, Farshad Gorbanpour e Masoud Bastani, foram presos sem que as acusações fossem reveladas. Dias antes, dois repórteres foram condenados à morte por enforcamento em Marivan, região curda. "A situação dos direitos humanos está piorando dia a dia no Irã", disse um documento divulgado no dia 3 pela organização Repórteres sem Fronteiras.   Dezenas de jornalistas foram presos em 2006 e 11 continuam detidos por criticar autoridades do governo de Mahmud Ahmadinejad. Especialistas acreditam em uma reação do governo às sanções econômicas e ao aumento da pressão internacional para que abandone seu programa nuclear. O regime teme que seu enfraquecimento abra brechas para o fortalecimento da oposição. Por isso, tenta mantê-la a rédeas curtas.   Controlado pelos aiatolás, o Judiciário fechou mais de 150 jornais em cinco anos. Estima-se em 10 milhões os sites bloqueados. Entidades internacionais alertam para o endurecimento do regime e perseguição contra intelectuais, ativistas de direitos humanos, professores, estudantes. Quatro acadêmicos americanos de origem iraniana continuam detidos por "conspirar contra o regime islâmico."   As acusações contra Baghi estendem-se a sua mulher, sua filha e um sobrinho. "Isso serve para intensificar a pressão sobre mim", escreveu ao Estado, por e-mail. "Mas estou determinado a continuar minhas atividades e ver qual será o resultado dessa luta."   Persistência   Luta que dura 30 de seus 46 anos. Neto de um clérigo xiita, filho de um mercador e ativista político exilado no regime dos xás, Baghi nasceu em Kerbala, no Iraque. De volta ao Irã, aos 15 anos formou um grupo de jovens para lutar pela revolução. Renovado pelos ideais de democracia islâmica, dedicou 12 anos à vida de seminarista, estudando teologia e filosofia religiosa nas madrassas de Qom, reduto de clérigos e pelo menos 200 think-tanks islâmicas.   Por isso, é tão perseguido. Ele desafia o regime dos aiatolás naquilo que lhes é mais valioso: a interpretação do Alcorão, base da jurisprudência iraniana. É nele que Baghi encontra argumentos para suas teses em defesa dos direitos humanos, publicadas em jornais do país - todos, em conseqüência, fechados pelo Judiciário - e em 20 livros, 6 banidos.   No diário Fath (vitória, em farsi), ele e Akbar Ganji publicaram reportagens investigativas sobre a execução de 80 intelectuais e ativistas políticos no fim dos anos 90, obrigando o então ministro Ali Fallahian a admitir, pela primeira vez na história do Irã, o envolvimento de agentes da polícia secreta no assassinato de opositores.   Baghi foi condenado à prisão em 2000, sob a alegação de que seus artigos contra a pena de morte eram anti-Islã. Fallahian estava entre os acusadores. Libertado em 2003, ele fundou a Sociedade para Defesa dos Direitos dos Prisioneiros e outras duas ONGs.   "Na prisão, me dediquei a estudar a história recente do Irã e me dei conta de que não adianta derrubar o governo porque o regime continua o mesmo: autocrático. É preciso fortalecer a sociedade civil."

A primeira vez que Emadeddin Baghi entrou na temida prisão iraniana de Evin, ao norte de Teerã, foi nos dias seguintes à Revolução Islâmica de 1979. Então com 18 anos, fora visitar as celas onde opositores do governo recém-deposto haviam sido torturados. O revolucionário, que se engajara na luta armada para derrubar o reinado dos xás e instaurar a sonhada democracia islâmica, sob o comando do líder espiritual Ruhollah Khomeini, só não imaginava voltar ali como prisioneiro, anos depois, pelas mãos do mesmo regime que ajudou a colocar no poder. 'O Ocidente deveria atrair o Irã' Polícia do Irã fecha cerco a jovens Um olhar feminino sobre o Irã    Encarcerado de 2000 a 2003, Baghi recebeu, na o dia 2 de agosto, nova sentença de 3 anos de prisão. Seu advogado recorreu e novo julgamento será marcado nesta semana. "Vivo com as malas prontas para a prisão", disse, em entrevista ao Estado (colocar link).   Outros dois jornalistas, Farshad Gorbanpour e Masoud Bastani, foram presos sem que as acusações fossem reveladas. Dias antes, dois repórteres foram condenados à morte por enforcamento em Marivan, região curda. "A situação dos direitos humanos está piorando dia a dia no Irã", disse um documento divulgado no dia 3 pela organização Repórteres sem Fronteiras.   Dezenas de jornalistas foram presos em 2006 e 11 continuam detidos por criticar autoridades do governo de Mahmud Ahmadinejad. Especialistas acreditam em uma reação do governo às sanções econômicas e ao aumento da pressão internacional para que abandone seu programa nuclear. O regime teme que seu enfraquecimento abra brechas para o fortalecimento da oposição. Por isso, tenta mantê-la a rédeas curtas.   Controlado pelos aiatolás, o Judiciário fechou mais de 150 jornais em cinco anos. Estima-se em 10 milhões os sites bloqueados. Entidades internacionais alertam para o endurecimento do regime e perseguição contra intelectuais, ativistas de direitos humanos, professores, estudantes. Quatro acadêmicos americanos de origem iraniana continuam detidos por "conspirar contra o regime islâmico."   As acusações contra Baghi estendem-se a sua mulher, sua filha e um sobrinho. "Isso serve para intensificar a pressão sobre mim", escreveu ao Estado, por e-mail. "Mas estou determinado a continuar minhas atividades e ver qual será o resultado dessa luta."   Persistência   Luta que dura 30 de seus 46 anos. Neto de um clérigo xiita, filho de um mercador e ativista político exilado no regime dos xás, Baghi nasceu em Kerbala, no Iraque. De volta ao Irã, aos 15 anos formou um grupo de jovens para lutar pela revolução. Renovado pelos ideais de democracia islâmica, dedicou 12 anos à vida de seminarista, estudando teologia e filosofia religiosa nas madrassas de Qom, reduto de clérigos e pelo menos 200 think-tanks islâmicas.   Por isso, é tão perseguido. Ele desafia o regime dos aiatolás naquilo que lhes é mais valioso: a interpretação do Alcorão, base da jurisprudência iraniana. É nele que Baghi encontra argumentos para suas teses em defesa dos direitos humanos, publicadas em jornais do país - todos, em conseqüência, fechados pelo Judiciário - e em 20 livros, 6 banidos.   No diário Fath (vitória, em farsi), ele e Akbar Ganji publicaram reportagens investigativas sobre a execução de 80 intelectuais e ativistas políticos no fim dos anos 90, obrigando o então ministro Ali Fallahian a admitir, pela primeira vez na história do Irã, o envolvimento de agentes da polícia secreta no assassinato de opositores.   Baghi foi condenado à prisão em 2000, sob a alegação de que seus artigos contra a pena de morte eram anti-Islã. Fallahian estava entre os acusadores. Libertado em 2003, ele fundou a Sociedade para Defesa dos Direitos dos Prisioneiros e outras duas ONGs.   "Na prisão, me dediquei a estudar a história recente do Irã e me dei conta de que não adianta derrubar o governo porque o regime continua o mesmo: autocrático. É preciso fortalecer a sociedade civil."

A primeira vez que Emadeddin Baghi entrou na temida prisão iraniana de Evin, ao norte de Teerã, foi nos dias seguintes à Revolução Islâmica de 1979. Então com 18 anos, fora visitar as celas onde opositores do governo recém-deposto haviam sido torturados. O revolucionário, que se engajara na luta armada para derrubar o reinado dos xás e instaurar a sonhada democracia islâmica, sob o comando do líder espiritual Ruhollah Khomeini, só não imaginava voltar ali como prisioneiro, anos depois, pelas mãos do mesmo regime que ajudou a colocar no poder. 'O Ocidente deveria atrair o Irã' Polícia do Irã fecha cerco a jovens Um olhar feminino sobre o Irã    Encarcerado de 2000 a 2003, Baghi recebeu, na o dia 2 de agosto, nova sentença de 3 anos de prisão. Seu advogado recorreu e novo julgamento será marcado nesta semana. "Vivo com as malas prontas para a prisão", disse, em entrevista ao Estado (colocar link).   Outros dois jornalistas, Farshad Gorbanpour e Masoud Bastani, foram presos sem que as acusações fossem reveladas. Dias antes, dois repórteres foram condenados à morte por enforcamento em Marivan, região curda. "A situação dos direitos humanos está piorando dia a dia no Irã", disse um documento divulgado no dia 3 pela organização Repórteres sem Fronteiras.   Dezenas de jornalistas foram presos em 2006 e 11 continuam detidos por criticar autoridades do governo de Mahmud Ahmadinejad. Especialistas acreditam em uma reação do governo às sanções econômicas e ao aumento da pressão internacional para que abandone seu programa nuclear. O regime teme que seu enfraquecimento abra brechas para o fortalecimento da oposição. Por isso, tenta mantê-la a rédeas curtas.   Controlado pelos aiatolás, o Judiciário fechou mais de 150 jornais em cinco anos. Estima-se em 10 milhões os sites bloqueados. Entidades internacionais alertam para o endurecimento do regime e perseguição contra intelectuais, ativistas de direitos humanos, professores, estudantes. Quatro acadêmicos americanos de origem iraniana continuam detidos por "conspirar contra o regime islâmico."   As acusações contra Baghi estendem-se a sua mulher, sua filha e um sobrinho. "Isso serve para intensificar a pressão sobre mim", escreveu ao Estado, por e-mail. "Mas estou determinado a continuar minhas atividades e ver qual será o resultado dessa luta."   Persistência   Luta que dura 30 de seus 46 anos. Neto de um clérigo xiita, filho de um mercador e ativista político exilado no regime dos xás, Baghi nasceu em Kerbala, no Iraque. De volta ao Irã, aos 15 anos formou um grupo de jovens para lutar pela revolução. Renovado pelos ideais de democracia islâmica, dedicou 12 anos à vida de seminarista, estudando teologia e filosofia religiosa nas madrassas de Qom, reduto de clérigos e pelo menos 200 think-tanks islâmicas.   Por isso, é tão perseguido. Ele desafia o regime dos aiatolás naquilo que lhes é mais valioso: a interpretação do Alcorão, base da jurisprudência iraniana. É nele que Baghi encontra argumentos para suas teses em defesa dos direitos humanos, publicadas em jornais do país - todos, em conseqüência, fechados pelo Judiciário - e em 20 livros, 6 banidos.   No diário Fath (vitória, em farsi), ele e Akbar Ganji publicaram reportagens investigativas sobre a execução de 80 intelectuais e ativistas políticos no fim dos anos 90, obrigando o então ministro Ali Fallahian a admitir, pela primeira vez na história do Irã, o envolvimento de agentes da polícia secreta no assassinato de opositores.   Baghi foi condenado à prisão em 2000, sob a alegação de que seus artigos contra a pena de morte eram anti-Islã. Fallahian estava entre os acusadores. Libertado em 2003, ele fundou a Sociedade para Defesa dos Direitos dos Prisioneiros e outras duas ONGs.   "Na prisão, me dediquei a estudar a história recente do Irã e me dei conta de que não adianta derrubar o governo porque o regime continua o mesmo: autocrático. É preciso fortalecer a sociedade civil."

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