THE NEW YORK TIMES - A Alaska Airlines suspendeu sua frota de aeronaves Boeing 737 Max 9 na sexta-feira, 5, depois que um voo operado pela companhia aérea fez um pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Portland, no Oregon, devido a um problema de pressão no ar que, segundo os passageiros, estourou um pedaço da fuselagem.
A companhia aérea disse que o voo 1282 da Alaska Airlines fez um pouso de emergência seguro, transportando 171 passageiros e seis tripulantes no aeroporto de Portland, logo após a decolagem para Ontário, Califórnia. Poucas horas depois, a empresa disse que estava suspendendo todas as 65 aeronaves Boeing 737 Max 9 até que pudesse inspecionar cada avião. Esses aviões constituem cerca de um quinto de sua frota. A empresa disse em um comunicado que esperava concluir as inspeções dentro de alguns dias.
As aeronaves Max da Boeing têm um histórico problemático. Depois que duas quedas de jatos Max 8 mataram centenas de pessoas em um intervalo de vários meses em 2018 e 2019, o Max foi proibido de voar em todo o mundo.
Os passageiros do voo de sexta-feira descreveram uma experiência angustiante durante os cerca de 15 minutos em que o avião estava retornando ao aeroporto. Enquanto as máscaras de oxigênio amarelas estavam penduradas acima de suas cabeças, um vento forte passou por um buraco que mostrava o céu noturno e as luzes da cidade abaixo.
Problema de pressurização
A tripulação relatou um “problema de pressurização” antes do pouso de emergência, informou a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) em um comunicado. A Associação de Comissários de Bordo da Alaska Airlines disse que a descompressão foi “explosiva” e que um comissário sofreu ferimentos leves.
Uma passageira, Vi Nguyen, de Portland, disse que acordou com um som alto durante o voo. Em seguida, ela viu um grande buraco na lateral da aeronave.
“Abri os olhos e a primeira coisa que vi foi a máscara de oxigênio bem na minha frente”, disse Nguyen, 22 anos. “E olhei para a esquerda e a parede na lateral do avião havia desaparecido. A primeira coisa que pensei foi: ‘Vou morrer’”, acrescentou.
Sua amiga Elizabeth Le, 20 anos, disse que também ouviu “um estalo extremamente alto”. Quando olhou para cima, viu um grande buraco na parede do avião a cerca de duas ou três fileiras de distância, disse ela.
Le disse que ninguém estava sentado no assento da janela próximo à fuselagem perdida, mas que um adolescente e sua mãe estavam sentados nos assentos do meio e do corredor. Os comissários de bordo os ajudaram a passar para o outro lado do avião alguns minutos depois, disse ela. O garoto parecia ter perdido a camisa, e sua pele parecia vermelha e irritada, acrescentou.
“Sinceramente, foi horrível”, disse ela. “Quase desabei, mas percebi que precisava manter a calma.”
Houve anúncios no sistema de alto-falantes, mas nenhum deles foi ouvido porque o vento que atingia o avião era muito forte, disse ela. Depois que o avião aterrissou, os paramédicos vieram a bordo para perguntar se havia alguém ferido, acrescentou. Um homem sentado na fileira imediatamente atrás do buraco disse que havia machucado o pé.
Le disse também que os passageiros não receberam nenhuma explicação sobre o que havia acontecido. Em um vídeo que ela fez do voo, os passageiros podem ser ouvidos batendo palmas após o pouso. “Oh meu Deus”, diz alguém.
Após a aterrissagem, Le disse que ela e seus amigos embarcariam em outro voo para Ontário mais tarde naquela noite.
Voo desviado
O voo 1282 da Alaska Airlines partiu para o Aeroporto Internacional de Ontário às 17h07, hora local, e foi desviado de volta para Portland seis minutos depois, de acordo com o FlightAware, um site de rastreamento de voos. Ele atingiu uma altitude máxima de cerca de 16 mil pés, quando sua velocidade foi registrada em mais de 708 quilômetros por hora, e pousou em Portland às 17h27min.
A causa do problema no ar não estava clara até o início deste sábado, 6. Keith Tonkin, diretor administrativo da Aviation Projects, uma empresa de consultoria em aviação de Brisbane, Austrália, disse que uma diferença excessiva na pressão do ar dentro e fora da cabine poderia ter causado a ruptura da parede.
Os passageiros provavelmente conseguiram respirar normalmente mesmo quando o avião estava em sua maior altitude, acrescentou Tonkin.
O avião era novo, tendo sido certificado em novembro, de acordo com o registro de aeronaves da FAA. Ele entrou em serviço comercial naquele mês e, desde então, registrou 145 voos, de acordo com o Flightradar24, outro site de rastreamento de voos.
Representantes da Alaska Airlines, da FAA e do National Transportation Safety Board disseram que estavam investigando o ocorrido.
A Boeing disse em um comunicado que estava “ciente do incidente envolvendo o voo 1282 da Alaska Airlines”, acrescentando: “Estamos trabalhando para reunir mais informações e estamos em contato com nossa companhia aérea cliente”.
Problemas com o Max 8
Em 2018, o voo 610 da Lion Air, um 737 Max 8, caiu no oceano na costa da Indonésia, matando todos os 189 passageiros e membros da tripulação. Menos de cinco meses depois, em 2019, o voo 302 da Ethiopian Airlines caiu logo após deixar a capital da Etiópia, Adis Abeba, matando todas as 157 pessoas a bordo.
Os aviões Max foram suspensos após o segundo acidente. A Boeing fez alterações no avião, inclusive no sistema de controle de voo responsável pelos acidentes, e a FAA autorizou o avião a voar novamente no final de 2020. Em 2021, a empresa concordou com um acordo de US$ 2,5 bilhões com o Departamento de Justiça, resolvendo uma acusação criminal de que a Boeing conspirou para fraudar a agência.
Em dezembro, a Boeing pediu às companhias aéreas que inspecionassem todos os aviões 737 Max em busca de um possível parafuso solto no sistema de controle do leme, depois que uma companhia aérea internacional descobriu um parafuso com uma porca faltando durante a manutenção de rotina. A Alaska Airlines disse, na ocasião, que esperava concluir as inspeções em sua frota na primeira quinzena de janeiro.
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