O Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirmou na noite desta sexta-feira, 3, que identificou outro balão de espionagem da China, desta vez sobrevoando a América Latina. A declaração acontece um dia depois de um primeiro balão chinês ser identificado nos céus dos Estados Unidos.
“Observamos relatos de um balão transitando pela América Latina. Avaliamos agora que é um outro balão de vigilância chinês”, informou o porta-voz do Departamento de Defesa, Pat Ryder, sem especificar a localização exata do balão.
A descoberta do primeiro balão aumentou a crise entre EUA e China, levando o secretário de Estado americano, Antony Blinken, a adiar uma viagem diplomática que estava marcada para o domingo, 5. O governo americano avalia a resposta mais ampla ao objeto, descoberto sobrevoando o Estado de Montana em locais que abrigam cerca de 150 silos de mísseis balísticos intercontinentais.
A China afirma que o balão se trata de uma aeronave civil utilizada em pesquisas meteorológicas que teria “se desviado do trajeto planejado” em razão dos ventos. O país também lamentou a entrada do objeto no espaço aéreo dos EUA.
Blinken e o presidente Joe Biden determinaram que era melhor não prosseguir com a viagem neste momento - muito em função das pressões políticas de republicanos e democratas após a descoberta do suposto balão espião. As tão esperadas reuniões de Blinken com altos funcionários chineses foram vistas em ambos os países como uma forma de encontrar terreno comum em meio a grandes divergências sobre Taiwan, direitos humanos, reivindicações da China no Mar da China Meridional, Coreia do Norte, guerra da Rússia na Ucrânia, política comercial e mudanças climáticas.
Embora a viagem, que foi acertada em novembro pelo presidente Joe Biden e pelo presidente chinês Xi Jinping em uma cúpula na Indonésia, não tenha sido formalmente anunciada, autoridades de Pequim e Washington vinham falando nos últimos dias sobre a chegada iminente de Blinken. As reuniões deveriam começar no domingo e terminar na segunda-feira.
O Pentágono minimizou o valor potencial do balão para adquirir inteligência, mas a reação pública dos funcionários do governo Biden deixaram claras como as relações com Pequim se tornaram frágeis e delicadas, mesmo por causa de um balão.
Balão da discórdia
O anúncio de que um suposto balão espião da China estaria sobrevoando o território dos Estados Unidos teve ampla repercussão em Washington, onde parlamentares republicanos cobraram o presidente, Joe Biden, por uma posição mais rigorosa em relação ao regime liderado por Xi Jinping.
O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, qualificou o balão como um exemplo da “afronta descarada da China sobre a soberania americana”, argumento ecoado por outros parlamentares da mesma legenda. Outro senador, Marco Rubio, que participa do comitê de inteligência da Casa, afirmou que a notícia era alarmante, mas não uma surpresa. “O nível de espionagem voltado para o nosso país por Pequim se intensificou e ficou mais claro nos últimos cinco anos”, escreveu no Twitter. /AFP, AP