LIMA - O partido Força Popular, da ex-candidata presidencial Keiko Fujimori, divulgou na terça-feira 20 um vídeo (veja abaixo) no qual o irmão dela, Kenji Fujimori, e alguns congressistas ligados a ele oferecem a realização de obras públicas ao também parlamentar Moisés Mamani para que vote contra o impeachment do presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski.
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Em entrevista em Lima, a bancada da legenda apresentou a gravação na qual o filho mais novo do ex-presidente Alberto Fujimori se reuniu com Mamani, filiado ao Força Popular, para perguntar o que deseja em troca do apoio ao atual governante. "O que quer, obras para a sua região?", questionou Kenji a Mamani, enquanto outro legislador, Guillermo Bocángel, oferecia contratos administrativos por meio da mesa diretora do Congresso.
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Em outro vídeo, o advogado de Kuczynski, Alberto Borea, ofereceu a Mamani o número do telefone do ministro da Produção, Bruno Giuffra, para que coordenasse com ele como receber as obras.
Outro congressista ligado a Kenji, Bienvenido Ramírez, garantiu a Mamani que "todos ganharam obras" após apoiarem Kuczynski na primeira sessão de votação de impeachment, realizada em dezembro e na qual o presidente escapou da cassação em razão da abstenção de dez dissidentes do fujimorismo.
O porta-voz do Força Popular, Daniel Salaverry, declarou que Mamami recebeu as mesmas ofertas antes da votação da primeira moção de vacância, mas que não tinha provas como as obtidas agora. "Sentimos indignação, dissemos naquela época. Fomos duramente criticados, talvez porque não tínhamos provas como hoje", afirmou Salaverry.
No entanto, ao ser questionado por jornalistas sobre as datas das gravações e os lugares nos quais as reuniões foram realizadas, o porta-voz não só evitou responder como impediu que Mamami o fizesse, além de se limitar a dizer que foram feitas há poucos dias. Mamani declarou que "o governo não pode negociar o voto dos congressistas, porque engana a população dizendo que não há orçamento, mas há dinheiro para comprar congressistas".
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O Congresso do Peru rejeitou o pedido de impeachment apresentado pela oposição contra o presidente Pedro Pablo Kuczynski sob a alegação de "permanente incapacidade moral" pelos seus vínculos com a construtora brasileira Odebrecht.
Em declarações à rede de televisão Canal N, o político Víctor Andrés García Belaúnde, do partido Ação Popular, alegou que o Kuczynski "está disposto a vender o que for, a alma ao diabo, para continuar como presidente, o que é inaceitável". García Belaunde ressaltou que o governante "deveria se apresentar (ao plenário do Congresso) e renunciar ao cargo".
A bancada do partido de esquerda Frente Ampla se pronunciou da mesma forma. "Aqueles que roubam o Peru, como Kuczynski e seus ministros lobistas, devem ir para a prisão", afirmou a legisladora Maria Elena Foronda.
O Congresso se reunirá na quinta-feira para ouvir a defesa de Kuczynski sobre seus supostos vínculos com a construtora Odebrecht, para depois debater e votar a segunda moção de vacância que pode tirá-lo da presidência por permanente incapacidade moral. / EFE