Plano de Netanyahu para enfraquecer Judiciário em Israel divide sua base de apoio


Um grupo pequeno de judeus ortodoxos e colonos da Cisjordânia têm se manifestado contra proposta

Por Patrick Kingsley

EFRAT (CISJORDÂNIA) – A rápida iniciativa do governo direitista de Israel em reformar o Judiciário do país polarizou a sociedade israelense e aprofundou as antigas divergências entre a direita e a esquerda, os laicos e os religiosos. Mais do que isso: também causou pequenas divisões dentro da base de apoio mais forte do governo liderado pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, formado por nacionalistas e religiosos.

A coalizão busca consolidar a ocupação israelense na Cisjordânia ocupada e preservar o controle ortodoxo da prática judaica - duas políticas que atraem amplamente a direita israelense e que podem ser facilitadas caso a supervisão judicial sobre o Parlamento seja extinta.

Entretanto, o principal plano do governo, de conter significativamente o poder do judiciário, e a intenção de fazê-lo sem consenso entre a sociedade israelense criou desconforto desconforto entre um grupo pequeno, mas crescente, de israelenses direitistas e religiosos, muitos deles colonos.

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Imagem mostra israelense segurando a bandeira do país durante um protesto contra a reforma judiciária de Biyamin Netanyahu em Jerusalém, na segunda-feira, 13. Proposta é rejeitada pela esquerda e divide a direita Foto: Avishag Shaar-Yashuv / NYT

“Pessoas como eu – de direita, religiosas, ortodoxas – geralmente mantêm a posição de que o sistema de justiça em Israel e a autoridade dos tribunais têm que mudar”, disse Einat Halevy Levin, um opositor dos planos do governo. “Mas o que o governo quer fazer é destruir Israel”, acrescentou.

Os direitistas religiosos, liderados em parte por Halevy Levin, foram uma presença visível nos protestos semanais contra o governo em Tel Aviv, um bastião de israelenses laicos e liberais. Alguns também discursaram.

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No mês passado, uma conferência em Jerusalém voltada para judeus ortodoxos de esquerda juntou dezenas de colonos para discutir como se opor ao governo do ponto de vista religioso, segundo afirmaram os organizadores. Um grupo de prefeitos de direita acrescentou seus nomes no fim de semana passado em uma carta aberta que pedia ao governo e à oposição que cheguem a um acordo. Mais de 100 colonos realizaram na noite do dia 11 uma manifestação em Efrat, um grande assentamento no sul da Cisjordânia que raramente vê demonstração de discordância a um governo de direita.

O surgimento dessas divisões mesmo em redutos de direita é um sinal de como os israelenses estão profundamente divididos pela reforma judiciária proposta pelo governo. Em um apelo público por diálogo, o presidente israelense (um cargo em grande parte cerimonial no país), Isaac Herzog, alertou que Israel estava “à beira do colapso constitucional e social” e, possivelmente, até mesmo “um confronto violento”.

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Cerca de 100 mil manifestantes se reuniram no centro de Jerusalém na segunda-feira, 12, para protestar em frente ao Knesset, o parlamento israelense, em um dos maiores protestos já realizados na cidade. Em Tel Aviv, um número semelhante protesta todas as semanas desde que a intenção da reforma foi apresentada.

O governo pretende dificultar as decisões da Suprema Corte que anulem as decisões dos deputados (chamada de revisão judiciária) ao mesmo tempo que aumenta a sua influência sobre a seleção dos juízes. Os ministros dizem que as mudanças são necessárias para dar aos juízes, não eleitos pela população, menos controle sobre os deputados eleitos. O argumento é de que desta forma a política do governo vai refletir melhor a opinião da maioria.

Israelenses do lado de fora do Knesset, parlamento israelense, em imagem da segunda-feira, 13. Dia foi marcado por manifestações contra a reforma judiciária do governo Foto: Avishag Shaar-Yashuv / NYT
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Os israelenses de direita ficaram historicamente frustrados com o apoio do Judiciário ao desmonte dos assentamentos israelenses em Gaza, ou mais recentemente pela decisão de impedir que um deputado fosse ministro do governo. Os judeus ultraortodoxos também se ressentem do Judiciário por esse se opor a medidas que concedem direitos especiais a eles, incluindo isenções do recrutamento militar.

Em Efrat, onde cerca de sete em cada 10 eleitores apoiaram a coalizão de governo em uma eleição geral em novembro passado, uma centena de pessoas protestou contra as propostas no sábado em uma noite de inverno. Muitos fizeram isso apesar de fortes dúvidas sobre romper a fileira com a direita e encontrar uma causa comum com os israelenses de esquerda que se opõem aos assentamentos.

“Eu literalmente tenho tido sonhos ansiosos com as pessoas descobrindo que eu não apoio este governo”, disse Ariella Dubrowin, de 47 anos. Ela afirma ter pensado duas vezes antes de sair do assentamento para ir protestar. A decisão foi por considerar que as propostas “condenam o país”. “E é doloroso”, disse.

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Segundo a israelense, esse foi o primeiro protesto que ela participou desde 2005, quando foi contra a retirada de Israel de Gaza. Essa retirada foi apoiada pela Suprema Corte na época, em uma das várias decisões que colocaram o tribunal na mira do movimento dos colonos.

Embora ambivalente sobre o papel do judiciário na vida pública, Dubrowin ainda sente que qualquer revisão precisa da adesão de toda a sociedade. “Quero consenso sobre algo tão grande quanto isso”, disse.

Israelenses se manifestam contra reforma judiciária de Israel, em Jerusalém, na segunda-feira, 13. Protestos também acontecem em Tel Aviv e em regiões ocupadas na Cisjordânia Foto: Avishag Shaar-Yashuv/NYT
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Em teoria, o governo seria capaz de contar com a maioria dos nacionalistas religiosos, que acreditam que todo Israel e os territórios ocupados foram prometidos aos judeus por Deus. Eles geralmente se opõem à criação de um Estado da Palestina nas áreas que Israel ocupou durante a guerra árabe-israelense de 1967 e que mais tarde se estabeleceu com centenas de milhares de israelenses de forma ilegal, de acordo com o direito internacional.

A coalizão de governo já começou a autorizar mais assentamentos na Cisjordânia ocupada e se compromete em anexar todo esse território. A coalizão de governo inclui até mesmo um partido, o Partido Sionista Religioso, que é voltado para o movimento nacionalista religioso mais amplo.

Entretanto, para os dissidentes internos, essas ações são ofuscadas pelas outras pautas da coalizão. Além da reforma judiciária, alguns deputados da base de apoio querem estabelecer a influência do judaísmo ortodoxo em Israel, restringir a influência de correntes não-ortodoxas e adotar uma abordagem mais dura em relação aos palestinos. O líder do Partido Sionista Religioso, Bezalel Smotrich, tem um histórico de declarações agressiva sobre os árabes, incluindo o apoio à segregação entre judeus e árabes nas maternidades.

Nenhuma destas ideias se encaixa bem com os sionistas religiosos mais liberais, que apoiam uma abordagem mais pluralista da vida judaica e uma abordagem mais tolerante com os palestinos, mesmo quando ainda se opõem à soberania palestina. “Smotrich ‘roubou nosso nome’”, disse Halevy Levin, um dos manifestantes em Tel Aviv. “Isso não é sionismo religioso. É um bando de pessoas loucas que tomaram conta da nossa sociedade.”

Entretanto, muitos ainda estão do lado do governo. Em Efrat, um grupo de 20 jovens e adolescentes se reuniu na calçada em frente ao protesto contra o governo, tentando abafar os manifestantes com uma contramanifestação própria. A atmosfera ainda era relativamente civilizada, e alguns dos apoiadores do governo procuraram minimizar as tensões. “Se houver uma guerra civil, e espero que não haja, então não participarei dela”, disse Eyal Rubinstein, de 17 anos.

EFRAT (CISJORDÂNIA) – A rápida iniciativa do governo direitista de Israel em reformar o Judiciário do país polarizou a sociedade israelense e aprofundou as antigas divergências entre a direita e a esquerda, os laicos e os religiosos. Mais do que isso: também causou pequenas divisões dentro da base de apoio mais forte do governo liderado pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, formado por nacionalistas e religiosos.

A coalizão busca consolidar a ocupação israelense na Cisjordânia ocupada e preservar o controle ortodoxo da prática judaica - duas políticas que atraem amplamente a direita israelense e que podem ser facilitadas caso a supervisão judicial sobre o Parlamento seja extinta.

Entretanto, o principal plano do governo, de conter significativamente o poder do judiciário, e a intenção de fazê-lo sem consenso entre a sociedade israelense criou desconforto desconforto entre um grupo pequeno, mas crescente, de israelenses direitistas e religiosos, muitos deles colonos.

Imagem mostra israelense segurando a bandeira do país durante um protesto contra a reforma judiciária de Biyamin Netanyahu em Jerusalém, na segunda-feira, 13. Proposta é rejeitada pela esquerda e divide a direita Foto: Avishag Shaar-Yashuv / NYT

“Pessoas como eu – de direita, religiosas, ortodoxas – geralmente mantêm a posição de que o sistema de justiça em Israel e a autoridade dos tribunais têm que mudar”, disse Einat Halevy Levin, um opositor dos planos do governo. “Mas o que o governo quer fazer é destruir Israel”, acrescentou.

Os direitistas religiosos, liderados em parte por Halevy Levin, foram uma presença visível nos protestos semanais contra o governo em Tel Aviv, um bastião de israelenses laicos e liberais. Alguns também discursaram.

No mês passado, uma conferência em Jerusalém voltada para judeus ortodoxos de esquerda juntou dezenas de colonos para discutir como se opor ao governo do ponto de vista religioso, segundo afirmaram os organizadores. Um grupo de prefeitos de direita acrescentou seus nomes no fim de semana passado em uma carta aberta que pedia ao governo e à oposição que cheguem a um acordo. Mais de 100 colonos realizaram na noite do dia 11 uma manifestação em Efrat, um grande assentamento no sul da Cisjordânia que raramente vê demonstração de discordância a um governo de direita.

O surgimento dessas divisões mesmo em redutos de direita é um sinal de como os israelenses estão profundamente divididos pela reforma judiciária proposta pelo governo. Em um apelo público por diálogo, o presidente israelense (um cargo em grande parte cerimonial no país), Isaac Herzog, alertou que Israel estava “à beira do colapso constitucional e social” e, possivelmente, até mesmo “um confronto violento”.

Cerca de 100 mil manifestantes se reuniram no centro de Jerusalém na segunda-feira, 12, para protestar em frente ao Knesset, o parlamento israelense, em um dos maiores protestos já realizados na cidade. Em Tel Aviv, um número semelhante protesta todas as semanas desde que a intenção da reforma foi apresentada.

O governo pretende dificultar as decisões da Suprema Corte que anulem as decisões dos deputados (chamada de revisão judiciária) ao mesmo tempo que aumenta a sua influência sobre a seleção dos juízes. Os ministros dizem que as mudanças são necessárias para dar aos juízes, não eleitos pela população, menos controle sobre os deputados eleitos. O argumento é de que desta forma a política do governo vai refletir melhor a opinião da maioria.

Israelenses do lado de fora do Knesset, parlamento israelense, em imagem da segunda-feira, 13. Dia foi marcado por manifestações contra a reforma judiciária do governo Foto: Avishag Shaar-Yashuv / NYT

Os israelenses de direita ficaram historicamente frustrados com o apoio do Judiciário ao desmonte dos assentamentos israelenses em Gaza, ou mais recentemente pela decisão de impedir que um deputado fosse ministro do governo. Os judeus ultraortodoxos também se ressentem do Judiciário por esse se opor a medidas que concedem direitos especiais a eles, incluindo isenções do recrutamento militar.

Em Efrat, onde cerca de sete em cada 10 eleitores apoiaram a coalizão de governo em uma eleição geral em novembro passado, uma centena de pessoas protestou contra as propostas no sábado em uma noite de inverno. Muitos fizeram isso apesar de fortes dúvidas sobre romper a fileira com a direita e encontrar uma causa comum com os israelenses de esquerda que se opõem aos assentamentos.

“Eu literalmente tenho tido sonhos ansiosos com as pessoas descobrindo que eu não apoio este governo”, disse Ariella Dubrowin, de 47 anos. Ela afirma ter pensado duas vezes antes de sair do assentamento para ir protestar. A decisão foi por considerar que as propostas “condenam o país”. “E é doloroso”, disse.

Segundo a israelense, esse foi o primeiro protesto que ela participou desde 2005, quando foi contra a retirada de Israel de Gaza. Essa retirada foi apoiada pela Suprema Corte na época, em uma das várias decisões que colocaram o tribunal na mira do movimento dos colonos.

Embora ambivalente sobre o papel do judiciário na vida pública, Dubrowin ainda sente que qualquer revisão precisa da adesão de toda a sociedade. “Quero consenso sobre algo tão grande quanto isso”, disse.

Israelenses se manifestam contra reforma judiciária de Israel, em Jerusalém, na segunda-feira, 13. Protestos também acontecem em Tel Aviv e em regiões ocupadas na Cisjordânia Foto: Avishag Shaar-Yashuv/NYT

Em teoria, o governo seria capaz de contar com a maioria dos nacionalistas religiosos, que acreditam que todo Israel e os territórios ocupados foram prometidos aos judeus por Deus. Eles geralmente se opõem à criação de um Estado da Palestina nas áreas que Israel ocupou durante a guerra árabe-israelense de 1967 e que mais tarde se estabeleceu com centenas de milhares de israelenses de forma ilegal, de acordo com o direito internacional.

A coalizão de governo já começou a autorizar mais assentamentos na Cisjordânia ocupada e se compromete em anexar todo esse território. A coalizão de governo inclui até mesmo um partido, o Partido Sionista Religioso, que é voltado para o movimento nacionalista religioso mais amplo.

Entretanto, para os dissidentes internos, essas ações são ofuscadas pelas outras pautas da coalizão. Além da reforma judiciária, alguns deputados da base de apoio querem estabelecer a influência do judaísmo ortodoxo em Israel, restringir a influência de correntes não-ortodoxas e adotar uma abordagem mais dura em relação aos palestinos. O líder do Partido Sionista Religioso, Bezalel Smotrich, tem um histórico de declarações agressiva sobre os árabes, incluindo o apoio à segregação entre judeus e árabes nas maternidades.

Nenhuma destas ideias se encaixa bem com os sionistas religiosos mais liberais, que apoiam uma abordagem mais pluralista da vida judaica e uma abordagem mais tolerante com os palestinos, mesmo quando ainda se opõem à soberania palestina. “Smotrich ‘roubou nosso nome’”, disse Halevy Levin, um dos manifestantes em Tel Aviv. “Isso não é sionismo religioso. É um bando de pessoas loucas que tomaram conta da nossa sociedade.”

Entretanto, muitos ainda estão do lado do governo. Em Efrat, um grupo de 20 jovens e adolescentes se reuniu na calçada em frente ao protesto contra o governo, tentando abafar os manifestantes com uma contramanifestação própria. A atmosfera ainda era relativamente civilizada, e alguns dos apoiadores do governo procuraram minimizar as tensões. “Se houver uma guerra civil, e espero que não haja, então não participarei dela”, disse Eyal Rubinstein, de 17 anos.

EFRAT (CISJORDÂNIA) – A rápida iniciativa do governo direitista de Israel em reformar o Judiciário do país polarizou a sociedade israelense e aprofundou as antigas divergências entre a direita e a esquerda, os laicos e os religiosos. Mais do que isso: também causou pequenas divisões dentro da base de apoio mais forte do governo liderado pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, formado por nacionalistas e religiosos.

A coalizão busca consolidar a ocupação israelense na Cisjordânia ocupada e preservar o controle ortodoxo da prática judaica - duas políticas que atraem amplamente a direita israelense e que podem ser facilitadas caso a supervisão judicial sobre o Parlamento seja extinta.

Entretanto, o principal plano do governo, de conter significativamente o poder do judiciário, e a intenção de fazê-lo sem consenso entre a sociedade israelense criou desconforto desconforto entre um grupo pequeno, mas crescente, de israelenses direitistas e religiosos, muitos deles colonos.

Imagem mostra israelense segurando a bandeira do país durante um protesto contra a reforma judiciária de Biyamin Netanyahu em Jerusalém, na segunda-feira, 13. Proposta é rejeitada pela esquerda e divide a direita Foto: Avishag Shaar-Yashuv / NYT

“Pessoas como eu – de direita, religiosas, ortodoxas – geralmente mantêm a posição de que o sistema de justiça em Israel e a autoridade dos tribunais têm que mudar”, disse Einat Halevy Levin, um opositor dos planos do governo. “Mas o que o governo quer fazer é destruir Israel”, acrescentou.

Os direitistas religiosos, liderados em parte por Halevy Levin, foram uma presença visível nos protestos semanais contra o governo em Tel Aviv, um bastião de israelenses laicos e liberais. Alguns também discursaram.

No mês passado, uma conferência em Jerusalém voltada para judeus ortodoxos de esquerda juntou dezenas de colonos para discutir como se opor ao governo do ponto de vista religioso, segundo afirmaram os organizadores. Um grupo de prefeitos de direita acrescentou seus nomes no fim de semana passado em uma carta aberta que pedia ao governo e à oposição que cheguem a um acordo. Mais de 100 colonos realizaram na noite do dia 11 uma manifestação em Efrat, um grande assentamento no sul da Cisjordânia que raramente vê demonstração de discordância a um governo de direita.

O surgimento dessas divisões mesmo em redutos de direita é um sinal de como os israelenses estão profundamente divididos pela reforma judiciária proposta pelo governo. Em um apelo público por diálogo, o presidente israelense (um cargo em grande parte cerimonial no país), Isaac Herzog, alertou que Israel estava “à beira do colapso constitucional e social” e, possivelmente, até mesmo “um confronto violento”.

Cerca de 100 mil manifestantes se reuniram no centro de Jerusalém na segunda-feira, 12, para protestar em frente ao Knesset, o parlamento israelense, em um dos maiores protestos já realizados na cidade. Em Tel Aviv, um número semelhante protesta todas as semanas desde que a intenção da reforma foi apresentada.

O governo pretende dificultar as decisões da Suprema Corte que anulem as decisões dos deputados (chamada de revisão judiciária) ao mesmo tempo que aumenta a sua influência sobre a seleção dos juízes. Os ministros dizem que as mudanças são necessárias para dar aos juízes, não eleitos pela população, menos controle sobre os deputados eleitos. O argumento é de que desta forma a política do governo vai refletir melhor a opinião da maioria.

Israelenses do lado de fora do Knesset, parlamento israelense, em imagem da segunda-feira, 13. Dia foi marcado por manifestações contra a reforma judiciária do governo Foto: Avishag Shaar-Yashuv / NYT

Os israelenses de direita ficaram historicamente frustrados com o apoio do Judiciário ao desmonte dos assentamentos israelenses em Gaza, ou mais recentemente pela decisão de impedir que um deputado fosse ministro do governo. Os judeus ultraortodoxos também se ressentem do Judiciário por esse se opor a medidas que concedem direitos especiais a eles, incluindo isenções do recrutamento militar.

Em Efrat, onde cerca de sete em cada 10 eleitores apoiaram a coalizão de governo em uma eleição geral em novembro passado, uma centena de pessoas protestou contra as propostas no sábado em uma noite de inverno. Muitos fizeram isso apesar de fortes dúvidas sobre romper a fileira com a direita e encontrar uma causa comum com os israelenses de esquerda que se opõem aos assentamentos.

“Eu literalmente tenho tido sonhos ansiosos com as pessoas descobrindo que eu não apoio este governo”, disse Ariella Dubrowin, de 47 anos. Ela afirma ter pensado duas vezes antes de sair do assentamento para ir protestar. A decisão foi por considerar que as propostas “condenam o país”. “E é doloroso”, disse.

Segundo a israelense, esse foi o primeiro protesto que ela participou desde 2005, quando foi contra a retirada de Israel de Gaza. Essa retirada foi apoiada pela Suprema Corte na época, em uma das várias decisões que colocaram o tribunal na mira do movimento dos colonos.

Embora ambivalente sobre o papel do judiciário na vida pública, Dubrowin ainda sente que qualquer revisão precisa da adesão de toda a sociedade. “Quero consenso sobre algo tão grande quanto isso”, disse.

Israelenses se manifestam contra reforma judiciária de Israel, em Jerusalém, na segunda-feira, 13. Protestos também acontecem em Tel Aviv e em regiões ocupadas na Cisjordânia Foto: Avishag Shaar-Yashuv/NYT

Em teoria, o governo seria capaz de contar com a maioria dos nacionalistas religiosos, que acreditam que todo Israel e os territórios ocupados foram prometidos aos judeus por Deus. Eles geralmente se opõem à criação de um Estado da Palestina nas áreas que Israel ocupou durante a guerra árabe-israelense de 1967 e que mais tarde se estabeleceu com centenas de milhares de israelenses de forma ilegal, de acordo com o direito internacional.

A coalizão de governo já começou a autorizar mais assentamentos na Cisjordânia ocupada e se compromete em anexar todo esse território. A coalizão de governo inclui até mesmo um partido, o Partido Sionista Religioso, que é voltado para o movimento nacionalista religioso mais amplo.

Entretanto, para os dissidentes internos, essas ações são ofuscadas pelas outras pautas da coalizão. Além da reforma judiciária, alguns deputados da base de apoio querem estabelecer a influência do judaísmo ortodoxo em Israel, restringir a influência de correntes não-ortodoxas e adotar uma abordagem mais dura em relação aos palestinos. O líder do Partido Sionista Religioso, Bezalel Smotrich, tem um histórico de declarações agressiva sobre os árabes, incluindo o apoio à segregação entre judeus e árabes nas maternidades.

Nenhuma destas ideias se encaixa bem com os sionistas religiosos mais liberais, que apoiam uma abordagem mais pluralista da vida judaica e uma abordagem mais tolerante com os palestinos, mesmo quando ainda se opõem à soberania palestina. “Smotrich ‘roubou nosso nome’”, disse Halevy Levin, um dos manifestantes em Tel Aviv. “Isso não é sionismo religioso. É um bando de pessoas loucas que tomaram conta da nossa sociedade.”

Entretanto, muitos ainda estão do lado do governo. Em Efrat, um grupo de 20 jovens e adolescentes se reuniu na calçada em frente ao protesto contra o governo, tentando abafar os manifestantes com uma contramanifestação própria. A atmosfera ainda era relativamente civilizada, e alguns dos apoiadores do governo procuraram minimizar as tensões. “Se houver uma guerra civil, e espero que não haja, então não participarei dela”, disse Eyal Rubinstein, de 17 anos.

EFRAT (CISJORDÂNIA) – A rápida iniciativa do governo direitista de Israel em reformar o Judiciário do país polarizou a sociedade israelense e aprofundou as antigas divergências entre a direita e a esquerda, os laicos e os religiosos. Mais do que isso: também causou pequenas divisões dentro da base de apoio mais forte do governo liderado pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, formado por nacionalistas e religiosos.

A coalizão busca consolidar a ocupação israelense na Cisjordânia ocupada e preservar o controle ortodoxo da prática judaica - duas políticas que atraem amplamente a direita israelense e que podem ser facilitadas caso a supervisão judicial sobre o Parlamento seja extinta.

Entretanto, o principal plano do governo, de conter significativamente o poder do judiciário, e a intenção de fazê-lo sem consenso entre a sociedade israelense criou desconforto desconforto entre um grupo pequeno, mas crescente, de israelenses direitistas e religiosos, muitos deles colonos.

Imagem mostra israelense segurando a bandeira do país durante um protesto contra a reforma judiciária de Biyamin Netanyahu em Jerusalém, na segunda-feira, 13. Proposta é rejeitada pela esquerda e divide a direita Foto: Avishag Shaar-Yashuv / NYT

“Pessoas como eu – de direita, religiosas, ortodoxas – geralmente mantêm a posição de que o sistema de justiça em Israel e a autoridade dos tribunais têm que mudar”, disse Einat Halevy Levin, um opositor dos planos do governo. “Mas o que o governo quer fazer é destruir Israel”, acrescentou.

Os direitistas religiosos, liderados em parte por Halevy Levin, foram uma presença visível nos protestos semanais contra o governo em Tel Aviv, um bastião de israelenses laicos e liberais. Alguns também discursaram.

No mês passado, uma conferência em Jerusalém voltada para judeus ortodoxos de esquerda juntou dezenas de colonos para discutir como se opor ao governo do ponto de vista religioso, segundo afirmaram os organizadores. Um grupo de prefeitos de direita acrescentou seus nomes no fim de semana passado em uma carta aberta que pedia ao governo e à oposição que cheguem a um acordo. Mais de 100 colonos realizaram na noite do dia 11 uma manifestação em Efrat, um grande assentamento no sul da Cisjordânia que raramente vê demonstração de discordância a um governo de direita.

O surgimento dessas divisões mesmo em redutos de direita é um sinal de como os israelenses estão profundamente divididos pela reforma judiciária proposta pelo governo. Em um apelo público por diálogo, o presidente israelense (um cargo em grande parte cerimonial no país), Isaac Herzog, alertou que Israel estava “à beira do colapso constitucional e social” e, possivelmente, até mesmo “um confronto violento”.

Cerca de 100 mil manifestantes se reuniram no centro de Jerusalém na segunda-feira, 12, para protestar em frente ao Knesset, o parlamento israelense, em um dos maiores protestos já realizados na cidade. Em Tel Aviv, um número semelhante protesta todas as semanas desde que a intenção da reforma foi apresentada.

O governo pretende dificultar as decisões da Suprema Corte que anulem as decisões dos deputados (chamada de revisão judiciária) ao mesmo tempo que aumenta a sua influência sobre a seleção dos juízes. Os ministros dizem que as mudanças são necessárias para dar aos juízes, não eleitos pela população, menos controle sobre os deputados eleitos. O argumento é de que desta forma a política do governo vai refletir melhor a opinião da maioria.

Israelenses do lado de fora do Knesset, parlamento israelense, em imagem da segunda-feira, 13. Dia foi marcado por manifestações contra a reforma judiciária do governo Foto: Avishag Shaar-Yashuv / NYT

Os israelenses de direita ficaram historicamente frustrados com o apoio do Judiciário ao desmonte dos assentamentos israelenses em Gaza, ou mais recentemente pela decisão de impedir que um deputado fosse ministro do governo. Os judeus ultraortodoxos também se ressentem do Judiciário por esse se opor a medidas que concedem direitos especiais a eles, incluindo isenções do recrutamento militar.

Em Efrat, onde cerca de sete em cada 10 eleitores apoiaram a coalizão de governo em uma eleição geral em novembro passado, uma centena de pessoas protestou contra as propostas no sábado em uma noite de inverno. Muitos fizeram isso apesar de fortes dúvidas sobre romper a fileira com a direita e encontrar uma causa comum com os israelenses de esquerda que se opõem aos assentamentos.

“Eu literalmente tenho tido sonhos ansiosos com as pessoas descobrindo que eu não apoio este governo”, disse Ariella Dubrowin, de 47 anos. Ela afirma ter pensado duas vezes antes de sair do assentamento para ir protestar. A decisão foi por considerar que as propostas “condenam o país”. “E é doloroso”, disse.

Segundo a israelense, esse foi o primeiro protesto que ela participou desde 2005, quando foi contra a retirada de Israel de Gaza. Essa retirada foi apoiada pela Suprema Corte na época, em uma das várias decisões que colocaram o tribunal na mira do movimento dos colonos.

Embora ambivalente sobre o papel do judiciário na vida pública, Dubrowin ainda sente que qualquer revisão precisa da adesão de toda a sociedade. “Quero consenso sobre algo tão grande quanto isso”, disse.

Israelenses se manifestam contra reforma judiciária de Israel, em Jerusalém, na segunda-feira, 13. Protestos também acontecem em Tel Aviv e em regiões ocupadas na Cisjordânia Foto: Avishag Shaar-Yashuv/NYT

Em teoria, o governo seria capaz de contar com a maioria dos nacionalistas religiosos, que acreditam que todo Israel e os territórios ocupados foram prometidos aos judeus por Deus. Eles geralmente se opõem à criação de um Estado da Palestina nas áreas que Israel ocupou durante a guerra árabe-israelense de 1967 e que mais tarde se estabeleceu com centenas de milhares de israelenses de forma ilegal, de acordo com o direito internacional.

A coalizão de governo já começou a autorizar mais assentamentos na Cisjordânia ocupada e se compromete em anexar todo esse território. A coalizão de governo inclui até mesmo um partido, o Partido Sionista Religioso, que é voltado para o movimento nacionalista religioso mais amplo.

Entretanto, para os dissidentes internos, essas ações são ofuscadas pelas outras pautas da coalizão. Além da reforma judiciária, alguns deputados da base de apoio querem estabelecer a influência do judaísmo ortodoxo em Israel, restringir a influência de correntes não-ortodoxas e adotar uma abordagem mais dura em relação aos palestinos. O líder do Partido Sionista Religioso, Bezalel Smotrich, tem um histórico de declarações agressiva sobre os árabes, incluindo o apoio à segregação entre judeus e árabes nas maternidades.

Nenhuma destas ideias se encaixa bem com os sionistas religiosos mais liberais, que apoiam uma abordagem mais pluralista da vida judaica e uma abordagem mais tolerante com os palestinos, mesmo quando ainda se opõem à soberania palestina. “Smotrich ‘roubou nosso nome’”, disse Halevy Levin, um dos manifestantes em Tel Aviv. “Isso não é sionismo religioso. É um bando de pessoas loucas que tomaram conta da nossa sociedade.”

Entretanto, muitos ainda estão do lado do governo. Em Efrat, um grupo de 20 jovens e adolescentes se reuniu na calçada em frente ao protesto contra o governo, tentando abafar os manifestantes com uma contramanifestação própria. A atmosfera ainda era relativamente civilizada, e alguns dos apoiadores do governo procuraram minimizar as tensões. “Se houver uma guerra civil, e espero que não haja, então não participarei dela”, disse Eyal Rubinstein, de 17 anos.

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