Overdoses matam 1 americano a cada 7 minutos, em geral com opioides


Especialistas dizem que crise foi provocada por causa de excesso de prescrições de opioides para aliviar dores de pacientes nos últimos 20 anos; 72 mil mortes superam baixas das três últimas guerras americanas

Por Redação

WASHINGTON - Overdoses mataram 72 mil americanos no ano passado, nos Estados Unidos. A maioria das vítimas consumiu drogas vendidas legalmente, o que especialistas relacionam ao excesso de prescrições de opioides. O número é superior ao total de mortos somados nas últimas três guerras em que os Estados Unidos se envolveram, no Vietnã, no Iraque e no Afeganistão. São 197 mortos por overdose por dia, um a cada 7,3 minutos, o que torna a crise de opioides a mais letal da história dos EUA.

Umfrasco de oxicodona, principal opioide vendido nos Estados Unidos. Excesso de prescrições de opioides teria provocado atual epidemia Foto: Stuart Isett/The New York Times

Os dados preliminares para 2017 do Centro de Controle de Doenças, revelados nesta quinta-feira, 16, mostram que o número de americanos mortos de overdose no ano passado supera o ápice do número de mortes por acidentes de carro (53 mil em 1972), HIV (41,6 mil em 1995) e mortes por armas de fogo no país (38,6 mil em 1993). O aumento em relação ao ano anterior foi de 10%. 

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A epidemia afetou até mesmo a expectativa média de vida da população. Em 2015, ela caiu de 78,9 para 78,7 anos. A última queda havia ocorrido em 1993, durante o auge da epidemia de Aids. Em 2016, o país registrou uma nova queda, para 78,6 anos. Foi a primeira redução consecutiva desde o início dos anos 1960. 

Segundo pesquisadores, a epidemia de opioides e a disparada de overdoses de drogas foi a grande responsável por esta baixa. Opiáceos são substâncias originalmente obtidas a partir do ópio, extraído da papoula, como a morfina e a heroína, que trazem sensação de relaxamento, alívio da dor e prazer. Essas substâncias podem ser sintetizadas completamente em laboratório e são chamadas de “opioides”. 

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Segundo especialistas, a epidemia de opioides nos EUA despontou agora, mas começou a ser desenhada na década de 1990, por causa da expansão exagerada de medicamentos para aliviar a dor. As empresas farmacêuticas usaram marketing e campanhas diretas para incentivar os médicos a prescrever opioides para tratar todos os tipos de dor. 

O principal deles foi a oxicodona, desenvolvida no início do século 20, vendida com nomes como OxyContin e Percocet. São pílulas criadas para que a oxicodona seja liberada lentamente no corpo. “Os médicos, exaustos de ter de lidar com pacientes difíceis de tratar, optaram pela solução mais fácil e prescreveram medicamentos”, afirmou ao site americano Vox Keith Humphreys, professor da Universidade de Stanford e especialista em política de drogas. “Essas drogas são essenciais para controlar a dor de pacientes com doenças crônicas ou em cuidados paliativos para tratamentos de câncer severo, mas seu uso indiscriminado alastrou a atual epidemia”.

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Invasão de opioides

O sucesso comercial fez com que se tornassem uma questão de saúde pública. “Só no ano passado, havia mais de 236 milhões de prescrições para opiáceos nos Estados Unidos, o que é cerca de um frasco de opioides com 50 comprimidos para cada adulto americano”, diz Keith Humphreys. “As drogas proliferaram e acabaram nas mãos não apenas de pacientes, mas também de adolescentes vasculhando os armários de remédios de seus pais, e, claro, no mercado negro”.

Um estudo de 2014 da Associação Americana de Psiquiatria mostra que 75% dos usuários de heroína em tratamento começaram com analgésicos. Outro estudo, do CDC, de 2015, descobriu que pessoas que são dependentes de analgésicos têm 40 vezes mais chances de se tornarem viciadas em heroína. 

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A partir de 2015, os controles sobre a prescrição e venda desses produtos aumentaram, mas tiveram um efeito colateral: aumentaram as vendas de opioide sintético ainda pior, o fentanil, 50 vezes mais poderoso que a heroína. Um comprimido na farmácia pode custar até US$ 50, enquanto nas ruas pode ser encontrado por US$ 10. Grande parte do fentanil que abastece o mercado negro americano vem da China. 

Como o fentanil e seus análogos são mais potentes que a heroína, o risco de overdose é maior: 0,5 miligrama de fentanil pode causar uma overdose. “É como o sal na salada. Você acha que sabe quanto está colocando, quando é ‘aquela pitada’, mas a diferença entre uma pitada a mais que pode matar, no caso do fentanil, é significativamente maior”, afirmou ao Vox David Juurlink, médico e pesquisador da universidade de Toronto.

No ano passado, pela primeira vez, o fentanil provocou o maior número de vítimas, 20,1 mil. As overdoses da substância mais que duplicaram de 2015 a 2016. Em três anos, o aumento foi de 540%, o que transformou o fentanil no principal responsável pelo aumento das overdoses fatais. / NYT

WASHINGTON - Overdoses mataram 72 mil americanos no ano passado, nos Estados Unidos. A maioria das vítimas consumiu drogas vendidas legalmente, o que especialistas relacionam ao excesso de prescrições de opioides. O número é superior ao total de mortos somados nas últimas três guerras em que os Estados Unidos se envolveram, no Vietnã, no Iraque e no Afeganistão. São 197 mortos por overdose por dia, um a cada 7,3 minutos, o que torna a crise de opioides a mais letal da história dos EUA.

Umfrasco de oxicodona, principal opioide vendido nos Estados Unidos. Excesso de prescrições de opioides teria provocado atual epidemia Foto: Stuart Isett/The New York Times

Os dados preliminares para 2017 do Centro de Controle de Doenças, revelados nesta quinta-feira, 16, mostram que o número de americanos mortos de overdose no ano passado supera o ápice do número de mortes por acidentes de carro (53 mil em 1972), HIV (41,6 mil em 1995) e mortes por armas de fogo no país (38,6 mil em 1993). O aumento em relação ao ano anterior foi de 10%. 

A epidemia afetou até mesmo a expectativa média de vida da população. Em 2015, ela caiu de 78,9 para 78,7 anos. A última queda havia ocorrido em 1993, durante o auge da epidemia de Aids. Em 2016, o país registrou uma nova queda, para 78,6 anos. Foi a primeira redução consecutiva desde o início dos anos 1960. 

Segundo pesquisadores, a epidemia de opioides e a disparada de overdoses de drogas foi a grande responsável por esta baixa. Opiáceos são substâncias originalmente obtidas a partir do ópio, extraído da papoula, como a morfina e a heroína, que trazem sensação de relaxamento, alívio da dor e prazer. Essas substâncias podem ser sintetizadas completamente em laboratório e são chamadas de “opioides”. 

Segundo especialistas, a epidemia de opioides nos EUA despontou agora, mas começou a ser desenhada na década de 1990, por causa da expansão exagerada de medicamentos para aliviar a dor. As empresas farmacêuticas usaram marketing e campanhas diretas para incentivar os médicos a prescrever opioides para tratar todos os tipos de dor. 

O principal deles foi a oxicodona, desenvolvida no início do século 20, vendida com nomes como OxyContin e Percocet. São pílulas criadas para que a oxicodona seja liberada lentamente no corpo. “Os médicos, exaustos de ter de lidar com pacientes difíceis de tratar, optaram pela solução mais fácil e prescreveram medicamentos”, afirmou ao site americano Vox Keith Humphreys, professor da Universidade de Stanford e especialista em política de drogas. “Essas drogas são essenciais para controlar a dor de pacientes com doenças crônicas ou em cuidados paliativos para tratamentos de câncer severo, mas seu uso indiscriminado alastrou a atual epidemia”.

Invasão de opioides

O sucesso comercial fez com que se tornassem uma questão de saúde pública. “Só no ano passado, havia mais de 236 milhões de prescrições para opiáceos nos Estados Unidos, o que é cerca de um frasco de opioides com 50 comprimidos para cada adulto americano”, diz Keith Humphreys. “As drogas proliferaram e acabaram nas mãos não apenas de pacientes, mas também de adolescentes vasculhando os armários de remédios de seus pais, e, claro, no mercado negro”.

Um estudo de 2014 da Associação Americana de Psiquiatria mostra que 75% dos usuários de heroína em tratamento começaram com analgésicos. Outro estudo, do CDC, de 2015, descobriu que pessoas que são dependentes de analgésicos têm 40 vezes mais chances de se tornarem viciadas em heroína. 

A partir de 2015, os controles sobre a prescrição e venda desses produtos aumentaram, mas tiveram um efeito colateral: aumentaram as vendas de opioide sintético ainda pior, o fentanil, 50 vezes mais poderoso que a heroína. Um comprimido na farmácia pode custar até US$ 50, enquanto nas ruas pode ser encontrado por US$ 10. Grande parte do fentanil que abastece o mercado negro americano vem da China. 

Como o fentanil e seus análogos são mais potentes que a heroína, o risco de overdose é maior: 0,5 miligrama de fentanil pode causar uma overdose. “É como o sal na salada. Você acha que sabe quanto está colocando, quando é ‘aquela pitada’, mas a diferença entre uma pitada a mais que pode matar, no caso do fentanil, é significativamente maior”, afirmou ao Vox David Juurlink, médico e pesquisador da universidade de Toronto.

No ano passado, pela primeira vez, o fentanil provocou o maior número de vítimas, 20,1 mil. As overdoses da substância mais que duplicaram de 2015 a 2016. Em três anos, o aumento foi de 540%, o que transformou o fentanil no principal responsável pelo aumento das overdoses fatais. / NYT

WASHINGTON - Overdoses mataram 72 mil americanos no ano passado, nos Estados Unidos. A maioria das vítimas consumiu drogas vendidas legalmente, o que especialistas relacionam ao excesso de prescrições de opioides. O número é superior ao total de mortos somados nas últimas três guerras em que os Estados Unidos se envolveram, no Vietnã, no Iraque e no Afeganistão. São 197 mortos por overdose por dia, um a cada 7,3 minutos, o que torna a crise de opioides a mais letal da história dos EUA.

Umfrasco de oxicodona, principal opioide vendido nos Estados Unidos. Excesso de prescrições de opioides teria provocado atual epidemia Foto: Stuart Isett/The New York Times

Os dados preliminares para 2017 do Centro de Controle de Doenças, revelados nesta quinta-feira, 16, mostram que o número de americanos mortos de overdose no ano passado supera o ápice do número de mortes por acidentes de carro (53 mil em 1972), HIV (41,6 mil em 1995) e mortes por armas de fogo no país (38,6 mil em 1993). O aumento em relação ao ano anterior foi de 10%. 

A epidemia afetou até mesmo a expectativa média de vida da população. Em 2015, ela caiu de 78,9 para 78,7 anos. A última queda havia ocorrido em 1993, durante o auge da epidemia de Aids. Em 2016, o país registrou uma nova queda, para 78,6 anos. Foi a primeira redução consecutiva desde o início dos anos 1960. 

Segundo pesquisadores, a epidemia de opioides e a disparada de overdoses de drogas foi a grande responsável por esta baixa. Opiáceos são substâncias originalmente obtidas a partir do ópio, extraído da papoula, como a morfina e a heroína, que trazem sensação de relaxamento, alívio da dor e prazer. Essas substâncias podem ser sintetizadas completamente em laboratório e são chamadas de “opioides”. 

Segundo especialistas, a epidemia de opioides nos EUA despontou agora, mas começou a ser desenhada na década de 1990, por causa da expansão exagerada de medicamentos para aliviar a dor. As empresas farmacêuticas usaram marketing e campanhas diretas para incentivar os médicos a prescrever opioides para tratar todos os tipos de dor. 

O principal deles foi a oxicodona, desenvolvida no início do século 20, vendida com nomes como OxyContin e Percocet. São pílulas criadas para que a oxicodona seja liberada lentamente no corpo. “Os médicos, exaustos de ter de lidar com pacientes difíceis de tratar, optaram pela solução mais fácil e prescreveram medicamentos”, afirmou ao site americano Vox Keith Humphreys, professor da Universidade de Stanford e especialista em política de drogas. “Essas drogas são essenciais para controlar a dor de pacientes com doenças crônicas ou em cuidados paliativos para tratamentos de câncer severo, mas seu uso indiscriminado alastrou a atual epidemia”.

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O sucesso comercial fez com que se tornassem uma questão de saúde pública. “Só no ano passado, havia mais de 236 milhões de prescrições para opiáceos nos Estados Unidos, o que é cerca de um frasco de opioides com 50 comprimidos para cada adulto americano”, diz Keith Humphreys. “As drogas proliferaram e acabaram nas mãos não apenas de pacientes, mas também de adolescentes vasculhando os armários de remédios de seus pais, e, claro, no mercado negro”.

Um estudo de 2014 da Associação Americana de Psiquiatria mostra que 75% dos usuários de heroína em tratamento começaram com analgésicos. Outro estudo, do CDC, de 2015, descobriu que pessoas que são dependentes de analgésicos têm 40 vezes mais chances de se tornarem viciadas em heroína. 

A partir de 2015, os controles sobre a prescrição e venda desses produtos aumentaram, mas tiveram um efeito colateral: aumentaram as vendas de opioide sintético ainda pior, o fentanil, 50 vezes mais poderoso que a heroína. Um comprimido na farmácia pode custar até US$ 50, enquanto nas ruas pode ser encontrado por US$ 10. Grande parte do fentanil que abastece o mercado negro americano vem da China. 

Como o fentanil e seus análogos são mais potentes que a heroína, o risco de overdose é maior: 0,5 miligrama de fentanil pode causar uma overdose. “É como o sal na salada. Você acha que sabe quanto está colocando, quando é ‘aquela pitada’, mas a diferença entre uma pitada a mais que pode matar, no caso do fentanil, é significativamente maior”, afirmou ao Vox David Juurlink, médico e pesquisador da universidade de Toronto.

No ano passado, pela primeira vez, o fentanil provocou o maior número de vítimas, 20,1 mil. As overdoses da substância mais que duplicaram de 2015 a 2016. Em três anos, o aumento foi de 540%, o que transformou o fentanil no principal responsável pelo aumento das overdoses fatais. / NYT

WASHINGTON - Overdoses mataram 72 mil americanos no ano passado, nos Estados Unidos. A maioria das vítimas consumiu drogas vendidas legalmente, o que especialistas relacionam ao excesso de prescrições de opioides. O número é superior ao total de mortos somados nas últimas três guerras em que os Estados Unidos se envolveram, no Vietnã, no Iraque e no Afeganistão. São 197 mortos por overdose por dia, um a cada 7,3 minutos, o que torna a crise de opioides a mais letal da história dos EUA.

Umfrasco de oxicodona, principal opioide vendido nos Estados Unidos. Excesso de prescrições de opioides teria provocado atual epidemia Foto: Stuart Isett/The New York Times

Os dados preliminares para 2017 do Centro de Controle de Doenças, revelados nesta quinta-feira, 16, mostram que o número de americanos mortos de overdose no ano passado supera o ápice do número de mortes por acidentes de carro (53 mil em 1972), HIV (41,6 mil em 1995) e mortes por armas de fogo no país (38,6 mil em 1993). O aumento em relação ao ano anterior foi de 10%. 

A epidemia afetou até mesmo a expectativa média de vida da população. Em 2015, ela caiu de 78,9 para 78,7 anos. A última queda havia ocorrido em 1993, durante o auge da epidemia de Aids. Em 2016, o país registrou uma nova queda, para 78,6 anos. Foi a primeira redução consecutiva desde o início dos anos 1960. 

Segundo pesquisadores, a epidemia de opioides e a disparada de overdoses de drogas foi a grande responsável por esta baixa. Opiáceos são substâncias originalmente obtidas a partir do ópio, extraído da papoula, como a morfina e a heroína, que trazem sensação de relaxamento, alívio da dor e prazer. Essas substâncias podem ser sintetizadas completamente em laboratório e são chamadas de “opioides”. 

Segundo especialistas, a epidemia de opioides nos EUA despontou agora, mas começou a ser desenhada na década de 1990, por causa da expansão exagerada de medicamentos para aliviar a dor. As empresas farmacêuticas usaram marketing e campanhas diretas para incentivar os médicos a prescrever opioides para tratar todos os tipos de dor. 

O principal deles foi a oxicodona, desenvolvida no início do século 20, vendida com nomes como OxyContin e Percocet. São pílulas criadas para que a oxicodona seja liberada lentamente no corpo. “Os médicos, exaustos de ter de lidar com pacientes difíceis de tratar, optaram pela solução mais fácil e prescreveram medicamentos”, afirmou ao site americano Vox Keith Humphreys, professor da Universidade de Stanford e especialista em política de drogas. “Essas drogas são essenciais para controlar a dor de pacientes com doenças crônicas ou em cuidados paliativos para tratamentos de câncer severo, mas seu uso indiscriminado alastrou a atual epidemia”.

Invasão de opioides

O sucesso comercial fez com que se tornassem uma questão de saúde pública. “Só no ano passado, havia mais de 236 milhões de prescrições para opiáceos nos Estados Unidos, o que é cerca de um frasco de opioides com 50 comprimidos para cada adulto americano”, diz Keith Humphreys. “As drogas proliferaram e acabaram nas mãos não apenas de pacientes, mas também de adolescentes vasculhando os armários de remédios de seus pais, e, claro, no mercado negro”.

Um estudo de 2014 da Associação Americana de Psiquiatria mostra que 75% dos usuários de heroína em tratamento começaram com analgésicos. Outro estudo, do CDC, de 2015, descobriu que pessoas que são dependentes de analgésicos têm 40 vezes mais chances de se tornarem viciadas em heroína. 

A partir de 2015, os controles sobre a prescrição e venda desses produtos aumentaram, mas tiveram um efeito colateral: aumentaram as vendas de opioide sintético ainda pior, o fentanil, 50 vezes mais poderoso que a heroína. Um comprimido na farmácia pode custar até US$ 50, enquanto nas ruas pode ser encontrado por US$ 10. Grande parte do fentanil que abastece o mercado negro americano vem da China. 

Como o fentanil e seus análogos são mais potentes que a heroína, o risco de overdose é maior: 0,5 miligrama de fentanil pode causar uma overdose. “É como o sal na salada. Você acha que sabe quanto está colocando, quando é ‘aquela pitada’, mas a diferença entre uma pitada a mais que pode matar, no caso do fentanil, é significativamente maior”, afirmou ao Vox David Juurlink, médico e pesquisador da universidade de Toronto.

No ano passado, pela primeira vez, o fentanil provocou o maior número de vítimas, 20,1 mil. As overdoses da substância mais que duplicaram de 2015 a 2016. Em três anos, o aumento foi de 540%, o que transformou o fentanil no principal responsável pelo aumento das overdoses fatais. / NYT

WASHINGTON - Overdoses mataram 72 mil americanos no ano passado, nos Estados Unidos. A maioria das vítimas consumiu drogas vendidas legalmente, o que especialistas relacionam ao excesso de prescrições de opioides. O número é superior ao total de mortos somados nas últimas três guerras em que os Estados Unidos se envolveram, no Vietnã, no Iraque e no Afeganistão. São 197 mortos por overdose por dia, um a cada 7,3 minutos, o que torna a crise de opioides a mais letal da história dos EUA.

Umfrasco de oxicodona, principal opioide vendido nos Estados Unidos. Excesso de prescrições de opioides teria provocado atual epidemia Foto: Stuart Isett/The New York Times

Os dados preliminares para 2017 do Centro de Controle de Doenças, revelados nesta quinta-feira, 16, mostram que o número de americanos mortos de overdose no ano passado supera o ápice do número de mortes por acidentes de carro (53 mil em 1972), HIV (41,6 mil em 1995) e mortes por armas de fogo no país (38,6 mil em 1993). O aumento em relação ao ano anterior foi de 10%. 

A epidemia afetou até mesmo a expectativa média de vida da população. Em 2015, ela caiu de 78,9 para 78,7 anos. A última queda havia ocorrido em 1993, durante o auge da epidemia de Aids. Em 2016, o país registrou uma nova queda, para 78,6 anos. Foi a primeira redução consecutiva desde o início dos anos 1960. 

Segundo pesquisadores, a epidemia de opioides e a disparada de overdoses de drogas foi a grande responsável por esta baixa. Opiáceos são substâncias originalmente obtidas a partir do ópio, extraído da papoula, como a morfina e a heroína, que trazem sensação de relaxamento, alívio da dor e prazer. Essas substâncias podem ser sintetizadas completamente em laboratório e são chamadas de “opioides”. 

Segundo especialistas, a epidemia de opioides nos EUA despontou agora, mas começou a ser desenhada na década de 1990, por causa da expansão exagerada de medicamentos para aliviar a dor. As empresas farmacêuticas usaram marketing e campanhas diretas para incentivar os médicos a prescrever opioides para tratar todos os tipos de dor. 

O principal deles foi a oxicodona, desenvolvida no início do século 20, vendida com nomes como OxyContin e Percocet. São pílulas criadas para que a oxicodona seja liberada lentamente no corpo. “Os médicos, exaustos de ter de lidar com pacientes difíceis de tratar, optaram pela solução mais fácil e prescreveram medicamentos”, afirmou ao site americano Vox Keith Humphreys, professor da Universidade de Stanford e especialista em política de drogas. “Essas drogas são essenciais para controlar a dor de pacientes com doenças crônicas ou em cuidados paliativos para tratamentos de câncer severo, mas seu uso indiscriminado alastrou a atual epidemia”.

Invasão de opioides

O sucesso comercial fez com que se tornassem uma questão de saúde pública. “Só no ano passado, havia mais de 236 milhões de prescrições para opiáceos nos Estados Unidos, o que é cerca de um frasco de opioides com 50 comprimidos para cada adulto americano”, diz Keith Humphreys. “As drogas proliferaram e acabaram nas mãos não apenas de pacientes, mas também de adolescentes vasculhando os armários de remédios de seus pais, e, claro, no mercado negro”.

Um estudo de 2014 da Associação Americana de Psiquiatria mostra que 75% dos usuários de heroína em tratamento começaram com analgésicos. Outro estudo, do CDC, de 2015, descobriu que pessoas que são dependentes de analgésicos têm 40 vezes mais chances de se tornarem viciadas em heroína. 

A partir de 2015, os controles sobre a prescrição e venda desses produtos aumentaram, mas tiveram um efeito colateral: aumentaram as vendas de opioide sintético ainda pior, o fentanil, 50 vezes mais poderoso que a heroína. Um comprimido na farmácia pode custar até US$ 50, enquanto nas ruas pode ser encontrado por US$ 10. Grande parte do fentanil que abastece o mercado negro americano vem da China. 

Como o fentanil e seus análogos são mais potentes que a heroína, o risco de overdose é maior: 0,5 miligrama de fentanil pode causar uma overdose. “É como o sal na salada. Você acha que sabe quanto está colocando, quando é ‘aquela pitada’, mas a diferença entre uma pitada a mais que pode matar, no caso do fentanil, é significativamente maior”, afirmou ao Vox David Juurlink, médico e pesquisador da universidade de Toronto.

No ano passado, pela primeira vez, o fentanil provocou o maior número de vítimas, 20,1 mil. As overdoses da substância mais que duplicaram de 2015 a 2016. Em três anos, o aumento foi de 540%, o que transformou o fentanil no principal responsável pelo aumento das overdoses fatais. / NYT

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