O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, advertiu, em entrevista à imprensa europeia, que o continente está em “uma época de pré-guerra”, no âmbito do conflito entre Rússia e Ucrânia.
“Não quero assustar ninguém, mas a guerra já não é um conceito do passado. É uma realidade e começou há mais de dois anos” com a invasão da Ucrânia, disse Tusk em uma entrevista com uma aliança de jornais europeus.
Nas últimas semanas, a Rússia intensificou os bombardeios contra a Ucrânia, vizinha oriental da Polônia. Um de seus mísseis violou brevemente o espaço aéreo do país no dia 24 de março, fazendo com que a Força Aérea polonesa fosse colocada em alerta. A Polônia é país-membro da Otan e da União Europeia (UE).
Em dezembro houve outro incidente semelhante, quando um míssil russo entrou no espaço aéreo polonês e saiu poucos minutos depois, rumo à Ucrânia. Em novembro de 2022, um míssil ucraniano caiu sobre a cidade polonesa de Przewodow, perto da fronteira com a Ucrânia, matando dois civis.
“O mais preocupante agora é que literalmente qualquer cenário é possível. Não vivíamos uma situação assim desde 1945″, argumentou o primeiro-ministro polonês.
“Sei que soa assustador, sobretudo para as pessoas da geração mais jovem, mas temos que nos acostumar mentalmente a uma nova era. Estamos em uma época de pré-guerra. Não estou exagerando”, acrescentou.
“Se a Ucrânia perder (a guerra), ninguém na Europa poderá se sentir seguro”, advertiu Tusk, que foi presidente do Conselho Europeu (2014-2019), uma das principais instituições da UE.
O premiê polonês também afirmou na entrevista que a Europa “tem um longo caminho a percorrer” no tema da defesa e que deve ser “independente e autossuficiente” nessa área.
A Polônia é um dos principais aliados de Kiev na União Europeia desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. Neste mês, Alemanha, França e Polônia, durante o encontro do chamado Triângulo de Weimar, prometeram adquirir mais armas para Kiev no mercado global, além de aumentar a produção de equipamentos militares, inclusive por meio da cooperação com aliados na Ucrânia. / AFP