Para analistas, ineficácia de lideranças é o maior problema da União Europeia


Especialistas defendem que a Alemanha não tem parceiro à altura e disparidades socioeconômicas causadas pela globalização fragilizam o bloco

Após a eleição que garantiu o quarto mandato para a chanceler alemã, Angela Merkel, a Europa continua com a luz amarela acesa para sua estabilidade: Brexit, propostas nacionalistas - como a da ex-candidata à presidência da França Marine Le Pen -, além de crises econômicas e migratórias. Segundo especialistas, esse cenário se deve principalmente à falta de lideranças e a uma Alemanha solitária no comando do bloco.

Para a União Europeia (UE), integrada por mais de 20 países e bastante heterogênea, o maior desafio hoje é a inexistência de um parceiro adequado para a Alemanha, afirma a diretora do Centro para a Integração Europeia, Tanja Börzel. “A fragilidade de países como França, Itália, Espanha e Polônia impedem que o bloco funcione como esperado”.

Especialistas apontam paraa necessidade de repensar a União Europeia Foto: Ralph Orlowski|Reuters
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Já para a professora de relações internacionais da Universidade da Liubliana, na Eslovênia, Ana Fenko, o maior problema do bloco é a falta de lideranças nacionais e institucionais. Quando criada, a Comunidade Econômica Europeia era chefiada por líderes com a mesma visão política e a mesma forma de resolver problemas. Atualmente, entretanto, essa característica se perdeu.

“O sistema político da UE não tem líderes com uma visão única diante dos problemas e os países que possuem lideranças fortes e articuladas preferem agir de acordo com interesses nacionais”, explica Ana. “Dessa forma, o projeto do bloco se torna ineficaz e até obsoleto, pois esse tipo de liderança é improdutiva na continuidade do processo de integração."

Além disso, em razão das grandes diferenças econômicas entre os países, as crises afetam os membros de maneira assimétrica - problema que não é bem resolvido pela UE, de acordo com Ana. “O próprio sistema do bloco é capaz de causar injustiças, desequilíbrio e oportunidades econômicas desiguais."

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As disparidades socioeconômicas causadas pela globalização também fragilizam a União Europeia, segundo a professora eslovena. “Homens do campo, jovens, pequenos empresários, professores, trabalhadores manuais e administradores de empresas transnacionais devem ser analisados como grupos de perdedores e vencedores desse processo de globalização”, afirma.

“Como exemplo, muitos trabalhadores qualificados da Europa Oriental e Central estão piores do que antes da entrada desses países na UE”, destaca Ana. “Não podemos culpar o bloco por isso, mas podemos concluir que ele não desenvolveu mecanismos adequados para proteção contra os efeitos econômicos da globalização”. Segundo ela, o Brexit provou essa realidade.

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Angela Merkel e os conservadores alemães ganharam as eleições de domingo, mas se viram enfraquecidos pelo avanço histórico da ultradireita e pela dificuldade para formar uma aliança de governo

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Para a diretora do Centro para a Integração Europeia, o bloco foi criado para proteger os países contra os efeitos da globalização e, apesar de nem sempre funcionar dessa forma, os governos se utilizam da UE como um bode expiatório, por exemplo, para políticas de liberalização e desregulamentação impopulares. “A corrupção é outro fator que mina a redistribuição interna, mas que nada tem a ver com a UE."

Segundo Tanja, a União Europeia conseguiu estabilizar a zona do euro com a manutenção da Grécia, além de controlar o fluxo de refugiados e unir os países em torno das negociações do Brexit. “São membros individuais que ainda enfrentam crises, como a Grécia e a Itália. Apesar do apoio do bloco e de outros membros, eles falharam ao reformar suas instituições políticas e econômicas”. Para a diretora, a UE se torna impotente se os países não querem mudanças políticas pelo medo de enfrentar forças populistas.

A falta de proteção e ajuda da União Europeia se dá pela falta de vontade dos membros em dar o devido poder ao bloco. “Se os membros quiserem se apegar à soberania nacional em questões como segurança interna, imigração e política fiscal, precisam aceitar sua responsabilidade em vez de bloquear ações da UE e depois culpá-la”, pondera Tanja.

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Diante de todas essas questões, surge a necessidade de repensar a União Europeia, sugere Ana. “A política econômica externa e o mercado interno não conseguem funcionar sem uma forte coordenação com as políticas exteriores e correções no mercado doméstico. Precisamos de uma integração mais intensa econômica e politicamente."

Após a eleição que garantiu o quarto mandato para a chanceler alemã, Angela Merkel, a Europa continua com a luz amarela acesa para sua estabilidade: Brexit, propostas nacionalistas - como a da ex-candidata à presidência da França Marine Le Pen -, além de crises econômicas e migratórias. Segundo especialistas, esse cenário se deve principalmente à falta de lideranças e a uma Alemanha solitária no comando do bloco.

Para a União Europeia (UE), integrada por mais de 20 países e bastante heterogênea, o maior desafio hoje é a inexistência de um parceiro adequado para a Alemanha, afirma a diretora do Centro para a Integração Europeia, Tanja Börzel. “A fragilidade de países como França, Itália, Espanha e Polônia impedem que o bloco funcione como esperado”.

Especialistas apontam paraa necessidade de repensar a União Europeia Foto: Ralph Orlowski|Reuters

Já para a professora de relações internacionais da Universidade da Liubliana, na Eslovênia, Ana Fenko, o maior problema do bloco é a falta de lideranças nacionais e institucionais. Quando criada, a Comunidade Econômica Europeia era chefiada por líderes com a mesma visão política e a mesma forma de resolver problemas. Atualmente, entretanto, essa característica se perdeu.

“O sistema político da UE não tem líderes com uma visão única diante dos problemas e os países que possuem lideranças fortes e articuladas preferem agir de acordo com interesses nacionais”, explica Ana. “Dessa forma, o projeto do bloco se torna ineficaz e até obsoleto, pois esse tipo de liderança é improdutiva na continuidade do processo de integração."

Além disso, em razão das grandes diferenças econômicas entre os países, as crises afetam os membros de maneira assimétrica - problema que não é bem resolvido pela UE, de acordo com Ana. “O próprio sistema do bloco é capaz de causar injustiças, desequilíbrio e oportunidades econômicas desiguais."

As disparidades socioeconômicas causadas pela globalização também fragilizam a União Europeia, segundo a professora eslovena. “Homens do campo, jovens, pequenos empresários, professores, trabalhadores manuais e administradores de empresas transnacionais devem ser analisados como grupos de perdedores e vencedores desse processo de globalização”, afirma.

“Como exemplo, muitos trabalhadores qualificados da Europa Oriental e Central estão piores do que antes da entrada desses países na UE”, destaca Ana. “Não podemos culpar o bloco por isso, mas podemos concluir que ele não desenvolveu mecanismos adequados para proteção contra os efeitos econômicos da globalização”. Segundo ela, o Brexit provou essa realidade.

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Angela Merkel e os conservadores alemães ganharam as eleições de domingo, mas se viram enfraquecidos pelo avanço histórico da ultradireita e pela dificuldade para formar uma aliança de governo

Para a diretora do Centro para a Integração Europeia, o bloco foi criado para proteger os países contra os efeitos da globalização e, apesar de nem sempre funcionar dessa forma, os governos se utilizam da UE como um bode expiatório, por exemplo, para políticas de liberalização e desregulamentação impopulares. “A corrupção é outro fator que mina a redistribuição interna, mas que nada tem a ver com a UE."

Segundo Tanja, a União Europeia conseguiu estabilizar a zona do euro com a manutenção da Grécia, além de controlar o fluxo de refugiados e unir os países em torno das negociações do Brexit. “São membros individuais que ainda enfrentam crises, como a Grécia e a Itália. Apesar do apoio do bloco e de outros membros, eles falharam ao reformar suas instituições políticas e econômicas”. Para a diretora, a UE se torna impotente se os países não querem mudanças políticas pelo medo de enfrentar forças populistas.

A falta de proteção e ajuda da União Europeia se dá pela falta de vontade dos membros em dar o devido poder ao bloco. “Se os membros quiserem se apegar à soberania nacional em questões como segurança interna, imigração e política fiscal, precisam aceitar sua responsabilidade em vez de bloquear ações da UE e depois culpá-la”, pondera Tanja.

Diante de todas essas questões, surge a necessidade de repensar a União Europeia, sugere Ana. “A política econômica externa e o mercado interno não conseguem funcionar sem uma forte coordenação com as políticas exteriores e correções no mercado doméstico. Precisamos de uma integração mais intensa econômica e politicamente."

Após a eleição que garantiu o quarto mandato para a chanceler alemã, Angela Merkel, a Europa continua com a luz amarela acesa para sua estabilidade: Brexit, propostas nacionalistas - como a da ex-candidata à presidência da França Marine Le Pen -, além de crises econômicas e migratórias. Segundo especialistas, esse cenário se deve principalmente à falta de lideranças e a uma Alemanha solitária no comando do bloco.

Para a União Europeia (UE), integrada por mais de 20 países e bastante heterogênea, o maior desafio hoje é a inexistência de um parceiro adequado para a Alemanha, afirma a diretora do Centro para a Integração Europeia, Tanja Börzel. “A fragilidade de países como França, Itália, Espanha e Polônia impedem que o bloco funcione como esperado”.

Especialistas apontam paraa necessidade de repensar a União Europeia Foto: Ralph Orlowski|Reuters

Já para a professora de relações internacionais da Universidade da Liubliana, na Eslovênia, Ana Fenko, o maior problema do bloco é a falta de lideranças nacionais e institucionais. Quando criada, a Comunidade Econômica Europeia era chefiada por líderes com a mesma visão política e a mesma forma de resolver problemas. Atualmente, entretanto, essa característica se perdeu.

“O sistema político da UE não tem líderes com uma visão única diante dos problemas e os países que possuem lideranças fortes e articuladas preferem agir de acordo com interesses nacionais”, explica Ana. “Dessa forma, o projeto do bloco se torna ineficaz e até obsoleto, pois esse tipo de liderança é improdutiva na continuidade do processo de integração."

Além disso, em razão das grandes diferenças econômicas entre os países, as crises afetam os membros de maneira assimétrica - problema que não é bem resolvido pela UE, de acordo com Ana. “O próprio sistema do bloco é capaz de causar injustiças, desequilíbrio e oportunidades econômicas desiguais."

As disparidades socioeconômicas causadas pela globalização também fragilizam a União Europeia, segundo a professora eslovena. “Homens do campo, jovens, pequenos empresários, professores, trabalhadores manuais e administradores de empresas transnacionais devem ser analisados como grupos de perdedores e vencedores desse processo de globalização”, afirma.

“Como exemplo, muitos trabalhadores qualificados da Europa Oriental e Central estão piores do que antes da entrada desses países na UE”, destaca Ana. “Não podemos culpar o bloco por isso, mas podemos concluir que ele não desenvolveu mecanismos adequados para proteção contra os efeitos econômicos da globalização”. Segundo ela, o Brexit provou essa realidade.

Seu navegador não suporta esse video.

Angela Merkel e os conservadores alemães ganharam as eleições de domingo, mas se viram enfraquecidos pelo avanço histórico da ultradireita e pela dificuldade para formar uma aliança de governo

Para a diretora do Centro para a Integração Europeia, o bloco foi criado para proteger os países contra os efeitos da globalização e, apesar de nem sempre funcionar dessa forma, os governos se utilizam da UE como um bode expiatório, por exemplo, para políticas de liberalização e desregulamentação impopulares. “A corrupção é outro fator que mina a redistribuição interna, mas que nada tem a ver com a UE."

Segundo Tanja, a União Europeia conseguiu estabilizar a zona do euro com a manutenção da Grécia, além de controlar o fluxo de refugiados e unir os países em torno das negociações do Brexit. “São membros individuais que ainda enfrentam crises, como a Grécia e a Itália. Apesar do apoio do bloco e de outros membros, eles falharam ao reformar suas instituições políticas e econômicas”. Para a diretora, a UE se torna impotente se os países não querem mudanças políticas pelo medo de enfrentar forças populistas.

A falta de proteção e ajuda da União Europeia se dá pela falta de vontade dos membros em dar o devido poder ao bloco. “Se os membros quiserem se apegar à soberania nacional em questões como segurança interna, imigração e política fiscal, precisam aceitar sua responsabilidade em vez de bloquear ações da UE e depois culpá-la”, pondera Tanja.

Diante de todas essas questões, surge a necessidade de repensar a União Europeia, sugere Ana. “A política econômica externa e o mercado interno não conseguem funcionar sem uma forte coordenação com as políticas exteriores e correções no mercado doméstico. Precisamos de uma integração mais intensa econômica e politicamente."

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