Plano de Israel para colonizar territórios palestinos avança com guerra sem fim e volta de Trump


Ministros do governo Netanyahu defendem abertamente tomada de terras na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, apoiados por movimentos de colonos; retorno de Trump em 2025 é ‘oportunidade’ para plano

Por Luiz Henrique Gomes
Atualização:

Os planos de ocupação de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia avançaram nos últimos meses, à medida em que a guerra contra o Hamas continua mesmo após a morte das principais lideranças do grupo. Em Gaza, Israel declarou a intenção de criar uma zona de segurança na região norte e passou a ocupá-la com postos e bases militares. No outro território palestino, a Cisjordânia, a anexação acelerou de forma violenta e com o apoio do governo israelense após o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023.

A campanha militar israelense desencadeada pelo ataque ocupou uma área da Faixa de Gaza desde os primeiros dias. À princípio, Israel justificou a ocupação como parte do combate contra o Hamas e do resgate dos reféns do grupo e disse que não tinha intenção de permanecer no local. Nos últimos três meses, no entanto, sinais concretos de uma ocupação à longo prazo começaram a surgir e movimentos colonialistas começaram a defendê-la com mais veemência e respaldo do governo.

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Imagens de satélite analisadas pelo jornal americano The New York Times indicam que os soldados israelenses demoliram mais de 600 prédios nos arredores do corredor Netzarim, uma estrada de 10 quilômetros de extensão construída pelo Exército nos primeiros dias de guerra para impedir o retorno dos civis palestinos ao norte do enclave enquanto havia operações militares. Com as demolições, os militares israelenses passaram a controlar uma área de 46 km², mostram as imagens.

Esse território faz parte de uma “zona de proteção” que conta com postos militares avançados, bases de defesa e torres de comunicação, afirma o NYT. Uma parte foi construída no início da guerra, mas muitas construções seguem em andamento, acrescenta o jornal. De 19 bases identificadas por satélite, 12 foram construídas ou expandidas a partir de setembro, com estradas de acesso pavimentadas, valas defensivas e estacionamentos para blindados.

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Apesar disso, o Exército israelense nega que as bases signifiquem uma ocupação prolongada no enclave. “Qualquer coisa que tenha sido construída lá pode ser desmontada em um dia”, disse o tenente-coronel Nadav Shoshani, porta-voz militar israelense, ao NYT.

No entanto, o local que a zona de proteção foi estabelecida, entre a Cidade de Gaza (norte) e Khan Younis (sul), ecoa os planos declarados de ministros do governo de Binyamin Netanyahu de reduzir e ocupar os territórios palestinos, seja no enclave ou na Cisjordânia. Em geral, esses planos são traçados em conjunto com colonos em conferências e reuniões.

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Os planos dos colonos para Gaza

No dia 26 de novembro, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, declarou em público que pretende reduzir a população da Faixa de Gaza pela metade. “Podemos e devemos conquistar a Faixa de Gaza, não devemos ter medo desta palavra”, disse Smotrich em um evento do Conselho Yesha, que representa os colonos de Israel que ocupam a Cisjordânia.

Conhecido como um dos membros mais extremistas do governo de Binyamin Netanyahu e colono na Cisjordânia, Smotrich jamais escondeu ser defensor da ocupação dos territórios palestinos. Além dele, também integra o governo israelense outro colono e defensor da ocupação: o ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, líder do partido Otzma Yehudit (Poder Judaico, traduzido para português).

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Os dois têm boas relações com a Nachala, uma organização de colonos que planeja a reocupação da Faixa de Gaza, assim como da Cisjordânia. Um mês antes da declaração de Smotrich sobre a população de Gaza, a Nachala realizava em Be’eri, um kibutz próximo ao enclave que foi destruído pelo ataque do Hamas em 7 de outubro, a conferência “Preparando-se para Reassentar Gaza”. Smotrich e Ben-Gvir participaram, assim como deputados do partido Likud, de Netanyahu.

Imagem de 19 de fevereiro mostra militares israelenses tirando selfies em uma área destruída na Faixa de Gaza. Israel sinaliza ocupação prolongada no enclave Foto: Tsafrir Abayov/AP

A organização defende a reocupação do enclave no modelo semelhante ao que existiu entre a guerra árabe-israelense em 1967 e 2005, quando o país retirou as tropas e os colonos. Segundo a presidente da Nachala, Daniella Weiss, veterana do movimento colonialista, o plano é fazer os civis palestinos desaparecerem do enclave.

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Em diversas entrevistas gravadas, Weiss repete que os palestinos, que ela costuma chamar somente de “árabes”, querem ir para outros países. “Como fazemos isso? Nós o encorajamos. Os palestinos em Gaza, os bons, estarão habilitados a isso. Não estou dizendo forçados, mas habilitados, porque eles querem ir”, disse à BBC em março.

Apesar da maioria dos cidadãos israelenses serem contrários à ocupação em Gaza, as ideias de Weiss e da sua organização têm mais influência no governo. Em janeiro, eles apresentaram um mapa da Faixa de Gaza com assentamentos por todo o enclave e desde então ela tem ido ao território, em visitas registradas pelas redes sociais e de forma ilegal, sem permissão oficial do Exército israelense.

Uma de suas últimas visitas aconteceu também em novembro. Desta vez, estava acompanhada do ministro da Habitação e Construção, Yitzchak Goldknopf. Na rede social X, o ministro falou sobre a visita: “Visitei hoje os assentamentos da Faixa de Gaza”, disse. “O assentamento judaico aqui é a resposta ao terrível massacre e a resposta ao Tribunal Penal Internacional em Haia que, em vez de cuidar dos 101 reféns, escolheu emitir mandados de prisão contra o primeiro-ministro e o ministro da defesa”, acrescentou.

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Em resposta, a Nachala disse que com o apoio do ministro seriam capazes de construir os assentamentos, chamados de uma “única solução para um futuro seguro para o povo de Israel”. “Mantenha sua mão forte, Ministro Goldknopf! Juntos seremos capazes de estabelecer muitos assentamentos na Terra de Israel!”, escreveu em hebraico.

Mesmo que não haja declarações explícitas do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, as movimentações dos membros do governo evidenciam o apoio crescente aos colonos. E, segundo entidades e representantes que denunciam a ocupação dos territórios palestinos, não é necessário que haja apoio explícito dele para os planos avançarem. “Tais práticas ilegais, juntamente com a repressão aos palestinos, são características proeminentes do 37º governo de coalizão israelense formado pelo primeiro-ministro Netanyahu em dezembro de 2022″, escreveu a Anistia Internacional sobre a colonização no relatório publicado no dia 5, que classificou as ações na Faixa de Gaza de genocídio. Na Cisjordânia, o novo avanço da ocupação já está em andamento.

Os avanços da ocupação na Cisjordânia e Jerusalém ocupada

Nos dias que sucederam o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro, o ministro Itamar Ben-Gvir concedeu centenas de licenças para porte de fuzis para judeus que vivem na Cisjordânia, onde vivem três milhões de palestinos. Os olhos estavam voltados para a guerra entre o Exército israelense e o Hamas em Gaza, mas na fronteira do outro lado de Israel os conflitos entre israelenses e palestinos também existiam.

Entre o ataque terrorista de 7 de outubro e julho deste ano, mais de 700 palestinos na Cisjordânia foram mortos por forças israelenses e outros 6 mil, presos, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Isso foi acompanhado de demolição de casas e estabelecimentos comerciais e expulsões de famílias de seus territórios. O OCHA estima cerca de 1,6 mil palestinos expulsos de casa, sendo mais de 700 crianças, e 800 prédios destruídos. Nas áreas rurais, a organização documentou queimadas em plantações, afetando a agricultura, uma das únicas atividades econômicas que restou para os palestinos.

A entidade, assim como outras organizações de defesa de direitos humanos, também identificam a restrição crescente de movimento para os palestinos.

Na maioria das cidades da Cisjordânia, ruas foram destruídas com escavadeiras, estradas foram fechadas e check-points, instalados. “Há vilarejos em que as pessoas não deixam a casa vazia, porque correm o risco de ter a casa ocupada por israelenses enquanto estão longe”, conta a brasileira-palestina Hyatt Omar, de 26 anos, que possui parentes em Hebron, cidade com mais de 200 mil palestinos e cercada por assentamentos.

Após o 7 de outubro, uma das tias de Hyatt ficou impedida de sair de casa por três meses depois da rua dela ser fechada por militares de Israel. A justificativa é de que estavam ali para fazer a segurança de um assentamento. Há casos, disse ela, em que os militares entram nas casas para fazer revistas e outros procedimentos sem qualquer amparo legal. “Os soldados entram nas nossas casas, trancam as pessoas por horas e deixam eles sem qualquer contato externo, sem nenhum amparo legal”, acrescentou.

As práticas relatadas são identificadas desde o início da ocupação israelense na Cisjordânia, que, assim como na Faixa de Gaza, começou em 1967. O período com a maior expansão dos colonos havia sido nos anos 1990, durante as discussões do Acordo de Oslo e com o objetivo de boicotá-lo, mas foi superada com o governo de Netanyahu estabelecido em 2022.

Imagens de 23 de novembro mostra colonos judeus moradores de uma colônia em Hebron, na Cisjordânia, com os dedos erguidos para palestinos próximo a Mesquita de Ibrahim. Violência de colonos aumentou na região depois do ataque terrorista de 7 de outubro Foto: Hazem Bader/AFP

Para além das violências, a ocupação ocorre com amparo do Estado, responsável por autorizar, por exemplo, o confisco de terras e reconhecer os assentamentos instalados por colonos. De acordo com a organização israelense Paz Agora, que monitora essas ações, 24,1 km² da área da Cisjordânia foram confiscadas pelo governo, sob ordem de Smotrich, entre 7 de outubro de 2023 e 31 de julho deste ano.

Smotrich também reconheceu oito postos avançados (considerados ilegais também na legislação israelense, embora o direito internacional considere ilegal qualquer tipo de colônia) e incluiu outros 70 como elegíveis para a construção de estradas e serviços públicos, o que abre caminho para a legalização futura. Em paralelo, o orçamento do ministro também cresceu para possibilitar os aumentos. “Tudo isso distancia a possibilidade de solução e paz, tornando a situação da ocupação irreversível”, disse o diretor da Paz Agora, Mauricio Lapchik.

Mesmo antes da guerra, o OCHA já havia documentado o aumento do movimento de colonização na Cisjordânia. Esses planos sempre estiveram na mesa dos ministros extremistas do governo, mas acelerou após o 7 de outubro à medida em que Smotrich e Ben-Gvir ganharam mais influência.

Colonos esperam no retorno de Trump um aliado internacional

No início de novembro, ambos comemoraram um novo fator que, avaliam, os fortaleceu ainda mais: a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. “Estávamos a um passo de aplicar a soberania aos assentamentos na Judeia e Samaria, e agora é a hora de fazê-lo”, disse Smotrich no dia 11, ao saudar a vitória e se referindo a Cisjordânia da maneira como os judeus ortodoxos a chamam.

No primeiro mandato de Trump, a expansão de moradias para judeus na Cisjordânia acelerou, enquanto o governo americano apoiou as reivindicações territoriais de Israel. Isso incluiu o reconhecimento dos EUA de Jerusalém como capital de Israel e a mudança da Embaixada dos EUA para a cidade. A anexação das Colinas de Golã, um território da Síria, também foi reconhecida.

Embora ele não tenha declarado explicitamente a política para seu segundo mandato, as escolhas iniciais para o governo, incluindo dos embaixadores em Israel e na ONU, são pró-Israel. Ao ser questionado pela Rádio do Exército de Israel sobre a possibilidade de anexação da Cisjordânia, por exemplo, o indicado para ser o embaixador americano em Israel, Mike Huckabee, relembrou as ações do primeiro governo do republicano. “Nunca houve um presidente americano que tenha sido mais útil para garantir um entendimento da soberania de Israel. (...) Espero que isso continue”, disse, em entrevista reproduzida pela agência de notícias Associated Press.

Com o avanço dos colonos no início da guerra, países aliados dos israelenses, incluindo os EUA, se opuseram à política com sanções contra os colonos, na tentativa de dissuadir o avanço. O governo de Joe Biden aplicou sanções contra cerca de sete colonos e uma organização de colonos, chamada Amana. França, Reino Unido, União Europeia, Japão e Austrália aplicaram sanções semelhantes.

Embora a manutenção das sanções seja incerta sob o mandato de Trump, a efetividade das medidas é questionada mesmo quando estão em vigor. Daniella Weiss, presidente da Nachala, por exemplo, foi sancionada pelo Canadá em 27 de junho. Três dias depois, ela posou com o ministro Bezalel Smotrich para comemorar o reconhecimento de um posto avançado ao sul da cidade de Nablus. “Um primeiro passo para frustrar um Estado palestino no coração do nosso país”, escreveu nas redes sociais um de seus apoiadores.

Os planos de ocupação de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia avançaram nos últimos meses, à medida em que a guerra contra o Hamas continua mesmo após a morte das principais lideranças do grupo. Em Gaza, Israel declarou a intenção de criar uma zona de segurança na região norte e passou a ocupá-la com postos e bases militares. No outro território palestino, a Cisjordânia, a anexação acelerou de forma violenta e com o apoio do governo israelense após o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023.

A campanha militar israelense desencadeada pelo ataque ocupou uma área da Faixa de Gaza desde os primeiros dias. À princípio, Israel justificou a ocupação como parte do combate contra o Hamas e do resgate dos reféns do grupo e disse que não tinha intenção de permanecer no local. Nos últimos três meses, no entanto, sinais concretos de uma ocupação à longo prazo começaram a surgir e movimentos colonialistas começaram a defendê-la com mais veemência e respaldo do governo.

Imagens de satélite analisadas pelo jornal americano The New York Times indicam que os soldados israelenses demoliram mais de 600 prédios nos arredores do corredor Netzarim, uma estrada de 10 quilômetros de extensão construída pelo Exército nos primeiros dias de guerra para impedir o retorno dos civis palestinos ao norte do enclave enquanto havia operações militares. Com as demolições, os militares israelenses passaram a controlar uma área de 46 km², mostram as imagens.

Esse território faz parte de uma “zona de proteção” que conta com postos militares avançados, bases de defesa e torres de comunicação, afirma o NYT. Uma parte foi construída no início da guerra, mas muitas construções seguem em andamento, acrescenta o jornal. De 19 bases identificadas por satélite, 12 foram construídas ou expandidas a partir de setembro, com estradas de acesso pavimentadas, valas defensivas e estacionamentos para blindados.

Apesar disso, o Exército israelense nega que as bases signifiquem uma ocupação prolongada no enclave. “Qualquer coisa que tenha sido construída lá pode ser desmontada em um dia”, disse o tenente-coronel Nadav Shoshani, porta-voz militar israelense, ao NYT.

No entanto, o local que a zona de proteção foi estabelecida, entre a Cidade de Gaza (norte) e Khan Younis (sul), ecoa os planos declarados de ministros do governo de Binyamin Netanyahu de reduzir e ocupar os territórios palestinos, seja no enclave ou na Cisjordânia. Em geral, esses planos são traçados em conjunto com colonos em conferências e reuniões.

Os planos dos colonos para Gaza

No dia 26 de novembro, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, declarou em público que pretende reduzir a população da Faixa de Gaza pela metade. “Podemos e devemos conquistar a Faixa de Gaza, não devemos ter medo desta palavra”, disse Smotrich em um evento do Conselho Yesha, que representa os colonos de Israel que ocupam a Cisjordânia.

Conhecido como um dos membros mais extremistas do governo de Binyamin Netanyahu e colono na Cisjordânia, Smotrich jamais escondeu ser defensor da ocupação dos territórios palestinos. Além dele, também integra o governo israelense outro colono e defensor da ocupação: o ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, líder do partido Otzma Yehudit (Poder Judaico, traduzido para português).

Os dois têm boas relações com a Nachala, uma organização de colonos que planeja a reocupação da Faixa de Gaza, assim como da Cisjordânia. Um mês antes da declaração de Smotrich sobre a população de Gaza, a Nachala realizava em Be’eri, um kibutz próximo ao enclave que foi destruído pelo ataque do Hamas em 7 de outubro, a conferência “Preparando-se para Reassentar Gaza”. Smotrich e Ben-Gvir participaram, assim como deputados do partido Likud, de Netanyahu.

Imagem de 19 de fevereiro mostra militares israelenses tirando selfies em uma área destruída na Faixa de Gaza. Israel sinaliza ocupação prolongada no enclave Foto: Tsafrir Abayov/AP

A organização defende a reocupação do enclave no modelo semelhante ao que existiu entre a guerra árabe-israelense em 1967 e 2005, quando o país retirou as tropas e os colonos. Segundo a presidente da Nachala, Daniella Weiss, veterana do movimento colonialista, o plano é fazer os civis palestinos desaparecerem do enclave.

Em diversas entrevistas gravadas, Weiss repete que os palestinos, que ela costuma chamar somente de “árabes”, querem ir para outros países. “Como fazemos isso? Nós o encorajamos. Os palestinos em Gaza, os bons, estarão habilitados a isso. Não estou dizendo forçados, mas habilitados, porque eles querem ir”, disse à BBC em março.

Apesar da maioria dos cidadãos israelenses serem contrários à ocupação em Gaza, as ideias de Weiss e da sua organização têm mais influência no governo. Em janeiro, eles apresentaram um mapa da Faixa de Gaza com assentamentos por todo o enclave e desde então ela tem ido ao território, em visitas registradas pelas redes sociais e de forma ilegal, sem permissão oficial do Exército israelense.

Uma de suas últimas visitas aconteceu também em novembro. Desta vez, estava acompanhada do ministro da Habitação e Construção, Yitzchak Goldknopf. Na rede social X, o ministro falou sobre a visita: “Visitei hoje os assentamentos da Faixa de Gaza”, disse. “O assentamento judaico aqui é a resposta ao terrível massacre e a resposta ao Tribunal Penal Internacional em Haia que, em vez de cuidar dos 101 reféns, escolheu emitir mandados de prisão contra o primeiro-ministro e o ministro da defesa”, acrescentou.

Em resposta, a Nachala disse que com o apoio do ministro seriam capazes de construir os assentamentos, chamados de uma “única solução para um futuro seguro para o povo de Israel”. “Mantenha sua mão forte, Ministro Goldknopf! Juntos seremos capazes de estabelecer muitos assentamentos na Terra de Israel!”, escreveu em hebraico.

Mesmo que não haja declarações explícitas do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, as movimentações dos membros do governo evidenciam o apoio crescente aos colonos. E, segundo entidades e representantes que denunciam a ocupação dos territórios palestinos, não é necessário que haja apoio explícito dele para os planos avançarem. “Tais práticas ilegais, juntamente com a repressão aos palestinos, são características proeminentes do 37º governo de coalizão israelense formado pelo primeiro-ministro Netanyahu em dezembro de 2022″, escreveu a Anistia Internacional sobre a colonização no relatório publicado no dia 5, que classificou as ações na Faixa de Gaza de genocídio. Na Cisjordânia, o novo avanço da ocupação já está em andamento.

Os avanços da ocupação na Cisjordânia e Jerusalém ocupada

Nos dias que sucederam o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro, o ministro Itamar Ben-Gvir concedeu centenas de licenças para porte de fuzis para judeus que vivem na Cisjordânia, onde vivem três milhões de palestinos. Os olhos estavam voltados para a guerra entre o Exército israelense e o Hamas em Gaza, mas na fronteira do outro lado de Israel os conflitos entre israelenses e palestinos também existiam.

Entre o ataque terrorista de 7 de outubro e julho deste ano, mais de 700 palestinos na Cisjordânia foram mortos por forças israelenses e outros 6 mil, presos, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Isso foi acompanhado de demolição de casas e estabelecimentos comerciais e expulsões de famílias de seus territórios. O OCHA estima cerca de 1,6 mil palestinos expulsos de casa, sendo mais de 700 crianças, e 800 prédios destruídos. Nas áreas rurais, a organização documentou queimadas em plantações, afetando a agricultura, uma das únicas atividades econômicas que restou para os palestinos.

A entidade, assim como outras organizações de defesa de direitos humanos, também identificam a restrição crescente de movimento para os palestinos.

Na maioria das cidades da Cisjordânia, ruas foram destruídas com escavadeiras, estradas foram fechadas e check-points, instalados. “Há vilarejos em que as pessoas não deixam a casa vazia, porque correm o risco de ter a casa ocupada por israelenses enquanto estão longe”, conta a brasileira-palestina Hyatt Omar, de 26 anos, que possui parentes em Hebron, cidade com mais de 200 mil palestinos e cercada por assentamentos.

Após o 7 de outubro, uma das tias de Hyatt ficou impedida de sair de casa por três meses depois da rua dela ser fechada por militares de Israel. A justificativa é de que estavam ali para fazer a segurança de um assentamento. Há casos, disse ela, em que os militares entram nas casas para fazer revistas e outros procedimentos sem qualquer amparo legal. “Os soldados entram nas nossas casas, trancam as pessoas por horas e deixam eles sem qualquer contato externo, sem nenhum amparo legal”, acrescentou.

As práticas relatadas são identificadas desde o início da ocupação israelense na Cisjordânia, que, assim como na Faixa de Gaza, começou em 1967. O período com a maior expansão dos colonos havia sido nos anos 1990, durante as discussões do Acordo de Oslo e com o objetivo de boicotá-lo, mas foi superada com o governo de Netanyahu estabelecido em 2022.

Imagens de 23 de novembro mostra colonos judeus moradores de uma colônia em Hebron, na Cisjordânia, com os dedos erguidos para palestinos próximo a Mesquita de Ibrahim. Violência de colonos aumentou na região depois do ataque terrorista de 7 de outubro Foto: Hazem Bader/AFP

Para além das violências, a ocupação ocorre com amparo do Estado, responsável por autorizar, por exemplo, o confisco de terras e reconhecer os assentamentos instalados por colonos. De acordo com a organização israelense Paz Agora, que monitora essas ações, 24,1 km² da área da Cisjordânia foram confiscadas pelo governo, sob ordem de Smotrich, entre 7 de outubro de 2023 e 31 de julho deste ano.

Smotrich também reconheceu oito postos avançados (considerados ilegais também na legislação israelense, embora o direito internacional considere ilegal qualquer tipo de colônia) e incluiu outros 70 como elegíveis para a construção de estradas e serviços públicos, o que abre caminho para a legalização futura. Em paralelo, o orçamento do ministro também cresceu para possibilitar os aumentos. “Tudo isso distancia a possibilidade de solução e paz, tornando a situação da ocupação irreversível”, disse o diretor da Paz Agora, Mauricio Lapchik.

Mesmo antes da guerra, o OCHA já havia documentado o aumento do movimento de colonização na Cisjordânia. Esses planos sempre estiveram na mesa dos ministros extremistas do governo, mas acelerou após o 7 de outubro à medida em que Smotrich e Ben-Gvir ganharam mais influência.

Colonos esperam no retorno de Trump um aliado internacional

No início de novembro, ambos comemoraram um novo fator que, avaliam, os fortaleceu ainda mais: a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. “Estávamos a um passo de aplicar a soberania aos assentamentos na Judeia e Samaria, e agora é a hora de fazê-lo”, disse Smotrich no dia 11, ao saudar a vitória e se referindo a Cisjordânia da maneira como os judeus ortodoxos a chamam.

No primeiro mandato de Trump, a expansão de moradias para judeus na Cisjordânia acelerou, enquanto o governo americano apoiou as reivindicações territoriais de Israel. Isso incluiu o reconhecimento dos EUA de Jerusalém como capital de Israel e a mudança da Embaixada dos EUA para a cidade. A anexação das Colinas de Golã, um território da Síria, também foi reconhecida.

Embora ele não tenha declarado explicitamente a política para seu segundo mandato, as escolhas iniciais para o governo, incluindo dos embaixadores em Israel e na ONU, são pró-Israel. Ao ser questionado pela Rádio do Exército de Israel sobre a possibilidade de anexação da Cisjordânia, por exemplo, o indicado para ser o embaixador americano em Israel, Mike Huckabee, relembrou as ações do primeiro governo do republicano. “Nunca houve um presidente americano que tenha sido mais útil para garantir um entendimento da soberania de Israel. (...) Espero que isso continue”, disse, em entrevista reproduzida pela agência de notícias Associated Press.

Com o avanço dos colonos no início da guerra, países aliados dos israelenses, incluindo os EUA, se opuseram à política com sanções contra os colonos, na tentativa de dissuadir o avanço. O governo de Joe Biden aplicou sanções contra cerca de sete colonos e uma organização de colonos, chamada Amana. França, Reino Unido, União Europeia, Japão e Austrália aplicaram sanções semelhantes.

Embora a manutenção das sanções seja incerta sob o mandato de Trump, a efetividade das medidas é questionada mesmo quando estão em vigor. Daniella Weiss, presidente da Nachala, por exemplo, foi sancionada pelo Canadá em 27 de junho. Três dias depois, ela posou com o ministro Bezalel Smotrich para comemorar o reconhecimento de um posto avançado ao sul da cidade de Nablus. “Um primeiro passo para frustrar um Estado palestino no coração do nosso país”, escreveu nas redes sociais um de seus apoiadores.

Os planos de ocupação de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia avançaram nos últimos meses, à medida em que a guerra contra o Hamas continua mesmo após a morte das principais lideranças do grupo. Em Gaza, Israel declarou a intenção de criar uma zona de segurança na região norte e passou a ocupá-la com postos e bases militares. No outro território palestino, a Cisjordânia, a anexação acelerou de forma violenta e com o apoio do governo israelense após o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023.

A campanha militar israelense desencadeada pelo ataque ocupou uma área da Faixa de Gaza desde os primeiros dias. À princípio, Israel justificou a ocupação como parte do combate contra o Hamas e do resgate dos reféns do grupo e disse que não tinha intenção de permanecer no local. Nos últimos três meses, no entanto, sinais concretos de uma ocupação à longo prazo começaram a surgir e movimentos colonialistas começaram a defendê-la com mais veemência e respaldo do governo.

Imagens de satélite analisadas pelo jornal americano The New York Times indicam que os soldados israelenses demoliram mais de 600 prédios nos arredores do corredor Netzarim, uma estrada de 10 quilômetros de extensão construída pelo Exército nos primeiros dias de guerra para impedir o retorno dos civis palestinos ao norte do enclave enquanto havia operações militares. Com as demolições, os militares israelenses passaram a controlar uma área de 46 km², mostram as imagens.

Esse território faz parte de uma “zona de proteção” que conta com postos militares avançados, bases de defesa e torres de comunicação, afirma o NYT. Uma parte foi construída no início da guerra, mas muitas construções seguem em andamento, acrescenta o jornal. De 19 bases identificadas por satélite, 12 foram construídas ou expandidas a partir de setembro, com estradas de acesso pavimentadas, valas defensivas e estacionamentos para blindados.

Apesar disso, o Exército israelense nega que as bases signifiquem uma ocupação prolongada no enclave. “Qualquer coisa que tenha sido construída lá pode ser desmontada em um dia”, disse o tenente-coronel Nadav Shoshani, porta-voz militar israelense, ao NYT.

No entanto, o local que a zona de proteção foi estabelecida, entre a Cidade de Gaza (norte) e Khan Younis (sul), ecoa os planos declarados de ministros do governo de Binyamin Netanyahu de reduzir e ocupar os territórios palestinos, seja no enclave ou na Cisjordânia. Em geral, esses planos são traçados em conjunto com colonos em conferências e reuniões.

Os planos dos colonos para Gaza

No dia 26 de novembro, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, declarou em público que pretende reduzir a população da Faixa de Gaza pela metade. “Podemos e devemos conquistar a Faixa de Gaza, não devemos ter medo desta palavra”, disse Smotrich em um evento do Conselho Yesha, que representa os colonos de Israel que ocupam a Cisjordânia.

Conhecido como um dos membros mais extremistas do governo de Binyamin Netanyahu e colono na Cisjordânia, Smotrich jamais escondeu ser defensor da ocupação dos territórios palestinos. Além dele, também integra o governo israelense outro colono e defensor da ocupação: o ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, líder do partido Otzma Yehudit (Poder Judaico, traduzido para português).

Os dois têm boas relações com a Nachala, uma organização de colonos que planeja a reocupação da Faixa de Gaza, assim como da Cisjordânia. Um mês antes da declaração de Smotrich sobre a população de Gaza, a Nachala realizava em Be’eri, um kibutz próximo ao enclave que foi destruído pelo ataque do Hamas em 7 de outubro, a conferência “Preparando-se para Reassentar Gaza”. Smotrich e Ben-Gvir participaram, assim como deputados do partido Likud, de Netanyahu.

Imagem de 19 de fevereiro mostra militares israelenses tirando selfies em uma área destruída na Faixa de Gaza. Israel sinaliza ocupação prolongada no enclave Foto: Tsafrir Abayov/AP

A organização defende a reocupação do enclave no modelo semelhante ao que existiu entre a guerra árabe-israelense em 1967 e 2005, quando o país retirou as tropas e os colonos. Segundo a presidente da Nachala, Daniella Weiss, veterana do movimento colonialista, o plano é fazer os civis palestinos desaparecerem do enclave.

Em diversas entrevistas gravadas, Weiss repete que os palestinos, que ela costuma chamar somente de “árabes”, querem ir para outros países. “Como fazemos isso? Nós o encorajamos. Os palestinos em Gaza, os bons, estarão habilitados a isso. Não estou dizendo forçados, mas habilitados, porque eles querem ir”, disse à BBC em março.

Apesar da maioria dos cidadãos israelenses serem contrários à ocupação em Gaza, as ideias de Weiss e da sua organização têm mais influência no governo. Em janeiro, eles apresentaram um mapa da Faixa de Gaza com assentamentos por todo o enclave e desde então ela tem ido ao território, em visitas registradas pelas redes sociais e de forma ilegal, sem permissão oficial do Exército israelense.

Uma de suas últimas visitas aconteceu também em novembro. Desta vez, estava acompanhada do ministro da Habitação e Construção, Yitzchak Goldknopf. Na rede social X, o ministro falou sobre a visita: “Visitei hoje os assentamentos da Faixa de Gaza”, disse. “O assentamento judaico aqui é a resposta ao terrível massacre e a resposta ao Tribunal Penal Internacional em Haia que, em vez de cuidar dos 101 reféns, escolheu emitir mandados de prisão contra o primeiro-ministro e o ministro da defesa”, acrescentou.

Em resposta, a Nachala disse que com o apoio do ministro seriam capazes de construir os assentamentos, chamados de uma “única solução para um futuro seguro para o povo de Israel”. “Mantenha sua mão forte, Ministro Goldknopf! Juntos seremos capazes de estabelecer muitos assentamentos na Terra de Israel!”, escreveu em hebraico.

Mesmo que não haja declarações explícitas do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, as movimentações dos membros do governo evidenciam o apoio crescente aos colonos. E, segundo entidades e representantes que denunciam a ocupação dos territórios palestinos, não é necessário que haja apoio explícito dele para os planos avançarem. “Tais práticas ilegais, juntamente com a repressão aos palestinos, são características proeminentes do 37º governo de coalizão israelense formado pelo primeiro-ministro Netanyahu em dezembro de 2022″, escreveu a Anistia Internacional sobre a colonização no relatório publicado no dia 5, que classificou as ações na Faixa de Gaza de genocídio. Na Cisjordânia, o novo avanço da ocupação já está em andamento.

Os avanços da ocupação na Cisjordânia e Jerusalém ocupada

Nos dias que sucederam o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro, o ministro Itamar Ben-Gvir concedeu centenas de licenças para porte de fuzis para judeus que vivem na Cisjordânia, onde vivem três milhões de palestinos. Os olhos estavam voltados para a guerra entre o Exército israelense e o Hamas em Gaza, mas na fronteira do outro lado de Israel os conflitos entre israelenses e palestinos também existiam.

Entre o ataque terrorista de 7 de outubro e julho deste ano, mais de 700 palestinos na Cisjordânia foram mortos por forças israelenses e outros 6 mil, presos, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Isso foi acompanhado de demolição de casas e estabelecimentos comerciais e expulsões de famílias de seus territórios. O OCHA estima cerca de 1,6 mil palestinos expulsos de casa, sendo mais de 700 crianças, e 800 prédios destruídos. Nas áreas rurais, a organização documentou queimadas em plantações, afetando a agricultura, uma das únicas atividades econômicas que restou para os palestinos.

A entidade, assim como outras organizações de defesa de direitos humanos, também identificam a restrição crescente de movimento para os palestinos.

Na maioria das cidades da Cisjordânia, ruas foram destruídas com escavadeiras, estradas foram fechadas e check-points, instalados. “Há vilarejos em que as pessoas não deixam a casa vazia, porque correm o risco de ter a casa ocupada por israelenses enquanto estão longe”, conta a brasileira-palestina Hyatt Omar, de 26 anos, que possui parentes em Hebron, cidade com mais de 200 mil palestinos e cercada por assentamentos.

Após o 7 de outubro, uma das tias de Hyatt ficou impedida de sair de casa por três meses depois da rua dela ser fechada por militares de Israel. A justificativa é de que estavam ali para fazer a segurança de um assentamento. Há casos, disse ela, em que os militares entram nas casas para fazer revistas e outros procedimentos sem qualquer amparo legal. “Os soldados entram nas nossas casas, trancam as pessoas por horas e deixam eles sem qualquer contato externo, sem nenhum amparo legal”, acrescentou.

As práticas relatadas são identificadas desde o início da ocupação israelense na Cisjordânia, que, assim como na Faixa de Gaza, começou em 1967. O período com a maior expansão dos colonos havia sido nos anos 1990, durante as discussões do Acordo de Oslo e com o objetivo de boicotá-lo, mas foi superada com o governo de Netanyahu estabelecido em 2022.

Imagens de 23 de novembro mostra colonos judeus moradores de uma colônia em Hebron, na Cisjordânia, com os dedos erguidos para palestinos próximo a Mesquita de Ibrahim. Violência de colonos aumentou na região depois do ataque terrorista de 7 de outubro Foto: Hazem Bader/AFP

Para além das violências, a ocupação ocorre com amparo do Estado, responsável por autorizar, por exemplo, o confisco de terras e reconhecer os assentamentos instalados por colonos. De acordo com a organização israelense Paz Agora, que monitora essas ações, 24,1 km² da área da Cisjordânia foram confiscadas pelo governo, sob ordem de Smotrich, entre 7 de outubro de 2023 e 31 de julho deste ano.

Smotrich também reconheceu oito postos avançados (considerados ilegais também na legislação israelense, embora o direito internacional considere ilegal qualquer tipo de colônia) e incluiu outros 70 como elegíveis para a construção de estradas e serviços públicos, o que abre caminho para a legalização futura. Em paralelo, o orçamento do ministro também cresceu para possibilitar os aumentos. “Tudo isso distancia a possibilidade de solução e paz, tornando a situação da ocupação irreversível”, disse o diretor da Paz Agora, Mauricio Lapchik.

Mesmo antes da guerra, o OCHA já havia documentado o aumento do movimento de colonização na Cisjordânia. Esses planos sempre estiveram na mesa dos ministros extremistas do governo, mas acelerou após o 7 de outubro à medida em que Smotrich e Ben-Gvir ganharam mais influência.

Colonos esperam no retorno de Trump um aliado internacional

No início de novembro, ambos comemoraram um novo fator que, avaliam, os fortaleceu ainda mais: a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. “Estávamos a um passo de aplicar a soberania aos assentamentos na Judeia e Samaria, e agora é a hora de fazê-lo”, disse Smotrich no dia 11, ao saudar a vitória e se referindo a Cisjordânia da maneira como os judeus ortodoxos a chamam.

No primeiro mandato de Trump, a expansão de moradias para judeus na Cisjordânia acelerou, enquanto o governo americano apoiou as reivindicações territoriais de Israel. Isso incluiu o reconhecimento dos EUA de Jerusalém como capital de Israel e a mudança da Embaixada dos EUA para a cidade. A anexação das Colinas de Golã, um território da Síria, também foi reconhecida.

Embora ele não tenha declarado explicitamente a política para seu segundo mandato, as escolhas iniciais para o governo, incluindo dos embaixadores em Israel e na ONU, são pró-Israel. Ao ser questionado pela Rádio do Exército de Israel sobre a possibilidade de anexação da Cisjordânia, por exemplo, o indicado para ser o embaixador americano em Israel, Mike Huckabee, relembrou as ações do primeiro governo do republicano. “Nunca houve um presidente americano que tenha sido mais útil para garantir um entendimento da soberania de Israel. (...) Espero que isso continue”, disse, em entrevista reproduzida pela agência de notícias Associated Press.

Com o avanço dos colonos no início da guerra, países aliados dos israelenses, incluindo os EUA, se opuseram à política com sanções contra os colonos, na tentativa de dissuadir o avanço. O governo de Joe Biden aplicou sanções contra cerca de sete colonos e uma organização de colonos, chamada Amana. França, Reino Unido, União Europeia, Japão e Austrália aplicaram sanções semelhantes.

Embora a manutenção das sanções seja incerta sob o mandato de Trump, a efetividade das medidas é questionada mesmo quando estão em vigor. Daniella Weiss, presidente da Nachala, por exemplo, foi sancionada pelo Canadá em 27 de junho. Três dias depois, ela posou com o ministro Bezalel Smotrich para comemorar o reconhecimento de um posto avançado ao sul da cidade de Nablus. “Um primeiro passo para frustrar um Estado palestino no coração do nosso país”, escreveu nas redes sociais um de seus apoiadores.

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