Uma taça de vinho e (aparentemente) uma pizza. Estes elementos-chave da cultura e da gastronomia italiana são os protagonistas de uma descoberta recente feita por arqueólogos em Pompeia, no sul da Itália. O parque da antiga cidade anunciou, nesta terça-feira, 27, que encontrou um afresco de mais de 2 mil anos que representa uma taça de vinho e “o que parece ser uma pizza”.
O afresco, uma técnica de pintura em paredes ou tetos, possui um fundo preto, “que impressiona pela notável qualidade”, foi descoberto durante escavações nas paredes de uma antiga casa da famosa cidade romana destruída e soterrada pelas cinzas da erupção do Vesúvio, no ano 79.
“O que se vê nesta pintura pompeiana de 2 mil anos atrás se assemelha a uma pizza, mas obviamente não é, pois faltam alguns dos ingredientes mais característicos, como tomate e mussarela”, afirmou em comunicado a administração do parque, que é patrimônio mundial da Unesco.
Os tomates só foram introduzidos na Europa vindos das Américas há alguns séculos, e algumas histórias dizem que a descoberta da mussarela levou diretamente à invenção da pizza na vizinha Nápoles em 1700. Uma das hipóteses é que o alimento possa ser uma focaccia, outro preparo típico da Itália.
Em formato redondo, a “pizza” é acompanhada por frutas (uma romã e o que parecem tâmaras) e especiarias, representadas por pontinhos amarelados e ocres, e está colocada em uma elegante bandeja de prata, além da taça de vinho tinto.
“Impossível não pensar na pizza, que nasceu como um prato ‘pobre’ no sul da Itália, que agora conquistou o mundo e é servida até em restaurantes premiados com estrelas” da gastronomia, comentou o diretor das instalações de Pompeia, o alemão Gabriel Zuchtriegel.
Este tipo de representação - conhecido na antiguidade sob o nome grego de “xenia” - inspira-se nos “presentes de hospitalidade” oferecidos aos hóspedes, segundo uma tradição grega que remonta a um período do século III a I antes de Jesus Cristo, disseram os arqueólogos.
A arte estava no átrio de um sobrado de uma padaria, numa zona já explorada entre 1888 e 1891 e onde as buscas foram retomadas em janeiro deste ano. “Pompeia não cansa de nos surpreender, é um lugar que sempre revela novos tesouros”, disse o ministro da Cultura, Gennaro Sangiuliano./AFP e AP.