Por que Donald Trump é cada vez mais favorito a cinco meses da eleição nos EUA


A corrida presidencial da América não está empatada, diz nossa previsão

Por The Economist
Atualização:

O índice de aprovação de Joe Biden na presidência é de 39%, colocando-o praticamente empatado como o presidente de pior avaliação nesta altura de seu mandato na história das pesquisas americanas. Em todos os seis estados que poderão ser decisivos em novembro, ele está perdendo por uma diferença entre um e seis pontos percentuais. Nos dois estados onde ele está mais próximo, Wisconsin e Michigan, as margens dos candidatos democratas tiveram no resultado final um desempenho inferior em uma média de seis pontos nas duas eleições mais recentes. Mesmo que ganhe em ambos, Biden ainda precisaria de mais um estado decisivo para garantir os 270 votos eleitorais necessários para a reeleição.

Esses números sugerem que a corrida dificilmente será decidida por um pequeno número de votos. É verdade que os cinco meses que antecedem a votação dão a Biden tempo para recuperar terreno, e as pesquisas podem subestimar o seu verdadeiro apoio. Mas também é possível que o candidato a ser beneficiado por eventuais erros nas pesquisas seja Donald Trump.

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Em 2016, a maioria dos especialistas considerou incompreensível que um candidato claramente desqualificado como Trump pudesse ganhar a presidência. Este preconceito foi reforçado por pesquisas que colocaram consistentemente Hillary Clinton na liderança. Agora, depois de uma presidência que resultou em dois pedidos de impeachment e em um motim no Capitólio, a perspectiva de que os eleitores possam devolver voluntariamente ao cargo um homem recentemente condenado por 34 crimes parece quase igualmente estranha.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump gesticula ao chegar no Tribunal Federal de Manhattan, em Nova York, Estados Unidos  Foto: Spencer Platt/AP

No entanto, as pesquisas sugerem que o mais provável é que isso aconteça. O modelo estatístico eleitoral da Economist – que se baseia apenas em pesquisas, resultados anteriores e dados econômicos, e não leva em consideração o histórico de Trump no cargo ou nos tribunais – dá a Biden 33% de chance de reeleição. Isso significa que uma vitória de Biden contaria apenas como uma ligeira surpresa, um pouco mais provável do que a percentagem de 30% de dias em que chove em Londres. Quatro anos atrás, esse modelo deu a Biden uma chance de vitória de 83%.

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Nosso modelo combina dois tipos de dados: pesquisas do tipo “corrida de cavalos” e “fundamentos”, ou expectativas baseadas em precedentes históricos. Seu ponto de partida, baseado no trabalho de Alan Abramowitz ,da Universidade Emory, é uma “previsão baseada em fundamentos” de alcance nacional que procura prever a parcela de votos do partido no poder (excluindo candidatos de outros partidos) com base em três fatores: o índice de aprovação do presidente, incumbência e a economia. Reinterpretamos a vantagem da incumbência de Abramowitz como a ausência de uma “penalidade de mandato” sofrida pelos partidos que pretendem ocupar a Casa Branca por mais de oito anos, um feito realizado apenas uma vez desde 1950. Também consideramos o enfraquecimento da ligação entre o desempenho da economia e a parcela de votos dos incumbentes que buscam a reeleição, por causa da crescente polarização do eleitorado em campos partidários comprometidos.

Como sabe qualquer pessoa que tenha acompanhado a política americana em 2000 ou 2016, vencer no voto popular não é garantia de prevalecer no colégio eleitoral de cada estado. Nosso modelo também inclui uma previsão dos fundamentos para cada estado, baseada em grande parte no quanto os seus resultados anteriores foram mais democratas ou republicanos do que os Estados Unidos como um todo. Por exemplo, em 2020, Trump venceu na Flórida por 3,3 pontos percentuais, enquanto perdeu no nível nacional por 4,5 pontos, colocando a Flórida 7,8 pontos à direita do país.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursa na Casa Branca, em Washington  Foto: Evan Vucci/AP
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Nosso modelo busca então as verdadeiras intenções de voto em cada estado, a cada dia, levando em consideração as pesquisas de opinião publicadas até o momento. Ele se ajusta ao impacto dos métodos nos resultados da pesquisa, ao tamanho das amostragens, aos vieses dos pesquisadores e ao uso de filtros de eleitores mais prováveis. Diariamente, o modelo gera 10.001 cenários diferentes possíveis para a eleição. Os cenários mais comuns chegam perto dos resultados das pesquisas e de suas previsões baseadas em fundamentos. Mas também inclui um bom número de grandes surpresas, para permitir o risco de erros significativos nas pesquisas.

Em 2012, o quadro geral traçado pelas pesquisas no nível estadual revelou-se mais preciso do que as pesquisas nacionais; quatro anos depois, o inverso era verdadeiro. Para evitar a ponderação excessiva de qualquer tipo de pesquisa, o modelo trata as eleições como um quebra-cabeças gigante, no qual as parcelas de votos em cada estado têm de somar o total nacional. Uma pesquisa nacional de resultado particularmente expressivo para um candidato produzirá percentagens de votos esperadas mais elevadas em todos os estados. Por outro lado, uma pesquisa de resultado surpreendentemente fraco no nível estadual para um candidato reduzirá as expectativas do modelo não apenas nesse estado, mas em todo o país, especialmente em locais geograficamente próximos e demograficamente semelhantes.

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Por que as coisas parecem ruins para Biden

Começando com os fundamentos nacionais, a expectativa do nosso modelo para Biden (antes de ver uma única pesquisa do tipo “corrida de cavalos”) é que ele obtenha 50,5% dos votos bipartidários – um pouco acima de sua participação atual de 49,4% nas pesquisas nacionais, embora abaixo os 52,3% que ganhou em 2020. O modelo acredita que é um pouco mais provável que ele ganhe terreno em relação a Trump durante os próximos cinco meses do que perca: em média, espera-se que Biden ganhe meio ponto percentual, gerando um empate no voto popular nacional.

Infelizmente para o presidente, as pesquisas no nível estatal não sugerem que a vantagem eleitoral que Trump desfrutou em 2016 e 2020 tenha diminuído materialmente. Biden está atrás por cerca de cinco pontos em estados disputados Cinturão do Sol como Arizona, Geórgia e Nevada, que votaram nele há quatro anos. Nosso modelo lhe dá apenas 24% de chances de se manter vitorioso na Geórgia, onde a sua perda de popularidade entre os eleitores negros é mais prejudicial, e 31% e 36% de probabilidade no Arizona e no Nevada, onde as suas perdas entre os latinos o prejudicam.

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As pesquisas de Biden tiveram melhor desempenho nos estados indecisos do Cinturão da Ferrugem, de população relativamente branca, como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Trump lidera por pequena margem nos três estados. Nosso modelo considera todos os três próximos de um empate técnico. A parcela de votos no nível estadual na região dos Grandes Lagos tende a flutuar de uma eleição para outra. Seria necessária apenas uma pequena melhoria nos números de Biden ou um erro nas pesquisas a seu favor para lhe entregar os três estados e um segundo mandato.

Americanos assistem ao debate entre o então presidente dos EUA Donald Trump e o candidato democrata Joe Biden, em Las Vegas  Foto: Melina Mara/The Washington Post

No entanto, há duas razões pelas quais a verdadeira probabilidade de Biden vencer no colégio eleitoral é inferior à probabilidade média de vitória que o modelo atribui a ele nestes três estados. Primeiro, sua queda em outras regiões torna menos provável que ele consiga compensar uma derrota no Meio-Oeste com vitórias no Sul ou no Oeste. Se perder o Arizona, a Geórgia e Nevada, então ele precisará de todos os três estados disputados do Cinturão da Ferrugem (mais um voto do colégio eleitoral de Omaha, Nebraska) para reunir exatamente o número mágico de 270 delegados. Nosso modelo dá a Trump 43% de hipóteses de vencer todos eles e a Biden, 31%, restando 27% para uma decisão acirrada que provavelmente também devolveria Trump à Casa Branca.

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Em segundo lugar, tanto em 2016 como em 2020, Trump teve um desempenho muito melhor no Centro-Oeste do que as pesquisas indicavam. Nosso modelo pressupõe que ambos os candidatos têm a mesma probabilidade de se beneficiar com erros de pesquisa. Mas, se compararmos as pesquisas atuais com as médias das pesquisas estaduais do fim de 2020, e não com os resultados eleitorais reais, o Cinturão da Ferrugem não parece mais uma exceção favorável a Biden. Em vez disso, é consistente com uma tendência nacional, na qual Trump parece ter ganho três a cinco pontos de votação. Se esse fosse o caso, o antigo presidente poderia estar no caminho certo para uma vitória decisiva, virando estados claramente democratas como Maine, Minnesota, Nova Hampshire ou Virgínia. Pesquisas recentes mostrando um empate na votação na Virgínia, ou a vantagem de Biden no bastião democrata de Nova York diminuindo para modestos nove a dez pontos, reforçam essa possibilidade.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump participa de um comício presidencial em Las Vegas, Estados Unidos  Foto: John Locher/AP

A situação de Biden está longe de ser desesperadora. Boas notícias para ele ou más notícias para Trump – como a recente condenação do ex-presidente em Nova York, que até agora se refletiu apenas em um punhado de pesquisas estaduais – poderão alterar as suas chances. O mesmo poderia acontecer com os debates presidenciais. Além disso, é muito mais provável que a nova base de eleitores brancos com diplomas universitários do Partido Democrata compareça às urnas do que a coligação menos instruída de Trump, uma disparidade que as pesquisas dos prováveis eleitores podem não refletir totalmente.

Nosso modelo dá a Trump melhores chances de vitória do que outras previsões quantitativas públicas. Um modelo da Decision Desk e The Hill coloca as chances dele em 56%. A previsão divulgada em 11 de junho pelo FiveThirtyEight da ABC News espera que a posição de Biden nos estados indecisos melhore o suficiente até novembro para lhe dar uma vantagem, com uma probabilidade de vitória de 53%. Todas as três previsões concordam que a disputa está acirrada e que a vitória de qualquer um dos principais candidatos é facilmente plausível. Mas, pelas nossas contas, Trump é o favorito. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

O índice de aprovação de Joe Biden na presidência é de 39%, colocando-o praticamente empatado como o presidente de pior avaliação nesta altura de seu mandato na história das pesquisas americanas. Em todos os seis estados que poderão ser decisivos em novembro, ele está perdendo por uma diferença entre um e seis pontos percentuais. Nos dois estados onde ele está mais próximo, Wisconsin e Michigan, as margens dos candidatos democratas tiveram no resultado final um desempenho inferior em uma média de seis pontos nas duas eleições mais recentes. Mesmo que ganhe em ambos, Biden ainda precisaria de mais um estado decisivo para garantir os 270 votos eleitorais necessários para a reeleição.

Esses números sugerem que a corrida dificilmente será decidida por um pequeno número de votos. É verdade que os cinco meses que antecedem a votação dão a Biden tempo para recuperar terreno, e as pesquisas podem subestimar o seu verdadeiro apoio. Mas também é possível que o candidato a ser beneficiado por eventuais erros nas pesquisas seja Donald Trump.

Em 2016, a maioria dos especialistas considerou incompreensível que um candidato claramente desqualificado como Trump pudesse ganhar a presidência. Este preconceito foi reforçado por pesquisas que colocaram consistentemente Hillary Clinton na liderança. Agora, depois de uma presidência que resultou em dois pedidos de impeachment e em um motim no Capitólio, a perspectiva de que os eleitores possam devolver voluntariamente ao cargo um homem recentemente condenado por 34 crimes parece quase igualmente estranha.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump gesticula ao chegar no Tribunal Federal de Manhattan, em Nova York, Estados Unidos  Foto: Spencer Platt/AP

No entanto, as pesquisas sugerem que o mais provável é que isso aconteça. O modelo estatístico eleitoral da Economist – que se baseia apenas em pesquisas, resultados anteriores e dados econômicos, e não leva em consideração o histórico de Trump no cargo ou nos tribunais – dá a Biden 33% de chance de reeleição. Isso significa que uma vitória de Biden contaria apenas como uma ligeira surpresa, um pouco mais provável do que a percentagem de 30% de dias em que chove em Londres. Quatro anos atrás, esse modelo deu a Biden uma chance de vitória de 83%.

Nosso modelo combina dois tipos de dados: pesquisas do tipo “corrida de cavalos” e “fundamentos”, ou expectativas baseadas em precedentes históricos. Seu ponto de partida, baseado no trabalho de Alan Abramowitz ,da Universidade Emory, é uma “previsão baseada em fundamentos” de alcance nacional que procura prever a parcela de votos do partido no poder (excluindo candidatos de outros partidos) com base em três fatores: o índice de aprovação do presidente, incumbência e a economia. Reinterpretamos a vantagem da incumbência de Abramowitz como a ausência de uma “penalidade de mandato” sofrida pelos partidos que pretendem ocupar a Casa Branca por mais de oito anos, um feito realizado apenas uma vez desde 1950. Também consideramos o enfraquecimento da ligação entre o desempenho da economia e a parcela de votos dos incumbentes que buscam a reeleição, por causa da crescente polarização do eleitorado em campos partidários comprometidos.

Como sabe qualquer pessoa que tenha acompanhado a política americana em 2000 ou 2016, vencer no voto popular não é garantia de prevalecer no colégio eleitoral de cada estado. Nosso modelo também inclui uma previsão dos fundamentos para cada estado, baseada em grande parte no quanto os seus resultados anteriores foram mais democratas ou republicanos do que os Estados Unidos como um todo. Por exemplo, em 2020, Trump venceu na Flórida por 3,3 pontos percentuais, enquanto perdeu no nível nacional por 4,5 pontos, colocando a Flórida 7,8 pontos à direita do país.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursa na Casa Branca, em Washington  Foto: Evan Vucci/AP

Nosso modelo busca então as verdadeiras intenções de voto em cada estado, a cada dia, levando em consideração as pesquisas de opinião publicadas até o momento. Ele se ajusta ao impacto dos métodos nos resultados da pesquisa, ao tamanho das amostragens, aos vieses dos pesquisadores e ao uso de filtros de eleitores mais prováveis. Diariamente, o modelo gera 10.001 cenários diferentes possíveis para a eleição. Os cenários mais comuns chegam perto dos resultados das pesquisas e de suas previsões baseadas em fundamentos. Mas também inclui um bom número de grandes surpresas, para permitir o risco de erros significativos nas pesquisas.

Em 2012, o quadro geral traçado pelas pesquisas no nível estadual revelou-se mais preciso do que as pesquisas nacionais; quatro anos depois, o inverso era verdadeiro. Para evitar a ponderação excessiva de qualquer tipo de pesquisa, o modelo trata as eleições como um quebra-cabeças gigante, no qual as parcelas de votos em cada estado têm de somar o total nacional. Uma pesquisa nacional de resultado particularmente expressivo para um candidato produzirá percentagens de votos esperadas mais elevadas em todos os estados. Por outro lado, uma pesquisa de resultado surpreendentemente fraco no nível estadual para um candidato reduzirá as expectativas do modelo não apenas nesse estado, mas em todo o país, especialmente em locais geograficamente próximos e demograficamente semelhantes.

Por que as coisas parecem ruins para Biden

Começando com os fundamentos nacionais, a expectativa do nosso modelo para Biden (antes de ver uma única pesquisa do tipo “corrida de cavalos”) é que ele obtenha 50,5% dos votos bipartidários – um pouco acima de sua participação atual de 49,4% nas pesquisas nacionais, embora abaixo os 52,3% que ganhou em 2020. O modelo acredita que é um pouco mais provável que ele ganhe terreno em relação a Trump durante os próximos cinco meses do que perca: em média, espera-se que Biden ganhe meio ponto percentual, gerando um empate no voto popular nacional.

Infelizmente para o presidente, as pesquisas no nível estatal não sugerem que a vantagem eleitoral que Trump desfrutou em 2016 e 2020 tenha diminuído materialmente. Biden está atrás por cerca de cinco pontos em estados disputados Cinturão do Sol como Arizona, Geórgia e Nevada, que votaram nele há quatro anos. Nosso modelo lhe dá apenas 24% de chances de se manter vitorioso na Geórgia, onde a sua perda de popularidade entre os eleitores negros é mais prejudicial, e 31% e 36% de probabilidade no Arizona e no Nevada, onde as suas perdas entre os latinos o prejudicam.

As pesquisas de Biden tiveram melhor desempenho nos estados indecisos do Cinturão da Ferrugem, de população relativamente branca, como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Trump lidera por pequena margem nos três estados. Nosso modelo considera todos os três próximos de um empate técnico. A parcela de votos no nível estadual na região dos Grandes Lagos tende a flutuar de uma eleição para outra. Seria necessária apenas uma pequena melhoria nos números de Biden ou um erro nas pesquisas a seu favor para lhe entregar os três estados e um segundo mandato.

Americanos assistem ao debate entre o então presidente dos EUA Donald Trump e o candidato democrata Joe Biden, em Las Vegas  Foto: Melina Mara/The Washington Post

No entanto, há duas razões pelas quais a verdadeira probabilidade de Biden vencer no colégio eleitoral é inferior à probabilidade média de vitória que o modelo atribui a ele nestes três estados. Primeiro, sua queda em outras regiões torna menos provável que ele consiga compensar uma derrota no Meio-Oeste com vitórias no Sul ou no Oeste. Se perder o Arizona, a Geórgia e Nevada, então ele precisará de todos os três estados disputados do Cinturão da Ferrugem (mais um voto do colégio eleitoral de Omaha, Nebraska) para reunir exatamente o número mágico de 270 delegados. Nosso modelo dá a Trump 43% de hipóteses de vencer todos eles e a Biden, 31%, restando 27% para uma decisão acirrada que provavelmente também devolveria Trump à Casa Branca.

Em segundo lugar, tanto em 2016 como em 2020, Trump teve um desempenho muito melhor no Centro-Oeste do que as pesquisas indicavam. Nosso modelo pressupõe que ambos os candidatos têm a mesma probabilidade de se beneficiar com erros de pesquisa. Mas, se compararmos as pesquisas atuais com as médias das pesquisas estaduais do fim de 2020, e não com os resultados eleitorais reais, o Cinturão da Ferrugem não parece mais uma exceção favorável a Biden. Em vez disso, é consistente com uma tendência nacional, na qual Trump parece ter ganho três a cinco pontos de votação. Se esse fosse o caso, o antigo presidente poderia estar no caminho certo para uma vitória decisiva, virando estados claramente democratas como Maine, Minnesota, Nova Hampshire ou Virgínia. Pesquisas recentes mostrando um empate na votação na Virgínia, ou a vantagem de Biden no bastião democrata de Nova York diminuindo para modestos nove a dez pontos, reforçam essa possibilidade.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump participa de um comício presidencial em Las Vegas, Estados Unidos  Foto: John Locher/AP

A situação de Biden está longe de ser desesperadora. Boas notícias para ele ou más notícias para Trump – como a recente condenação do ex-presidente em Nova York, que até agora se refletiu apenas em um punhado de pesquisas estaduais – poderão alterar as suas chances. O mesmo poderia acontecer com os debates presidenciais. Além disso, é muito mais provável que a nova base de eleitores brancos com diplomas universitários do Partido Democrata compareça às urnas do que a coligação menos instruída de Trump, uma disparidade que as pesquisas dos prováveis eleitores podem não refletir totalmente.

Nosso modelo dá a Trump melhores chances de vitória do que outras previsões quantitativas públicas. Um modelo da Decision Desk e The Hill coloca as chances dele em 56%. A previsão divulgada em 11 de junho pelo FiveThirtyEight da ABC News espera que a posição de Biden nos estados indecisos melhore o suficiente até novembro para lhe dar uma vantagem, com uma probabilidade de vitória de 53%. Todas as três previsões concordam que a disputa está acirrada e que a vitória de qualquer um dos principais candidatos é facilmente plausível. Mas, pelas nossas contas, Trump é o favorito. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

O índice de aprovação de Joe Biden na presidência é de 39%, colocando-o praticamente empatado como o presidente de pior avaliação nesta altura de seu mandato na história das pesquisas americanas. Em todos os seis estados que poderão ser decisivos em novembro, ele está perdendo por uma diferença entre um e seis pontos percentuais. Nos dois estados onde ele está mais próximo, Wisconsin e Michigan, as margens dos candidatos democratas tiveram no resultado final um desempenho inferior em uma média de seis pontos nas duas eleições mais recentes. Mesmo que ganhe em ambos, Biden ainda precisaria de mais um estado decisivo para garantir os 270 votos eleitorais necessários para a reeleição.

Esses números sugerem que a corrida dificilmente será decidida por um pequeno número de votos. É verdade que os cinco meses que antecedem a votação dão a Biden tempo para recuperar terreno, e as pesquisas podem subestimar o seu verdadeiro apoio. Mas também é possível que o candidato a ser beneficiado por eventuais erros nas pesquisas seja Donald Trump.

Em 2016, a maioria dos especialistas considerou incompreensível que um candidato claramente desqualificado como Trump pudesse ganhar a presidência. Este preconceito foi reforçado por pesquisas que colocaram consistentemente Hillary Clinton na liderança. Agora, depois de uma presidência que resultou em dois pedidos de impeachment e em um motim no Capitólio, a perspectiva de que os eleitores possam devolver voluntariamente ao cargo um homem recentemente condenado por 34 crimes parece quase igualmente estranha.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump gesticula ao chegar no Tribunal Federal de Manhattan, em Nova York, Estados Unidos  Foto: Spencer Platt/AP

No entanto, as pesquisas sugerem que o mais provável é que isso aconteça. O modelo estatístico eleitoral da Economist – que se baseia apenas em pesquisas, resultados anteriores e dados econômicos, e não leva em consideração o histórico de Trump no cargo ou nos tribunais – dá a Biden 33% de chance de reeleição. Isso significa que uma vitória de Biden contaria apenas como uma ligeira surpresa, um pouco mais provável do que a percentagem de 30% de dias em que chove em Londres. Quatro anos atrás, esse modelo deu a Biden uma chance de vitória de 83%.

Nosso modelo combina dois tipos de dados: pesquisas do tipo “corrida de cavalos” e “fundamentos”, ou expectativas baseadas em precedentes históricos. Seu ponto de partida, baseado no trabalho de Alan Abramowitz ,da Universidade Emory, é uma “previsão baseada em fundamentos” de alcance nacional que procura prever a parcela de votos do partido no poder (excluindo candidatos de outros partidos) com base em três fatores: o índice de aprovação do presidente, incumbência e a economia. Reinterpretamos a vantagem da incumbência de Abramowitz como a ausência de uma “penalidade de mandato” sofrida pelos partidos que pretendem ocupar a Casa Branca por mais de oito anos, um feito realizado apenas uma vez desde 1950. Também consideramos o enfraquecimento da ligação entre o desempenho da economia e a parcela de votos dos incumbentes que buscam a reeleição, por causa da crescente polarização do eleitorado em campos partidários comprometidos.

Como sabe qualquer pessoa que tenha acompanhado a política americana em 2000 ou 2016, vencer no voto popular não é garantia de prevalecer no colégio eleitoral de cada estado. Nosso modelo também inclui uma previsão dos fundamentos para cada estado, baseada em grande parte no quanto os seus resultados anteriores foram mais democratas ou republicanos do que os Estados Unidos como um todo. Por exemplo, em 2020, Trump venceu na Flórida por 3,3 pontos percentuais, enquanto perdeu no nível nacional por 4,5 pontos, colocando a Flórida 7,8 pontos à direita do país.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursa na Casa Branca, em Washington  Foto: Evan Vucci/AP

Nosso modelo busca então as verdadeiras intenções de voto em cada estado, a cada dia, levando em consideração as pesquisas de opinião publicadas até o momento. Ele se ajusta ao impacto dos métodos nos resultados da pesquisa, ao tamanho das amostragens, aos vieses dos pesquisadores e ao uso de filtros de eleitores mais prováveis. Diariamente, o modelo gera 10.001 cenários diferentes possíveis para a eleição. Os cenários mais comuns chegam perto dos resultados das pesquisas e de suas previsões baseadas em fundamentos. Mas também inclui um bom número de grandes surpresas, para permitir o risco de erros significativos nas pesquisas.

Em 2012, o quadro geral traçado pelas pesquisas no nível estadual revelou-se mais preciso do que as pesquisas nacionais; quatro anos depois, o inverso era verdadeiro. Para evitar a ponderação excessiva de qualquer tipo de pesquisa, o modelo trata as eleições como um quebra-cabeças gigante, no qual as parcelas de votos em cada estado têm de somar o total nacional. Uma pesquisa nacional de resultado particularmente expressivo para um candidato produzirá percentagens de votos esperadas mais elevadas em todos os estados. Por outro lado, uma pesquisa de resultado surpreendentemente fraco no nível estadual para um candidato reduzirá as expectativas do modelo não apenas nesse estado, mas em todo o país, especialmente em locais geograficamente próximos e demograficamente semelhantes.

Por que as coisas parecem ruins para Biden

Começando com os fundamentos nacionais, a expectativa do nosso modelo para Biden (antes de ver uma única pesquisa do tipo “corrida de cavalos”) é que ele obtenha 50,5% dos votos bipartidários – um pouco acima de sua participação atual de 49,4% nas pesquisas nacionais, embora abaixo os 52,3% que ganhou em 2020. O modelo acredita que é um pouco mais provável que ele ganhe terreno em relação a Trump durante os próximos cinco meses do que perca: em média, espera-se que Biden ganhe meio ponto percentual, gerando um empate no voto popular nacional.

Infelizmente para o presidente, as pesquisas no nível estatal não sugerem que a vantagem eleitoral que Trump desfrutou em 2016 e 2020 tenha diminuído materialmente. Biden está atrás por cerca de cinco pontos em estados disputados Cinturão do Sol como Arizona, Geórgia e Nevada, que votaram nele há quatro anos. Nosso modelo lhe dá apenas 24% de chances de se manter vitorioso na Geórgia, onde a sua perda de popularidade entre os eleitores negros é mais prejudicial, e 31% e 36% de probabilidade no Arizona e no Nevada, onde as suas perdas entre os latinos o prejudicam.

As pesquisas de Biden tiveram melhor desempenho nos estados indecisos do Cinturão da Ferrugem, de população relativamente branca, como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Trump lidera por pequena margem nos três estados. Nosso modelo considera todos os três próximos de um empate técnico. A parcela de votos no nível estadual na região dos Grandes Lagos tende a flutuar de uma eleição para outra. Seria necessária apenas uma pequena melhoria nos números de Biden ou um erro nas pesquisas a seu favor para lhe entregar os três estados e um segundo mandato.

Americanos assistem ao debate entre o então presidente dos EUA Donald Trump e o candidato democrata Joe Biden, em Las Vegas  Foto: Melina Mara/The Washington Post

No entanto, há duas razões pelas quais a verdadeira probabilidade de Biden vencer no colégio eleitoral é inferior à probabilidade média de vitória que o modelo atribui a ele nestes três estados. Primeiro, sua queda em outras regiões torna menos provável que ele consiga compensar uma derrota no Meio-Oeste com vitórias no Sul ou no Oeste. Se perder o Arizona, a Geórgia e Nevada, então ele precisará de todos os três estados disputados do Cinturão da Ferrugem (mais um voto do colégio eleitoral de Omaha, Nebraska) para reunir exatamente o número mágico de 270 delegados. Nosso modelo dá a Trump 43% de hipóteses de vencer todos eles e a Biden, 31%, restando 27% para uma decisão acirrada que provavelmente também devolveria Trump à Casa Branca.

Em segundo lugar, tanto em 2016 como em 2020, Trump teve um desempenho muito melhor no Centro-Oeste do que as pesquisas indicavam. Nosso modelo pressupõe que ambos os candidatos têm a mesma probabilidade de se beneficiar com erros de pesquisa. Mas, se compararmos as pesquisas atuais com as médias das pesquisas estaduais do fim de 2020, e não com os resultados eleitorais reais, o Cinturão da Ferrugem não parece mais uma exceção favorável a Biden. Em vez disso, é consistente com uma tendência nacional, na qual Trump parece ter ganho três a cinco pontos de votação. Se esse fosse o caso, o antigo presidente poderia estar no caminho certo para uma vitória decisiva, virando estados claramente democratas como Maine, Minnesota, Nova Hampshire ou Virgínia. Pesquisas recentes mostrando um empate na votação na Virgínia, ou a vantagem de Biden no bastião democrata de Nova York diminuindo para modestos nove a dez pontos, reforçam essa possibilidade.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump participa de um comício presidencial em Las Vegas, Estados Unidos  Foto: John Locher/AP

A situação de Biden está longe de ser desesperadora. Boas notícias para ele ou más notícias para Trump – como a recente condenação do ex-presidente em Nova York, que até agora se refletiu apenas em um punhado de pesquisas estaduais – poderão alterar as suas chances. O mesmo poderia acontecer com os debates presidenciais. Além disso, é muito mais provável que a nova base de eleitores brancos com diplomas universitários do Partido Democrata compareça às urnas do que a coligação menos instruída de Trump, uma disparidade que as pesquisas dos prováveis eleitores podem não refletir totalmente.

Nosso modelo dá a Trump melhores chances de vitória do que outras previsões quantitativas públicas. Um modelo da Decision Desk e The Hill coloca as chances dele em 56%. A previsão divulgada em 11 de junho pelo FiveThirtyEight da ABC News espera que a posição de Biden nos estados indecisos melhore o suficiente até novembro para lhe dar uma vantagem, com uma probabilidade de vitória de 53%. Todas as três previsões concordam que a disputa está acirrada e que a vitória de qualquer um dos principais candidatos é facilmente plausível. Mas, pelas nossas contas, Trump é o favorito. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

O índice de aprovação de Joe Biden na presidência é de 39%, colocando-o praticamente empatado como o presidente de pior avaliação nesta altura de seu mandato na história das pesquisas americanas. Em todos os seis estados que poderão ser decisivos em novembro, ele está perdendo por uma diferença entre um e seis pontos percentuais. Nos dois estados onde ele está mais próximo, Wisconsin e Michigan, as margens dos candidatos democratas tiveram no resultado final um desempenho inferior em uma média de seis pontos nas duas eleições mais recentes. Mesmo que ganhe em ambos, Biden ainda precisaria de mais um estado decisivo para garantir os 270 votos eleitorais necessários para a reeleição.

Esses números sugerem que a corrida dificilmente será decidida por um pequeno número de votos. É verdade que os cinco meses que antecedem a votação dão a Biden tempo para recuperar terreno, e as pesquisas podem subestimar o seu verdadeiro apoio. Mas também é possível que o candidato a ser beneficiado por eventuais erros nas pesquisas seja Donald Trump.

Em 2016, a maioria dos especialistas considerou incompreensível que um candidato claramente desqualificado como Trump pudesse ganhar a presidência. Este preconceito foi reforçado por pesquisas que colocaram consistentemente Hillary Clinton na liderança. Agora, depois de uma presidência que resultou em dois pedidos de impeachment e em um motim no Capitólio, a perspectiva de que os eleitores possam devolver voluntariamente ao cargo um homem recentemente condenado por 34 crimes parece quase igualmente estranha.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump gesticula ao chegar no Tribunal Federal de Manhattan, em Nova York, Estados Unidos  Foto: Spencer Platt/AP

No entanto, as pesquisas sugerem que o mais provável é que isso aconteça. O modelo estatístico eleitoral da Economist – que se baseia apenas em pesquisas, resultados anteriores e dados econômicos, e não leva em consideração o histórico de Trump no cargo ou nos tribunais – dá a Biden 33% de chance de reeleição. Isso significa que uma vitória de Biden contaria apenas como uma ligeira surpresa, um pouco mais provável do que a percentagem de 30% de dias em que chove em Londres. Quatro anos atrás, esse modelo deu a Biden uma chance de vitória de 83%.

Nosso modelo combina dois tipos de dados: pesquisas do tipo “corrida de cavalos” e “fundamentos”, ou expectativas baseadas em precedentes históricos. Seu ponto de partida, baseado no trabalho de Alan Abramowitz ,da Universidade Emory, é uma “previsão baseada em fundamentos” de alcance nacional que procura prever a parcela de votos do partido no poder (excluindo candidatos de outros partidos) com base em três fatores: o índice de aprovação do presidente, incumbência e a economia. Reinterpretamos a vantagem da incumbência de Abramowitz como a ausência de uma “penalidade de mandato” sofrida pelos partidos que pretendem ocupar a Casa Branca por mais de oito anos, um feito realizado apenas uma vez desde 1950. Também consideramos o enfraquecimento da ligação entre o desempenho da economia e a parcela de votos dos incumbentes que buscam a reeleição, por causa da crescente polarização do eleitorado em campos partidários comprometidos.

Como sabe qualquer pessoa que tenha acompanhado a política americana em 2000 ou 2016, vencer no voto popular não é garantia de prevalecer no colégio eleitoral de cada estado. Nosso modelo também inclui uma previsão dos fundamentos para cada estado, baseada em grande parte no quanto os seus resultados anteriores foram mais democratas ou republicanos do que os Estados Unidos como um todo. Por exemplo, em 2020, Trump venceu na Flórida por 3,3 pontos percentuais, enquanto perdeu no nível nacional por 4,5 pontos, colocando a Flórida 7,8 pontos à direita do país.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursa na Casa Branca, em Washington  Foto: Evan Vucci/AP

Nosso modelo busca então as verdadeiras intenções de voto em cada estado, a cada dia, levando em consideração as pesquisas de opinião publicadas até o momento. Ele se ajusta ao impacto dos métodos nos resultados da pesquisa, ao tamanho das amostragens, aos vieses dos pesquisadores e ao uso de filtros de eleitores mais prováveis. Diariamente, o modelo gera 10.001 cenários diferentes possíveis para a eleição. Os cenários mais comuns chegam perto dos resultados das pesquisas e de suas previsões baseadas em fundamentos. Mas também inclui um bom número de grandes surpresas, para permitir o risco de erros significativos nas pesquisas.

Em 2012, o quadro geral traçado pelas pesquisas no nível estadual revelou-se mais preciso do que as pesquisas nacionais; quatro anos depois, o inverso era verdadeiro. Para evitar a ponderação excessiva de qualquer tipo de pesquisa, o modelo trata as eleições como um quebra-cabeças gigante, no qual as parcelas de votos em cada estado têm de somar o total nacional. Uma pesquisa nacional de resultado particularmente expressivo para um candidato produzirá percentagens de votos esperadas mais elevadas em todos os estados. Por outro lado, uma pesquisa de resultado surpreendentemente fraco no nível estadual para um candidato reduzirá as expectativas do modelo não apenas nesse estado, mas em todo o país, especialmente em locais geograficamente próximos e demograficamente semelhantes.

Por que as coisas parecem ruins para Biden

Começando com os fundamentos nacionais, a expectativa do nosso modelo para Biden (antes de ver uma única pesquisa do tipo “corrida de cavalos”) é que ele obtenha 50,5% dos votos bipartidários – um pouco acima de sua participação atual de 49,4% nas pesquisas nacionais, embora abaixo os 52,3% que ganhou em 2020. O modelo acredita que é um pouco mais provável que ele ganhe terreno em relação a Trump durante os próximos cinco meses do que perca: em média, espera-se que Biden ganhe meio ponto percentual, gerando um empate no voto popular nacional.

Infelizmente para o presidente, as pesquisas no nível estatal não sugerem que a vantagem eleitoral que Trump desfrutou em 2016 e 2020 tenha diminuído materialmente. Biden está atrás por cerca de cinco pontos em estados disputados Cinturão do Sol como Arizona, Geórgia e Nevada, que votaram nele há quatro anos. Nosso modelo lhe dá apenas 24% de chances de se manter vitorioso na Geórgia, onde a sua perda de popularidade entre os eleitores negros é mais prejudicial, e 31% e 36% de probabilidade no Arizona e no Nevada, onde as suas perdas entre os latinos o prejudicam.

As pesquisas de Biden tiveram melhor desempenho nos estados indecisos do Cinturão da Ferrugem, de população relativamente branca, como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Trump lidera por pequena margem nos três estados. Nosso modelo considera todos os três próximos de um empate técnico. A parcela de votos no nível estadual na região dos Grandes Lagos tende a flutuar de uma eleição para outra. Seria necessária apenas uma pequena melhoria nos números de Biden ou um erro nas pesquisas a seu favor para lhe entregar os três estados e um segundo mandato.

Americanos assistem ao debate entre o então presidente dos EUA Donald Trump e o candidato democrata Joe Biden, em Las Vegas  Foto: Melina Mara/The Washington Post

No entanto, há duas razões pelas quais a verdadeira probabilidade de Biden vencer no colégio eleitoral é inferior à probabilidade média de vitória que o modelo atribui a ele nestes três estados. Primeiro, sua queda em outras regiões torna menos provável que ele consiga compensar uma derrota no Meio-Oeste com vitórias no Sul ou no Oeste. Se perder o Arizona, a Geórgia e Nevada, então ele precisará de todos os três estados disputados do Cinturão da Ferrugem (mais um voto do colégio eleitoral de Omaha, Nebraska) para reunir exatamente o número mágico de 270 delegados. Nosso modelo dá a Trump 43% de hipóteses de vencer todos eles e a Biden, 31%, restando 27% para uma decisão acirrada que provavelmente também devolveria Trump à Casa Branca.

Em segundo lugar, tanto em 2016 como em 2020, Trump teve um desempenho muito melhor no Centro-Oeste do que as pesquisas indicavam. Nosso modelo pressupõe que ambos os candidatos têm a mesma probabilidade de se beneficiar com erros de pesquisa. Mas, se compararmos as pesquisas atuais com as médias das pesquisas estaduais do fim de 2020, e não com os resultados eleitorais reais, o Cinturão da Ferrugem não parece mais uma exceção favorável a Biden. Em vez disso, é consistente com uma tendência nacional, na qual Trump parece ter ganho três a cinco pontos de votação. Se esse fosse o caso, o antigo presidente poderia estar no caminho certo para uma vitória decisiva, virando estados claramente democratas como Maine, Minnesota, Nova Hampshire ou Virgínia. Pesquisas recentes mostrando um empate na votação na Virgínia, ou a vantagem de Biden no bastião democrata de Nova York diminuindo para modestos nove a dez pontos, reforçam essa possibilidade.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump participa de um comício presidencial em Las Vegas, Estados Unidos  Foto: John Locher/AP

A situação de Biden está longe de ser desesperadora. Boas notícias para ele ou más notícias para Trump – como a recente condenação do ex-presidente em Nova York, que até agora se refletiu apenas em um punhado de pesquisas estaduais – poderão alterar as suas chances. O mesmo poderia acontecer com os debates presidenciais. Além disso, é muito mais provável que a nova base de eleitores brancos com diplomas universitários do Partido Democrata compareça às urnas do que a coligação menos instruída de Trump, uma disparidade que as pesquisas dos prováveis eleitores podem não refletir totalmente.

Nosso modelo dá a Trump melhores chances de vitória do que outras previsões quantitativas públicas. Um modelo da Decision Desk e The Hill coloca as chances dele em 56%. A previsão divulgada em 11 de junho pelo FiveThirtyEight da ABC News espera que a posição de Biden nos estados indecisos melhore o suficiente até novembro para lhe dar uma vantagem, com uma probabilidade de vitória de 53%. Todas as três previsões concordam que a disputa está acirrada e que a vitória de qualquer um dos principais candidatos é facilmente plausível. Mas, pelas nossas contas, Trump é o favorito. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

O índice de aprovação de Joe Biden na presidência é de 39%, colocando-o praticamente empatado como o presidente de pior avaliação nesta altura de seu mandato na história das pesquisas americanas. Em todos os seis estados que poderão ser decisivos em novembro, ele está perdendo por uma diferença entre um e seis pontos percentuais. Nos dois estados onde ele está mais próximo, Wisconsin e Michigan, as margens dos candidatos democratas tiveram no resultado final um desempenho inferior em uma média de seis pontos nas duas eleições mais recentes. Mesmo que ganhe em ambos, Biden ainda precisaria de mais um estado decisivo para garantir os 270 votos eleitorais necessários para a reeleição.

Esses números sugerem que a corrida dificilmente será decidida por um pequeno número de votos. É verdade que os cinco meses que antecedem a votação dão a Biden tempo para recuperar terreno, e as pesquisas podem subestimar o seu verdadeiro apoio. Mas também é possível que o candidato a ser beneficiado por eventuais erros nas pesquisas seja Donald Trump.

Em 2016, a maioria dos especialistas considerou incompreensível que um candidato claramente desqualificado como Trump pudesse ganhar a presidência. Este preconceito foi reforçado por pesquisas que colocaram consistentemente Hillary Clinton na liderança. Agora, depois de uma presidência que resultou em dois pedidos de impeachment e em um motim no Capitólio, a perspectiva de que os eleitores possam devolver voluntariamente ao cargo um homem recentemente condenado por 34 crimes parece quase igualmente estranha.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump gesticula ao chegar no Tribunal Federal de Manhattan, em Nova York, Estados Unidos  Foto: Spencer Platt/AP

No entanto, as pesquisas sugerem que o mais provável é que isso aconteça. O modelo estatístico eleitoral da Economist – que se baseia apenas em pesquisas, resultados anteriores e dados econômicos, e não leva em consideração o histórico de Trump no cargo ou nos tribunais – dá a Biden 33% de chance de reeleição. Isso significa que uma vitória de Biden contaria apenas como uma ligeira surpresa, um pouco mais provável do que a percentagem de 30% de dias em que chove em Londres. Quatro anos atrás, esse modelo deu a Biden uma chance de vitória de 83%.

Nosso modelo combina dois tipos de dados: pesquisas do tipo “corrida de cavalos” e “fundamentos”, ou expectativas baseadas em precedentes históricos. Seu ponto de partida, baseado no trabalho de Alan Abramowitz ,da Universidade Emory, é uma “previsão baseada em fundamentos” de alcance nacional que procura prever a parcela de votos do partido no poder (excluindo candidatos de outros partidos) com base em três fatores: o índice de aprovação do presidente, incumbência e a economia. Reinterpretamos a vantagem da incumbência de Abramowitz como a ausência de uma “penalidade de mandato” sofrida pelos partidos que pretendem ocupar a Casa Branca por mais de oito anos, um feito realizado apenas uma vez desde 1950. Também consideramos o enfraquecimento da ligação entre o desempenho da economia e a parcela de votos dos incumbentes que buscam a reeleição, por causa da crescente polarização do eleitorado em campos partidários comprometidos.

Como sabe qualquer pessoa que tenha acompanhado a política americana em 2000 ou 2016, vencer no voto popular não é garantia de prevalecer no colégio eleitoral de cada estado. Nosso modelo também inclui uma previsão dos fundamentos para cada estado, baseada em grande parte no quanto os seus resultados anteriores foram mais democratas ou republicanos do que os Estados Unidos como um todo. Por exemplo, em 2020, Trump venceu na Flórida por 3,3 pontos percentuais, enquanto perdeu no nível nacional por 4,5 pontos, colocando a Flórida 7,8 pontos à direita do país.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursa na Casa Branca, em Washington  Foto: Evan Vucci/AP

Nosso modelo busca então as verdadeiras intenções de voto em cada estado, a cada dia, levando em consideração as pesquisas de opinião publicadas até o momento. Ele se ajusta ao impacto dos métodos nos resultados da pesquisa, ao tamanho das amostragens, aos vieses dos pesquisadores e ao uso de filtros de eleitores mais prováveis. Diariamente, o modelo gera 10.001 cenários diferentes possíveis para a eleição. Os cenários mais comuns chegam perto dos resultados das pesquisas e de suas previsões baseadas em fundamentos. Mas também inclui um bom número de grandes surpresas, para permitir o risco de erros significativos nas pesquisas.

Em 2012, o quadro geral traçado pelas pesquisas no nível estadual revelou-se mais preciso do que as pesquisas nacionais; quatro anos depois, o inverso era verdadeiro. Para evitar a ponderação excessiva de qualquer tipo de pesquisa, o modelo trata as eleições como um quebra-cabeças gigante, no qual as parcelas de votos em cada estado têm de somar o total nacional. Uma pesquisa nacional de resultado particularmente expressivo para um candidato produzirá percentagens de votos esperadas mais elevadas em todos os estados. Por outro lado, uma pesquisa de resultado surpreendentemente fraco no nível estadual para um candidato reduzirá as expectativas do modelo não apenas nesse estado, mas em todo o país, especialmente em locais geograficamente próximos e demograficamente semelhantes.

Por que as coisas parecem ruins para Biden

Começando com os fundamentos nacionais, a expectativa do nosso modelo para Biden (antes de ver uma única pesquisa do tipo “corrida de cavalos”) é que ele obtenha 50,5% dos votos bipartidários – um pouco acima de sua participação atual de 49,4% nas pesquisas nacionais, embora abaixo os 52,3% que ganhou em 2020. O modelo acredita que é um pouco mais provável que ele ganhe terreno em relação a Trump durante os próximos cinco meses do que perca: em média, espera-se que Biden ganhe meio ponto percentual, gerando um empate no voto popular nacional.

Infelizmente para o presidente, as pesquisas no nível estatal não sugerem que a vantagem eleitoral que Trump desfrutou em 2016 e 2020 tenha diminuído materialmente. Biden está atrás por cerca de cinco pontos em estados disputados Cinturão do Sol como Arizona, Geórgia e Nevada, que votaram nele há quatro anos. Nosso modelo lhe dá apenas 24% de chances de se manter vitorioso na Geórgia, onde a sua perda de popularidade entre os eleitores negros é mais prejudicial, e 31% e 36% de probabilidade no Arizona e no Nevada, onde as suas perdas entre os latinos o prejudicam.

As pesquisas de Biden tiveram melhor desempenho nos estados indecisos do Cinturão da Ferrugem, de população relativamente branca, como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Trump lidera por pequena margem nos três estados. Nosso modelo considera todos os três próximos de um empate técnico. A parcela de votos no nível estadual na região dos Grandes Lagos tende a flutuar de uma eleição para outra. Seria necessária apenas uma pequena melhoria nos números de Biden ou um erro nas pesquisas a seu favor para lhe entregar os três estados e um segundo mandato.

Americanos assistem ao debate entre o então presidente dos EUA Donald Trump e o candidato democrata Joe Biden, em Las Vegas  Foto: Melina Mara/The Washington Post

No entanto, há duas razões pelas quais a verdadeira probabilidade de Biden vencer no colégio eleitoral é inferior à probabilidade média de vitória que o modelo atribui a ele nestes três estados. Primeiro, sua queda em outras regiões torna menos provável que ele consiga compensar uma derrota no Meio-Oeste com vitórias no Sul ou no Oeste. Se perder o Arizona, a Geórgia e Nevada, então ele precisará de todos os três estados disputados do Cinturão da Ferrugem (mais um voto do colégio eleitoral de Omaha, Nebraska) para reunir exatamente o número mágico de 270 delegados. Nosso modelo dá a Trump 43% de hipóteses de vencer todos eles e a Biden, 31%, restando 27% para uma decisão acirrada que provavelmente também devolveria Trump à Casa Branca.

Em segundo lugar, tanto em 2016 como em 2020, Trump teve um desempenho muito melhor no Centro-Oeste do que as pesquisas indicavam. Nosso modelo pressupõe que ambos os candidatos têm a mesma probabilidade de se beneficiar com erros de pesquisa. Mas, se compararmos as pesquisas atuais com as médias das pesquisas estaduais do fim de 2020, e não com os resultados eleitorais reais, o Cinturão da Ferrugem não parece mais uma exceção favorável a Biden. Em vez disso, é consistente com uma tendência nacional, na qual Trump parece ter ganho três a cinco pontos de votação. Se esse fosse o caso, o antigo presidente poderia estar no caminho certo para uma vitória decisiva, virando estados claramente democratas como Maine, Minnesota, Nova Hampshire ou Virgínia. Pesquisas recentes mostrando um empate na votação na Virgínia, ou a vantagem de Biden no bastião democrata de Nova York diminuindo para modestos nove a dez pontos, reforçam essa possibilidade.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump participa de um comício presidencial em Las Vegas, Estados Unidos  Foto: John Locher/AP

A situação de Biden está longe de ser desesperadora. Boas notícias para ele ou más notícias para Trump – como a recente condenação do ex-presidente em Nova York, que até agora se refletiu apenas em um punhado de pesquisas estaduais – poderão alterar as suas chances. O mesmo poderia acontecer com os debates presidenciais. Além disso, é muito mais provável que a nova base de eleitores brancos com diplomas universitários do Partido Democrata compareça às urnas do que a coligação menos instruída de Trump, uma disparidade que as pesquisas dos prováveis eleitores podem não refletir totalmente.

Nosso modelo dá a Trump melhores chances de vitória do que outras previsões quantitativas públicas. Um modelo da Decision Desk e The Hill coloca as chances dele em 56%. A previsão divulgada em 11 de junho pelo FiveThirtyEight da ABC News espera que a posição de Biden nos estados indecisos melhore o suficiente até novembro para lhe dar uma vantagem, com uma probabilidade de vitória de 53%. Todas as três previsões concordam que a disputa está acirrada e que a vitória de qualquer um dos principais candidatos é facilmente plausível. Mas, pelas nossas contas, Trump é o favorito. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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