CIDADE DO PANAMÁ - O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, anunciou nesta quinta-feira, 6, a saída do acordo econômico da Iniciativa do Cinturão e Rota, conhecida como Nova Rota da Seda, com a China. O cancelamento é comunicado quatro dias depois da visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, ao país.
A agenda de Rubio no Panamá incluiu a pressão para reduzir a influência da China no país. O presidente Donald Trump, que anunciou a intenção de tomar o controle do Canal do Panamá, tem alegado falsamente que a China comanda o local.
Segundo Mulino, a decisão de sair da Iniciativa do Cinturão e Rota, que contempla o financiamento de projetos de infraestrutura com fundos chineses, foi dele. “Essa é uma decisão que eu tomei”, afirmou.
Mulino garantiu que a Embaixada do Panamá em Pequim apresentou o documento correspondente para anunciar o cancelamento com 90 dias de antecedência, como estabelece o acordo.
Após se reunir com Rubio no domingo, Mulino havia antecipado que deixaria expirar o acordo assinado pelo Panamá em 2017 pelo então presidente Juan Carlos Varela (2014-2019). O país foi o primeiro da América Latina a aderir o acordo após romper laços com Taiwan e reconhecer o governo chinês.
Na época, a adesão foi acompanhada pelo anúncio de uma série de investimentos em estradas e pontes.
Segundo a carta de entendimento, o acordo é renovado a cada três anos de forma automática (a próxima seria em 2026), mas contempla que “pode ser rescindido por qualquer uma das partes” notificando a outra com três meses de antecedência.
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“Eu não sei quem incentivou na ocasião quem assinou isto com a China”, acrescentou Mulino. “O que isso trouxe para o Panamá em todos estes anos? Quais são as grandes coisas? O que essa ‘Belt and Road Initiative’ trouxe para o país?”, questionou Mulino.
Na segunda-feira, 3, Rubio qualificou a decisão de não renovar o contrato da iniciativa com a China um “grande passo” para o Panamá fortalecer as relações com Washington.
Os Estados Unidos consideram que esta iniciativa busca a influência de Pequim em todo o mundo e é um perigo para a segurança.
O porta-voz da chancelaria chinesa, Lin Jian, havia dito na quarta-feira que a cooperação entre China e o Panamá se desenvolvia com “normalidade” e que esperava que os panamenhos resistissem “às interferências externas”.
Na sexta-feira, 7, o Ministério das Relações Exteriores da China se manifestou sobre a situação e disse que “lamenta profundamente” a decisão do Panamá de cancelar sua participação no acordo econômico.
Lin Jian, que foi responsável pela manifestação, pediu ao país centro-americano que “resista à interferência externa” e “leve em consideração o relacionamento bilateral mais amplo e os interesses de longo prazo de ambas as nações”. /AFP