População sente-se abandonada


Em meio a fogo cruzado, civis rejeitam Taleban e governo

Por Adriana Carranca e CABUL

Quando Waheeda revela seu sorriso por trás do portão da pequena casa em Kocha Kharabad, uma das áreas mais pobres de Cabul, a primeira coisa que vem à mente é como essa mulher ainda pode sorrir. Aos 30 anos, ela teve o rosto e 35% do corpo queimados, perdeu um seio, os dois braços e o marido quando voltava com ele e o filho mais novo, num táxi, de um casamento em Jalalabad. Um homem-bomba explodiu-se no carro à frente. Waheeda acordou quatro dias depois no hospital. Nunca mais viu o marido e já não podia fazer coisas cotidianas como pentear os cabelos, tomar banho, comer, e limpar a casa sem ajuda ou cozinhar para os seis filhos que agora cria sozinha. A filha mais velha, Khalida, tornou-se uma extensão da mãe. Aos 13 anos, ela revela os traços da beleza que Waheeda perdeu juntamente com a esperança de uma vida melhor para a família sob o governo do presidente Hamid Karzai. Segundo a ONU, 2.118 civis morreram no fogo cruzado em 2008; no ano anterior foram 1.523 - um crescimento de 40%. Os taleban foram responsáveis por mais da metade das mortes. Os mais de 3,5 mil ataques aéreos lançados no ano passado pelas forças de coalizão mataram 455 civis afegãos. Na percepção dos afegãos, eles estão largados à própria sorte. Se por um lado se revoltam com o terrorismo dos taleban, de outro não entendem por que seu governo, apoiado por 62 mil soldados estrangeiros, não é capaz de protegê-los. O que essa gente está fazendo no Afeganistão? Wahee Wahidi, de 22 anos, largou o colégio e trabalhava como taxista até perder a perna há quatro meses em ataque suicida em Cabul. O alvo era um comboio de soldados franceses à sua frente. Quando Wahidi acordou num hospital, seu primeiro impulso foi tocar a perna, então percebeu o que havia acontecido. "Ele só chorava, queria se matar", diz o pai Mohammad Sahir, de 45 anos. "Foi um ato cruel. Mas o pior é o sentimento de impotência. São 30 anos de guerra e nada mudou. Estamos cansados." Cada civil atingido pelas forças de coalizão aumenta o abismo entre a população, o governo e as forças estrangeira. O motorista de caminhão Faiz Agha, de 28 anos, estava na estrada entre Kandahar e Ghazni quando foi surpreendido disparos de talebans. Duas balas atingiram seu joelho esquerdo e ele perdeu a perna. Casado, pai de quatro filhos, está vivendo da ajuda do irmão. "Não quero nem Taleban, nem a América. Vou lutar por um Afeganistão independente."

Quando Waheeda revela seu sorriso por trás do portão da pequena casa em Kocha Kharabad, uma das áreas mais pobres de Cabul, a primeira coisa que vem à mente é como essa mulher ainda pode sorrir. Aos 30 anos, ela teve o rosto e 35% do corpo queimados, perdeu um seio, os dois braços e o marido quando voltava com ele e o filho mais novo, num táxi, de um casamento em Jalalabad. Um homem-bomba explodiu-se no carro à frente. Waheeda acordou quatro dias depois no hospital. Nunca mais viu o marido e já não podia fazer coisas cotidianas como pentear os cabelos, tomar banho, comer, e limpar a casa sem ajuda ou cozinhar para os seis filhos que agora cria sozinha. A filha mais velha, Khalida, tornou-se uma extensão da mãe. Aos 13 anos, ela revela os traços da beleza que Waheeda perdeu juntamente com a esperança de uma vida melhor para a família sob o governo do presidente Hamid Karzai. Segundo a ONU, 2.118 civis morreram no fogo cruzado em 2008; no ano anterior foram 1.523 - um crescimento de 40%. Os taleban foram responsáveis por mais da metade das mortes. Os mais de 3,5 mil ataques aéreos lançados no ano passado pelas forças de coalizão mataram 455 civis afegãos. Na percepção dos afegãos, eles estão largados à própria sorte. Se por um lado se revoltam com o terrorismo dos taleban, de outro não entendem por que seu governo, apoiado por 62 mil soldados estrangeiros, não é capaz de protegê-los. O que essa gente está fazendo no Afeganistão? Wahee Wahidi, de 22 anos, largou o colégio e trabalhava como taxista até perder a perna há quatro meses em ataque suicida em Cabul. O alvo era um comboio de soldados franceses à sua frente. Quando Wahidi acordou num hospital, seu primeiro impulso foi tocar a perna, então percebeu o que havia acontecido. "Ele só chorava, queria se matar", diz o pai Mohammad Sahir, de 45 anos. "Foi um ato cruel. Mas o pior é o sentimento de impotência. São 30 anos de guerra e nada mudou. Estamos cansados." Cada civil atingido pelas forças de coalizão aumenta o abismo entre a população, o governo e as forças estrangeira. O motorista de caminhão Faiz Agha, de 28 anos, estava na estrada entre Kandahar e Ghazni quando foi surpreendido disparos de talebans. Duas balas atingiram seu joelho esquerdo e ele perdeu a perna. Casado, pai de quatro filhos, está vivendo da ajuda do irmão. "Não quero nem Taleban, nem a América. Vou lutar por um Afeganistão independente."

Quando Waheeda revela seu sorriso por trás do portão da pequena casa em Kocha Kharabad, uma das áreas mais pobres de Cabul, a primeira coisa que vem à mente é como essa mulher ainda pode sorrir. Aos 30 anos, ela teve o rosto e 35% do corpo queimados, perdeu um seio, os dois braços e o marido quando voltava com ele e o filho mais novo, num táxi, de um casamento em Jalalabad. Um homem-bomba explodiu-se no carro à frente. Waheeda acordou quatro dias depois no hospital. Nunca mais viu o marido e já não podia fazer coisas cotidianas como pentear os cabelos, tomar banho, comer, e limpar a casa sem ajuda ou cozinhar para os seis filhos que agora cria sozinha. A filha mais velha, Khalida, tornou-se uma extensão da mãe. Aos 13 anos, ela revela os traços da beleza que Waheeda perdeu juntamente com a esperança de uma vida melhor para a família sob o governo do presidente Hamid Karzai. Segundo a ONU, 2.118 civis morreram no fogo cruzado em 2008; no ano anterior foram 1.523 - um crescimento de 40%. Os taleban foram responsáveis por mais da metade das mortes. Os mais de 3,5 mil ataques aéreos lançados no ano passado pelas forças de coalizão mataram 455 civis afegãos. Na percepção dos afegãos, eles estão largados à própria sorte. Se por um lado se revoltam com o terrorismo dos taleban, de outro não entendem por que seu governo, apoiado por 62 mil soldados estrangeiros, não é capaz de protegê-los. O que essa gente está fazendo no Afeganistão? Wahee Wahidi, de 22 anos, largou o colégio e trabalhava como taxista até perder a perna há quatro meses em ataque suicida em Cabul. O alvo era um comboio de soldados franceses à sua frente. Quando Wahidi acordou num hospital, seu primeiro impulso foi tocar a perna, então percebeu o que havia acontecido. "Ele só chorava, queria se matar", diz o pai Mohammad Sahir, de 45 anos. "Foi um ato cruel. Mas o pior é o sentimento de impotência. São 30 anos de guerra e nada mudou. Estamos cansados." Cada civil atingido pelas forças de coalizão aumenta o abismo entre a população, o governo e as forças estrangeira. O motorista de caminhão Faiz Agha, de 28 anos, estava na estrada entre Kandahar e Ghazni quando foi surpreendido disparos de talebans. Duas balas atingiram seu joelho esquerdo e ele perdeu a perna. Casado, pai de quatro filhos, está vivendo da ajuda do irmão. "Não quero nem Taleban, nem a América. Vou lutar por um Afeganistão independente."

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