BRUXELAS - Os países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) anunciaram, nesta terça-feira, 4, a prorrogação por um ano do mandato do ex-primeiro-ministro norueguês Jens Stoltenberg à frente da Aliança Atlântica, depois dos problemas para encontrar um sucessor, com a Guerra da Ucrânia como pano de fundo. O anúncio ocorreu uma semana antes de uma reunião de cúpula crucial da organização na Lituânia, que examinará o tema da adesão da Ucrânia.
“Honrado pela decisão dos aliados da Otan de estender meu mandato como secretário-geral até 1º de outubro de 2024″, escreveu Stoltenberg, de 64 anos, em sua conta no Twitter.
Outros possíveis candidatos ao cargo, como a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, e o ministro britânico da Defesa, Ben Wallace, se afastaram recentemente da disputa.
Stoltenberg, que foi primeiro-ministro da Noruega de 2005 a 2013, foi nomeado em 1º de outubro de 2014 para um mandato de quatro anos. Ele cumpriu dois mandatos completos e o segundo já havia sido prorrogado por um ano, em 2022, após a invasão da Ucrânia.
Liderança forte
O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, reagiu ao anúncio com um agradecimento a Stoltenberg por seus “esforços pessoais” para apoiar seu país em guerra.
“Espero que nossa cooperação possa continuar sendo frutífera no futuro”, disse, após um telefonema com o secretário-geral da Otan.
O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmitro Kuleba, celebrou a nova prorrogação do mandato e afirmou que Stoltenberg demonstrou uma “liderança forte em tempos difíceis”.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também elogiou a medida e afirmou que a aliança militar está “mais forte, unida e decidida que nunca”.
Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan
“Com sua liderança, experiência e julgamento, o secretário-geral Stoltenberg conduziu nossa Aliança pelos desafios mais significativos na segurança europeia desde a Segunda Guerra Mundial”, afirmou Biden em um comunicado.
O secretário-geral da Otan foi elogiado pelos países-membros por seu sangue frio na estratégia da aliança, no momento em que a Europa enfrenta o conflito armado mais grave desde a Segunda Guerra Mundial.
Isto significou manter um apoio incondicional a Kiev, mas assegurando, ao mesmo tempo, que a guerra não se transforme em um possível conflito nuclear entre a Otan e a Rússia.
Expansão da Otan
Na reunião de cúpula de Vilna (Lituânia), em 11 e 12 de julho, o norueguês terá que equilibrar novamente os pedidos da Ucrânia sobre sua adesão e as dúvidas dos Estados Unidos sobre estabelecer um calendário preciso para o processo.
A invasão russa da Ucrânia abalou o cenário da segurança na Europa e deu um novo impulso à Otan, com países como Finlândia e Suécia apresentando pedidos de adesão à aliança.
O artigo 5 da organização estipula que um ataque contra um membro é considerado um ataque contra todos os países-membros.
A Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia, se tornou em abril o 31º Estado-membro da Otan. O pedido de adesão da Suécia está bloqueado por Hungria e Turquia./ AFP