Peru: onda de violência se espalha, com saques e bloqueios de estradas; 18 já morreram


Região Sul do país é a que tem mais casos de confrontos e violência; manifestantes pedem renúncia da presidente Dina Boluarte e antecipação de eleições gerais

Por Redação

LIMA - Confrontos entre as forças de segurança e manifestantes contrários ao governo da presidente Dina Boluarte deixaram 18 mortos em Juliaca, sul do Peru, na segunda-feira, 9, aumentando o cenário de caos diante do impasse político no país.

“Confirmamos 18 mortos em Puno durante confrontos com as forças da ordem nas imediações do aeroporto de Juliaca”, disse uma fonte da Defensoria do Povo. Além disso, há cerca de 40 feridos registrados.

As vítimas apresentavam no corpo impactos de projétil, detalhou um representante do hospital Calos Monge, para onde foram levadas, em declarações ao canal N de televisão. Um policial foi queimado dentro de uma viatura.

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Mortos são identificados no hospital Carlos Monge, em Juliaca, após confrontos entre polícia e manifestantes Foto: STRINGER / AFP

“O que está acontecendo é um matança entre peruanos. Peço-lhes calma, não se exponham”, exclamou o prefeito de Juliaca, Oscar Cáceres, em um apelo desesperado à população, em entrevista à rádio local La Decana.

Com essa onda de violência, o número de mortes nas manifestações contra o governo chega a 40 em quase um mês de protestos.

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Ocupação de aeroporto

Os atos violentos de segunda-feira foram registrados quando uma multidão de cerca de duas mil pessoas tentou ocupar o aeroporto de Juliaca.

Centenas de manifestantes na praça principal de Puno, onde protestos levaram à morte de 17 pessoas  Foto: Juan Carlos CISNEROS / AFP
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“Hoje, mais de 9.000 pessoas se aproximaram do aeroporto de Juliaca e cerca de 2.000 delas iniciaram um ataque sem trégua contra a polícia e as instalações, usando armas improvisadas e com dupla carga de pólvora, gerando uma situação extrema”, disse o chefe de gabinete, Alberto Otárola, à imprensa.

O aeródromo está sob proteção policial e militar. Uma tentativa parecida de assalto já havia ocorrido no sábado, mas sem mortes. “Os policiais estavam atirando na gente (...) pedimos que a senhora Dina (Boluarte) renuncie (...) aceite que o povo não quer você”, disse um manifestante à agência France-Press.

A relação com Evo Morales

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Enquanto o país está mergulhado em uma grave crise institucional e política marcada por manifestações e bloqueios de estradas, o governo de Boluarte proibiu, até nova ordem, o ingresso no Peru do ex-presidente boliviano Evo Morales, “por intervir” em assuntos da política interna do país.

“Foi decretado o registro de impedimento de entrada no país, através de todos os postos de controle migratório, de nove cidadãos de nacionalidade boliviana, entre os quais se inclui o senhor Juan Evo Morales Ayma”, anunciou o Ministério do Interior, referindo-se ao ex-líder político que vem expressando seu apoio aos protestos contra o governo de Dina Boluarte.

O boliviano lamentou, no Twitter, a decisão do governo do Peru e afirmou que a medida busca “distrair e esquivar” as responsabilidades pelas “graves violações” dos direitos humanos.

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Autoridades peruanas alegam que Evo quer dividir o território do Peru, promovendo a secessão por meio da criação da “Runasur”, uma região que, em tese, incluiria parte do sul andino peruano com a Bolívia.

“O único separatismo no Peru é causado pelo racismo, pela exclusão e pela discriminação dos grupos de poder de Lima contra seu próprio povo. No fundo, a direita não aceita que os indígenas, os vilipendiados por sua cor de pele, sobrenome, ou lugar de origem cheguem ao poder”, reagiu Evo Morales no fim de semana.

No ano passado, o Parlamento peruano, controlado pela direita, declarou Evo “persona non grata”. A proibição de sua entrada no país era reivindicada no Congresso, que se tornou o principal ponto de apoio de Dina Boluarte.

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Puno, região aimara peruana na fronteira com a Bolívia, tornou-se epicentro dos protestos, com uma paralisação por tempo indeterminado desde 4 de janeiro. De lá, organiza-se uma marcha até a capital, Lima, que deve começar a chegar no dia 12, segundo convocações de diferentes coletivos sociais, que reúnem sobretudo camponeses.

O anúncio contra Evo coincide com novos protestos e bloqueios de estradas em seis das 25 regiões do país, onde manifestantes exigem a renúncia de Boluarte, a convocação de uma Assembleia Constituinte e a liberdade do presidente deposto Pedro Castillo.

“Nos últimos meses, foram identificados cidadãos estrangeiros de nacionalidade boliviana que ingressaram no país para realizar atividades de caráter político proselitista, o que constitui uma clara afetação da nossa legislação migratória, da segurança nacional e da ordem interna do Peru”, acrescentou o ministério do Interior, ao justificar a decisão.

Presidente da Bolívia entre 2006 e 2019, Evo tem uma presença ativa na política peruana desde que o agora ex-presidente Castillo assumiu, em julho de 2021, até sua destituição, no começo de dezembro. Em novembro, ele visitou Puno.

Castillo foi destituído após uma tentativa de golpe de Estado e cumpre 18 meses de prisão determinada por um juiz. / AFP

LIMA - Confrontos entre as forças de segurança e manifestantes contrários ao governo da presidente Dina Boluarte deixaram 18 mortos em Juliaca, sul do Peru, na segunda-feira, 9, aumentando o cenário de caos diante do impasse político no país.

“Confirmamos 18 mortos em Puno durante confrontos com as forças da ordem nas imediações do aeroporto de Juliaca”, disse uma fonte da Defensoria do Povo. Além disso, há cerca de 40 feridos registrados.

As vítimas apresentavam no corpo impactos de projétil, detalhou um representante do hospital Calos Monge, para onde foram levadas, em declarações ao canal N de televisão. Um policial foi queimado dentro de uma viatura.

Mortos são identificados no hospital Carlos Monge, em Juliaca, após confrontos entre polícia e manifestantes Foto: STRINGER / AFP

“O que está acontecendo é um matança entre peruanos. Peço-lhes calma, não se exponham”, exclamou o prefeito de Juliaca, Oscar Cáceres, em um apelo desesperado à população, em entrevista à rádio local La Decana.

Com essa onda de violência, o número de mortes nas manifestações contra o governo chega a 40 em quase um mês de protestos.

Ocupação de aeroporto

Os atos violentos de segunda-feira foram registrados quando uma multidão de cerca de duas mil pessoas tentou ocupar o aeroporto de Juliaca.

Centenas de manifestantes na praça principal de Puno, onde protestos levaram à morte de 17 pessoas  Foto: Juan Carlos CISNEROS / AFP

“Hoje, mais de 9.000 pessoas se aproximaram do aeroporto de Juliaca e cerca de 2.000 delas iniciaram um ataque sem trégua contra a polícia e as instalações, usando armas improvisadas e com dupla carga de pólvora, gerando uma situação extrema”, disse o chefe de gabinete, Alberto Otárola, à imprensa.

O aeródromo está sob proteção policial e militar. Uma tentativa parecida de assalto já havia ocorrido no sábado, mas sem mortes. “Os policiais estavam atirando na gente (...) pedimos que a senhora Dina (Boluarte) renuncie (...) aceite que o povo não quer você”, disse um manifestante à agência France-Press.

A relação com Evo Morales

Enquanto o país está mergulhado em uma grave crise institucional e política marcada por manifestações e bloqueios de estradas, o governo de Boluarte proibiu, até nova ordem, o ingresso no Peru do ex-presidente boliviano Evo Morales, “por intervir” em assuntos da política interna do país.

“Foi decretado o registro de impedimento de entrada no país, através de todos os postos de controle migratório, de nove cidadãos de nacionalidade boliviana, entre os quais se inclui o senhor Juan Evo Morales Ayma”, anunciou o Ministério do Interior, referindo-se ao ex-líder político que vem expressando seu apoio aos protestos contra o governo de Dina Boluarte.

O boliviano lamentou, no Twitter, a decisão do governo do Peru e afirmou que a medida busca “distrair e esquivar” as responsabilidades pelas “graves violações” dos direitos humanos.

Autoridades peruanas alegam que Evo quer dividir o território do Peru, promovendo a secessão por meio da criação da “Runasur”, uma região que, em tese, incluiria parte do sul andino peruano com a Bolívia.

“O único separatismo no Peru é causado pelo racismo, pela exclusão e pela discriminação dos grupos de poder de Lima contra seu próprio povo. No fundo, a direita não aceita que os indígenas, os vilipendiados por sua cor de pele, sobrenome, ou lugar de origem cheguem ao poder”, reagiu Evo Morales no fim de semana.

No ano passado, o Parlamento peruano, controlado pela direita, declarou Evo “persona non grata”. A proibição de sua entrada no país era reivindicada no Congresso, que se tornou o principal ponto de apoio de Dina Boluarte.

Puno, região aimara peruana na fronteira com a Bolívia, tornou-se epicentro dos protestos, com uma paralisação por tempo indeterminado desde 4 de janeiro. De lá, organiza-se uma marcha até a capital, Lima, que deve começar a chegar no dia 12, segundo convocações de diferentes coletivos sociais, que reúnem sobretudo camponeses.

O anúncio contra Evo coincide com novos protestos e bloqueios de estradas em seis das 25 regiões do país, onde manifestantes exigem a renúncia de Boluarte, a convocação de uma Assembleia Constituinte e a liberdade do presidente deposto Pedro Castillo.

“Nos últimos meses, foram identificados cidadãos estrangeiros de nacionalidade boliviana que ingressaram no país para realizar atividades de caráter político proselitista, o que constitui uma clara afetação da nossa legislação migratória, da segurança nacional e da ordem interna do Peru”, acrescentou o ministério do Interior, ao justificar a decisão.

Presidente da Bolívia entre 2006 e 2019, Evo tem uma presença ativa na política peruana desde que o agora ex-presidente Castillo assumiu, em julho de 2021, até sua destituição, no começo de dezembro. Em novembro, ele visitou Puno.

Castillo foi destituído após uma tentativa de golpe de Estado e cumpre 18 meses de prisão determinada por um juiz. / AFP

LIMA - Confrontos entre as forças de segurança e manifestantes contrários ao governo da presidente Dina Boluarte deixaram 18 mortos em Juliaca, sul do Peru, na segunda-feira, 9, aumentando o cenário de caos diante do impasse político no país.

“Confirmamos 18 mortos em Puno durante confrontos com as forças da ordem nas imediações do aeroporto de Juliaca”, disse uma fonte da Defensoria do Povo. Além disso, há cerca de 40 feridos registrados.

As vítimas apresentavam no corpo impactos de projétil, detalhou um representante do hospital Calos Monge, para onde foram levadas, em declarações ao canal N de televisão. Um policial foi queimado dentro de uma viatura.

Mortos são identificados no hospital Carlos Monge, em Juliaca, após confrontos entre polícia e manifestantes Foto: STRINGER / AFP

“O que está acontecendo é um matança entre peruanos. Peço-lhes calma, não se exponham”, exclamou o prefeito de Juliaca, Oscar Cáceres, em um apelo desesperado à população, em entrevista à rádio local La Decana.

Com essa onda de violência, o número de mortes nas manifestações contra o governo chega a 40 em quase um mês de protestos.

Ocupação de aeroporto

Os atos violentos de segunda-feira foram registrados quando uma multidão de cerca de duas mil pessoas tentou ocupar o aeroporto de Juliaca.

Centenas de manifestantes na praça principal de Puno, onde protestos levaram à morte de 17 pessoas  Foto: Juan Carlos CISNEROS / AFP

“Hoje, mais de 9.000 pessoas se aproximaram do aeroporto de Juliaca e cerca de 2.000 delas iniciaram um ataque sem trégua contra a polícia e as instalações, usando armas improvisadas e com dupla carga de pólvora, gerando uma situação extrema”, disse o chefe de gabinete, Alberto Otárola, à imprensa.

O aeródromo está sob proteção policial e militar. Uma tentativa parecida de assalto já havia ocorrido no sábado, mas sem mortes. “Os policiais estavam atirando na gente (...) pedimos que a senhora Dina (Boluarte) renuncie (...) aceite que o povo não quer você”, disse um manifestante à agência France-Press.

A relação com Evo Morales

Enquanto o país está mergulhado em uma grave crise institucional e política marcada por manifestações e bloqueios de estradas, o governo de Boluarte proibiu, até nova ordem, o ingresso no Peru do ex-presidente boliviano Evo Morales, “por intervir” em assuntos da política interna do país.

“Foi decretado o registro de impedimento de entrada no país, através de todos os postos de controle migratório, de nove cidadãos de nacionalidade boliviana, entre os quais se inclui o senhor Juan Evo Morales Ayma”, anunciou o Ministério do Interior, referindo-se ao ex-líder político que vem expressando seu apoio aos protestos contra o governo de Dina Boluarte.

O boliviano lamentou, no Twitter, a decisão do governo do Peru e afirmou que a medida busca “distrair e esquivar” as responsabilidades pelas “graves violações” dos direitos humanos.

Autoridades peruanas alegam que Evo quer dividir o território do Peru, promovendo a secessão por meio da criação da “Runasur”, uma região que, em tese, incluiria parte do sul andino peruano com a Bolívia.

“O único separatismo no Peru é causado pelo racismo, pela exclusão e pela discriminação dos grupos de poder de Lima contra seu próprio povo. No fundo, a direita não aceita que os indígenas, os vilipendiados por sua cor de pele, sobrenome, ou lugar de origem cheguem ao poder”, reagiu Evo Morales no fim de semana.

No ano passado, o Parlamento peruano, controlado pela direita, declarou Evo “persona non grata”. A proibição de sua entrada no país era reivindicada no Congresso, que se tornou o principal ponto de apoio de Dina Boluarte.

Puno, região aimara peruana na fronteira com a Bolívia, tornou-se epicentro dos protestos, com uma paralisação por tempo indeterminado desde 4 de janeiro. De lá, organiza-se uma marcha até a capital, Lima, que deve começar a chegar no dia 12, segundo convocações de diferentes coletivos sociais, que reúnem sobretudo camponeses.

O anúncio contra Evo coincide com novos protestos e bloqueios de estradas em seis das 25 regiões do país, onde manifestantes exigem a renúncia de Boluarte, a convocação de uma Assembleia Constituinte e a liberdade do presidente deposto Pedro Castillo.

“Nos últimos meses, foram identificados cidadãos estrangeiros de nacionalidade boliviana que ingressaram no país para realizar atividades de caráter político proselitista, o que constitui uma clara afetação da nossa legislação migratória, da segurança nacional e da ordem interna do Peru”, acrescentou o ministério do Interior, ao justificar a decisão.

Presidente da Bolívia entre 2006 e 2019, Evo tem uma presença ativa na política peruana desde que o agora ex-presidente Castillo assumiu, em julho de 2021, até sua destituição, no começo de dezembro. Em novembro, ele visitou Puno.

Castillo foi destituído após uma tentativa de golpe de Estado e cumpre 18 meses de prisão determinada por um juiz. / AFP

LIMA - Confrontos entre as forças de segurança e manifestantes contrários ao governo da presidente Dina Boluarte deixaram 18 mortos em Juliaca, sul do Peru, na segunda-feira, 9, aumentando o cenário de caos diante do impasse político no país.

“Confirmamos 18 mortos em Puno durante confrontos com as forças da ordem nas imediações do aeroporto de Juliaca”, disse uma fonte da Defensoria do Povo. Além disso, há cerca de 40 feridos registrados.

As vítimas apresentavam no corpo impactos de projétil, detalhou um representante do hospital Calos Monge, para onde foram levadas, em declarações ao canal N de televisão. Um policial foi queimado dentro de uma viatura.

Mortos são identificados no hospital Carlos Monge, em Juliaca, após confrontos entre polícia e manifestantes Foto: STRINGER / AFP

“O que está acontecendo é um matança entre peruanos. Peço-lhes calma, não se exponham”, exclamou o prefeito de Juliaca, Oscar Cáceres, em um apelo desesperado à população, em entrevista à rádio local La Decana.

Com essa onda de violência, o número de mortes nas manifestações contra o governo chega a 40 em quase um mês de protestos.

Ocupação de aeroporto

Os atos violentos de segunda-feira foram registrados quando uma multidão de cerca de duas mil pessoas tentou ocupar o aeroporto de Juliaca.

Centenas de manifestantes na praça principal de Puno, onde protestos levaram à morte de 17 pessoas  Foto: Juan Carlos CISNEROS / AFP

“Hoje, mais de 9.000 pessoas se aproximaram do aeroporto de Juliaca e cerca de 2.000 delas iniciaram um ataque sem trégua contra a polícia e as instalações, usando armas improvisadas e com dupla carga de pólvora, gerando uma situação extrema”, disse o chefe de gabinete, Alberto Otárola, à imprensa.

O aeródromo está sob proteção policial e militar. Uma tentativa parecida de assalto já havia ocorrido no sábado, mas sem mortes. “Os policiais estavam atirando na gente (...) pedimos que a senhora Dina (Boluarte) renuncie (...) aceite que o povo não quer você”, disse um manifestante à agência France-Press.

A relação com Evo Morales

Enquanto o país está mergulhado em uma grave crise institucional e política marcada por manifestações e bloqueios de estradas, o governo de Boluarte proibiu, até nova ordem, o ingresso no Peru do ex-presidente boliviano Evo Morales, “por intervir” em assuntos da política interna do país.

“Foi decretado o registro de impedimento de entrada no país, através de todos os postos de controle migratório, de nove cidadãos de nacionalidade boliviana, entre os quais se inclui o senhor Juan Evo Morales Ayma”, anunciou o Ministério do Interior, referindo-se ao ex-líder político que vem expressando seu apoio aos protestos contra o governo de Dina Boluarte.

O boliviano lamentou, no Twitter, a decisão do governo do Peru e afirmou que a medida busca “distrair e esquivar” as responsabilidades pelas “graves violações” dos direitos humanos.

Autoridades peruanas alegam que Evo quer dividir o território do Peru, promovendo a secessão por meio da criação da “Runasur”, uma região que, em tese, incluiria parte do sul andino peruano com a Bolívia.

“O único separatismo no Peru é causado pelo racismo, pela exclusão e pela discriminação dos grupos de poder de Lima contra seu próprio povo. No fundo, a direita não aceita que os indígenas, os vilipendiados por sua cor de pele, sobrenome, ou lugar de origem cheguem ao poder”, reagiu Evo Morales no fim de semana.

No ano passado, o Parlamento peruano, controlado pela direita, declarou Evo “persona non grata”. A proibição de sua entrada no país era reivindicada no Congresso, que se tornou o principal ponto de apoio de Dina Boluarte.

Puno, região aimara peruana na fronteira com a Bolívia, tornou-se epicentro dos protestos, com uma paralisação por tempo indeterminado desde 4 de janeiro. De lá, organiza-se uma marcha até a capital, Lima, que deve começar a chegar no dia 12, segundo convocações de diferentes coletivos sociais, que reúnem sobretudo camponeses.

O anúncio contra Evo coincide com novos protestos e bloqueios de estradas em seis das 25 regiões do país, onde manifestantes exigem a renúncia de Boluarte, a convocação de uma Assembleia Constituinte e a liberdade do presidente deposto Pedro Castillo.

“Nos últimos meses, foram identificados cidadãos estrangeiros de nacionalidade boliviana que ingressaram no país para realizar atividades de caráter político proselitista, o que constitui uma clara afetação da nossa legislação migratória, da segurança nacional e da ordem interna do Peru”, acrescentou o ministério do Interior, ao justificar a decisão.

Presidente da Bolívia entre 2006 e 2019, Evo tem uma presença ativa na política peruana desde que o agora ex-presidente Castillo assumiu, em julho de 2021, até sua destituição, no começo de dezembro. Em novembro, ele visitou Puno.

Castillo foi destituído após uma tentativa de golpe de Estado e cumpre 18 meses de prisão determinada por um juiz. / AFP

LIMA - Confrontos entre as forças de segurança e manifestantes contrários ao governo da presidente Dina Boluarte deixaram 18 mortos em Juliaca, sul do Peru, na segunda-feira, 9, aumentando o cenário de caos diante do impasse político no país.

“Confirmamos 18 mortos em Puno durante confrontos com as forças da ordem nas imediações do aeroporto de Juliaca”, disse uma fonte da Defensoria do Povo. Além disso, há cerca de 40 feridos registrados.

As vítimas apresentavam no corpo impactos de projétil, detalhou um representante do hospital Calos Monge, para onde foram levadas, em declarações ao canal N de televisão. Um policial foi queimado dentro de uma viatura.

Mortos são identificados no hospital Carlos Monge, em Juliaca, após confrontos entre polícia e manifestantes Foto: STRINGER / AFP

“O que está acontecendo é um matança entre peruanos. Peço-lhes calma, não se exponham”, exclamou o prefeito de Juliaca, Oscar Cáceres, em um apelo desesperado à população, em entrevista à rádio local La Decana.

Com essa onda de violência, o número de mortes nas manifestações contra o governo chega a 40 em quase um mês de protestos.

Ocupação de aeroporto

Os atos violentos de segunda-feira foram registrados quando uma multidão de cerca de duas mil pessoas tentou ocupar o aeroporto de Juliaca.

Centenas de manifestantes na praça principal de Puno, onde protestos levaram à morte de 17 pessoas  Foto: Juan Carlos CISNEROS / AFP

“Hoje, mais de 9.000 pessoas se aproximaram do aeroporto de Juliaca e cerca de 2.000 delas iniciaram um ataque sem trégua contra a polícia e as instalações, usando armas improvisadas e com dupla carga de pólvora, gerando uma situação extrema”, disse o chefe de gabinete, Alberto Otárola, à imprensa.

O aeródromo está sob proteção policial e militar. Uma tentativa parecida de assalto já havia ocorrido no sábado, mas sem mortes. “Os policiais estavam atirando na gente (...) pedimos que a senhora Dina (Boluarte) renuncie (...) aceite que o povo não quer você”, disse um manifestante à agência France-Press.

A relação com Evo Morales

Enquanto o país está mergulhado em uma grave crise institucional e política marcada por manifestações e bloqueios de estradas, o governo de Boluarte proibiu, até nova ordem, o ingresso no Peru do ex-presidente boliviano Evo Morales, “por intervir” em assuntos da política interna do país.

“Foi decretado o registro de impedimento de entrada no país, através de todos os postos de controle migratório, de nove cidadãos de nacionalidade boliviana, entre os quais se inclui o senhor Juan Evo Morales Ayma”, anunciou o Ministério do Interior, referindo-se ao ex-líder político que vem expressando seu apoio aos protestos contra o governo de Dina Boluarte.

O boliviano lamentou, no Twitter, a decisão do governo do Peru e afirmou que a medida busca “distrair e esquivar” as responsabilidades pelas “graves violações” dos direitos humanos.

Autoridades peruanas alegam que Evo quer dividir o território do Peru, promovendo a secessão por meio da criação da “Runasur”, uma região que, em tese, incluiria parte do sul andino peruano com a Bolívia.

“O único separatismo no Peru é causado pelo racismo, pela exclusão e pela discriminação dos grupos de poder de Lima contra seu próprio povo. No fundo, a direita não aceita que os indígenas, os vilipendiados por sua cor de pele, sobrenome, ou lugar de origem cheguem ao poder”, reagiu Evo Morales no fim de semana.

No ano passado, o Parlamento peruano, controlado pela direita, declarou Evo “persona non grata”. A proibição de sua entrada no país era reivindicada no Congresso, que se tornou o principal ponto de apoio de Dina Boluarte.

Puno, região aimara peruana na fronteira com a Bolívia, tornou-se epicentro dos protestos, com uma paralisação por tempo indeterminado desde 4 de janeiro. De lá, organiza-se uma marcha até a capital, Lima, que deve começar a chegar no dia 12, segundo convocações de diferentes coletivos sociais, que reúnem sobretudo camponeses.

O anúncio contra Evo coincide com novos protestos e bloqueios de estradas em seis das 25 regiões do país, onde manifestantes exigem a renúncia de Boluarte, a convocação de uma Assembleia Constituinte e a liberdade do presidente deposto Pedro Castillo.

“Nos últimos meses, foram identificados cidadãos estrangeiros de nacionalidade boliviana que ingressaram no país para realizar atividades de caráter político proselitista, o que constitui uma clara afetação da nossa legislação migratória, da segurança nacional e da ordem interna do Peru”, acrescentou o ministério do Interior, ao justificar a decisão.

Presidente da Bolívia entre 2006 e 2019, Evo tem uma presença ativa na política peruana desde que o agora ex-presidente Castillo assumiu, em julho de 2021, até sua destituição, no começo de dezembro. Em novembro, ele visitou Puno.

Castillo foi destituído após uma tentativa de golpe de Estado e cumpre 18 meses de prisão determinada por um juiz. / AFP

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