As perguntas que foram feitas a Joe Biden por dois entrevistadores de rádio nesta semana foram fornecidas com antecedência aos apresentadores por membros da equipe de Biden, revelou um apresentador da CNN na manhã deste sábado, 7.
Andrea Lawful-Sanders, apresentadora do programa The Source na WURD na Filadélfia, disse que funcionários do presidente americano lhe deram uma lista de oito perguntas antes da entrevista na quarta-feira, 3.
“As perguntas foram enviadas para minha aprovação, eu as aprovei”, ela disse a Victor Blackwell, o âncora do programa First of All na CNN. Questionada se foi a Casa Branca que enviou as perguntas com antecedência para ela, ela disse que foi. “Eu recebi várias perguntas — oito delas”, ela disse. “E as quatro que foram escolhidas foram as que eu aprovei.”
Lauren Hitt, porta-voz da campanha de Biden, disse que na verdade foram assessores de campanha, não funcionários da Casa Branca, que enviaram a lista de perguntas. Ela disse que “não é incomum” que a campanha compartilhe tópicos preferenciais, mas acrescentou que os funcionários da campanha “não condicionam as entrevistas à aceitação dessas perguntas” pelo entrevistador.
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“Apresentadores são sempre livres para perguntar as perguntas que eles acreditam que irá melhor informar sua audiência”, ela disse. “Em acréscimo a essas entrevistas, o presidente também participou de uma coletiva de imprensa ontem bem como uma entrevista com a ABC. Americanos tiveram várias oportunidades de vê-lo sem roteiro desde o debate.”
Lawful-Sanders, a apresentadora da rádio, disse mais tarde no sábado que ela “nenhuma vez se sentiu pressionada para fazer determinadas perguntas” pela campanha.
“Eu escolhi as perguntas que eram mais importante para as comunidades negras e pardas que servimos na Filadélfia”, ela disse. “Essas perguntas provaram ser exatamente o que as comunidades negras e pardas desejavam.”
A campanha de Biden marcou entrevistas com os apresentadores de dois programas de rádio com grande número de ouvintes negros como parte de um esforço mais amplo para tranquilizar os americanos sobre sua saúde mental após seu desempenho desastroso no debate em Atlanta, que levantou profundas preocupações entre muitos democratas.
Em uma entrevista posterior à ABC News na sexta-feira, 5, o presidente pareceu se referir às suas trocas com os apresentadores de rádio negros como uma das evidências de que ele poderia dar conta dos rigores da campanha, citando o que ele disse serem “10 grandes eventos consecutivos” dos quais ele participou desde o debate.
Ninguém na campanha de Biden ou da Casa Branca revelou com antecedência que as perguntas foram fornecidas aos anfitriões, uma prática amplamente rejeitada como inapropriada por jornalistas, especialmente na cobertura de um político. E, no entanto, apesar de saber as perguntas com antecedência, o Biden ainda tropeçou em algumas delas.
Na entrevista comawful-Sanders, Biden chegou a falar, em determinado momento, que estava orgulhoso de ter sido “a primeira mulher negra a servir com um presidente negro”.
Durante sua aparição no The Earl Ingram Show, transmitido pela WAUK em Waukesha, Wisconsin, Biden respondeu a uma pergunta sobre por que o voto é importante com uma resposta hesitante e às vezes confusa.
“É aí que nós sempre — nós demos a Donald Trump o poder executivo — de usar um sistema — e isso nunca foi contemplado por nossos fundadores por causa das pessoas que ele nomeou para o tribunal”, ele disse, parecendo gaguejar várias vezes, uma condição com a qual ele luta desde criança. “É apenas imunidade presidencial. Ele pode dizer que eu fiz isso na minha capacidade como executivo, pode ter sido errado, mas eu fiz. Mas isso vai se manter — porque eu — e esse é o mesmo cara que diz que quer se vingar.”
Blackwell, entrevistando os dois apresentadores de rádio na manhã deste sábado, pareceu surpreso com a resposta sobre as perguntas pré-aprovadas. Ele questionou Lawful-Sanders sobre suas quatro perguntas porque disse ter notado que elas eram quase idênticas às quatro que Ingram fez em sua entrevista com Biden no mesmo dia. Ingram não contestou o relato dela de como as perguntas foram selecionadas.
“A razão pela qual eu pergunto não é uma crítica a nenhum de vocês”, disse Blackwell aos dois âncoras. “É só que se a Casa Branca está tentando agora provar a energia, o vigor, a acuidade do presidente, não sei como eles fazem isso enviando perguntas primeiro, antes das entrevistas, para que o presidente saiba o que está por vir.”