Poder aéreo da Rússia volta aos céus da guerra com bombas guiadas devastadoras


Juntamente com os drones, os mísseis e os projéteis de artilharia russos, as bombas planadoras adicionaram um novo poder de fogo destrutivo à campanha russa no leste ucraniano

Por David Stern e Serhii Korolchuk
Atualização:

KIEV — A força aérea russa incrementou dramaticamente sua eficácia na guerra na Ucrânia aumentando o uso de “bombas planadoras”, o que tem colaborado para os sucessos recentes de Moscou nos campos de batalha, de acordo com especialistas ocidentais.

As abundantes bombas da era soviética, carregadas com até meia tonelada de explosivos, foram equipadas com asas e sistemas de orientação para voarem por longas distâncias com alguma precisão — permitindo aos jatos russos lançá-las para operações fora do alcance dos sistemas antiaéreos ucranianos.

Juntamente com os drones, os mísseis e os projéteis de artilharia russos, as bombas planadoras adicionaram um novo poder de fogo destrutivo à campanha russa no leste ucraniano, conforme visto na recente conquista da cidade de Avdiivka, a primeira grande vitória da Rússia em quase um ano.

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As bandeiras ucranianas tremulam diante de prédios residenciais danificados em Orikhiv, perto da linha de frente na região de Zaporizhzhia, sudeste da Ucrânia, em 28 de fevereiro de 2024, em meio à invasão russa.  Foto: Kateryna Klochko / EFE

A resposta mais eficaz para essa ameaça cada vez mais abundante da Rússia, afirmam ucranianos, ainda é uma perspectiva longínqua: os caças de combate F-16 de fabricação americana pelos quais Kiev tem implorado.

Com as bombas planadoras, acionadas pela primeira vez no ano passado, Moscou encontrou uma solução deselegante mas eficaz para o fato da Ucrânia ter impedido os russos de alcançar superioridade aérea desde os primeiros dias da guerra. Apesar da Ucrânia ter defesas antiaéreas e alguns caças de combate, as bombas planadoras permitem aos russos atacar a partir de distâncias maiores.

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As bombas, “infelizmente, têm um poder destrutivo muito elevado”, afirmou o porta-voz militar ucraniano no leste da Ucrânia, Dmitro Likhovii. Essas bombas “simplesmente demolem as coisas, destruindo casas e fundações que podem ser usadas para fortificações de defesa”.

As forças ucranianas também usam bombas guiadas, incluindo o sistema de Munição de Ataque Direto Conjunto, ou JDAM, que é mais preciso que a versão russa mas muito menos presente.

As bombas planadoras dos russos provaram sua funcionalidade mortal mais recentemente no mês passado, em Avdiivka, desempenhando um papel importante na captura da cidade e reduzindo-a a escombros chamuscados.

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Num relato postado na rede social Telegram durante a batalha, Maksim Zhorin, da 3.ª Brigada de Assalto Separada, descreveu que 60 a 80 bombas planadoras estavam explodindo em sua área todos os dias. “Essas bombas destroem completamente qualquer posição. Todos os edifícios e estruturas viram simplesmente buracos quando apenas uma delas cai.”

Konrad Muzika, diretor da consultoria em defesa Rochan, sediada na Polônia, afirmou que, desde meados de dezembro, o número de ataques aéreos russos contra posições ucranianas — a maioria com bombas planadoras — cresceu significativamente, com base em números do generalato do Exército da Ucrânia.

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Desde janeiro, o número diário de ataques aéreos russos entre as linhas ucranianas excedeu 100 rotineiramente; com quase 160 ataques diários ocorrendo nos quatro dias que antecederam a queda de Avdiivka, afirmou ele.

“Na verdade, isso não implica em custo nenhum (para os russos)”, afirmou Muzika. “Eu imagino que eles têm muitas dessas bombas e não irão esgotá-las rapidamente.”

Tripulação de tanque ucraniana participa de um treinamento militar na região de Chernihiv, em 5 de dezembro de 2023, em meio à invasão russa da Ucrânia.  Foto: Roman Pilipey/ AFP
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“As bombas planadoras são boas para a guerra urbana, atacando lugares como Avdiivka, onde você sabe mais ou menos que área está mirando”, afirmou ele. “E em algum momento você pode destruir um edifício, mas não tem essencialmente nenhum controle em relação a qual prédio atingiu realmente.”

O blog militar russo “Informante Militar” confirmou no Telegram, em um post de 2 de março, que as aeronaves russas tinham “aumentado significativamente o ritmo de uso de bombas aéreas (…) contra posições ucranianas”, especialmente em torno de Avdiivka, “o que literalmente impede as Forças Armadas ucranianas de sobreviver e ocasiona baixas consideráveis em contingente e território”.

Essas munições estão se tornando um problema cada vez maior para os ucranianos, afirmou o analista militar Mikola Bielieskov, do Instituto Nacional para Estudos Estratégicos, administrado pelo governo, em Kiev.

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A pesada estrutura de ferro das bombas as torna quase impossível de derrubar, afirmaram autoridades ucranianas, porque os sistemas de defesa aérea são calibrados para detectar mísseis e foguetes que voam em trajetórias distintas, em vez de responder a bombas soltas de aeronaves.

“Nós tentamos evitá-las com meios limitados à disposição”, afirmou Bielieskov. Em última instância, uma das melhores maneiras de “remediar a situação para a Ucrânia” seria usar caças F-16, que os pilotos ucranianos estão treinando para pilotar e que poderiam ser acionados até o verão (Hemisfério Norte).

Caças F-16 “com as modificações mais recentes”, equipados com mísseis ar-ar AIM-120, “podem aumentar os riscos” para os jatos russos “quando eles estiverem lançando (as bombas planadoras) ou retornando”, afirmou ele.

As forças de defesa antiaérea da Ucrânia afirmam que em meio a esse crescimento no uso de poder aéreo pela Rússia alcançaram vários sucessos, alegando ter derrubado 15 aeronaves militares russas — incluindo 10 caças-bombardeiros Su-34, dois caças de combate Su-35 e uma aeronave de alerta precoce e controle somente em fevereiro.

Não foi possível, contudo, verificar essas afirmações independentemente, e elas evocaram um ceticismo profundo entre alguns analistas, que alertam contra o uso dos números ucranianos.

“Inflar números tem sido um problema consistente em trocas de fogo de longo alcance”, afirmou o especialista em guerra aérea Justin Bronk, pesquisador sênior do Royal United Services, em Londres. Ele admitiu que algumas dessas aeronaves poderiam ter sido derrubadas, mas disse que também é possível que algumas tenham voado abaixo de altitudes detectáveis por radar para se evadir do fogo ucraniano, o que as fez desaparecer das telas. “Não vimos uma grande queda em ataques aéreos”, notou Muzika.

Um cratera na frente de um edifício particular danificado em Orikhiv, perto da linha de frente na região de Zaporizhzhia, sudeste da Ucrânia, em 28 de fevereiro de 2024, em meio à invasão russa. Foto: Kateryna Klochko / EFE

A inteligência britânica, porém, confirmou a derrubada do A-50, um dos alvos mais valiosos na frota aérea russa, carregando um radar sofisticado de alerta para fogo inimigo.

A Rússia não mencionou a derrubada na aeronave, mas o pai de um navegador de A-50 postou na rede social russa VKontakte que seu filho, Aleksandr, tinha morrido “no cumprimento de seu dever militar”, dois dias antes — quando o A-50, segundo relatos, tinha sido derrubado.

“O desaparecimento dessas aeronaves, mesmo que temporário, é um bom sinal para nós”, afirmou o porta-voz da força aérea da Ucrânia Iurii Ignat à TV ucraniana na semana passada, acrescentando que “em certa medida”, isso ajudou a força aérea a atingir jatos russos.

O Instituto para o Estudo da Guerra, sediado em Washington, afirmou na quarta-feira que “aeronaves russas parecem continuar a conduzir um volume relativamente alto de ataques com bombas planadoras” apesar dos relatos de que as forças ucranianas têm derrubado aviões russos.

Isso ocorre “provavelmente porque o comando russo pode ter decidido que os efeitos positivos gerados por operações aéreas desse tipo compensam os custos associados a realizar essas missões”, afirmou o instituto.

As forças russas também estão aumentando o uso de bombas planadoras em Kharkiv, afirmou o governador da região, Oleh Siniehubov, à TV ucraniana na terça-feira. Recentemente, na cidade de Kupiansk, uma bomba guiada carregada com munições de fragmentação foi lançada pela primeira vez, afirmou ele.

“Em comparação, 10 meses atrás o inimigo usava bombas aéreas guiadas muito raramente”, afirmou Siniehubov. “Agora sua prioridade é essa.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

KIEV — A força aérea russa incrementou dramaticamente sua eficácia na guerra na Ucrânia aumentando o uso de “bombas planadoras”, o que tem colaborado para os sucessos recentes de Moscou nos campos de batalha, de acordo com especialistas ocidentais.

As abundantes bombas da era soviética, carregadas com até meia tonelada de explosivos, foram equipadas com asas e sistemas de orientação para voarem por longas distâncias com alguma precisão — permitindo aos jatos russos lançá-las para operações fora do alcance dos sistemas antiaéreos ucranianos.

Juntamente com os drones, os mísseis e os projéteis de artilharia russos, as bombas planadoras adicionaram um novo poder de fogo destrutivo à campanha russa no leste ucraniano, conforme visto na recente conquista da cidade de Avdiivka, a primeira grande vitória da Rússia em quase um ano.

As bandeiras ucranianas tremulam diante de prédios residenciais danificados em Orikhiv, perto da linha de frente na região de Zaporizhzhia, sudeste da Ucrânia, em 28 de fevereiro de 2024, em meio à invasão russa.  Foto: Kateryna Klochko / EFE

A resposta mais eficaz para essa ameaça cada vez mais abundante da Rússia, afirmam ucranianos, ainda é uma perspectiva longínqua: os caças de combate F-16 de fabricação americana pelos quais Kiev tem implorado.

Com as bombas planadoras, acionadas pela primeira vez no ano passado, Moscou encontrou uma solução deselegante mas eficaz para o fato da Ucrânia ter impedido os russos de alcançar superioridade aérea desde os primeiros dias da guerra. Apesar da Ucrânia ter defesas antiaéreas e alguns caças de combate, as bombas planadoras permitem aos russos atacar a partir de distâncias maiores.

As bombas, “infelizmente, têm um poder destrutivo muito elevado”, afirmou o porta-voz militar ucraniano no leste da Ucrânia, Dmitro Likhovii. Essas bombas “simplesmente demolem as coisas, destruindo casas e fundações que podem ser usadas para fortificações de defesa”.

As forças ucranianas também usam bombas guiadas, incluindo o sistema de Munição de Ataque Direto Conjunto, ou JDAM, que é mais preciso que a versão russa mas muito menos presente.

As bombas planadoras dos russos provaram sua funcionalidade mortal mais recentemente no mês passado, em Avdiivka, desempenhando um papel importante na captura da cidade e reduzindo-a a escombros chamuscados.

Num relato postado na rede social Telegram durante a batalha, Maksim Zhorin, da 3.ª Brigada de Assalto Separada, descreveu que 60 a 80 bombas planadoras estavam explodindo em sua área todos os dias. “Essas bombas destroem completamente qualquer posição. Todos os edifícios e estruturas viram simplesmente buracos quando apenas uma delas cai.”

Konrad Muzika, diretor da consultoria em defesa Rochan, sediada na Polônia, afirmou que, desde meados de dezembro, o número de ataques aéreos russos contra posições ucranianas — a maioria com bombas planadoras — cresceu significativamente, com base em números do generalato do Exército da Ucrânia.

Desde janeiro, o número diário de ataques aéreos russos entre as linhas ucranianas excedeu 100 rotineiramente; com quase 160 ataques diários ocorrendo nos quatro dias que antecederam a queda de Avdiivka, afirmou ele.

“Na verdade, isso não implica em custo nenhum (para os russos)”, afirmou Muzika. “Eu imagino que eles têm muitas dessas bombas e não irão esgotá-las rapidamente.”

Tripulação de tanque ucraniana participa de um treinamento militar na região de Chernihiv, em 5 de dezembro de 2023, em meio à invasão russa da Ucrânia.  Foto: Roman Pilipey/ AFP

“As bombas planadoras são boas para a guerra urbana, atacando lugares como Avdiivka, onde você sabe mais ou menos que área está mirando”, afirmou ele. “E em algum momento você pode destruir um edifício, mas não tem essencialmente nenhum controle em relação a qual prédio atingiu realmente.”

O blog militar russo “Informante Militar” confirmou no Telegram, em um post de 2 de março, que as aeronaves russas tinham “aumentado significativamente o ritmo de uso de bombas aéreas (…) contra posições ucranianas”, especialmente em torno de Avdiivka, “o que literalmente impede as Forças Armadas ucranianas de sobreviver e ocasiona baixas consideráveis em contingente e território”.

Essas munições estão se tornando um problema cada vez maior para os ucranianos, afirmou o analista militar Mikola Bielieskov, do Instituto Nacional para Estudos Estratégicos, administrado pelo governo, em Kiev.

A pesada estrutura de ferro das bombas as torna quase impossível de derrubar, afirmaram autoridades ucranianas, porque os sistemas de defesa aérea são calibrados para detectar mísseis e foguetes que voam em trajetórias distintas, em vez de responder a bombas soltas de aeronaves.

“Nós tentamos evitá-las com meios limitados à disposição”, afirmou Bielieskov. Em última instância, uma das melhores maneiras de “remediar a situação para a Ucrânia” seria usar caças F-16, que os pilotos ucranianos estão treinando para pilotar e que poderiam ser acionados até o verão (Hemisfério Norte).

Caças F-16 “com as modificações mais recentes”, equipados com mísseis ar-ar AIM-120, “podem aumentar os riscos” para os jatos russos “quando eles estiverem lançando (as bombas planadoras) ou retornando”, afirmou ele.

As forças de defesa antiaérea da Ucrânia afirmam que em meio a esse crescimento no uso de poder aéreo pela Rússia alcançaram vários sucessos, alegando ter derrubado 15 aeronaves militares russas — incluindo 10 caças-bombardeiros Su-34, dois caças de combate Su-35 e uma aeronave de alerta precoce e controle somente em fevereiro.

Não foi possível, contudo, verificar essas afirmações independentemente, e elas evocaram um ceticismo profundo entre alguns analistas, que alertam contra o uso dos números ucranianos.

“Inflar números tem sido um problema consistente em trocas de fogo de longo alcance”, afirmou o especialista em guerra aérea Justin Bronk, pesquisador sênior do Royal United Services, em Londres. Ele admitiu que algumas dessas aeronaves poderiam ter sido derrubadas, mas disse que também é possível que algumas tenham voado abaixo de altitudes detectáveis por radar para se evadir do fogo ucraniano, o que as fez desaparecer das telas. “Não vimos uma grande queda em ataques aéreos”, notou Muzika.

Um cratera na frente de um edifício particular danificado em Orikhiv, perto da linha de frente na região de Zaporizhzhia, sudeste da Ucrânia, em 28 de fevereiro de 2024, em meio à invasão russa. Foto: Kateryna Klochko / EFE

A inteligência britânica, porém, confirmou a derrubada do A-50, um dos alvos mais valiosos na frota aérea russa, carregando um radar sofisticado de alerta para fogo inimigo.

A Rússia não mencionou a derrubada na aeronave, mas o pai de um navegador de A-50 postou na rede social russa VKontakte que seu filho, Aleksandr, tinha morrido “no cumprimento de seu dever militar”, dois dias antes — quando o A-50, segundo relatos, tinha sido derrubado.

“O desaparecimento dessas aeronaves, mesmo que temporário, é um bom sinal para nós”, afirmou o porta-voz da força aérea da Ucrânia Iurii Ignat à TV ucraniana na semana passada, acrescentando que “em certa medida”, isso ajudou a força aérea a atingir jatos russos.

O Instituto para o Estudo da Guerra, sediado em Washington, afirmou na quarta-feira que “aeronaves russas parecem continuar a conduzir um volume relativamente alto de ataques com bombas planadoras” apesar dos relatos de que as forças ucranianas têm derrubado aviões russos.

Isso ocorre “provavelmente porque o comando russo pode ter decidido que os efeitos positivos gerados por operações aéreas desse tipo compensam os custos associados a realizar essas missões”, afirmou o instituto.

As forças russas também estão aumentando o uso de bombas planadoras em Kharkiv, afirmou o governador da região, Oleh Siniehubov, à TV ucraniana na terça-feira. Recentemente, na cidade de Kupiansk, uma bomba guiada carregada com munições de fragmentação foi lançada pela primeira vez, afirmou ele.

“Em comparação, 10 meses atrás o inimigo usava bombas aéreas guiadas muito raramente”, afirmou Siniehubov. “Agora sua prioridade é essa.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

KIEV — A força aérea russa incrementou dramaticamente sua eficácia na guerra na Ucrânia aumentando o uso de “bombas planadoras”, o que tem colaborado para os sucessos recentes de Moscou nos campos de batalha, de acordo com especialistas ocidentais.

As abundantes bombas da era soviética, carregadas com até meia tonelada de explosivos, foram equipadas com asas e sistemas de orientação para voarem por longas distâncias com alguma precisão — permitindo aos jatos russos lançá-las para operações fora do alcance dos sistemas antiaéreos ucranianos.

Juntamente com os drones, os mísseis e os projéteis de artilharia russos, as bombas planadoras adicionaram um novo poder de fogo destrutivo à campanha russa no leste ucraniano, conforme visto na recente conquista da cidade de Avdiivka, a primeira grande vitória da Rússia em quase um ano.

As bandeiras ucranianas tremulam diante de prédios residenciais danificados em Orikhiv, perto da linha de frente na região de Zaporizhzhia, sudeste da Ucrânia, em 28 de fevereiro de 2024, em meio à invasão russa.  Foto: Kateryna Klochko / EFE

A resposta mais eficaz para essa ameaça cada vez mais abundante da Rússia, afirmam ucranianos, ainda é uma perspectiva longínqua: os caças de combate F-16 de fabricação americana pelos quais Kiev tem implorado.

Com as bombas planadoras, acionadas pela primeira vez no ano passado, Moscou encontrou uma solução deselegante mas eficaz para o fato da Ucrânia ter impedido os russos de alcançar superioridade aérea desde os primeiros dias da guerra. Apesar da Ucrânia ter defesas antiaéreas e alguns caças de combate, as bombas planadoras permitem aos russos atacar a partir de distâncias maiores.

As bombas, “infelizmente, têm um poder destrutivo muito elevado”, afirmou o porta-voz militar ucraniano no leste da Ucrânia, Dmitro Likhovii. Essas bombas “simplesmente demolem as coisas, destruindo casas e fundações que podem ser usadas para fortificações de defesa”.

As forças ucranianas também usam bombas guiadas, incluindo o sistema de Munição de Ataque Direto Conjunto, ou JDAM, que é mais preciso que a versão russa mas muito menos presente.

As bombas planadoras dos russos provaram sua funcionalidade mortal mais recentemente no mês passado, em Avdiivka, desempenhando um papel importante na captura da cidade e reduzindo-a a escombros chamuscados.

Num relato postado na rede social Telegram durante a batalha, Maksim Zhorin, da 3.ª Brigada de Assalto Separada, descreveu que 60 a 80 bombas planadoras estavam explodindo em sua área todos os dias. “Essas bombas destroem completamente qualquer posição. Todos os edifícios e estruturas viram simplesmente buracos quando apenas uma delas cai.”

Konrad Muzika, diretor da consultoria em defesa Rochan, sediada na Polônia, afirmou que, desde meados de dezembro, o número de ataques aéreos russos contra posições ucranianas — a maioria com bombas planadoras — cresceu significativamente, com base em números do generalato do Exército da Ucrânia.

Desde janeiro, o número diário de ataques aéreos russos entre as linhas ucranianas excedeu 100 rotineiramente; com quase 160 ataques diários ocorrendo nos quatro dias que antecederam a queda de Avdiivka, afirmou ele.

“Na verdade, isso não implica em custo nenhum (para os russos)”, afirmou Muzika. “Eu imagino que eles têm muitas dessas bombas e não irão esgotá-las rapidamente.”

Tripulação de tanque ucraniana participa de um treinamento militar na região de Chernihiv, em 5 de dezembro de 2023, em meio à invasão russa da Ucrânia.  Foto: Roman Pilipey/ AFP

“As bombas planadoras são boas para a guerra urbana, atacando lugares como Avdiivka, onde você sabe mais ou menos que área está mirando”, afirmou ele. “E em algum momento você pode destruir um edifício, mas não tem essencialmente nenhum controle em relação a qual prédio atingiu realmente.”

O blog militar russo “Informante Militar” confirmou no Telegram, em um post de 2 de março, que as aeronaves russas tinham “aumentado significativamente o ritmo de uso de bombas aéreas (…) contra posições ucranianas”, especialmente em torno de Avdiivka, “o que literalmente impede as Forças Armadas ucranianas de sobreviver e ocasiona baixas consideráveis em contingente e território”.

Essas munições estão se tornando um problema cada vez maior para os ucranianos, afirmou o analista militar Mikola Bielieskov, do Instituto Nacional para Estudos Estratégicos, administrado pelo governo, em Kiev.

A pesada estrutura de ferro das bombas as torna quase impossível de derrubar, afirmaram autoridades ucranianas, porque os sistemas de defesa aérea são calibrados para detectar mísseis e foguetes que voam em trajetórias distintas, em vez de responder a bombas soltas de aeronaves.

“Nós tentamos evitá-las com meios limitados à disposição”, afirmou Bielieskov. Em última instância, uma das melhores maneiras de “remediar a situação para a Ucrânia” seria usar caças F-16, que os pilotos ucranianos estão treinando para pilotar e que poderiam ser acionados até o verão (Hemisfério Norte).

Caças F-16 “com as modificações mais recentes”, equipados com mísseis ar-ar AIM-120, “podem aumentar os riscos” para os jatos russos “quando eles estiverem lançando (as bombas planadoras) ou retornando”, afirmou ele.

As forças de defesa antiaérea da Ucrânia afirmam que em meio a esse crescimento no uso de poder aéreo pela Rússia alcançaram vários sucessos, alegando ter derrubado 15 aeronaves militares russas — incluindo 10 caças-bombardeiros Su-34, dois caças de combate Su-35 e uma aeronave de alerta precoce e controle somente em fevereiro.

Não foi possível, contudo, verificar essas afirmações independentemente, e elas evocaram um ceticismo profundo entre alguns analistas, que alertam contra o uso dos números ucranianos.

“Inflar números tem sido um problema consistente em trocas de fogo de longo alcance”, afirmou o especialista em guerra aérea Justin Bronk, pesquisador sênior do Royal United Services, em Londres. Ele admitiu que algumas dessas aeronaves poderiam ter sido derrubadas, mas disse que também é possível que algumas tenham voado abaixo de altitudes detectáveis por radar para se evadir do fogo ucraniano, o que as fez desaparecer das telas. “Não vimos uma grande queda em ataques aéreos”, notou Muzika.

Um cratera na frente de um edifício particular danificado em Orikhiv, perto da linha de frente na região de Zaporizhzhia, sudeste da Ucrânia, em 28 de fevereiro de 2024, em meio à invasão russa. Foto: Kateryna Klochko / EFE

A inteligência britânica, porém, confirmou a derrubada do A-50, um dos alvos mais valiosos na frota aérea russa, carregando um radar sofisticado de alerta para fogo inimigo.

A Rússia não mencionou a derrubada na aeronave, mas o pai de um navegador de A-50 postou na rede social russa VKontakte que seu filho, Aleksandr, tinha morrido “no cumprimento de seu dever militar”, dois dias antes — quando o A-50, segundo relatos, tinha sido derrubado.

“O desaparecimento dessas aeronaves, mesmo que temporário, é um bom sinal para nós”, afirmou o porta-voz da força aérea da Ucrânia Iurii Ignat à TV ucraniana na semana passada, acrescentando que “em certa medida”, isso ajudou a força aérea a atingir jatos russos.

O Instituto para o Estudo da Guerra, sediado em Washington, afirmou na quarta-feira que “aeronaves russas parecem continuar a conduzir um volume relativamente alto de ataques com bombas planadoras” apesar dos relatos de que as forças ucranianas têm derrubado aviões russos.

Isso ocorre “provavelmente porque o comando russo pode ter decidido que os efeitos positivos gerados por operações aéreas desse tipo compensam os custos associados a realizar essas missões”, afirmou o instituto.

As forças russas também estão aumentando o uso de bombas planadoras em Kharkiv, afirmou o governador da região, Oleh Siniehubov, à TV ucraniana na terça-feira. Recentemente, na cidade de Kupiansk, uma bomba guiada carregada com munições de fragmentação foi lançada pela primeira vez, afirmou ele.

“Em comparação, 10 meses atrás o inimigo usava bombas aéreas guiadas muito raramente”, afirmou Siniehubov. “Agora sua prioridade é essa.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

KIEV — A força aérea russa incrementou dramaticamente sua eficácia na guerra na Ucrânia aumentando o uso de “bombas planadoras”, o que tem colaborado para os sucessos recentes de Moscou nos campos de batalha, de acordo com especialistas ocidentais.

As abundantes bombas da era soviética, carregadas com até meia tonelada de explosivos, foram equipadas com asas e sistemas de orientação para voarem por longas distâncias com alguma precisão — permitindo aos jatos russos lançá-las para operações fora do alcance dos sistemas antiaéreos ucranianos.

Juntamente com os drones, os mísseis e os projéteis de artilharia russos, as bombas planadoras adicionaram um novo poder de fogo destrutivo à campanha russa no leste ucraniano, conforme visto na recente conquista da cidade de Avdiivka, a primeira grande vitória da Rússia em quase um ano.

As bandeiras ucranianas tremulam diante de prédios residenciais danificados em Orikhiv, perto da linha de frente na região de Zaporizhzhia, sudeste da Ucrânia, em 28 de fevereiro de 2024, em meio à invasão russa.  Foto: Kateryna Klochko / EFE

A resposta mais eficaz para essa ameaça cada vez mais abundante da Rússia, afirmam ucranianos, ainda é uma perspectiva longínqua: os caças de combate F-16 de fabricação americana pelos quais Kiev tem implorado.

Com as bombas planadoras, acionadas pela primeira vez no ano passado, Moscou encontrou uma solução deselegante mas eficaz para o fato da Ucrânia ter impedido os russos de alcançar superioridade aérea desde os primeiros dias da guerra. Apesar da Ucrânia ter defesas antiaéreas e alguns caças de combate, as bombas planadoras permitem aos russos atacar a partir de distâncias maiores.

As bombas, “infelizmente, têm um poder destrutivo muito elevado”, afirmou o porta-voz militar ucraniano no leste da Ucrânia, Dmitro Likhovii. Essas bombas “simplesmente demolem as coisas, destruindo casas e fundações que podem ser usadas para fortificações de defesa”.

As forças ucranianas também usam bombas guiadas, incluindo o sistema de Munição de Ataque Direto Conjunto, ou JDAM, que é mais preciso que a versão russa mas muito menos presente.

As bombas planadoras dos russos provaram sua funcionalidade mortal mais recentemente no mês passado, em Avdiivka, desempenhando um papel importante na captura da cidade e reduzindo-a a escombros chamuscados.

Num relato postado na rede social Telegram durante a batalha, Maksim Zhorin, da 3.ª Brigada de Assalto Separada, descreveu que 60 a 80 bombas planadoras estavam explodindo em sua área todos os dias. “Essas bombas destroem completamente qualquer posição. Todos os edifícios e estruturas viram simplesmente buracos quando apenas uma delas cai.”

Konrad Muzika, diretor da consultoria em defesa Rochan, sediada na Polônia, afirmou que, desde meados de dezembro, o número de ataques aéreos russos contra posições ucranianas — a maioria com bombas planadoras — cresceu significativamente, com base em números do generalato do Exército da Ucrânia.

Desde janeiro, o número diário de ataques aéreos russos entre as linhas ucranianas excedeu 100 rotineiramente; com quase 160 ataques diários ocorrendo nos quatro dias que antecederam a queda de Avdiivka, afirmou ele.

“Na verdade, isso não implica em custo nenhum (para os russos)”, afirmou Muzika. “Eu imagino que eles têm muitas dessas bombas e não irão esgotá-las rapidamente.”

Tripulação de tanque ucraniana participa de um treinamento militar na região de Chernihiv, em 5 de dezembro de 2023, em meio à invasão russa da Ucrânia.  Foto: Roman Pilipey/ AFP

“As bombas planadoras são boas para a guerra urbana, atacando lugares como Avdiivka, onde você sabe mais ou menos que área está mirando”, afirmou ele. “E em algum momento você pode destruir um edifício, mas não tem essencialmente nenhum controle em relação a qual prédio atingiu realmente.”

O blog militar russo “Informante Militar” confirmou no Telegram, em um post de 2 de março, que as aeronaves russas tinham “aumentado significativamente o ritmo de uso de bombas aéreas (…) contra posições ucranianas”, especialmente em torno de Avdiivka, “o que literalmente impede as Forças Armadas ucranianas de sobreviver e ocasiona baixas consideráveis em contingente e território”.

Essas munições estão se tornando um problema cada vez maior para os ucranianos, afirmou o analista militar Mikola Bielieskov, do Instituto Nacional para Estudos Estratégicos, administrado pelo governo, em Kiev.

A pesada estrutura de ferro das bombas as torna quase impossível de derrubar, afirmaram autoridades ucranianas, porque os sistemas de defesa aérea são calibrados para detectar mísseis e foguetes que voam em trajetórias distintas, em vez de responder a bombas soltas de aeronaves.

“Nós tentamos evitá-las com meios limitados à disposição”, afirmou Bielieskov. Em última instância, uma das melhores maneiras de “remediar a situação para a Ucrânia” seria usar caças F-16, que os pilotos ucranianos estão treinando para pilotar e que poderiam ser acionados até o verão (Hemisfério Norte).

Caças F-16 “com as modificações mais recentes”, equipados com mísseis ar-ar AIM-120, “podem aumentar os riscos” para os jatos russos “quando eles estiverem lançando (as bombas planadoras) ou retornando”, afirmou ele.

As forças de defesa antiaérea da Ucrânia afirmam que em meio a esse crescimento no uso de poder aéreo pela Rússia alcançaram vários sucessos, alegando ter derrubado 15 aeronaves militares russas — incluindo 10 caças-bombardeiros Su-34, dois caças de combate Su-35 e uma aeronave de alerta precoce e controle somente em fevereiro.

Não foi possível, contudo, verificar essas afirmações independentemente, e elas evocaram um ceticismo profundo entre alguns analistas, que alertam contra o uso dos números ucranianos.

“Inflar números tem sido um problema consistente em trocas de fogo de longo alcance”, afirmou o especialista em guerra aérea Justin Bronk, pesquisador sênior do Royal United Services, em Londres. Ele admitiu que algumas dessas aeronaves poderiam ter sido derrubadas, mas disse que também é possível que algumas tenham voado abaixo de altitudes detectáveis por radar para se evadir do fogo ucraniano, o que as fez desaparecer das telas. “Não vimos uma grande queda em ataques aéreos”, notou Muzika.

Um cratera na frente de um edifício particular danificado em Orikhiv, perto da linha de frente na região de Zaporizhzhia, sudeste da Ucrânia, em 28 de fevereiro de 2024, em meio à invasão russa. Foto: Kateryna Klochko / EFE

A inteligência britânica, porém, confirmou a derrubada do A-50, um dos alvos mais valiosos na frota aérea russa, carregando um radar sofisticado de alerta para fogo inimigo.

A Rússia não mencionou a derrubada na aeronave, mas o pai de um navegador de A-50 postou na rede social russa VKontakte que seu filho, Aleksandr, tinha morrido “no cumprimento de seu dever militar”, dois dias antes — quando o A-50, segundo relatos, tinha sido derrubado.

“O desaparecimento dessas aeronaves, mesmo que temporário, é um bom sinal para nós”, afirmou o porta-voz da força aérea da Ucrânia Iurii Ignat à TV ucraniana na semana passada, acrescentando que “em certa medida”, isso ajudou a força aérea a atingir jatos russos.

O Instituto para o Estudo da Guerra, sediado em Washington, afirmou na quarta-feira que “aeronaves russas parecem continuar a conduzir um volume relativamente alto de ataques com bombas planadoras” apesar dos relatos de que as forças ucranianas têm derrubado aviões russos.

Isso ocorre “provavelmente porque o comando russo pode ter decidido que os efeitos positivos gerados por operações aéreas desse tipo compensam os custos associados a realizar essas missões”, afirmou o instituto.

As forças russas também estão aumentando o uso de bombas planadoras em Kharkiv, afirmou o governador da região, Oleh Siniehubov, à TV ucraniana na terça-feira. Recentemente, na cidade de Kupiansk, uma bomba guiada carregada com munições de fragmentação foi lançada pela primeira vez, afirmou ele.

“Em comparação, 10 meses atrás o inimigo usava bombas aéreas guiadas muito raramente”, afirmou Siniehubov. “Agora sua prioridade é essa.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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