Opinião|Por que as chances de Trump são melhores do que dizem as pesquisas?


Suspeito que Kamala tenha conquistado a maior parte dos eleitores indecisos que ela vai conseguir, e Trump esteja em melhor situação nos Estados mais cruciais desta eleição do que as pesquisas sugerem

Por Patrick Healy

E se os eleitores indecisos realmente não estiverem indecisos? E se, em vez disso, eles forem, em sua maioria, pessoas que votarão em Donald Trump, mas simplesmente não querem admitir isso para os pesquisadores - ou para si mesmos?

Esse assunto está em minha mente porque Kamala Harris e Trump têm apresentado o contraste mais nítido que já vi nas cinco disputas presidenciais que cobri. Kamala está fazendo campanha com entusiasmo e sua mensagem tem sido consistente há meses. Essa não é uma escolha complicada.

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Suspeito que Kamala tenha conquistado a maior parte dos eleitores indecisos que ela vai conseguir, e Trump esteja em melhor situação nos Estados mais cruciais desta eleição do que as pesquisas sugerem - e mais bem posicionado para atrair os eleitores que decidem tardiamente e geralmente são movidos por sentimentos (que, na minha opinião, este ano serão sobre duas coisas: a economia e o medo).

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um evento no Clube Econômico de Detroit, em Michigan  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Por que mais “indecisos” não estão dizendo que votarão em Trump? Bem, Trump torna terrivelmente difícil para muitos republicanos, moderados, independentes e outros fora de sua base MAGA (Make America Greta Again) entrarem no movimento com seu bombardeio que nega a eleição, defende a insurreição e nos coloca contra eles.

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Em meus três anos como moderador de grupos de discussão do Times Opinion, ouvi o constrangimento das pessoas que não são “trumpistas-raíz” e votaram em Trump. A conduta do ex-presidente em 6 de janeiro de 2021 causa repugnância a muitas delas. Alguns se sentem genuinamente desconfortáveis em dizer que votarão nele depois do que ele fez naquele dia.

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Conhecido como 'Nostradamus das eleições americanas', o historiador Allan Lichtman faz sua aposta para o resultado

Mas, ao mesmo tempo - e isso é fundamental - muitos eleitores moderados, independentes, indecisos e oscilantes listam a economia como seu principal problema. E muitos ainda elogiam Trump em questões econômicas. Os americanos, em geral, odeiam a inflação. Muitos deles criticam o governo Biden-Kamala por isso.

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Não acredito que eleitores indecisos, preocupados mais com a economia e prejudicados pela inflação, vão abraçar Kamala. Não vejo nenhum sinal claro nos Estados-pêndulo de que sua mensagem econômica esteja convencendo um grande número de eleitores indecisos e de que ela será melhor do que Trump na economia. Muitos eleitores não estão procurando um presidente “mais do mesmo”, e acho que o maior problema de Kamala é se diferenciar de Biden. Ela não fez isso de forma eficaz.

Estratégia

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A estratégia política de Kamala nesta semana é um sinal de que sua equipe também suspeita de tudo isso. Ela está fazendo campanha ao lado de Liz Cheney em Estados decisivos e falará sobre o dia 6 de janeiro. Talvez Kamala e Cheney consigam afastar alguns desses eleitores de Trump e capitalizar sua linguagem de “inimigo interno” e suas ameaças contra seus críticos e oponentes.

Kamala está fechando a corrida com as questões certas - economia, direito ao aborto, segurança, 6 de janeiro - que repercutem em muitos eleitores, inclusive nas mulheres dos subúrbios, cruciais para suas chances. Ela espera que Michelle e Barack Obama ajudem esses eleitores e outros também, quando fizerem seus primeiros eventos conjuntos no final desta semana.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um serviço religioso em Jonesboro, Geórgia  Foto: Jacquelyn Martin/AP
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A estratégia final de Trump é fazer com que as pessoas tenham medo de uma presidência de Kamala, difamando-a pessoalmente ou retratando o país como próximo de um colapso. Ele e seus aliados estão empenhados em tornar Kamala inaceitável para os eleitores.

Se ele vencer, uma história pouco contada dessa campanha pode ser a eficácia dos anúncios de Trump sobre meninas transgêneras e direitos trans em fazer Kamala parecer extrema e inaceitável. Nesta semana, ele está fazendo campanha na Carolina do Norte, Geórgia e Nevada, onde o discurso do medo deve atingir o ápice com os conservadores sociais, eleitores religiosos e alguns dos homens negros e latinos que ele está tentando conquistar.

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Trump sabe o que está fazendo ao semear a ansiedade. Kamala não pode se dar ao luxo de que esta seja uma eleição de medo versus mais do mesmo.

E se os eleitores indecisos realmente não estiverem indecisos? E se, em vez disso, eles forem, em sua maioria, pessoas que votarão em Donald Trump, mas simplesmente não querem admitir isso para os pesquisadores - ou para si mesmos?

Esse assunto está em minha mente porque Kamala Harris e Trump têm apresentado o contraste mais nítido que já vi nas cinco disputas presidenciais que cobri. Kamala está fazendo campanha com entusiasmo e sua mensagem tem sido consistente há meses. Essa não é uma escolha complicada.

Suspeito que Kamala tenha conquistado a maior parte dos eleitores indecisos que ela vai conseguir, e Trump esteja em melhor situação nos Estados mais cruciais desta eleição do que as pesquisas sugerem - e mais bem posicionado para atrair os eleitores que decidem tardiamente e geralmente são movidos por sentimentos (que, na minha opinião, este ano serão sobre duas coisas: a economia e o medo).

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um evento no Clube Econômico de Detroit, em Michigan  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Por que mais “indecisos” não estão dizendo que votarão em Trump? Bem, Trump torna terrivelmente difícil para muitos republicanos, moderados, independentes e outros fora de sua base MAGA (Make America Greta Again) entrarem no movimento com seu bombardeio que nega a eleição, defende a insurreição e nos coloca contra eles.

Em meus três anos como moderador de grupos de discussão do Times Opinion, ouvi o constrangimento das pessoas que não são “trumpistas-raíz” e votaram em Trump. A conduta do ex-presidente em 6 de janeiro de 2021 causa repugnância a muitas delas. Alguns se sentem genuinamente desconfortáveis em dizer que votarão nele depois do que ele fez naquele dia.

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Conhecido como 'Nostradamus das eleições americanas', o historiador Allan Lichtman faz sua aposta para o resultado

Mas, ao mesmo tempo - e isso é fundamental - muitos eleitores moderados, independentes, indecisos e oscilantes listam a economia como seu principal problema. E muitos ainda elogiam Trump em questões econômicas. Os americanos, em geral, odeiam a inflação. Muitos deles criticam o governo Biden-Kamala por isso.

Não acredito que eleitores indecisos, preocupados mais com a economia e prejudicados pela inflação, vão abraçar Kamala. Não vejo nenhum sinal claro nos Estados-pêndulo de que sua mensagem econômica esteja convencendo um grande número de eleitores indecisos e de que ela será melhor do que Trump na economia. Muitos eleitores não estão procurando um presidente “mais do mesmo”, e acho que o maior problema de Kamala é se diferenciar de Biden. Ela não fez isso de forma eficaz.

Estratégia

A estratégia política de Kamala nesta semana é um sinal de que sua equipe também suspeita de tudo isso. Ela está fazendo campanha ao lado de Liz Cheney em Estados decisivos e falará sobre o dia 6 de janeiro. Talvez Kamala e Cheney consigam afastar alguns desses eleitores de Trump e capitalizar sua linguagem de “inimigo interno” e suas ameaças contra seus críticos e oponentes.

Kamala está fechando a corrida com as questões certas - economia, direito ao aborto, segurança, 6 de janeiro - que repercutem em muitos eleitores, inclusive nas mulheres dos subúrbios, cruciais para suas chances. Ela espera que Michelle e Barack Obama ajudem esses eleitores e outros também, quando fizerem seus primeiros eventos conjuntos no final desta semana.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um serviço religioso em Jonesboro, Geórgia  Foto: Jacquelyn Martin/AP

A estratégia final de Trump é fazer com que as pessoas tenham medo de uma presidência de Kamala, difamando-a pessoalmente ou retratando o país como próximo de um colapso. Ele e seus aliados estão empenhados em tornar Kamala inaceitável para os eleitores.

Se ele vencer, uma história pouco contada dessa campanha pode ser a eficácia dos anúncios de Trump sobre meninas transgêneras e direitos trans em fazer Kamala parecer extrema e inaceitável. Nesta semana, ele está fazendo campanha na Carolina do Norte, Geórgia e Nevada, onde o discurso do medo deve atingir o ápice com os conservadores sociais, eleitores religiosos e alguns dos homens negros e latinos que ele está tentando conquistar.

Trump sabe o que está fazendo ao semear a ansiedade. Kamala não pode se dar ao luxo de que esta seja uma eleição de medo versus mais do mesmo.

E se os eleitores indecisos realmente não estiverem indecisos? E se, em vez disso, eles forem, em sua maioria, pessoas que votarão em Donald Trump, mas simplesmente não querem admitir isso para os pesquisadores - ou para si mesmos?

Esse assunto está em minha mente porque Kamala Harris e Trump têm apresentado o contraste mais nítido que já vi nas cinco disputas presidenciais que cobri. Kamala está fazendo campanha com entusiasmo e sua mensagem tem sido consistente há meses. Essa não é uma escolha complicada.

Suspeito que Kamala tenha conquistado a maior parte dos eleitores indecisos que ela vai conseguir, e Trump esteja em melhor situação nos Estados mais cruciais desta eleição do que as pesquisas sugerem - e mais bem posicionado para atrair os eleitores que decidem tardiamente e geralmente são movidos por sentimentos (que, na minha opinião, este ano serão sobre duas coisas: a economia e o medo).

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um evento no Clube Econômico de Detroit, em Michigan  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Por que mais “indecisos” não estão dizendo que votarão em Trump? Bem, Trump torna terrivelmente difícil para muitos republicanos, moderados, independentes e outros fora de sua base MAGA (Make America Greta Again) entrarem no movimento com seu bombardeio que nega a eleição, defende a insurreição e nos coloca contra eles.

Em meus três anos como moderador de grupos de discussão do Times Opinion, ouvi o constrangimento das pessoas que não são “trumpistas-raíz” e votaram em Trump. A conduta do ex-presidente em 6 de janeiro de 2021 causa repugnância a muitas delas. Alguns se sentem genuinamente desconfortáveis em dizer que votarão nele depois do que ele fez naquele dia.

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Conhecido como 'Nostradamus das eleições americanas', o historiador Allan Lichtman faz sua aposta para o resultado

Mas, ao mesmo tempo - e isso é fundamental - muitos eleitores moderados, independentes, indecisos e oscilantes listam a economia como seu principal problema. E muitos ainda elogiam Trump em questões econômicas. Os americanos, em geral, odeiam a inflação. Muitos deles criticam o governo Biden-Kamala por isso.

Não acredito que eleitores indecisos, preocupados mais com a economia e prejudicados pela inflação, vão abraçar Kamala. Não vejo nenhum sinal claro nos Estados-pêndulo de que sua mensagem econômica esteja convencendo um grande número de eleitores indecisos e de que ela será melhor do que Trump na economia. Muitos eleitores não estão procurando um presidente “mais do mesmo”, e acho que o maior problema de Kamala é se diferenciar de Biden. Ela não fez isso de forma eficaz.

Estratégia

A estratégia política de Kamala nesta semana é um sinal de que sua equipe também suspeita de tudo isso. Ela está fazendo campanha ao lado de Liz Cheney em Estados decisivos e falará sobre o dia 6 de janeiro. Talvez Kamala e Cheney consigam afastar alguns desses eleitores de Trump e capitalizar sua linguagem de “inimigo interno” e suas ameaças contra seus críticos e oponentes.

Kamala está fechando a corrida com as questões certas - economia, direito ao aborto, segurança, 6 de janeiro - que repercutem em muitos eleitores, inclusive nas mulheres dos subúrbios, cruciais para suas chances. Ela espera que Michelle e Barack Obama ajudem esses eleitores e outros também, quando fizerem seus primeiros eventos conjuntos no final desta semana.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um serviço religioso em Jonesboro, Geórgia  Foto: Jacquelyn Martin/AP

A estratégia final de Trump é fazer com que as pessoas tenham medo de uma presidência de Kamala, difamando-a pessoalmente ou retratando o país como próximo de um colapso. Ele e seus aliados estão empenhados em tornar Kamala inaceitável para os eleitores.

Se ele vencer, uma história pouco contada dessa campanha pode ser a eficácia dos anúncios de Trump sobre meninas transgêneras e direitos trans em fazer Kamala parecer extrema e inaceitável. Nesta semana, ele está fazendo campanha na Carolina do Norte, Geórgia e Nevada, onde o discurso do medo deve atingir o ápice com os conservadores sociais, eleitores religiosos e alguns dos homens negros e latinos que ele está tentando conquistar.

Trump sabe o que está fazendo ao semear a ansiedade. Kamala não pode se dar ao luxo de que esta seja uma eleição de medo versus mais do mesmo.

E se os eleitores indecisos realmente não estiverem indecisos? E se, em vez disso, eles forem, em sua maioria, pessoas que votarão em Donald Trump, mas simplesmente não querem admitir isso para os pesquisadores - ou para si mesmos?

Esse assunto está em minha mente porque Kamala Harris e Trump têm apresentado o contraste mais nítido que já vi nas cinco disputas presidenciais que cobri. Kamala está fazendo campanha com entusiasmo e sua mensagem tem sido consistente há meses. Essa não é uma escolha complicada.

Suspeito que Kamala tenha conquistado a maior parte dos eleitores indecisos que ela vai conseguir, e Trump esteja em melhor situação nos Estados mais cruciais desta eleição do que as pesquisas sugerem - e mais bem posicionado para atrair os eleitores que decidem tardiamente e geralmente são movidos por sentimentos (que, na minha opinião, este ano serão sobre duas coisas: a economia e o medo).

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um evento no Clube Econômico de Detroit, em Michigan  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Por que mais “indecisos” não estão dizendo que votarão em Trump? Bem, Trump torna terrivelmente difícil para muitos republicanos, moderados, independentes e outros fora de sua base MAGA (Make America Greta Again) entrarem no movimento com seu bombardeio que nega a eleição, defende a insurreição e nos coloca contra eles.

Em meus três anos como moderador de grupos de discussão do Times Opinion, ouvi o constrangimento das pessoas que não são “trumpistas-raíz” e votaram em Trump. A conduta do ex-presidente em 6 de janeiro de 2021 causa repugnância a muitas delas. Alguns se sentem genuinamente desconfortáveis em dizer que votarão nele depois do que ele fez naquele dia.

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Conhecido como 'Nostradamus das eleições americanas', o historiador Allan Lichtman faz sua aposta para o resultado

Mas, ao mesmo tempo - e isso é fundamental - muitos eleitores moderados, independentes, indecisos e oscilantes listam a economia como seu principal problema. E muitos ainda elogiam Trump em questões econômicas. Os americanos, em geral, odeiam a inflação. Muitos deles criticam o governo Biden-Kamala por isso.

Não acredito que eleitores indecisos, preocupados mais com a economia e prejudicados pela inflação, vão abraçar Kamala. Não vejo nenhum sinal claro nos Estados-pêndulo de que sua mensagem econômica esteja convencendo um grande número de eleitores indecisos e de que ela será melhor do que Trump na economia. Muitos eleitores não estão procurando um presidente “mais do mesmo”, e acho que o maior problema de Kamala é se diferenciar de Biden. Ela não fez isso de forma eficaz.

Estratégia

A estratégia política de Kamala nesta semana é um sinal de que sua equipe também suspeita de tudo isso. Ela está fazendo campanha ao lado de Liz Cheney em Estados decisivos e falará sobre o dia 6 de janeiro. Talvez Kamala e Cheney consigam afastar alguns desses eleitores de Trump e capitalizar sua linguagem de “inimigo interno” e suas ameaças contra seus críticos e oponentes.

Kamala está fechando a corrida com as questões certas - economia, direito ao aborto, segurança, 6 de janeiro - que repercutem em muitos eleitores, inclusive nas mulheres dos subúrbios, cruciais para suas chances. Ela espera que Michelle e Barack Obama ajudem esses eleitores e outros também, quando fizerem seus primeiros eventos conjuntos no final desta semana.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um serviço religioso em Jonesboro, Geórgia  Foto: Jacquelyn Martin/AP

A estratégia final de Trump é fazer com que as pessoas tenham medo de uma presidência de Kamala, difamando-a pessoalmente ou retratando o país como próximo de um colapso. Ele e seus aliados estão empenhados em tornar Kamala inaceitável para os eleitores.

Se ele vencer, uma história pouco contada dessa campanha pode ser a eficácia dos anúncios de Trump sobre meninas transgêneras e direitos trans em fazer Kamala parecer extrema e inaceitável. Nesta semana, ele está fazendo campanha na Carolina do Norte, Geórgia e Nevada, onde o discurso do medo deve atingir o ápice com os conservadores sociais, eleitores religiosos e alguns dos homens negros e latinos que ele está tentando conquistar.

Trump sabe o que está fazendo ao semear a ansiedade. Kamala não pode se dar ao luxo de que esta seja uma eleição de medo versus mais do mesmo.

E se os eleitores indecisos realmente não estiverem indecisos? E se, em vez disso, eles forem, em sua maioria, pessoas que votarão em Donald Trump, mas simplesmente não querem admitir isso para os pesquisadores - ou para si mesmos?

Esse assunto está em minha mente porque Kamala Harris e Trump têm apresentado o contraste mais nítido que já vi nas cinco disputas presidenciais que cobri. Kamala está fazendo campanha com entusiasmo e sua mensagem tem sido consistente há meses. Essa não é uma escolha complicada.

Suspeito que Kamala tenha conquistado a maior parte dos eleitores indecisos que ela vai conseguir, e Trump esteja em melhor situação nos Estados mais cruciais desta eleição do que as pesquisas sugerem - e mais bem posicionado para atrair os eleitores que decidem tardiamente e geralmente são movidos por sentimentos (que, na minha opinião, este ano serão sobre duas coisas: a economia e o medo).

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um evento no Clube Econômico de Detroit, em Michigan  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Por que mais “indecisos” não estão dizendo que votarão em Trump? Bem, Trump torna terrivelmente difícil para muitos republicanos, moderados, independentes e outros fora de sua base MAGA (Make America Greta Again) entrarem no movimento com seu bombardeio que nega a eleição, defende a insurreição e nos coloca contra eles.

Em meus três anos como moderador de grupos de discussão do Times Opinion, ouvi o constrangimento das pessoas que não são “trumpistas-raíz” e votaram em Trump. A conduta do ex-presidente em 6 de janeiro de 2021 causa repugnância a muitas delas. Alguns se sentem genuinamente desconfortáveis em dizer que votarão nele depois do que ele fez naquele dia.

Seu navegador não suporta esse video.

Conhecido como 'Nostradamus das eleições americanas', o historiador Allan Lichtman faz sua aposta para o resultado

Mas, ao mesmo tempo - e isso é fundamental - muitos eleitores moderados, independentes, indecisos e oscilantes listam a economia como seu principal problema. E muitos ainda elogiam Trump em questões econômicas. Os americanos, em geral, odeiam a inflação. Muitos deles criticam o governo Biden-Kamala por isso.

Não acredito que eleitores indecisos, preocupados mais com a economia e prejudicados pela inflação, vão abraçar Kamala. Não vejo nenhum sinal claro nos Estados-pêndulo de que sua mensagem econômica esteja convencendo um grande número de eleitores indecisos e de que ela será melhor do que Trump na economia. Muitos eleitores não estão procurando um presidente “mais do mesmo”, e acho que o maior problema de Kamala é se diferenciar de Biden. Ela não fez isso de forma eficaz.

Estratégia

A estratégia política de Kamala nesta semana é um sinal de que sua equipe também suspeita de tudo isso. Ela está fazendo campanha ao lado de Liz Cheney em Estados decisivos e falará sobre o dia 6 de janeiro. Talvez Kamala e Cheney consigam afastar alguns desses eleitores de Trump e capitalizar sua linguagem de “inimigo interno” e suas ameaças contra seus críticos e oponentes.

Kamala está fechando a corrida com as questões certas - economia, direito ao aborto, segurança, 6 de janeiro - que repercutem em muitos eleitores, inclusive nas mulheres dos subúrbios, cruciais para suas chances. Ela espera que Michelle e Barack Obama ajudem esses eleitores e outros também, quando fizerem seus primeiros eventos conjuntos no final desta semana.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um serviço religioso em Jonesboro, Geórgia  Foto: Jacquelyn Martin/AP

A estratégia final de Trump é fazer com que as pessoas tenham medo de uma presidência de Kamala, difamando-a pessoalmente ou retratando o país como próximo de um colapso. Ele e seus aliados estão empenhados em tornar Kamala inaceitável para os eleitores.

Se ele vencer, uma história pouco contada dessa campanha pode ser a eficácia dos anúncios de Trump sobre meninas transgêneras e direitos trans em fazer Kamala parecer extrema e inaceitável. Nesta semana, ele está fazendo campanha na Carolina do Norte, Geórgia e Nevada, onde o discurso do medo deve atingir o ápice com os conservadores sociais, eleitores religiosos e alguns dos homens negros e latinos que ele está tentando conquistar.

Trump sabe o que está fazendo ao semear a ansiedade. Kamala não pode se dar ao luxo de que esta seja uma eleição de medo versus mais do mesmo.

Opinião por Patrick Healy

Editor adjunto de opinião do The New York Times

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