Perfil: ‘Faz-tudo’ do presidente Trump começou carreira com mafiosos 


Apelido de Michael Cohen era ‘Tom’, referência a Tom Hagen, braço direito de Don Corleone no filme O Poderoso Chefão

Por Lúcia Guimarães CORRESPONDENTE e NOVA YORK

Um advogado formado em uma faculdade notória pela reputação de pior dos EUA adquiriu uma distinção que, há poucos meses, teria rejeitado. Ao admitir crimes e implicar o ex-cliente, Michael Cohen passou a ocupar uma posição de destaque entre os que poderiam pôr um fim prematuro à presidência de Donald Trump

Cohen receberá sua sentença no dia 12 de dezembro Foto: Jason Szenes / EFE

Há outros candidatos que conhecem há mais tempo os segredos do empresário nova-iorquino. Mas, no momento, Cohen tem incentivos poderosos: acusações que renderiam décadas de prisão, o possível envolvimento de sua mulher em fraude fiscal e a ruína econômica, apressada pelo fato de que a família Trump parou, há meses, de bancar sua astronômica conta de defesa legal.

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O currículo de Cohen, de 52 anos, como o de outros personagens atraídos pelo ecossistema trumpiano, não impressionaria o menos exigente recrutador de qualquer empresa. Como o de ex-colegas na Organização Trump, continha, até este ano, a qualidade que o chefe mais preza: lealdade. 

O problema é que, na história pessoal e profissional do presidente, lealdade é uma via de mão única e, na terça-feira, diante de um juiz em Manhattan, Cohen, que chegou a dizer que levaria um tiro para proteger Trump, soltou a bomba. Admitiu que arranjou a compra do silêncio de mulheres “em coordenação e sob as ordens de um candidato a um cargo federal”, que o objetivo era “influenciar a eleição” presidencial de 2016.

Atriz pornô

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Com essas palavras e sob ameaça de ser acusado de mais um crime se estiver mentindo, o advogado envolveu o presidente em um crime federal. A lei eleitoral americana limita as doações de indivíduos a campanhas a US$ 2.700. A atriz pornô Stormy Daniels e a ex-coelhinha da Playboy Karen McDougal receberam um total de US$ 280 mil em troca do silêncio sobre o envolvimento sexual com Donald Trump. Cohen admitiu culpa em um total de oito acusações. Entre elas, fraude bancária e fiscal. Sua sentença será decidida em dezembro e, com a admissão de culpa, não deve ultrapassar 5 anos.

Descrever Cohen como o advogado de Trump pode ofuscar o fato de que ele, além de ser apenas um entre muitos lidando com questões jurídicas das empresas Trump, não era o mais importante. A melhor forma de descrever Cohen, seria como assessor e leão de chácara, ameaçando rivais e jornalistas que identificava como adversários do patrão. 

No livro Trump-Russia, a Definitive Story (Trump-Rússia, Uma História Definitiva), o repórter investigativo Seth Hettena narra a juventude de Cohen num enclave judaico de Long Island, a leste de Manhattan, e entre gângsteres russos no Brooklyn. Seu tio era dono de um salão de festas usado como ponto de encontro por membros do crime organizado. 

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Pouco depois de se formar na sofrível Thomas M. Cooley Law School, em Michigan, em 1991, Cohen abriu um escritório que se especializava em indenizações para vítimas de acidentes de trânsito. A revista Rolling Stone apurou que vários clientes do advogado haviam se envolvido em acidentes falsos, encenados entre cúmplices. Cohen não foi formalmente acusado, por falta de provas, no esquema que os promotores descreveram como a maior gangue de fraude de seguros do país. 

A carreira de Cohen é marcada pela presença de mentores e sócios encrencados com a lei. Sua decisão de admitir culpa pode estar associada à cooperação, num processo de fraude fiscal, de Evgeny “Gene” Freidman, conhecido como o Rei do Táxi, cuja frota incluía licenças de propriedade de Cohen. 

A licença para operar táxis amarelos em Nova York e, antes da chegada do Uber e de outros serviços similares, chegou a ser leiloada por US$1,3 milhão, em 2013, antes de despencar para uma média de US$ 250 mil este ano. Cohen é dono de dez licenças que a cidade de Nova York ameaça suspender se ele não vender e admitir culpa por esconder renda da operação dos táxis. 

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O investimento começou quando ele se casou com a ucraniana Laura Shusterman, filha de um proprietário de táxis que já foi condenado por fraude fiscal. Cohen investiu parte dos ganhos com táxis em prédios operados por Donald Trump, como a Trump World Tower, em Manhattan. Embora negue, promotores acreditam que ele deve seu emprego na empresa de Trump, a partir de 2006, ao sogro, Fima Shusterman, numa nebulosa troca de favores. 

Na Trump Tower da 5.ª Avenida, sede da empresa do presidente, Cohen adquiriu o apelido de “Tom”, uma referência ao personagem Tom Hagen, braço direito de Don Corleone no filme O Poderoso Chefão. Seu desencanto com o candidato que tanto defendeu começou quando não foi levado para a Casa Branca, onde sonhava ser nomeado chefe de gabinete. 

O abandono sofrido depois que o FBI deu uma batida em sua casa, escritório e quarto de hotel, em abril, selaram a separação com a família Trump. Ironicamente, agora que Michael Cohen parece desesperado para contar ao promotor especial Robert Mueller o que diz saber sobre o conluio da campanha com a Rússia, a investigação parece ter acumulado o suficiente para dispensar sua cooperação.

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Uma audiência de alto risco para a Casa Branca confrontou nesta segunda-feira, em uma corte federal de Nova York, o advogado pessoal de Donald Trump, Michael Cohen, investigado pelo FBI, e Stormy Daniels, uma ex-atriz pornô que garante ter tido um caso com Trump.

Um advogado formado em uma faculdade notória pela reputação de pior dos EUA adquiriu uma distinção que, há poucos meses, teria rejeitado. Ao admitir crimes e implicar o ex-cliente, Michael Cohen passou a ocupar uma posição de destaque entre os que poderiam pôr um fim prematuro à presidência de Donald Trump

Cohen receberá sua sentença no dia 12 de dezembro Foto: Jason Szenes / EFE

Há outros candidatos que conhecem há mais tempo os segredos do empresário nova-iorquino. Mas, no momento, Cohen tem incentivos poderosos: acusações que renderiam décadas de prisão, o possível envolvimento de sua mulher em fraude fiscal e a ruína econômica, apressada pelo fato de que a família Trump parou, há meses, de bancar sua astronômica conta de defesa legal.

O currículo de Cohen, de 52 anos, como o de outros personagens atraídos pelo ecossistema trumpiano, não impressionaria o menos exigente recrutador de qualquer empresa. Como o de ex-colegas na Organização Trump, continha, até este ano, a qualidade que o chefe mais preza: lealdade. 

O problema é que, na história pessoal e profissional do presidente, lealdade é uma via de mão única e, na terça-feira, diante de um juiz em Manhattan, Cohen, que chegou a dizer que levaria um tiro para proteger Trump, soltou a bomba. Admitiu que arranjou a compra do silêncio de mulheres “em coordenação e sob as ordens de um candidato a um cargo federal”, que o objetivo era “influenciar a eleição” presidencial de 2016.

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Com essas palavras e sob ameaça de ser acusado de mais um crime se estiver mentindo, o advogado envolveu o presidente em um crime federal. A lei eleitoral americana limita as doações de indivíduos a campanhas a US$ 2.700. A atriz pornô Stormy Daniels e a ex-coelhinha da Playboy Karen McDougal receberam um total de US$ 280 mil em troca do silêncio sobre o envolvimento sexual com Donald Trump. Cohen admitiu culpa em um total de oito acusações. Entre elas, fraude bancária e fiscal. Sua sentença será decidida em dezembro e, com a admissão de culpa, não deve ultrapassar 5 anos.

Descrever Cohen como o advogado de Trump pode ofuscar o fato de que ele, além de ser apenas um entre muitos lidando com questões jurídicas das empresas Trump, não era o mais importante. A melhor forma de descrever Cohen, seria como assessor e leão de chácara, ameaçando rivais e jornalistas que identificava como adversários do patrão. 

No livro Trump-Russia, a Definitive Story (Trump-Rússia, Uma História Definitiva), o repórter investigativo Seth Hettena narra a juventude de Cohen num enclave judaico de Long Island, a leste de Manhattan, e entre gângsteres russos no Brooklyn. Seu tio era dono de um salão de festas usado como ponto de encontro por membros do crime organizado. 

Pouco depois de se formar na sofrível Thomas M. Cooley Law School, em Michigan, em 1991, Cohen abriu um escritório que se especializava em indenizações para vítimas de acidentes de trânsito. A revista Rolling Stone apurou que vários clientes do advogado haviam se envolvido em acidentes falsos, encenados entre cúmplices. Cohen não foi formalmente acusado, por falta de provas, no esquema que os promotores descreveram como a maior gangue de fraude de seguros do país. 

A carreira de Cohen é marcada pela presença de mentores e sócios encrencados com a lei. Sua decisão de admitir culpa pode estar associada à cooperação, num processo de fraude fiscal, de Evgeny “Gene” Freidman, conhecido como o Rei do Táxi, cuja frota incluía licenças de propriedade de Cohen. 

A licença para operar táxis amarelos em Nova York e, antes da chegada do Uber e de outros serviços similares, chegou a ser leiloada por US$1,3 milhão, em 2013, antes de despencar para uma média de US$ 250 mil este ano. Cohen é dono de dez licenças que a cidade de Nova York ameaça suspender se ele não vender e admitir culpa por esconder renda da operação dos táxis. 

O investimento começou quando ele se casou com a ucraniana Laura Shusterman, filha de um proprietário de táxis que já foi condenado por fraude fiscal. Cohen investiu parte dos ganhos com táxis em prédios operados por Donald Trump, como a Trump World Tower, em Manhattan. Embora negue, promotores acreditam que ele deve seu emprego na empresa de Trump, a partir de 2006, ao sogro, Fima Shusterman, numa nebulosa troca de favores. 

Na Trump Tower da 5.ª Avenida, sede da empresa do presidente, Cohen adquiriu o apelido de “Tom”, uma referência ao personagem Tom Hagen, braço direito de Don Corleone no filme O Poderoso Chefão. Seu desencanto com o candidato que tanto defendeu começou quando não foi levado para a Casa Branca, onde sonhava ser nomeado chefe de gabinete. 

O abandono sofrido depois que o FBI deu uma batida em sua casa, escritório e quarto de hotel, em abril, selaram a separação com a família Trump. Ironicamente, agora que Michael Cohen parece desesperado para contar ao promotor especial Robert Mueller o que diz saber sobre o conluio da campanha com a Rússia, a investigação parece ter acumulado o suficiente para dispensar sua cooperação.

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Um advogado formado em uma faculdade notória pela reputação de pior dos EUA adquiriu uma distinção que, há poucos meses, teria rejeitado. Ao admitir crimes e implicar o ex-cliente, Michael Cohen passou a ocupar uma posição de destaque entre os que poderiam pôr um fim prematuro à presidência de Donald Trump

Cohen receberá sua sentença no dia 12 de dezembro Foto: Jason Szenes / EFE

Há outros candidatos que conhecem há mais tempo os segredos do empresário nova-iorquino. Mas, no momento, Cohen tem incentivos poderosos: acusações que renderiam décadas de prisão, o possível envolvimento de sua mulher em fraude fiscal e a ruína econômica, apressada pelo fato de que a família Trump parou, há meses, de bancar sua astronômica conta de defesa legal.

O currículo de Cohen, de 52 anos, como o de outros personagens atraídos pelo ecossistema trumpiano, não impressionaria o menos exigente recrutador de qualquer empresa. Como o de ex-colegas na Organização Trump, continha, até este ano, a qualidade que o chefe mais preza: lealdade. 

O problema é que, na história pessoal e profissional do presidente, lealdade é uma via de mão única e, na terça-feira, diante de um juiz em Manhattan, Cohen, que chegou a dizer que levaria um tiro para proteger Trump, soltou a bomba. Admitiu que arranjou a compra do silêncio de mulheres “em coordenação e sob as ordens de um candidato a um cargo federal”, que o objetivo era “influenciar a eleição” presidencial de 2016.

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Com essas palavras e sob ameaça de ser acusado de mais um crime se estiver mentindo, o advogado envolveu o presidente em um crime federal. A lei eleitoral americana limita as doações de indivíduos a campanhas a US$ 2.700. A atriz pornô Stormy Daniels e a ex-coelhinha da Playboy Karen McDougal receberam um total de US$ 280 mil em troca do silêncio sobre o envolvimento sexual com Donald Trump. Cohen admitiu culpa em um total de oito acusações. Entre elas, fraude bancária e fiscal. Sua sentença será decidida em dezembro e, com a admissão de culpa, não deve ultrapassar 5 anos.

Descrever Cohen como o advogado de Trump pode ofuscar o fato de que ele, além de ser apenas um entre muitos lidando com questões jurídicas das empresas Trump, não era o mais importante. A melhor forma de descrever Cohen, seria como assessor e leão de chácara, ameaçando rivais e jornalistas que identificava como adversários do patrão. 

No livro Trump-Russia, a Definitive Story (Trump-Rússia, Uma História Definitiva), o repórter investigativo Seth Hettena narra a juventude de Cohen num enclave judaico de Long Island, a leste de Manhattan, e entre gângsteres russos no Brooklyn. Seu tio era dono de um salão de festas usado como ponto de encontro por membros do crime organizado. 

Pouco depois de se formar na sofrível Thomas M. Cooley Law School, em Michigan, em 1991, Cohen abriu um escritório que se especializava em indenizações para vítimas de acidentes de trânsito. A revista Rolling Stone apurou que vários clientes do advogado haviam se envolvido em acidentes falsos, encenados entre cúmplices. Cohen não foi formalmente acusado, por falta de provas, no esquema que os promotores descreveram como a maior gangue de fraude de seguros do país. 

A carreira de Cohen é marcada pela presença de mentores e sócios encrencados com a lei. Sua decisão de admitir culpa pode estar associada à cooperação, num processo de fraude fiscal, de Evgeny “Gene” Freidman, conhecido como o Rei do Táxi, cuja frota incluía licenças de propriedade de Cohen. 

A licença para operar táxis amarelos em Nova York e, antes da chegada do Uber e de outros serviços similares, chegou a ser leiloada por US$1,3 milhão, em 2013, antes de despencar para uma média de US$ 250 mil este ano. Cohen é dono de dez licenças que a cidade de Nova York ameaça suspender se ele não vender e admitir culpa por esconder renda da operação dos táxis. 

O investimento começou quando ele se casou com a ucraniana Laura Shusterman, filha de um proprietário de táxis que já foi condenado por fraude fiscal. Cohen investiu parte dos ganhos com táxis em prédios operados por Donald Trump, como a Trump World Tower, em Manhattan. Embora negue, promotores acreditam que ele deve seu emprego na empresa de Trump, a partir de 2006, ao sogro, Fima Shusterman, numa nebulosa troca de favores. 

Na Trump Tower da 5.ª Avenida, sede da empresa do presidente, Cohen adquiriu o apelido de “Tom”, uma referência ao personagem Tom Hagen, braço direito de Don Corleone no filme O Poderoso Chefão. Seu desencanto com o candidato que tanto defendeu começou quando não foi levado para a Casa Branca, onde sonhava ser nomeado chefe de gabinete. 

O abandono sofrido depois que o FBI deu uma batida em sua casa, escritório e quarto de hotel, em abril, selaram a separação com a família Trump. Ironicamente, agora que Michael Cohen parece desesperado para contar ao promotor especial Robert Mueller o que diz saber sobre o conluio da campanha com a Rússia, a investigação parece ter acumulado o suficiente para dispensar sua cooperação.

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Uma audiência de alto risco para a Casa Branca confrontou nesta segunda-feira, em uma corte federal de Nova York, o advogado pessoal de Donald Trump, Michael Cohen, investigado pelo FBI, e Stormy Daniels, uma ex-atriz pornô que garante ter tido um caso com Trump.

Um advogado formado em uma faculdade notória pela reputação de pior dos EUA adquiriu uma distinção que, há poucos meses, teria rejeitado. Ao admitir crimes e implicar o ex-cliente, Michael Cohen passou a ocupar uma posição de destaque entre os que poderiam pôr um fim prematuro à presidência de Donald Trump

Cohen receberá sua sentença no dia 12 de dezembro Foto: Jason Szenes / EFE

Há outros candidatos que conhecem há mais tempo os segredos do empresário nova-iorquino. Mas, no momento, Cohen tem incentivos poderosos: acusações que renderiam décadas de prisão, o possível envolvimento de sua mulher em fraude fiscal e a ruína econômica, apressada pelo fato de que a família Trump parou, há meses, de bancar sua astronômica conta de defesa legal.

O currículo de Cohen, de 52 anos, como o de outros personagens atraídos pelo ecossistema trumpiano, não impressionaria o menos exigente recrutador de qualquer empresa. Como o de ex-colegas na Organização Trump, continha, até este ano, a qualidade que o chefe mais preza: lealdade. 

O problema é que, na história pessoal e profissional do presidente, lealdade é uma via de mão única e, na terça-feira, diante de um juiz em Manhattan, Cohen, que chegou a dizer que levaria um tiro para proteger Trump, soltou a bomba. Admitiu que arranjou a compra do silêncio de mulheres “em coordenação e sob as ordens de um candidato a um cargo federal”, que o objetivo era “influenciar a eleição” presidencial de 2016.

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Com essas palavras e sob ameaça de ser acusado de mais um crime se estiver mentindo, o advogado envolveu o presidente em um crime federal. A lei eleitoral americana limita as doações de indivíduos a campanhas a US$ 2.700. A atriz pornô Stormy Daniels e a ex-coelhinha da Playboy Karen McDougal receberam um total de US$ 280 mil em troca do silêncio sobre o envolvimento sexual com Donald Trump. Cohen admitiu culpa em um total de oito acusações. Entre elas, fraude bancária e fiscal. Sua sentença será decidida em dezembro e, com a admissão de culpa, não deve ultrapassar 5 anos.

Descrever Cohen como o advogado de Trump pode ofuscar o fato de que ele, além de ser apenas um entre muitos lidando com questões jurídicas das empresas Trump, não era o mais importante. A melhor forma de descrever Cohen, seria como assessor e leão de chácara, ameaçando rivais e jornalistas que identificava como adversários do patrão. 

No livro Trump-Russia, a Definitive Story (Trump-Rússia, Uma História Definitiva), o repórter investigativo Seth Hettena narra a juventude de Cohen num enclave judaico de Long Island, a leste de Manhattan, e entre gângsteres russos no Brooklyn. Seu tio era dono de um salão de festas usado como ponto de encontro por membros do crime organizado. 

Pouco depois de se formar na sofrível Thomas M. Cooley Law School, em Michigan, em 1991, Cohen abriu um escritório que se especializava em indenizações para vítimas de acidentes de trânsito. A revista Rolling Stone apurou que vários clientes do advogado haviam se envolvido em acidentes falsos, encenados entre cúmplices. Cohen não foi formalmente acusado, por falta de provas, no esquema que os promotores descreveram como a maior gangue de fraude de seguros do país. 

A carreira de Cohen é marcada pela presença de mentores e sócios encrencados com a lei. Sua decisão de admitir culpa pode estar associada à cooperação, num processo de fraude fiscal, de Evgeny “Gene” Freidman, conhecido como o Rei do Táxi, cuja frota incluía licenças de propriedade de Cohen. 

A licença para operar táxis amarelos em Nova York e, antes da chegada do Uber e de outros serviços similares, chegou a ser leiloada por US$1,3 milhão, em 2013, antes de despencar para uma média de US$ 250 mil este ano. Cohen é dono de dez licenças que a cidade de Nova York ameaça suspender se ele não vender e admitir culpa por esconder renda da operação dos táxis. 

O investimento começou quando ele se casou com a ucraniana Laura Shusterman, filha de um proprietário de táxis que já foi condenado por fraude fiscal. Cohen investiu parte dos ganhos com táxis em prédios operados por Donald Trump, como a Trump World Tower, em Manhattan. Embora negue, promotores acreditam que ele deve seu emprego na empresa de Trump, a partir de 2006, ao sogro, Fima Shusterman, numa nebulosa troca de favores. 

Na Trump Tower da 5.ª Avenida, sede da empresa do presidente, Cohen adquiriu o apelido de “Tom”, uma referência ao personagem Tom Hagen, braço direito de Don Corleone no filme O Poderoso Chefão. Seu desencanto com o candidato que tanto defendeu começou quando não foi levado para a Casa Branca, onde sonhava ser nomeado chefe de gabinete. 

O abandono sofrido depois que o FBI deu uma batida em sua casa, escritório e quarto de hotel, em abril, selaram a separação com a família Trump. Ironicamente, agora que Michael Cohen parece desesperado para contar ao promotor especial Robert Mueller o que diz saber sobre o conluio da campanha com a Rússia, a investigação parece ter acumulado o suficiente para dispensar sua cooperação.

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Um advogado formado em uma faculdade notória pela reputação de pior dos EUA adquiriu uma distinção que, há poucos meses, teria rejeitado. Ao admitir crimes e implicar o ex-cliente, Michael Cohen passou a ocupar uma posição de destaque entre os que poderiam pôr um fim prematuro à presidência de Donald Trump

Cohen receberá sua sentença no dia 12 de dezembro Foto: Jason Szenes / EFE

Há outros candidatos que conhecem há mais tempo os segredos do empresário nova-iorquino. Mas, no momento, Cohen tem incentivos poderosos: acusações que renderiam décadas de prisão, o possível envolvimento de sua mulher em fraude fiscal e a ruína econômica, apressada pelo fato de que a família Trump parou, há meses, de bancar sua astronômica conta de defesa legal.

O currículo de Cohen, de 52 anos, como o de outros personagens atraídos pelo ecossistema trumpiano, não impressionaria o menos exigente recrutador de qualquer empresa. Como o de ex-colegas na Organização Trump, continha, até este ano, a qualidade que o chefe mais preza: lealdade. 

O problema é que, na história pessoal e profissional do presidente, lealdade é uma via de mão única e, na terça-feira, diante de um juiz em Manhattan, Cohen, que chegou a dizer que levaria um tiro para proteger Trump, soltou a bomba. Admitiu que arranjou a compra do silêncio de mulheres “em coordenação e sob as ordens de um candidato a um cargo federal”, que o objetivo era “influenciar a eleição” presidencial de 2016.

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Com essas palavras e sob ameaça de ser acusado de mais um crime se estiver mentindo, o advogado envolveu o presidente em um crime federal. A lei eleitoral americana limita as doações de indivíduos a campanhas a US$ 2.700. A atriz pornô Stormy Daniels e a ex-coelhinha da Playboy Karen McDougal receberam um total de US$ 280 mil em troca do silêncio sobre o envolvimento sexual com Donald Trump. Cohen admitiu culpa em um total de oito acusações. Entre elas, fraude bancária e fiscal. Sua sentença será decidida em dezembro e, com a admissão de culpa, não deve ultrapassar 5 anos.

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A carreira de Cohen é marcada pela presença de mentores e sócios encrencados com a lei. Sua decisão de admitir culpa pode estar associada à cooperação, num processo de fraude fiscal, de Evgeny “Gene” Freidman, conhecido como o Rei do Táxi, cuja frota incluía licenças de propriedade de Cohen. 

A licença para operar táxis amarelos em Nova York e, antes da chegada do Uber e de outros serviços similares, chegou a ser leiloada por US$1,3 milhão, em 2013, antes de despencar para uma média de US$ 250 mil este ano. Cohen é dono de dez licenças que a cidade de Nova York ameaça suspender se ele não vender e admitir culpa por esconder renda da operação dos táxis. 

O investimento começou quando ele se casou com a ucraniana Laura Shusterman, filha de um proprietário de táxis que já foi condenado por fraude fiscal. Cohen investiu parte dos ganhos com táxis em prédios operados por Donald Trump, como a Trump World Tower, em Manhattan. Embora negue, promotores acreditam que ele deve seu emprego na empresa de Trump, a partir de 2006, ao sogro, Fima Shusterman, numa nebulosa troca de favores. 

Na Trump Tower da 5.ª Avenida, sede da empresa do presidente, Cohen adquiriu o apelido de “Tom”, uma referência ao personagem Tom Hagen, braço direito de Don Corleone no filme O Poderoso Chefão. Seu desencanto com o candidato que tanto defendeu começou quando não foi levado para a Casa Branca, onde sonhava ser nomeado chefe de gabinete. 

O abandono sofrido depois que o FBI deu uma batida em sua casa, escritório e quarto de hotel, em abril, selaram a separação com a família Trump. Ironicamente, agora que Michael Cohen parece desesperado para contar ao promotor especial Robert Mueller o que diz saber sobre o conluio da campanha com a Rússia, a investigação parece ter acumulado o suficiente para dispensar sua cooperação.

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