Paul Krugman: A política de Biden tem sido boa para os trabalhadores?


No segundo Dia do Trabalho de Biden, a economia dos EUA havia criado substancialmente mais empregos sob seu comando do que nos primeiros 37 meses do governo Trump

Por Paul Krugman

O presidente Joe Biden conduziu o país a um enorme crescimento dos empregos, que, de acordo com o relatório divulgado na sexta-feira, 2, ainda está avançando. Isso é simplesmente um fato, embora afirmá-lo (como apontar que não estamos em recessão no momento) signifique que receberei um caminhão cheio de mensagens de ódio.

No segundo Dia do Trabalho de Biden, na segunda-feira, 5, a economia dos Estados Unidos havia criado substancialmente mais empregos sob seu comando do que nos primeiros 37 meses do governo Trump —ou seja, antes que a covid-19 colocasse a economia em coma temporário.

Para ser justo, muitos ganhos no emprego sob Biden provavelmente refletiram uma recuperação natural dos lockdowns e, em geral, é mais fácil adicionar muitos empregos quando você parte, como fez Biden, de uma posição de emprego deprimido. Por outro lado, o emprego se recuperou mais rápido do que quase todos esperavam. No final de 2020, analistas profissionais esperavam que o desemprego médio em 2022 fosse de 5,2%; até agora, a média foi de apenas 3,7%.

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O presidente dos EUA, Joe Biden, fala sobre o relatório de empregos de sexta-feira e a economia dos EUA enquanto faz comentários em um "evento de desafio do Plano de Resgate Americano" no Eisenhower Executive Office Building na Casa Branca em Washington, EUA, 2 de setembro de 2022 Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Mas se o boom de Biden foi e é real, ele tem sido bom para os trabalhadores americanos? Pergunte a muitos deles, e provavelmente responderão negativamente. Afinal, a inflação não comeu todos os seus ganhos salariais e mais alguns? (Embora suas respostas possam ser um pouco diferentes agora que a gasolina voltou a custar menos de US$ 4 o galão).

Bem, a inflação definitivamente tem sido um grande problema. E se o controle da inflação acabar exigindo um longo período de alto desemprego —acho que não, mas posso estar errado— os trabalhadores poderão ficar em pior situação, apesar do atual boom de empregos.

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Até agora, no entanto, a Bidenomic [apelido dado à atual política econômica dos EUA] tem sido boa para os trabalhadores americanos, quer eles saibam disso, quer não.

Há duas grandes questões conceituais com as quais é preciso lidar ao avaliar os impactos do aumento do emprego nos trabalhadores americanos.

Primeiro, examinamos só os salários dos trabalhadores totalmente empregados, ou consideramos os ganhos para os americanos que estariam desempregados ou trabalhando em jornada reduzida se não fosse o boom de Biden?

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Em segundo lugar, quanto da inflação sofrida pela economia dos EUA desde que Biden assumiu o cargo podemos atribuir ao crescimento, em oposição a coisas que teriam acontecido independentemente das políticas dele?

O presidente Joe Biden faz um discurso do Dia do Trabalho em Pittsburgh, Pensilvânia Foto: Jeff Swensen/Getty Images/AFP

Se incluirmos os ganhos salariais devidos à crescente parcela de americanos empregados e ao maior número de horas trabalhadas, o boom de Biden foi, inequivocamente, bom para a renda dos trabalhadores. Thomas Blanchet, Emmanuel Saez e Gabriel Zucman, da Universidade da Califórnia em Berkeley, têm um novo site, Real Time Inequality, que monitora a renda dos americanos por fonte e mensalmente. Eles descobriram que a renda geral do trabalho por adulto em idade ativa, ajustada pela inflação, aumentou 3,5% de janeiro de 2021 a julho de 2022.

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Além disso, os maiores ganhos foram para os trabalhadores mais mal pagos. Assim, o boom de Biden não apenas aumentou a renda geral; reduziu a desigualdade.

Mas e os trabalhadores que já tinham empregos quando Biden assumiu o cargo? Eles não viram o poder de compra de seus salários cair, graças à inflação? A resposta é sim, mas.

Observe os salários por hora de trabalhadores que não são supervisores —ou seja, trabalhadores que não são gerentes. Ajustando pelos preços ao consumidor, os salários desses trabalhadores caíram cerca de 3% de janeiro de 2021 a junho de 2022.

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Mas esse declínio foi inteiramente causado pelo aumento dos preços de alimentos e energia, que têm muito a ver com as forças globais e pouco, ou nada, com a política dos EUA —mesmo que os comentaristas de direita gostem de apontar como o gás era barato durante os anos Trump. (O petróleo tende a ser barato quando a economia mundial está de cabeça para baixo.)

E os salários reais pararam de cair por enquanto; na verdade, eles subiram cerca de meio ponto percentual em julho, em grande parte graças à queda dos preços do gás, e provavelmente subiram novamente em agosto.

Se você quiser avaliar os impactos da Bidenomic sobre os salários, provavelmente deve comparar os salários com os preços excluindo alimentos e energia. E com base nisso os salários reais estão basicamente estáveis desde que Biden assumiu o cargo.

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Então, sim, o boom de Biden foi bom para os trabalhadores. Mais americanos —muitos mais— conseguiram empregos e, enquanto aqueles que já estavam empregados sofreram um declínio nos salários reais, esse declínio refletiu acontecimentos nos mercados globais de alimentos e energia, não a política dos EUA.

Além disso, um mercado de trabalho forte parece ter ajudado a reduzir a desigualdade. E o boom de Biden também pode ter efeitos indiretos que aumentarão os salários e reduzirão ainda mais a desigualdade no futuro. Pois o mercado de venda de mão de obra pode ter ajudado a reviver o movimento trabalhista dos Estados Unidos, há muito moribundo.

Realmente houve um aumento nas tentativas de organizar os locais de trabalho, embora ainda não tenha havido sucesso suficiente para que apareça nas estatísticas gerais de sindicalização. Ainda assim, as atitudes mudaram claramente, e não apenas entre os trabalhadores. A Gallup informou recentemente que a aprovação pública dos sindicatos atingiu 71% —seu nível mais alto desde 1965.

Portanto, é pelo menos possível que a Bidenomic leve a uma revitalização dos sindicatos nos EUA. E sim, os sindicatos aumentam os salários, especialmente os dos trabalhadores menos qualificados.

Mais uma vez, quaisquer ganhos que os trabalhadores americanos tenham obtido serão perdidos se o controle da inflação exigir que a economia passe por um período prolongado de alto desemprego. Mas até agora a Bidenomic realmente ajudou os trabalhadores.

O presidente Joe Biden conduziu o país a um enorme crescimento dos empregos, que, de acordo com o relatório divulgado na sexta-feira, 2, ainda está avançando. Isso é simplesmente um fato, embora afirmá-lo (como apontar que não estamos em recessão no momento) signifique que receberei um caminhão cheio de mensagens de ódio.

No segundo Dia do Trabalho de Biden, na segunda-feira, 5, a economia dos Estados Unidos havia criado substancialmente mais empregos sob seu comando do que nos primeiros 37 meses do governo Trump —ou seja, antes que a covid-19 colocasse a economia em coma temporário.

Para ser justo, muitos ganhos no emprego sob Biden provavelmente refletiram uma recuperação natural dos lockdowns e, em geral, é mais fácil adicionar muitos empregos quando você parte, como fez Biden, de uma posição de emprego deprimido. Por outro lado, o emprego se recuperou mais rápido do que quase todos esperavam. No final de 2020, analistas profissionais esperavam que o desemprego médio em 2022 fosse de 5,2%; até agora, a média foi de apenas 3,7%.

O presidente dos EUA, Joe Biden, fala sobre o relatório de empregos de sexta-feira e a economia dos EUA enquanto faz comentários em um "evento de desafio do Plano de Resgate Americano" no Eisenhower Executive Office Building na Casa Branca em Washington, EUA, 2 de setembro de 2022 Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Mas se o boom de Biden foi e é real, ele tem sido bom para os trabalhadores americanos? Pergunte a muitos deles, e provavelmente responderão negativamente. Afinal, a inflação não comeu todos os seus ganhos salariais e mais alguns? (Embora suas respostas possam ser um pouco diferentes agora que a gasolina voltou a custar menos de US$ 4 o galão).

Bem, a inflação definitivamente tem sido um grande problema. E se o controle da inflação acabar exigindo um longo período de alto desemprego —acho que não, mas posso estar errado— os trabalhadores poderão ficar em pior situação, apesar do atual boom de empregos.

Até agora, no entanto, a Bidenomic [apelido dado à atual política econômica dos EUA] tem sido boa para os trabalhadores americanos, quer eles saibam disso, quer não.

Há duas grandes questões conceituais com as quais é preciso lidar ao avaliar os impactos do aumento do emprego nos trabalhadores americanos.

Primeiro, examinamos só os salários dos trabalhadores totalmente empregados, ou consideramos os ganhos para os americanos que estariam desempregados ou trabalhando em jornada reduzida se não fosse o boom de Biden?

Em segundo lugar, quanto da inflação sofrida pela economia dos EUA desde que Biden assumiu o cargo podemos atribuir ao crescimento, em oposição a coisas que teriam acontecido independentemente das políticas dele?

O presidente Joe Biden faz um discurso do Dia do Trabalho em Pittsburgh, Pensilvânia Foto: Jeff Swensen/Getty Images/AFP

Se incluirmos os ganhos salariais devidos à crescente parcela de americanos empregados e ao maior número de horas trabalhadas, o boom de Biden foi, inequivocamente, bom para a renda dos trabalhadores. Thomas Blanchet, Emmanuel Saez e Gabriel Zucman, da Universidade da Califórnia em Berkeley, têm um novo site, Real Time Inequality, que monitora a renda dos americanos por fonte e mensalmente. Eles descobriram que a renda geral do trabalho por adulto em idade ativa, ajustada pela inflação, aumentou 3,5% de janeiro de 2021 a julho de 2022.

Além disso, os maiores ganhos foram para os trabalhadores mais mal pagos. Assim, o boom de Biden não apenas aumentou a renda geral; reduziu a desigualdade.

Mas e os trabalhadores que já tinham empregos quando Biden assumiu o cargo? Eles não viram o poder de compra de seus salários cair, graças à inflação? A resposta é sim, mas.

Observe os salários por hora de trabalhadores que não são supervisores —ou seja, trabalhadores que não são gerentes. Ajustando pelos preços ao consumidor, os salários desses trabalhadores caíram cerca de 3% de janeiro de 2021 a junho de 2022.

Mas esse declínio foi inteiramente causado pelo aumento dos preços de alimentos e energia, que têm muito a ver com as forças globais e pouco, ou nada, com a política dos EUA —mesmo que os comentaristas de direita gostem de apontar como o gás era barato durante os anos Trump. (O petróleo tende a ser barato quando a economia mundial está de cabeça para baixo.)

E os salários reais pararam de cair por enquanto; na verdade, eles subiram cerca de meio ponto percentual em julho, em grande parte graças à queda dos preços do gás, e provavelmente subiram novamente em agosto.

Se você quiser avaliar os impactos da Bidenomic sobre os salários, provavelmente deve comparar os salários com os preços excluindo alimentos e energia. E com base nisso os salários reais estão basicamente estáveis desde que Biden assumiu o cargo.

Então, sim, o boom de Biden foi bom para os trabalhadores. Mais americanos —muitos mais— conseguiram empregos e, enquanto aqueles que já estavam empregados sofreram um declínio nos salários reais, esse declínio refletiu acontecimentos nos mercados globais de alimentos e energia, não a política dos EUA.

Além disso, um mercado de trabalho forte parece ter ajudado a reduzir a desigualdade. E o boom de Biden também pode ter efeitos indiretos que aumentarão os salários e reduzirão ainda mais a desigualdade no futuro. Pois o mercado de venda de mão de obra pode ter ajudado a reviver o movimento trabalhista dos Estados Unidos, há muito moribundo.

Realmente houve um aumento nas tentativas de organizar os locais de trabalho, embora ainda não tenha havido sucesso suficiente para que apareça nas estatísticas gerais de sindicalização. Ainda assim, as atitudes mudaram claramente, e não apenas entre os trabalhadores. A Gallup informou recentemente que a aprovação pública dos sindicatos atingiu 71% —seu nível mais alto desde 1965.

Portanto, é pelo menos possível que a Bidenomic leve a uma revitalização dos sindicatos nos EUA. E sim, os sindicatos aumentam os salários, especialmente os dos trabalhadores menos qualificados.

Mais uma vez, quaisquer ganhos que os trabalhadores americanos tenham obtido serão perdidos se o controle da inflação exigir que a economia passe por um período prolongado de alto desemprego. Mas até agora a Bidenomic realmente ajudou os trabalhadores.

O presidente Joe Biden conduziu o país a um enorme crescimento dos empregos, que, de acordo com o relatório divulgado na sexta-feira, 2, ainda está avançando. Isso é simplesmente um fato, embora afirmá-lo (como apontar que não estamos em recessão no momento) signifique que receberei um caminhão cheio de mensagens de ódio.

No segundo Dia do Trabalho de Biden, na segunda-feira, 5, a economia dos Estados Unidos havia criado substancialmente mais empregos sob seu comando do que nos primeiros 37 meses do governo Trump —ou seja, antes que a covid-19 colocasse a economia em coma temporário.

Para ser justo, muitos ganhos no emprego sob Biden provavelmente refletiram uma recuperação natural dos lockdowns e, em geral, é mais fácil adicionar muitos empregos quando você parte, como fez Biden, de uma posição de emprego deprimido. Por outro lado, o emprego se recuperou mais rápido do que quase todos esperavam. No final de 2020, analistas profissionais esperavam que o desemprego médio em 2022 fosse de 5,2%; até agora, a média foi de apenas 3,7%.

O presidente dos EUA, Joe Biden, fala sobre o relatório de empregos de sexta-feira e a economia dos EUA enquanto faz comentários em um "evento de desafio do Plano de Resgate Americano" no Eisenhower Executive Office Building na Casa Branca em Washington, EUA, 2 de setembro de 2022 Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Mas se o boom de Biden foi e é real, ele tem sido bom para os trabalhadores americanos? Pergunte a muitos deles, e provavelmente responderão negativamente. Afinal, a inflação não comeu todos os seus ganhos salariais e mais alguns? (Embora suas respostas possam ser um pouco diferentes agora que a gasolina voltou a custar menos de US$ 4 o galão).

Bem, a inflação definitivamente tem sido um grande problema. E se o controle da inflação acabar exigindo um longo período de alto desemprego —acho que não, mas posso estar errado— os trabalhadores poderão ficar em pior situação, apesar do atual boom de empregos.

Até agora, no entanto, a Bidenomic [apelido dado à atual política econômica dos EUA] tem sido boa para os trabalhadores americanos, quer eles saibam disso, quer não.

Há duas grandes questões conceituais com as quais é preciso lidar ao avaliar os impactos do aumento do emprego nos trabalhadores americanos.

Primeiro, examinamos só os salários dos trabalhadores totalmente empregados, ou consideramos os ganhos para os americanos que estariam desempregados ou trabalhando em jornada reduzida se não fosse o boom de Biden?

Em segundo lugar, quanto da inflação sofrida pela economia dos EUA desde que Biden assumiu o cargo podemos atribuir ao crescimento, em oposição a coisas que teriam acontecido independentemente das políticas dele?

O presidente Joe Biden faz um discurso do Dia do Trabalho em Pittsburgh, Pensilvânia Foto: Jeff Swensen/Getty Images/AFP

Se incluirmos os ganhos salariais devidos à crescente parcela de americanos empregados e ao maior número de horas trabalhadas, o boom de Biden foi, inequivocamente, bom para a renda dos trabalhadores. Thomas Blanchet, Emmanuel Saez e Gabriel Zucman, da Universidade da Califórnia em Berkeley, têm um novo site, Real Time Inequality, que monitora a renda dos americanos por fonte e mensalmente. Eles descobriram que a renda geral do trabalho por adulto em idade ativa, ajustada pela inflação, aumentou 3,5% de janeiro de 2021 a julho de 2022.

Além disso, os maiores ganhos foram para os trabalhadores mais mal pagos. Assim, o boom de Biden não apenas aumentou a renda geral; reduziu a desigualdade.

Mas e os trabalhadores que já tinham empregos quando Biden assumiu o cargo? Eles não viram o poder de compra de seus salários cair, graças à inflação? A resposta é sim, mas.

Observe os salários por hora de trabalhadores que não são supervisores —ou seja, trabalhadores que não são gerentes. Ajustando pelos preços ao consumidor, os salários desses trabalhadores caíram cerca de 3% de janeiro de 2021 a junho de 2022.

Mas esse declínio foi inteiramente causado pelo aumento dos preços de alimentos e energia, que têm muito a ver com as forças globais e pouco, ou nada, com a política dos EUA —mesmo que os comentaristas de direita gostem de apontar como o gás era barato durante os anos Trump. (O petróleo tende a ser barato quando a economia mundial está de cabeça para baixo.)

E os salários reais pararam de cair por enquanto; na verdade, eles subiram cerca de meio ponto percentual em julho, em grande parte graças à queda dos preços do gás, e provavelmente subiram novamente em agosto.

Se você quiser avaliar os impactos da Bidenomic sobre os salários, provavelmente deve comparar os salários com os preços excluindo alimentos e energia. E com base nisso os salários reais estão basicamente estáveis desde que Biden assumiu o cargo.

Então, sim, o boom de Biden foi bom para os trabalhadores. Mais americanos —muitos mais— conseguiram empregos e, enquanto aqueles que já estavam empregados sofreram um declínio nos salários reais, esse declínio refletiu acontecimentos nos mercados globais de alimentos e energia, não a política dos EUA.

Além disso, um mercado de trabalho forte parece ter ajudado a reduzir a desigualdade. E o boom de Biden também pode ter efeitos indiretos que aumentarão os salários e reduzirão ainda mais a desigualdade no futuro. Pois o mercado de venda de mão de obra pode ter ajudado a reviver o movimento trabalhista dos Estados Unidos, há muito moribundo.

Realmente houve um aumento nas tentativas de organizar os locais de trabalho, embora ainda não tenha havido sucesso suficiente para que apareça nas estatísticas gerais de sindicalização. Ainda assim, as atitudes mudaram claramente, e não apenas entre os trabalhadores. A Gallup informou recentemente que a aprovação pública dos sindicatos atingiu 71% —seu nível mais alto desde 1965.

Portanto, é pelo menos possível que a Bidenomic leve a uma revitalização dos sindicatos nos EUA. E sim, os sindicatos aumentam os salários, especialmente os dos trabalhadores menos qualificados.

Mais uma vez, quaisquer ganhos que os trabalhadores americanos tenham obtido serão perdidos se o controle da inflação exigir que a economia passe por um período prolongado de alto desemprego. Mas até agora a Bidenomic realmente ajudou os trabalhadores.

O presidente Joe Biden conduziu o país a um enorme crescimento dos empregos, que, de acordo com o relatório divulgado na sexta-feira, 2, ainda está avançando. Isso é simplesmente um fato, embora afirmá-lo (como apontar que não estamos em recessão no momento) signifique que receberei um caminhão cheio de mensagens de ódio.

No segundo Dia do Trabalho de Biden, na segunda-feira, 5, a economia dos Estados Unidos havia criado substancialmente mais empregos sob seu comando do que nos primeiros 37 meses do governo Trump —ou seja, antes que a covid-19 colocasse a economia em coma temporário.

Para ser justo, muitos ganhos no emprego sob Biden provavelmente refletiram uma recuperação natural dos lockdowns e, em geral, é mais fácil adicionar muitos empregos quando você parte, como fez Biden, de uma posição de emprego deprimido. Por outro lado, o emprego se recuperou mais rápido do que quase todos esperavam. No final de 2020, analistas profissionais esperavam que o desemprego médio em 2022 fosse de 5,2%; até agora, a média foi de apenas 3,7%.

O presidente dos EUA, Joe Biden, fala sobre o relatório de empregos de sexta-feira e a economia dos EUA enquanto faz comentários em um "evento de desafio do Plano de Resgate Americano" no Eisenhower Executive Office Building na Casa Branca em Washington, EUA, 2 de setembro de 2022 Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Mas se o boom de Biden foi e é real, ele tem sido bom para os trabalhadores americanos? Pergunte a muitos deles, e provavelmente responderão negativamente. Afinal, a inflação não comeu todos os seus ganhos salariais e mais alguns? (Embora suas respostas possam ser um pouco diferentes agora que a gasolina voltou a custar menos de US$ 4 o galão).

Bem, a inflação definitivamente tem sido um grande problema. E se o controle da inflação acabar exigindo um longo período de alto desemprego —acho que não, mas posso estar errado— os trabalhadores poderão ficar em pior situação, apesar do atual boom de empregos.

Até agora, no entanto, a Bidenomic [apelido dado à atual política econômica dos EUA] tem sido boa para os trabalhadores americanos, quer eles saibam disso, quer não.

Há duas grandes questões conceituais com as quais é preciso lidar ao avaliar os impactos do aumento do emprego nos trabalhadores americanos.

Primeiro, examinamos só os salários dos trabalhadores totalmente empregados, ou consideramos os ganhos para os americanos que estariam desempregados ou trabalhando em jornada reduzida se não fosse o boom de Biden?

Em segundo lugar, quanto da inflação sofrida pela economia dos EUA desde que Biden assumiu o cargo podemos atribuir ao crescimento, em oposição a coisas que teriam acontecido independentemente das políticas dele?

O presidente Joe Biden faz um discurso do Dia do Trabalho em Pittsburgh, Pensilvânia Foto: Jeff Swensen/Getty Images/AFP

Se incluirmos os ganhos salariais devidos à crescente parcela de americanos empregados e ao maior número de horas trabalhadas, o boom de Biden foi, inequivocamente, bom para a renda dos trabalhadores. Thomas Blanchet, Emmanuel Saez e Gabriel Zucman, da Universidade da Califórnia em Berkeley, têm um novo site, Real Time Inequality, que monitora a renda dos americanos por fonte e mensalmente. Eles descobriram que a renda geral do trabalho por adulto em idade ativa, ajustada pela inflação, aumentou 3,5% de janeiro de 2021 a julho de 2022.

Além disso, os maiores ganhos foram para os trabalhadores mais mal pagos. Assim, o boom de Biden não apenas aumentou a renda geral; reduziu a desigualdade.

Mas e os trabalhadores que já tinham empregos quando Biden assumiu o cargo? Eles não viram o poder de compra de seus salários cair, graças à inflação? A resposta é sim, mas.

Observe os salários por hora de trabalhadores que não são supervisores —ou seja, trabalhadores que não são gerentes. Ajustando pelos preços ao consumidor, os salários desses trabalhadores caíram cerca de 3% de janeiro de 2021 a junho de 2022.

Mas esse declínio foi inteiramente causado pelo aumento dos preços de alimentos e energia, que têm muito a ver com as forças globais e pouco, ou nada, com a política dos EUA —mesmo que os comentaristas de direita gostem de apontar como o gás era barato durante os anos Trump. (O petróleo tende a ser barato quando a economia mundial está de cabeça para baixo.)

E os salários reais pararam de cair por enquanto; na verdade, eles subiram cerca de meio ponto percentual em julho, em grande parte graças à queda dos preços do gás, e provavelmente subiram novamente em agosto.

Se você quiser avaliar os impactos da Bidenomic sobre os salários, provavelmente deve comparar os salários com os preços excluindo alimentos e energia. E com base nisso os salários reais estão basicamente estáveis desde que Biden assumiu o cargo.

Então, sim, o boom de Biden foi bom para os trabalhadores. Mais americanos —muitos mais— conseguiram empregos e, enquanto aqueles que já estavam empregados sofreram um declínio nos salários reais, esse declínio refletiu acontecimentos nos mercados globais de alimentos e energia, não a política dos EUA.

Além disso, um mercado de trabalho forte parece ter ajudado a reduzir a desigualdade. E o boom de Biden também pode ter efeitos indiretos que aumentarão os salários e reduzirão ainda mais a desigualdade no futuro. Pois o mercado de venda de mão de obra pode ter ajudado a reviver o movimento trabalhista dos Estados Unidos, há muito moribundo.

Realmente houve um aumento nas tentativas de organizar os locais de trabalho, embora ainda não tenha havido sucesso suficiente para que apareça nas estatísticas gerais de sindicalização. Ainda assim, as atitudes mudaram claramente, e não apenas entre os trabalhadores. A Gallup informou recentemente que a aprovação pública dos sindicatos atingiu 71% —seu nível mais alto desde 1965.

Portanto, é pelo menos possível que a Bidenomic leve a uma revitalização dos sindicatos nos EUA. E sim, os sindicatos aumentam os salários, especialmente os dos trabalhadores menos qualificados.

Mais uma vez, quaisquer ganhos que os trabalhadores americanos tenham obtido serão perdidos se o controle da inflação exigir que a economia passe por um período prolongado de alto desemprego. Mas até agora a Bidenomic realmente ajudou os trabalhadores.

O presidente Joe Biden conduziu o país a um enorme crescimento dos empregos, que, de acordo com o relatório divulgado na sexta-feira, 2, ainda está avançando. Isso é simplesmente um fato, embora afirmá-lo (como apontar que não estamos em recessão no momento) signifique que receberei um caminhão cheio de mensagens de ódio.

No segundo Dia do Trabalho de Biden, na segunda-feira, 5, a economia dos Estados Unidos havia criado substancialmente mais empregos sob seu comando do que nos primeiros 37 meses do governo Trump —ou seja, antes que a covid-19 colocasse a economia em coma temporário.

Para ser justo, muitos ganhos no emprego sob Biden provavelmente refletiram uma recuperação natural dos lockdowns e, em geral, é mais fácil adicionar muitos empregos quando você parte, como fez Biden, de uma posição de emprego deprimido. Por outro lado, o emprego se recuperou mais rápido do que quase todos esperavam. No final de 2020, analistas profissionais esperavam que o desemprego médio em 2022 fosse de 5,2%; até agora, a média foi de apenas 3,7%.

O presidente dos EUA, Joe Biden, fala sobre o relatório de empregos de sexta-feira e a economia dos EUA enquanto faz comentários em um "evento de desafio do Plano de Resgate Americano" no Eisenhower Executive Office Building na Casa Branca em Washington, EUA, 2 de setembro de 2022 Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Mas se o boom de Biden foi e é real, ele tem sido bom para os trabalhadores americanos? Pergunte a muitos deles, e provavelmente responderão negativamente. Afinal, a inflação não comeu todos os seus ganhos salariais e mais alguns? (Embora suas respostas possam ser um pouco diferentes agora que a gasolina voltou a custar menos de US$ 4 o galão).

Bem, a inflação definitivamente tem sido um grande problema. E se o controle da inflação acabar exigindo um longo período de alto desemprego —acho que não, mas posso estar errado— os trabalhadores poderão ficar em pior situação, apesar do atual boom de empregos.

Até agora, no entanto, a Bidenomic [apelido dado à atual política econômica dos EUA] tem sido boa para os trabalhadores americanos, quer eles saibam disso, quer não.

Há duas grandes questões conceituais com as quais é preciso lidar ao avaliar os impactos do aumento do emprego nos trabalhadores americanos.

Primeiro, examinamos só os salários dos trabalhadores totalmente empregados, ou consideramos os ganhos para os americanos que estariam desempregados ou trabalhando em jornada reduzida se não fosse o boom de Biden?

Em segundo lugar, quanto da inflação sofrida pela economia dos EUA desde que Biden assumiu o cargo podemos atribuir ao crescimento, em oposição a coisas que teriam acontecido independentemente das políticas dele?

O presidente Joe Biden faz um discurso do Dia do Trabalho em Pittsburgh, Pensilvânia Foto: Jeff Swensen/Getty Images/AFP

Se incluirmos os ganhos salariais devidos à crescente parcela de americanos empregados e ao maior número de horas trabalhadas, o boom de Biden foi, inequivocamente, bom para a renda dos trabalhadores. Thomas Blanchet, Emmanuel Saez e Gabriel Zucman, da Universidade da Califórnia em Berkeley, têm um novo site, Real Time Inequality, que monitora a renda dos americanos por fonte e mensalmente. Eles descobriram que a renda geral do trabalho por adulto em idade ativa, ajustada pela inflação, aumentou 3,5% de janeiro de 2021 a julho de 2022.

Além disso, os maiores ganhos foram para os trabalhadores mais mal pagos. Assim, o boom de Biden não apenas aumentou a renda geral; reduziu a desigualdade.

Mas e os trabalhadores que já tinham empregos quando Biden assumiu o cargo? Eles não viram o poder de compra de seus salários cair, graças à inflação? A resposta é sim, mas.

Observe os salários por hora de trabalhadores que não são supervisores —ou seja, trabalhadores que não são gerentes. Ajustando pelos preços ao consumidor, os salários desses trabalhadores caíram cerca de 3% de janeiro de 2021 a junho de 2022.

Mas esse declínio foi inteiramente causado pelo aumento dos preços de alimentos e energia, que têm muito a ver com as forças globais e pouco, ou nada, com a política dos EUA —mesmo que os comentaristas de direita gostem de apontar como o gás era barato durante os anos Trump. (O petróleo tende a ser barato quando a economia mundial está de cabeça para baixo.)

E os salários reais pararam de cair por enquanto; na verdade, eles subiram cerca de meio ponto percentual em julho, em grande parte graças à queda dos preços do gás, e provavelmente subiram novamente em agosto.

Se você quiser avaliar os impactos da Bidenomic sobre os salários, provavelmente deve comparar os salários com os preços excluindo alimentos e energia. E com base nisso os salários reais estão basicamente estáveis desde que Biden assumiu o cargo.

Então, sim, o boom de Biden foi bom para os trabalhadores. Mais americanos —muitos mais— conseguiram empregos e, enquanto aqueles que já estavam empregados sofreram um declínio nos salários reais, esse declínio refletiu acontecimentos nos mercados globais de alimentos e energia, não a política dos EUA.

Além disso, um mercado de trabalho forte parece ter ajudado a reduzir a desigualdade. E o boom de Biden também pode ter efeitos indiretos que aumentarão os salários e reduzirão ainda mais a desigualdade no futuro. Pois o mercado de venda de mão de obra pode ter ajudado a reviver o movimento trabalhista dos Estados Unidos, há muito moribundo.

Realmente houve um aumento nas tentativas de organizar os locais de trabalho, embora ainda não tenha havido sucesso suficiente para que apareça nas estatísticas gerais de sindicalização. Ainda assim, as atitudes mudaram claramente, e não apenas entre os trabalhadores. A Gallup informou recentemente que a aprovação pública dos sindicatos atingiu 71% —seu nível mais alto desde 1965.

Portanto, é pelo menos possível que a Bidenomic leve a uma revitalização dos sindicatos nos EUA. E sim, os sindicatos aumentam os salários, especialmente os dos trabalhadores menos qualificados.

Mais uma vez, quaisquer ganhos que os trabalhadores americanos tenham obtido serão perdidos se o controle da inflação exigir que a economia passe por um período prolongado de alto desemprego. Mas até agora a Bidenomic realmente ajudou os trabalhadores.

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