O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acusou nesta quarta-feira, 7, grupos políticos da oposição de supostamente orquestrarem um “golpe branco” contra ele, depois que vieram à tona revelações de seu ex-embaixador em Caracas, Armando Benedetti — seu braço direito durante a eleição — sobre supostas irregularidades no financiamento de sua campanha eleitoral.
Em um discurso para milhares de pessoas em Bogotá durante uma manifestação em apoio às reformas de seu governo, que estão sendo bloqueadas pelo Congresso, Petro disse que o povo sairá às ruas para defender a democracia se ocorrer um “golpe branco”.
“Petro não está sozinho. Se eles ousarem violar o mandato popular, o povo da Colômbia sairá (...) para defender com suas mãos limpas, felizes e não violentas o (...) mandato popular”, disse ele.
De acordo com o presidente colombiano, essas acusações de corrupção têm o objetivo de desestabilizar seu governo.
“Eles divulgam essas mentiras porque há uma estratégia que precisamos entender e enfrentar. Eles querem destruir o apoio popular ao governo para ter um governo sozinho, querem isolar o governo de Petro de seu povo, querem criar desconfiança na base popular”, disse o presidente.
Mobilização de apoiadores
Para reagir ao recente escândalo, Petro mobilizou sua base, e as centrais sindicais convocaram marchas na quarta-feira em Bogotá e outras cidades da Colômbia em apoio às reformas propostas pelo presidente, em um momento em que o governo do político de Esquerda enfrenta a maior crise desde sua eleição em junho de 2022.
Com “o movimento sindical, estudantil, comunitário e camponês, estamos organizando essas marchas pacíficas em todo o país em apoio às reformas sociais e ao governo do presidente Petro”, explica Francisco Maltes, presidente da Central Unitária de Trabalhadores, em uma entrevista à estação de rádio pública Radio Nacional.
Recentemente, foram divulgadas gravações de áudio nas quais o ex-embaixador Benedetti afirma que realizou “cem reuniões” em favor do então candidato Petro e que “obteve” quatro milhões de dólares para sua candidatura à presidência da Colômbia.
Nos mesmos áudios revelados pela revista Semana, Benedetti repreende a ex-chefe de gabinete de Petro, Laura Sarabia — com quem ele tem uma disputa sobre supostas escutas ilegais que custaram o emprego de ambos — pelo relacionamento precário e insinua que ele pode fazer revelações que poderiam ter consequências para o governo.
“Se você quiser ser ameaçada, vou sair e contar tudo o que sei, o que é suficiente para acabar com o mundo, o seu e o meu”, disse Benedetti a Sarabia nos áudios divulgados na noite de domingo.
Tanto o Congresso quanto as autoridades eleitorais colombianas estão investigando o caso.
Oposição pede investigação do presidente
Por outro lado, na terça-feira, 6, diferentes setores políticos da Colômbia pressionaram o Congresso a iniciar investigações contra o presidente Gustavo Petro por supostas irregularidades, após a polêmica revelação de áudios de funcionários de alto escalão de seu governo que abalaram o país.
Na segunda-feira, 5, uma iniciativa para investigar o presidente e a origem dos fundos de sua campanha chegou ao legislativo colombiano, com o objetivo de levá-lo a julgamento. Três denúncias foram apresentadas à Comissão de Acusação, que será encarregada de investigar o assunto.
O presidente da Câmara dos Deputados, David Racero, do mesmo campo político de Petro, explicou o procedimento a ser seguido na Comissão de Acusação do Congresso.
“A primeira coisa é pedir ao presidente da Comissão de Acusação que faça a devida distribuição do processo”, pediu Racero. O congressista pró-governo está se referindo à nomeação dos legisladores investigadores.
O senador Miguel Uribe Turbay, do Partido Centro Democrático, opositor do governo e um dos que denunciaram Petro, disse que os áudios divulgados mostrariam evidências de “crimes relacionados a financiamento ilegal e compra de votos”.
David Luna, senador do partido Cambio Radical, também opositor do governo de Petro, pediu aos órgãos de controle que “investiguem a fundo os possíveis atos de corrupção ocorridos na campanha do atual presidente” e acrescentou que “se os depoimentos revelados forem verdadeiros, as consequências devem ser contundentes”.