WASHINGTON - O vice-presidente Mike Pence foi retirado do Congresso dos Estados Unidos enquanto legisladores tiveram de se proteger no local depois que apoiadores de Donald Trump enfrentaram a polícia e invadiram o prédio. Pence estava presidindo a sessão conjunta do Congresso que deveria certificar formalmente a eleição de 2020 para o democrata Joe Biden.
A Câmara e o Senado tiveram sessões separadas para discutir as objeções de alguns legisladores republicanos à validade dos resultados do Arizona, quando os manifestantes se reuniram do lado de fora da barreira do perímetro externo. Depois, romperam as barreiras de segurança no entorno do Capitólio e invadiram alguns edifícios do complexo. Alguns deles estão armados, de acordo com informações da agência Associated Press.
A rede americana CNN noticiou que uma mulher ficou gravemente ferida por disparos de arma de fogo e explicou que ainda não há detalhes sobre as circunstâncias dos disparos. A rede ABC News informou que houve disparos dentro do Capitólio e várias TVs e agências exibem imagens de policiais armados no prédio.
Alguns usuários registraram as cenas de dentro do Capitólio e publicaram nas redes sociais:
O serviço de segurança do Capitólio fechou o complexo e pediu a funcionários e parlamentares para usarem canais subterrâneos para transitar entre os prédios, de acordo com informações do site The Hill. A Biblioteca do Congresso, localizada do outro lado da rua do edifício principal do Capitólio, foi esvaziada e as pessoas foram direcionadas de maneira segura para as saídas.
Muriel Bowser decreta toque de recolher em Washington
A prefeita de Washington, a democrata Muriel Bowser, ordenou um toque de recolher na capital a partir das 18h (horário local) após a invasão da sede do Congresso americano.
Segundo o USA Today, a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, pediu à Guarda Nacional para retirar os manifestantes e proteger o Capitólio, de acordo com uma pessoa familiarizada com a situação e não autorizada a falar oficialmente.
Milhares de partidários do presidente estão reunidos em Washington para protestar contra a derrota nas eleições de novembro.
Procedentes de todos os cantos do país, os manifestantes respondem ao chamado de Trump para se manifestarem na capital no dia que o Congresso dos Estados Unidos deverá certificar a vitória eleitoral do democrata - a cerimônia começou à 13h (15h de Brasília), mas foi interrompida por duas horas após objeções de parlamentares.
O tom protocolar da sessão está sendo ameaçado pelo presidente e seus aliados, que tentam uma última investida para impugnar o resultado da eleição presidencial do ano passado. Deputados e senadores estão preparados para se reunir até tarde da noite para vencer os desafios e confirmar o resultado do colégio eleitoral.
O vice-presidente Mike Pence presidia a sessão e afirmou que não iria travar o reconhecimento da vitória de Joe Biden.
Pelo Twitter, Trump aumentou ainda mais a tensão ao afirmar que seu vice falhou. "Mike Pence não teve a coragem de fazer o que deveria ter feito para proteger nosso país e Constituição."
Após encorajar seus apoiadores a protestar em Washington, Trump voltou ao Twitter para pedir a eles que se manifestem apenas de modo pacífico. "Por favor apoiem nossa Polícia do Capitólio e as Forças de Segurança. Eles estão de fato do lado do nosso país. Permaneçam pacíficos!", pediu o atual presidente.
No mês passado, o presidente tuitou que seus seguidores deveriam se reunir em Washington para um dia de protestos "selvagens". Grande parte do centro da capital foi murado, com estabelecimentos comerciais fechados pela pandemia e pelos temores de que se repita a violência que abalou a cidade durante as marchas por justiça racial no ano passado.
'Salvador'
Mais da metade dos eleitores republicanos acredita que Trump venceu a corrida à Presidência ou não tem certeza de quem venceu, de acordo com uma pesquisa realizada em dezembro do ano passado por investigadores das principais universidades americanas, incluindo Harvard.
"Meu comandante em chefe me chamou, e meu Senhor e Salvador me disse para vir", afirmou Debbie Lusk, de 66 anos, uma contadora aposentada de Seattle, na costa oeste do país. "Ou recuperamos nosso país ou ele não existe mais", disse.
Essa confusão era compartilhada na terça-feira por muitos dos partidários do republicano reunidos sob um céu cinzento em uma fria praça perto da Casa Branca. "Não confiamos no resultado da eleição", afirmou Chris Thomas, de 69 anos, uma vendedora aposentada que usava um boné de Trump.
Chris disse que ela e seu marido viajaram de Oregon porque acreditam "na liberdade dos Estados Unidos" e para mostrar seu apoio às políticas econômicas de Trump que ajudaram o negócio de vinho de seu filho a prosperar. / AFP e NYT