Países ricos pressionam Brasil a condenar ataque russo à infraestrutura da Ucrânia em texto do G-20


O Brasil tenta convencer o G-7 de que incluir a menção aos ataques à infraestrutura da Ucrânia fará com que Rússia e nações árabes exijam condenação à guerra em Gaza e no Líbano

Por Beatriz Bulla, Felipe Frazão e Carolina Marins
Atualização:

ENVIADOS AO RIO - Não é só o argentino Javier Milei que ameaça a chance de sucesso do G-20 brasileiro. Integrantes europeus do G-7—o grupo dos sete países mais ricos do mundo formado por EUA, Canadá, Alemanha, Itália, França, Reino Unido e Japão — têm pressionado o Brasil a reabrir as negociações sobre o capítulo geopolítico do documento final da reunião, que pode ser divulgado na terça-feira, 19, para incluir uma condenação a ataques à infraestrutura de energia ucraniana feitos pela Rússia no fim de semana. Europeus e americanos também não estão satisfeitos com a forma como ficou a redação do trecho que trata sobre clima.

No caso da guerra na Ucrânia, França e Reino Unido argumentam que o ataque russo, ocorrido depois que os diplomatas dos países do G-20 já haviam fechado o rascunho do texto final, alterou o cenário geopolítico discutido no Rio. Agora, chefes de Estado e de governo podem ter de renegociar um consenso.

O Brasil tenta convencer as nações desenvolvidas de que incluir a menção aos ataques à infraestrutura da Ucrânia fará com que Rússia e nações árabes peçam que seja usado o trecho também para se referir aos ataques a Gaza. Até o momento, segundo apurou o Estadão, o governo americano não endossa a iniciativa de europeus e britânicos para endurecer o trecho do texto sobre a Rússia.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante discurso de abertura da Cúpula e Líderes do G-20, no Rio de Janeiro Foto: Ludovic Marin/AFP

O documento inicialmente aprovado por diplomatas durante o final de semana, como rascunho da declaração final da Cúpula de Líderes G-20 no Rio, não cita os conflitos em Gaza e na Ucrânia. A palavra “guerra” também não é mencionada na mais recente versão do texto, ainda passível de mudanças.

O termo usado agora é “conflito”. Reino Unido, China, Argentina e Estados Unidos disseram ao governo brasileiro que ainda precisavam de aval de seus governos antes de dar por acordado o que diplomatas negociaram. Além do embate geopolítico, estavam sob consulta temas de clima e comércio.

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Pressão britânica

O premiê do Reino Unido, Keir Starmer, chegou ao Rio com apelo final para que o G-20 reforce o seu apoio à Ucrânia ou enfrente “consequências inimagináveis”. Segundo ele, a invasão é “brutal”. Starmer tem dito que segurança é assunto prioritário de seu governo.

Os europeus já indicaram insatisfação com a atual abordagem à guerra na Ucrânia. Fontes de Palácio do Eliseu afirmaram que a França defende a retomada de teor semelhante ao usado em 2022, na Cúpula do G-20 de Bali, Indonésia. Desejam condenar a “agressão” e que um país não invada outro para conquistar território.

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À época, a Rússia estava mais isolada diplomaticamente e acabou sendo aprovada uma condenação expressa à invasão ordenada por Putin. A presidência francesa considera que esse é o ponto “básico” a ser buscado, além da rejeição à tentativa de conquista de territórios à força. Só que o tom já foi abandonado no ano passado, em Nova Délhi, na Índia, e a base da discussão no Rio partiu de um texto mais ameno com a Rússia.

Os russos, por sua vez, retrucam que qualquer linguagem adotada contra seus interesses deveria ser aplicada a Israel, na guerra em Gaza. Os rascunhos da declaração final incluem um parágrafo para cada guerra. E outro trata de reforçar os princípios da Carta da ONU.

No momento, com o G-20 já em andamento, este é o principal ponto de divergência entre os países.

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Europeus também ainda insistem em mexer no trecho que trata de financiamento climático, cobrando que emergentes, como Brasil e China, compartilhem a conta da descarbonização global, e que nações em desenvolvimento apresentem metas mais ambiciosas.

Negociações com Milei

Diplomatas do Brasil e de países europeus tentam convencer a Argentina a assinar o texto final da cúpula do G-20 no Rio, apesar da resistência do presidente Javier Milei a endossar temas debatidos pelos chefes de Estado na reunião, como a taxação de grandes fortunas e a igualdade de gênero. A meta é fazer com que os argentinos aceitem assinar o documento final em nome do consenso do grupo. Nos bastidores, diplomatas dizem que “tudo depende do espírito” do argentino nesta cúpula.

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Outra saída seria fazer um comunicado fragmentado, como já ocorreu nos anos de presidência do americano Donald Trump, onde o país aponta os trechos sobre os quais se opõe. Este, no entanto, seria considerado um fracasso diplomático.

Para convencer os argentinos, o governo Lula tem argumentado com os representantes da Casa Rosada que há um peso político em ficar isolado perante consensos criados entre os outros 20 integrantes do grupo.

ENVIADOS AO RIO - Não é só o argentino Javier Milei que ameaça a chance de sucesso do G-20 brasileiro. Integrantes europeus do G-7—o grupo dos sete países mais ricos do mundo formado por EUA, Canadá, Alemanha, Itália, França, Reino Unido e Japão — têm pressionado o Brasil a reabrir as negociações sobre o capítulo geopolítico do documento final da reunião, que pode ser divulgado na terça-feira, 19, para incluir uma condenação a ataques à infraestrutura de energia ucraniana feitos pela Rússia no fim de semana. Europeus e americanos também não estão satisfeitos com a forma como ficou a redação do trecho que trata sobre clima.

No caso da guerra na Ucrânia, França e Reino Unido argumentam que o ataque russo, ocorrido depois que os diplomatas dos países do G-20 já haviam fechado o rascunho do texto final, alterou o cenário geopolítico discutido no Rio. Agora, chefes de Estado e de governo podem ter de renegociar um consenso.

O Brasil tenta convencer as nações desenvolvidas de que incluir a menção aos ataques à infraestrutura da Ucrânia fará com que Rússia e nações árabes peçam que seja usado o trecho também para se referir aos ataques a Gaza. Até o momento, segundo apurou o Estadão, o governo americano não endossa a iniciativa de europeus e britânicos para endurecer o trecho do texto sobre a Rússia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante discurso de abertura da Cúpula e Líderes do G-20, no Rio de Janeiro Foto: Ludovic Marin/AFP

O documento inicialmente aprovado por diplomatas durante o final de semana, como rascunho da declaração final da Cúpula de Líderes G-20 no Rio, não cita os conflitos em Gaza e na Ucrânia. A palavra “guerra” também não é mencionada na mais recente versão do texto, ainda passível de mudanças.

O termo usado agora é “conflito”. Reino Unido, China, Argentina e Estados Unidos disseram ao governo brasileiro que ainda precisavam de aval de seus governos antes de dar por acordado o que diplomatas negociaram. Além do embate geopolítico, estavam sob consulta temas de clima e comércio.

Pressão britânica

O premiê do Reino Unido, Keir Starmer, chegou ao Rio com apelo final para que o G-20 reforce o seu apoio à Ucrânia ou enfrente “consequências inimagináveis”. Segundo ele, a invasão é “brutal”. Starmer tem dito que segurança é assunto prioritário de seu governo.

Os europeus já indicaram insatisfação com a atual abordagem à guerra na Ucrânia. Fontes de Palácio do Eliseu afirmaram que a França defende a retomada de teor semelhante ao usado em 2022, na Cúpula do G-20 de Bali, Indonésia. Desejam condenar a “agressão” e que um país não invada outro para conquistar território.

À época, a Rússia estava mais isolada diplomaticamente e acabou sendo aprovada uma condenação expressa à invasão ordenada por Putin. A presidência francesa considera que esse é o ponto “básico” a ser buscado, além da rejeição à tentativa de conquista de territórios à força. Só que o tom já foi abandonado no ano passado, em Nova Délhi, na Índia, e a base da discussão no Rio partiu de um texto mais ameno com a Rússia.

Os russos, por sua vez, retrucam que qualquer linguagem adotada contra seus interesses deveria ser aplicada a Israel, na guerra em Gaza. Os rascunhos da declaração final incluem um parágrafo para cada guerra. E outro trata de reforçar os princípios da Carta da ONU.

No momento, com o G-20 já em andamento, este é o principal ponto de divergência entre os países.

Europeus também ainda insistem em mexer no trecho que trata de financiamento climático, cobrando que emergentes, como Brasil e China, compartilhem a conta da descarbonização global, e que nações em desenvolvimento apresentem metas mais ambiciosas.

Negociações com Milei

Diplomatas do Brasil e de países europeus tentam convencer a Argentina a assinar o texto final da cúpula do G-20 no Rio, apesar da resistência do presidente Javier Milei a endossar temas debatidos pelos chefes de Estado na reunião, como a taxação de grandes fortunas e a igualdade de gênero. A meta é fazer com que os argentinos aceitem assinar o documento final em nome do consenso do grupo. Nos bastidores, diplomatas dizem que “tudo depende do espírito” do argentino nesta cúpula.

Outra saída seria fazer um comunicado fragmentado, como já ocorreu nos anos de presidência do americano Donald Trump, onde o país aponta os trechos sobre os quais se opõe. Este, no entanto, seria considerado um fracasso diplomático.

Para convencer os argentinos, o governo Lula tem argumentado com os representantes da Casa Rosada que há um peso político em ficar isolado perante consensos criados entre os outros 20 integrantes do grupo.

ENVIADOS AO RIO - Não é só o argentino Javier Milei que ameaça a chance de sucesso do G-20 brasileiro. Integrantes europeus do G-7—o grupo dos sete países mais ricos do mundo formado por EUA, Canadá, Alemanha, Itália, França, Reino Unido e Japão — têm pressionado o Brasil a reabrir as negociações sobre o capítulo geopolítico do documento final da reunião, que pode ser divulgado na terça-feira, 19, para incluir uma condenação a ataques à infraestrutura de energia ucraniana feitos pela Rússia no fim de semana. Europeus e americanos também não estão satisfeitos com a forma como ficou a redação do trecho que trata sobre clima.

No caso da guerra na Ucrânia, França e Reino Unido argumentam que o ataque russo, ocorrido depois que os diplomatas dos países do G-20 já haviam fechado o rascunho do texto final, alterou o cenário geopolítico discutido no Rio. Agora, chefes de Estado e de governo podem ter de renegociar um consenso.

O Brasil tenta convencer as nações desenvolvidas de que incluir a menção aos ataques à infraestrutura da Ucrânia fará com que Rússia e nações árabes peçam que seja usado o trecho também para se referir aos ataques a Gaza. Até o momento, segundo apurou o Estadão, o governo americano não endossa a iniciativa de europeus e britânicos para endurecer o trecho do texto sobre a Rússia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante discurso de abertura da Cúpula e Líderes do G-20, no Rio de Janeiro Foto: Ludovic Marin/AFP

O documento inicialmente aprovado por diplomatas durante o final de semana, como rascunho da declaração final da Cúpula de Líderes G-20 no Rio, não cita os conflitos em Gaza e na Ucrânia. A palavra “guerra” também não é mencionada na mais recente versão do texto, ainda passível de mudanças.

O termo usado agora é “conflito”. Reino Unido, China, Argentina e Estados Unidos disseram ao governo brasileiro que ainda precisavam de aval de seus governos antes de dar por acordado o que diplomatas negociaram. Além do embate geopolítico, estavam sob consulta temas de clima e comércio.

Pressão britânica

O premiê do Reino Unido, Keir Starmer, chegou ao Rio com apelo final para que o G-20 reforce o seu apoio à Ucrânia ou enfrente “consequências inimagináveis”. Segundo ele, a invasão é “brutal”. Starmer tem dito que segurança é assunto prioritário de seu governo.

Os europeus já indicaram insatisfação com a atual abordagem à guerra na Ucrânia. Fontes de Palácio do Eliseu afirmaram que a França defende a retomada de teor semelhante ao usado em 2022, na Cúpula do G-20 de Bali, Indonésia. Desejam condenar a “agressão” e que um país não invada outro para conquistar território.

À época, a Rússia estava mais isolada diplomaticamente e acabou sendo aprovada uma condenação expressa à invasão ordenada por Putin. A presidência francesa considera que esse é o ponto “básico” a ser buscado, além da rejeição à tentativa de conquista de territórios à força. Só que o tom já foi abandonado no ano passado, em Nova Délhi, na Índia, e a base da discussão no Rio partiu de um texto mais ameno com a Rússia.

Os russos, por sua vez, retrucam que qualquer linguagem adotada contra seus interesses deveria ser aplicada a Israel, na guerra em Gaza. Os rascunhos da declaração final incluem um parágrafo para cada guerra. E outro trata de reforçar os princípios da Carta da ONU.

No momento, com o G-20 já em andamento, este é o principal ponto de divergência entre os países.

Europeus também ainda insistem em mexer no trecho que trata de financiamento climático, cobrando que emergentes, como Brasil e China, compartilhem a conta da descarbonização global, e que nações em desenvolvimento apresentem metas mais ambiciosas.

Negociações com Milei

Diplomatas do Brasil e de países europeus tentam convencer a Argentina a assinar o texto final da cúpula do G-20 no Rio, apesar da resistência do presidente Javier Milei a endossar temas debatidos pelos chefes de Estado na reunião, como a taxação de grandes fortunas e a igualdade de gênero. A meta é fazer com que os argentinos aceitem assinar o documento final em nome do consenso do grupo. Nos bastidores, diplomatas dizem que “tudo depende do espírito” do argentino nesta cúpula.

Outra saída seria fazer um comunicado fragmentado, como já ocorreu nos anos de presidência do americano Donald Trump, onde o país aponta os trechos sobre os quais se opõe. Este, no entanto, seria considerado um fracasso diplomático.

Para convencer os argentinos, o governo Lula tem argumentado com os representantes da Casa Rosada que há um peso político em ficar isolado perante consensos criados entre os outros 20 integrantes do grupo.

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