Partidos do Sri Lanka negociam um governo interino após protestos e renúncias


Manifestantes passaram o dia nas residências do presidente e do premiê tirando fotos, nadando na piscina e fazendo piqueniques em seus jardins

Por Redação

COLOMBO - Os partidos políticos do Sri Lanka se reuniram na manhã deste domingo, 10, em meio a intensa pressão para formar rapidamente um governo interino depois que o presidente Gotabaya Rajapaksa e o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe concordaram em renunciar após ferozes protestos contra o governo e a grave crise econômica do país.

Nenhum novo protesto foi registrado na capital, Colombo, neste domingo, mas os manifestantes que tomaram no sábado a casa do presidente e a do premiê rejeitaram sair e passaram o dia fazendo piqueniques nos jardins das residências, nadando na piscina, descansando na cama de Rajapaksa ou apenas fazendo vídeos do interior dos imóveis.

Nuwan Bopege, um voluntário associado ao movimento de protesto, disse ao The Washington Post que os manifestantes vão ocupar as casas dos dois líderes até que eles renunciem formalmente. O anúncio das renúncias foi feito no sábado à noite pelo chefe do Parlamento, segundo o qual Rajapaksa pretende deixar o cargo só na quarta-feira.

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Dentro da residência do presidente, manifestantes também tocaram piano  Foto: Arun Sankar/AFP

O paradeiro do presidente permanecia desconhecido neste domingo, após ele fugir de sua casa minutos antes de ela ser invadida por milhares de pessoas.

Os anúncios das renúncias marcaram uma grande vitória para os manifestantes, mas mergulharam a nação insular em turbulência política sobre o que vai ocorrer a seguir.

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“É um momento histórico, no qual uma verdadeira luta cidadã acabou com o governo de um governo impopular e não confiável”, disse Harini Amarasuriya, membro da oposição do Parlamento.

Negociações

Em uma reunião de emergência de todos os partidos no sábado à noite, os legisladores decidiram formar um governo interino até que as eleições possam ocorrer. As discussões estão em andamento para nomear um novo primeiro-ministro.

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“Agora podemos avançar para uma trajetória de longo prazo mais aceitável para o país e para a comunidade internacional”, disse Eran Wickremerathne, líder do principal partido da oposição.

Protestos no Sri Lanka têm invasão de palácios e renúncias de autoridades

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Foto: Arun SANKAR / AFP
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Foto: Arun Sankar/AFP

O Parlamento tem um mês para escolher o sucessor, mas o presidente da Câmara prometeu que a decisão será anunciada até o fim da semana. Uma promessa que será difícil de cumprir, pois no momento nenhum parlamentar parece ter apoio suficiente para assumir o cargo.

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“Caminhamos para um período de perigosa incerteza”, declarou à agência France Presse um deputado da minoria tâmil, Dharmalingam Sithadthan. “Gotabaya teria que ter renunciado de maneira imediata para evitar um vácuo de poder”, acrescentou.

Mesmo enquanto a oposição tenta construir consenso sobre os próximos passos, a situação permanece volátil, pois a paciência das pessoas se esgotou com a escassez de combustível, remédios e de itens de primeira necessidade e não há soluções rápidas disponíveis.

O principal hospital de Colombo informou que atendeu 105 feridos no sábado e 55 permaneciam internados no domingo. Entre os pacientes estavam sete jornalistas feridos.

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O general Shavendra Silva fez um apelo por calma. “Existe uma oportunidade para resolver a situação de crise de uma forma pacífica e constitucional”, afirmou em um discurso exibido na televisão.

Reflexos da guerra

O governo dos Estados Unidos pediu aos líderes do Sri Lanka que trabalhem “rapidamente” para buscar soluções a longo prazo.

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O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que o bloqueio às exportações de grãos da Ucrânia imposto pela Rússia pode ter contribuído para os distúrbios no Sri Lanka e expressou o temor de que isto possa provocar outras crises.

Presidente do Sri Lanka desde 2019, Gotabaya Rajapaksa, de 73 anos, integra o clã que governa a vida política cingalesa há várias décadas. O líder do clã, seu irmão Mahinda, de 76 anos, foi presidente do país de 2005 a 2015. Uma década em que a dívida do país com a China aumentou com projetos faraônicos de infraestruturas e suspeitas de corrupção.

Manifestantes passaram o dia na casa do presidente do Sri Lanka, tirando fotos e até repousando em sua cama Foto: Arun Sankar/AFP

Mahinda tem o respeito da maioria étnica cingalesa, depois de ter derrotado em 2009 a guerrilha dos Tigres Tâmeis, o que acabou com 37 anos de guerra civil. Seu irmão, apelidado de “Terminator” (referência ao filme O Exterminador do Futuro), era seu braço direito, secretário do Ministério da Defesa e à frente das Forças Armadas e da polícia.

Quando chegou sua vez de ocupar o poder, Gotabaya nomeou o irmão como primeiro-ministro, mas Mahinda se viu obrigado a renunciar em maio, depois que os violentos confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes deixaram nove mortos.

Crise econômica

O vital setor do turismo foi duplamente afetado, pelos atentados extremistas de abril de 2019 contra hotéis e igrejas (que deixaram 279 mortos, incluindo 45 estrangeiros) e pela pandemia de coronavírus.

Além disso, após sua chegada à presidência, os significativos cortes de impostos de Rajapaksa esvaziaram os cofres públicos, o que deixou o país sem divisas para importar de alimentos a combustíveis.

Apesar de ter recebido ajuda da Índia e de outros países em abril de 2022, o país não consegue pagar sua dívida externa, que chega a US$ 57 bilhões.

Escassez

Os 22 milhões de habitantes da ilha enfrentam há vários meses a escassez de alimentos, remédios, cortes de energia elétrica e a falta de combustíveis. E a inflação galopante (55% em junho) faz com que os poucos produtos acessíveis tenham preços exorbitantes.

A ONU já alertou que o país corre o risco de sofrer uma grave crise humanitária e 75% da população não se alimenta de maneira suficiente. / WP e AFP

COLOMBO - Os partidos políticos do Sri Lanka se reuniram na manhã deste domingo, 10, em meio a intensa pressão para formar rapidamente um governo interino depois que o presidente Gotabaya Rajapaksa e o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe concordaram em renunciar após ferozes protestos contra o governo e a grave crise econômica do país.

Nenhum novo protesto foi registrado na capital, Colombo, neste domingo, mas os manifestantes que tomaram no sábado a casa do presidente e a do premiê rejeitaram sair e passaram o dia fazendo piqueniques nos jardins das residências, nadando na piscina, descansando na cama de Rajapaksa ou apenas fazendo vídeos do interior dos imóveis.

Nuwan Bopege, um voluntário associado ao movimento de protesto, disse ao The Washington Post que os manifestantes vão ocupar as casas dos dois líderes até que eles renunciem formalmente. O anúncio das renúncias foi feito no sábado à noite pelo chefe do Parlamento, segundo o qual Rajapaksa pretende deixar o cargo só na quarta-feira.

Dentro da residência do presidente, manifestantes também tocaram piano  Foto: Arun Sankar/AFP

O paradeiro do presidente permanecia desconhecido neste domingo, após ele fugir de sua casa minutos antes de ela ser invadida por milhares de pessoas.

Os anúncios das renúncias marcaram uma grande vitória para os manifestantes, mas mergulharam a nação insular em turbulência política sobre o que vai ocorrer a seguir.

“É um momento histórico, no qual uma verdadeira luta cidadã acabou com o governo de um governo impopular e não confiável”, disse Harini Amarasuriya, membro da oposição do Parlamento.

Negociações

Em uma reunião de emergência de todos os partidos no sábado à noite, os legisladores decidiram formar um governo interino até que as eleições possam ocorrer. As discussões estão em andamento para nomear um novo primeiro-ministro.

“Agora podemos avançar para uma trajetória de longo prazo mais aceitável para o país e para a comunidade internacional”, disse Eran Wickremerathne, líder do principal partido da oposição.

Protestos no Sri Lanka têm invasão de palácios e renúncias de autoridades

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O Parlamento tem um mês para escolher o sucessor, mas o presidente da Câmara prometeu que a decisão será anunciada até o fim da semana. Uma promessa que será difícil de cumprir, pois no momento nenhum parlamentar parece ter apoio suficiente para assumir o cargo.

“Caminhamos para um período de perigosa incerteza”, declarou à agência France Presse um deputado da minoria tâmil, Dharmalingam Sithadthan. “Gotabaya teria que ter renunciado de maneira imediata para evitar um vácuo de poder”, acrescentou.

Mesmo enquanto a oposição tenta construir consenso sobre os próximos passos, a situação permanece volátil, pois a paciência das pessoas se esgotou com a escassez de combustível, remédios e de itens de primeira necessidade e não há soluções rápidas disponíveis.

O principal hospital de Colombo informou que atendeu 105 feridos no sábado e 55 permaneciam internados no domingo. Entre os pacientes estavam sete jornalistas feridos.

O general Shavendra Silva fez um apelo por calma. “Existe uma oportunidade para resolver a situação de crise de uma forma pacífica e constitucional”, afirmou em um discurso exibido na televisão.

Reflexos da guerra

O governo dos Estados Unidos pediu aos líderes do Sri Lanka que trabalhem “rapidamente” para buscar soluções a longo prazo.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que o bloqueio às exportações de grãos da Ucrânia imposto pela Rússia pode ter contribuído para os distúrbios no Sri Lanka e expressou o temor de que isto possa provocar outras crises.

Presidente do Sri Lanka desde 2019, Gotabaya Rajapaksa, de 73 anos, integra o clã que governa a vida política cingalesa há várias décadas. O líder do clã, seu irmão Mahinda, de 76 anos, foi presidente do país de 2005 a 2015. Uma década em que a dívida do país com a China aumentou com projetos faraônicos de infraestruturas e suspeitas de corrupção.

Manifestantes passaram o dia na casa do presidente do Sri Lanka, tirando fotos e até repousando em sua cama Foto: Arun Sankar/AFP

Mahinda tem o respeito da maioria étnica cingalesa, depois de ter derrotado em 2009 a guerrilha dos Tigres Tâmeis, o que acabou com 37 anos de guerra civil. Seu irmão, apelidado de “Terminator” (referência ao filme O Exterminador do Futuro), era seu braço direito, secretário do Ministério da Defesa e à frente das Forças Armadas e da polícia.

Quando chegou sua vez de ocupar o poder, Gotabaya nomeou o irmão como primeiro-ministro, mas Mahinda se viu obrigado a renunciar em maio, depois que os violentos confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes deixaram nove mortos.

Crise econômica

O vital setor do turismo foi duplamente afetado, pelos atentados extremistas de abril de 2019 contra hotéis e igrejas (que deixaram 279 mortos, incluindo 45 estrangeiros) e pela pandemia de coronavírus.

Além disso, após sua chegada à presidência, os significativos cortes de impostos de Rajapaksa esvaziaram os cofres públicos, o que deixou o país sem divisas para importar de alimentos a combustíveis.

Apesar de ter recebido ajuda da Índia e de outros países em abril de 2022, o país não consegue pagar sua dívida externa, que chega a US$ 57 bilhões.

Escassez

Os 22 milhões de habitantes da ilha enfrentam há vários meses a escassez de alimentos, remédios, cortes de energia elétrica e a falta de combustíveis. E a inflação galopante (55% em junho) faz com que os poucos produtos acessíveis tenham preços exorbitantes.

A ONU já alertou que o país corre o risco de sofrer uma grave crise humanitária e 75% da população não se alimenta de maneira suficiente. / WP e AFP

COLOMBO - Os partidos políticos do Sri Lanka se reuniram na manhã deste domingo, 10, em meio a intensa pressão para formar rapidamente um governo interino depois que o presidente Gotabaya Rajapaksa e o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe concordaram em renunciar após ferozes protestos contra o governo e a grave crise econômica do país.

Nenhum novo protesto foi registrado na capital, Colombo, neste domingo, mas os manifestantes que tomaram no sábado a casa do presidente e a do premiê rejeitaram sair e passaram o dia fazendo piqueniques nos jardins das residências, nadando na piscina, descansando na cama de Rajapaksa ou apenas fazendo vídeos do interior dos imóveis.

Nuwan Bopege, um voluntário associado ao movimento de protesto, disse ao The Washington Post que os manifestantes vão ocupar as casas dos dois líderes até que eles renunciem formalmente. O anúncio das renúncias foi feito no sábado à noite pelo chefe do Parlamento, segundo o qual Rajapaksa pretende deixar o cargo só na quarta-feira.

Dentro da residência do presidente, manifestantes também tocaram piano  Foto: Arun Sankar/AFP

O paradeiro do presidente permanecia desconhecido neste domingo, após ele fugir de sua casa minutos antes de ela ser invadida por milhares de pessoas.

Os anúncios das renúncias marcaram uma grande vitória para os manifestantes, mas mergulharam a nação insular em turbulência política sobre o que vai ocorrer a seguir.

“É um momento histórico, no qual uma verdadeira luta cidadã acabou com o governo de um governo impopular e não confiável”, disse Harini Amarasuriya, membro da oposição do Parlamento.

Negociações

Em uma reunião de emergência de todos os partidos no sábado à noite, os legisladores decidiram formar um governo interino até que as eleições possam ocorrer. As discussões estão em andamento para nomear um novo primeiro-ministro.

“Agora podemos avançar para uma trajetória de longo prazo mais aceitável para o país e para a comunidade internacional”, disse Eran Wickremerathne, líder do principal partido da oposição.

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O Parlamento tem um mês para escolher o sucessor, mas o presidente da Câmara prometeu que a decisão será anunciada até o fim da semana. Uma promessa que será difícil de cumprir, pois no momento nenhum parlamentar parece ter apoio suficiente para assumir o cargo.

“Caminhamos para um período de perigosa incerteza”, declarou à agência France Presse um deputado da minoria tâmil, Dharmalingam Sithadthan. “Gotabaya teria que ter renunciado de maneira imediata para evitar um vácuo de poder”, acrescentou.

Mesmo enquanto a oposição tenta construir consenso sobre os próximos passos, a situação permanece volátil, pois a paciência das pessoas se esgotou com a escassez de combustível, remédios e de itens de primeira necessidade e não há soluções rápidas disponíveis.

O principal hospital de Colombo informou que atendeu 105 feridos no sábado e 55 permaneciam internados no domingo. Entre os pacientes estavam sete jornalistas feridos.

O general Shavendra Silva fez um apelo por calma. “Existe uma oportunidade para resolver a situação de crise de uma forma pacífica e constitucional”, afirmou em um discurso exibido na televisão.

Reflexos da guerra

O governo dos Estados Unidos pediu aos líderes do Sri Lanka que trabalhem “rapidamente” para buscar soluções a longo prazo.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que o bloqueio às exportações de grãos da Ucrânia imposto pela Rússia pode ter contribuído para os distúrbios no Sri Lanka e expressou o temor de que isto possa provocar outras crises.

Presidente do Sri Lanka desde 2019, Gotabaya Rajapaksa, de 73 anos, integra o clã que governa a vida política cingalesa há várias décadas. O líder do clã, seu irmão Mahinda, de 76 anos, foi presidente do país de 2005 a 2015. Uma década em que a dívida do país com a China aumentou com projetos faraônicos de infraestruturas e suspeitas de corrupção.

Manifestantes passaram o dia na casa do presidente do Sri Lanka, tirando fotos e até repousando em sua cama Foto: Arun Sankar/AFP

Mahinda tem o respeito da maioria étnica cingalesa, depois de ter derrotado em 2009 a guerrilha dos Tigres Tâmeis, o que acabou com 37 anos de guerra civil. Seu irmão, apelidado de “Terminator” (referência ao filme O Exterminador do Futuro), era seu braço direito, secretário do Ministério da Defesa e à frente das Forças Armadas e da polícia.

Quando chegou sua vez de ocupar o poder, Gotabaya nomeou o irmão como primeiro-ministro, mas Mahinda se viu obrigado a renunciar em maio, depois que os violentos confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes deixaram nove mortos.

Crise econômica

O vital setor do turismo foi duplamente afetado, pelos atentados extremistas de abril de 2019 contra hotéis e igrejas (que deixaram 279 mortos, incluindo 45 estrangeiros) e pela pandemia de coronavírus.

Além disso, após sua chegada à presidência, os significativos cortes de impostos de Rajapaksa esvaziaram os cofres públicos, o que deixou o país sem divisas para importar de alimentos a combustíveis.

Apesar de ter recebido ajuda da Índia e de outros países em abril de 2022, o país não consegue pagar sua dívida externa, que chega a US$ 57 bilhões.

Escassez

Os 22 milhões de habitantes da ilha enfrentam há vários meses a escassez de alimentos, remédios, cortes de energia elétrica e a falta de combustíveis. E a inflação galopante (55% em junho) faz com que os poucos produtos acessíveis tenham preços exorbitantes.

A ONU já alertou que o país corre o risco de sofrer uma grave crise humanitária e 75% da população não se alimenta de maneira suficiente. / WP e AFP

COLOMBO - Os partidos políticos do Sri Lanka se reuniram na manhã deste domingo, 10, em meio a intensa pressão para formar rapidamente um governo interino depois que o presidente Gotabaya Rajapaksa e o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe concordaram em renunciar após ferozes protestos contra o governo e a grave crise econômica do país.

Nenhum novo protesto foi registrado na capital, Colombo, neste domingo, mas os manifestantes que tomaram no sábado a casa do presidente e a do premiê rejeitaram sair e passaram o dia fazendo piqueniques nos jardins das residências, nadando na piscina, descansando na cama de Rajapaksa ou apenas fazendo vídeos do interior dos imóveis.

Nuwan Bopege, um voluntário associado ao movimento de protesto, disse ao The Washington Post que os manifestantes vão ocupar as casas dos dois líderes até que eles renunciem formalmente. O anúncio das renúncias foi feito no sábado à noite pelo chefe do Parlamento, segundo o qual Rajapaksa pretende deixar o cargo só na quarta-feira.

Dentro da residência do presidente, manifestantes também tocaram piano  Foto: Arun Sankar/AFP

O paradeiro do presidente permanecia desconhecido neste domingo, após ele fugir de sua casa minutos antes de ela ser invadida por milhares de pessoas.

Os anúncios das renúncias marcaram uma grande vitória para os manifestantes, mas mergulharam a nação insular em turbulência política sobre o que vai ocorrer a seguir.

“É um momento histórico, no qual uma verdadeira luta cidadã acabou com o governo de um governo impopular e não confiável”, disse Harini Amarasuriya, membro da oposição do Parlamento.

Negociações

Em uma reunião de emergência de todos os partidos no sábado à noite, os legisladores decidiram formar um governo interino até que as eleições possam ocorrer. As discussões estão em andamento para nomear um novo primeiro-ministro.

“Agora podemos avançar para uma trajetória de longo prazo mais aceitável para o país e para a comunidade internacional”, disse Eran Wickremerathne, líder do principal partido da oposição.

Protestos no Sri Lanka têm invasão de palácios e renúncias de autoridades

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“Caminhamos para um período de perigosa incerteza”, declarou à agência France Presse um deputado da minoria tâmil, Dharmalingam Sithadthan. “Gotabaya teria que ter renunciado de maneira imediata para evitar um vácuo de poder”, acrescentou.

Mesmo enquanto a oposição tenta construir consenso sobre os próximos passos, a situação permanece volátil, pois a paciência das pessoas se esgotou com a escassez de combustível, remédios e de itens de primeira necessidade e não há soluções rápidas disponíveis.

O principal hospital de Colombo informou que atendeu 105 feridos no sábado e 55 permaneciam internados no domingo. Entre os pacientes estavam sete jornalistas feridos.

O general Shavendra Silva fez um apelo por calma. “Existe uma oportunidade para resolver a situação de crise de uma forma pacífica e constitucional”, afirmou em um discurso exibido na televisão.

Reflexos da guerra

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O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que o bloqueio às exportações de grãos da Ucrânia imposto pela Rússia pode ter contribuído para os distúrbios no Sri Lanka e expressou o temor de que isto possa provocar outras crises.

Presidente do Sri Lanka desde 2019, Gotabaya Rajapaksa, de 73 anos, integra o clã que governa a vida política cingalesa há várias décadas. O líder do clã, seu irmão Mahinda, de 76 anos, foi presidente do país de 2005 a 2015. Uma década em que a dívida do país com a China aumentou com projetos faraônicos de infraestruturas e suspeitas de corrupção.

Manifestantes passaram o dia na casa do presidente do Sri Lanka, tirando fotos e até repousando em sua cama Foto: Arun Sankar/AFP

Mahinda tem o respeito da maioria étnica cingalesa, depois de ter derrotado em 2009 a guerrilha dos Tigres Tâmeis, o que acabou com 37 anos de guerra civil. Seu irmão, apelidado de “Terminator” (referência ao filme O Exterminador do Futuro), era seu braço direito, secretário do Ministério da Defesa e à frente das Forças Armadas e da polícia.

Quando chegou sua vez de ocupar o poder, Gotabaya nomeou o irmão como primeiro-ministro, mas Mahinda se viu obrigado a renunciar em maio, depois que os violentos confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes deixaram nove mortos.

Crise econômica

O vital setor do turismo foi duplamente afetado, pelos atentados extremistas de abril de 2019 contra hotéis e igrejas (que deixaram 279 mortos, incluindo 45 estrangeiros) e pela pandemia de coronavírus.

Além disso, após sua chegada à presidência, os significativos cortes de impostos de Rajapaksa esvaziaram os cofres públicos, o que deixou o país sem divisas para importar de alimentos a combustíveis.

Apesar de ter recebido ajuda da Índia e de outros países em abril de 2022, o país não consegue pagar sua dívida externa, que chega a US$ 57 bilhões.

Escassez

Os 22 milhões de habitantes da ilha enfrentam há vários meses a escassez de alimentos, remédios, cortes de energia elétrica e a falta de combustíveis. E a inflação galopante (55% em junho) faz com que os poucos produtos acessíveis tenham preços exorbitantes.

A ONU já alertou que o país corre o risco de sofrer uma grave crise humanitária e 75% da população não se alimenta de maneira suficiente. / WP e AFP

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