Por que Kamala Harris tem vantagem no debate com Donald Trump


Contra Joe Biden, o republicano venceu porque o adversário se saiu ainda pior. Agora, pode acabar criando problemas para si mesmo ao tentar projetar dominância

Por The Economist

“Todas as coisas que fizemos, ninguém nunca viu nada parecido, nem mesmo do ponto de vista médico. Direito de experimentar, onde podemos experimentar materiais da era espacial, em vez de ir à Ásia ou à Europa e tentar quando você está com uma doença terminal. Agora você pode ir e conseguir alguma coisa. Você assina um documento”. Assim falou Donald Trump durante seu debate com o presidente Joe Biden, em junho. É preciso pensar um pouco e talvez até consultar o Google para extrair o significado desse monte de palavras, que foram usadas como parte de seu argumento final. O debate, desastroso para Biden, também pode ser um desastre para Trump, que só se saiu bem naquela noite porque seu oponente se saiu ainda pior.

Na verdade, as respostas de Biden muitas vezes parecem mais precisas quando lidas na transcrição. O que o derrubou foi sua postura trêmula, assim como sua incapacidade de fazer frente aos disparates do adversário. Trump deu voltas e voltas, apresentou fatos desconcertantes (“Compramos o cachorro certo”) e soltou bolhas gasosas de irrealidade que um oponente mais ágil, com uma inteligência mais afiada, teria adorado estourar. “Todo mundo, sem exceção” queria a anulação de Roe vs. Wade? Nancy Pelosi disse “assumo total responsabilidade” pelo ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021? “Estamos vivendo no inferno”? Sério mesmo?

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A vice-presidente Kamala Harris pode provar ser essa adversária ágil e zombeteira se Trump debater com ela, conforme planejado, em 10 de setembro. Uma análise de seus debates até o momento, inclusive em suas campanhas estaduais na Califórnia, sugere que ela é muito menos propensa aos meandros abstratos que, antes de ser indicada, às vezes confundiam o público durante seus comentários ou entrevistas extemporâneas. A presença de um adversário parece concentrá-la e energizá-la.

Fotos mostram Kamala Harris e Donald Trump em debates de 2020 e 2024, respectivamente. Nesta terça-feira, eles terão confronto direto.  Foto: Associated Press

Trump tem o dom de se vender para pessoas já inclinadas a comprar seus produtos. Kamala, como promotora, se especializou em persuadir júris diversos a acreditar em sua história, e não na história concorrente. As carreiras dos candidatos podem ter deixado ambos menos preocupados com nuances ou com a verdade objetiva do que com seus conjuntos preferidos de fatos.

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Mas enquanto a experiência de Trump o convenceu do poder da grandiloquência, que ele chamou de “hipérbole verdadeira”, a formação de Kamala parece tê-la concentrado na preparação de seus casos para superar dúvidas razoáveis, examinando os argumentos de seus oponentes em busca de fraquezas.

“Isto não é verdade!”, exclamou a senadora Kamala Harris durante o quinto debate das primárias democratas em 20 de novembro de 2019, quando Joe Biden afirmou ter sido apoiado pela “única mulher afro-americana” já eleita para o Senado. “A outra está aqui”, acrescentou ela.

Como costuma fazer nessas situações, ela riu alegremente, escolhendo se divertir em vez de se ofender com seu adversário – e a plateia riu junto com ela. No que provou ser um momento crucial em sua eleição para procuradora-geral da Califórnia em 2010, seu oponente, um promotor público de longa data chamado Steve Cooley, foi questionado se aceitaria sua pensão por um cargo anterior junto com o salário que viria com o novo posto.

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Ele disse que aceitaria porque “definitivamente a havia conquistado” e contaria com ela “para complementar o salário muito baixo, incrivelmente baixo que é pago ao procurador-geral do estado”. Kamala se iluminou como uma chama. “Vá em frente, Steve!”, disse ela, rindo alto. “Você mereceu, sem dúvida”. Trump raramente sorri em debates, muito menos dá risada.

Kamala também pode ser hábil em demonstrar raiva, transformando tentativas de oponentes de pintá-la como fraca em oportunidades de mostrar força. “Não vou ficar aqui ouvindo um sermão do vice-presidente sobre o que significa fazer cumprir as leis do nosso país”, Kamala rebateu durante seu debate com o vice-presidente Mike Pence em outubro de 2020, uma disputa que ela venceu, de acordo com as pesquisas da época.

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Kamala tem menos experiência no grande palco da corrida presidencial e tem muitas vulnerabilidades. Trump pode conseguir constrangê-la sobre a retirada do Afeganistão ou a imigração ilegal. E sem dúvida a acusará de voltar atrás em posições importantes.

Mas aqui ela pode se provar mais forte: ela parece mais à vontade com suas novas posições. Trump, por outro lado, está com dificuldade de encontrar um novo meio-termo em uma de suas principais pautas: os direitos reprodutivos. Se ele ainda não decidiu uma linha de ataque, oscilando entre tratá-la como uma piada ou uma ameaça, ela vem aprimorando suas críticas a ele há anos.

Trump é tão cioso de sua autoimagem, para não falar de sua honra, que tem sido fácil atraí-lo para alegações defensivas sobre tudo, desde sua inteligência até seus resultados no golfe.

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Um sinal da confiança de Kamala é que, embora Biden tenha solicitado que os microfones dos debatedores fossem silenciados quando não fosse a vez de cada candidato falar, para evitar que Trump o interrompesse, ela prefere que os microfones fiquem abertos. A campanha de Kamala Harris disse repetidas vezes à imprensa que os assessores de Trump estão insistindo que os microfones fiquem fechados, em uma clara tentativa de forçar Trump a desmenti-los. Ele não o fez.

Na última eleição, pesquisas apontaram Kamala Harris como vencedora do debate com Mike Pence, vice de Donald Trump.  Foto: Julio Cortez/Associated Press

Fêmea alfa

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Kamala está apostando que a ânsia de Trump em projetar dominância o colocará em apuros. Ela fez o muito mais brando Pence parecer um canalha, e ela mesma parecer forte, ao encará-lo e dizer severamente “Senhor Vice-Presidente, eu estou falando”, quando ele a interrompeu. Esse momento viralizou nas redes sociais e claramente assombra Trump. Ele o citou recentemente ao chamar Harris de “uma pessoa desagradável” que foi “horrível” com Pence – embora as ameaças dos apoiadores de Trump de enforcar Pence possam parecer um pouco mais duras.

Antes do desastre de Biden em junho, a sabedoria convencional havia concluído que os debates não importavam muito. Pesquisas mostraram, por exemplo, que em 2016 Hillary Clinton venceu facilmente todos os três debates contra Trump. Mas, diferentemente de Clinton ou Trump, os americanos ainda estão conhecendo Harris. Este debate é a melhor chance de ela mostrar que seria a melhor presidente./ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

“Todas as coisas que fizemos, ninguém nunca viu nada parecido, nem mesmo do ponto de vista médico. Direito de experimentar, onde podemos experimentar materiais da era espacial, em vez de ir à Ásia ou à Europa e tentar quando você está com uma doença terminal. Agora você pode ir e conseguir alguma coisa. Você assina um documento”. Assim falou Donald Trump durante seu debate com o presidente Joe Biden, em junho. É preciso pensar um pouco e talvez até consultar o Google para extrair o significado desse monte de palavras, que foram usadas como parte de seu argumento final. O debate, desastroso para Biden, também pode ser um desastre para Trump, que só se saiu bem naquela noite porque seu oponente se saiu ainda pior.

Na verdade, as respostas de Biden muitas vezes parecem mais precisas quando lidas na transcrição. O que o derrubou foi sua postura trêmula, assim como sua incapacidade de fazer frente aos disparates do adversário. Trump deu voltas e voltas, apresentou fatos desconcertantes (“Compramos o cachorro certo”) e soltou bolhas gasosas de irrealidade que um oponente mais ágil, com uma inteligência mais afiada, teria adorado estourar. “Todo mundo, sem exceção” queria a anulação de Roe vs. Wade? Nancy Pelosi disse “assumo total responsabilidade” pelo ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021? “Estamos vivendo no inferno”? Sério mesmo?

A vice-presidente Kamala Harris pode provar ser essa adversária ágil e zombeteira se Trump debater com ela, conforme planejado, em 10 de setembro. Uma análise de seus debates até o momento, inclusive em suas campanhas estaduais na Califórnia, sugere que ela é muito menos propensa aos meandros abstratos que, antes de ser indicada, às vezes confundiam o público durante seus comentários ou entrevistas extemporâneas. A presença de um adversário parece concentrá-la e energizá-la.

Fotos mostram Kamala Harris e Donald Trump em debates de 2020 e 2024, respectivamente. Nesta terça-feira, eles terão confronto direto.  Foto: Associated Press

Trump tem o dom de se vender para pessoas já inclinadas a comprar seus produtos. Kamala, como promotora, se especializou em persuadir júris diversos a acreditar em sua história, e não na história concorrente. As carreiras dos candidatos podem ter deixado ambos menos preocupados com nuances ou com a verdade objetiva do que com seus conjuntos preferidos de fatos.

Mas enquanto a experiência de Trump o convenceu do poder da grandiloquência, que ele chamou de “hipérbole verdadeira”, a formação de Kamala parece tê-la concentrado na preparação de seus casos para superar dúvidas razoáveis, examinando os argumentos de seus oponentes em busca de fraquezas.

“Isto não é verdade!”, exclamou a senadora Kamala Harris durante o quinto debate das primárias democratas em 20 de novembro de 2019, quando Joe Biden afirmou ter sido apoiado pela “única mulher afro-americana” já eleita para o Senado. “A outra está aqui”, acrescentou ela.

Como costuma fazer nessas situações, ela riu alegremente, escolhendo se divertir em vez de se ofender com seu adversário – e a plateia riu junto com ela. No que provou ser um momento crucial em sua eleição para procuradora-geral da Califórnia em 2010, seu oponente, um promotor público de longa data chamado Steve Cooley, foi questionado se aceitaria sua pensão por um cargo anterior junto com o salário que viria com o novo posto.

Ele disse que aceitaria porque “definitivamente a havia conquistado” e contaria com ela “para complementar o salário muito baixo, incrivelmente baixo que é pago ao procurador-geral do estado”. Kamala se iluminou como uma chama. “Vá em frente, Steve!”, disse ela, rindo alto. “Você mereceu, sem dúvida”. Trump raramente sorri em debates, muito menos dá risada.

Kamala também pode ser hábil em demonstrar raiva, transformando tentativas de oponentes de pintá-la como fraca em oportunidades de mostrar força. “Não vou ficar aqui ouvindo um sermão do vice-presidente sobre o que significa fazer cumprir as leis do nosso país”, Kamala rebateu durante seu debate com o vice-presidente Mike Pence em outubro de 2020, uma disputa que ela venceu, de acordo com as pesquisas da época.

Kamala tem menos experiência no grande palco da corrida presidencial e tem muitas vulnerabilidades. Trump pode conseguir constrangê-la sobre a retirada do Afeganistão ou a imigração ilegal. E sem dúvida a acusará de voltar atrás em posições importantes.

Mas aqui ela pode se provar mais forte: ela parece mais à vontade com suas novas posições. Trump, por outro lado, está com dificuldade de encontrar um novo meio-termo em uma de suas principais pautas: os direitos reprodutivos. Se ele ainda não decidiu uma linha de ataque, oscilando entre tratá-la como uma piada ou uma ameaça, ela vem aprimorando suas críticas a ele há anos.

Trump é tão cioso de sua autoimagem, para não falar de sua honra, que tem sido fácil atraí-lo para alegações defensivas sobre tudo, desde sua inteligência até seus resultados no golfe.

Um sinal da confiança de Kamala é que, embora Biden tenha solicitado que os microfones dos debatedores fossem silenciados quando não fosse a vez de cada candidato falar, para evitar que Trump o interrompesse, ela prefere que os microfones fiquem abertos. A campanha de Kamala Harris disse repetidas vezes à imprensa que os assessores de Trump estão insistindo que os microfones fiquem fechados, em uma clara tentativa de forçar Trump a desmenti-los. Ele não o fez.

Na última eleição, pesquisas apontaram Kamala Harris como vencedora do debate com Mike Pence, vice de Donald Trump.  Foto: Julio Cortez/Associated Press

Fêmea alfa

Kamala está apostando que a ânsia de Trump em projetar dominância o colocará em apuros. Ela fez o muito mais brando Pence parecer um canalha, e ela mesma parecer forte, ao encará-lo e dizer severamente “Senhor Vice-Presidente, eu estou falando”, quando ele a interrompeu. Esse momento viralizou nas redes sociais e claramente assombra Trump. Ele o citou recentemente ao chamar Harris de “uma pessoa desagradável” que foi “horrível” com Pence – embora as ameaças dos apoiadores de Trump de enforcar Pence possam parecer um pouco mais duras.

Antes do desastre de Biden em junho, a sabedoria convencional havia concluído que os debates não importavam muito. Pesquisas mostraram, por exemplo, que em 2016 Hillary Clinton venceu facilmente todos os três debates contra Trump. Mas, diferentemente de Clinton ou Trump, os americanos ainda estão conhecendo Harris. Este debate é a melhor chance de ela mostrar que seria a melhor presidente./ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

“Todas as coisas que fizemos, ninguém nunca viu nada parecido, nem mesmo do ponto de vista médico. Direito de experimentar, onde podemos experimentar materiais da era espacial, em vez de ir à Ásia ou à Europa e tentar quando você está com uma doença terminal. Agora você pode ir e conseguir alguma coisa. Você assina um documento”. Assim falou Donald Trump durante seu debate com o presidente Joe Biden, em junho. É preciso pensar um pouco e talvez até consultar o Google para extrair o significado desse monte de palavras, que foram usadas como parte de seu argumento final. O debate, desastroso para Biden, também pode ser um desastre para Trump, que só se saiu bem naquela noite porque seu oponente se saiu ainda pior.

Na verdade, as respostas de Biden muitas vezes parecem mais precisas quando lidas na transcrição. O que o derrubou foi sua postura trêmula, assim como sua incapacidade de fazer frente aos disparates do adversário. Trump deu voltas e voltas, apresentou fatos desconcertantes (“Compramos o cachorro certo”) e soltou bolhas gasosas de irrealidade que um oponente mais ágil, com uma inteligência mais afiada, teria adorado estourar. “Todo mundo, sem exceção” queria a anulação de Roe vs. Wade? Nancy Pelosi disse “assumo total responsabilidade” pelo ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021? “Estamos vivendo no inferno”? Sério mesmo?

A vice-presidente Kamala Harris pode provar ser essa adversária ágil e zombeteira se Trump debater com ela, conforme planejado, em 10 de setembro. Uma análise de seus debates até o momento, inclusive em suas campanhas estaduais na Califórnia, sugere que ela é muito menos propensa aos meandros abstratos que, antes de ser indicada, às vezes confundiam o público durante seus comentários ou entrevistas extemporâneas. A presença de um adversário parece concentrá-la e energizá-la.

Fotos mostram Kamala Harris e Donald Trump em debates de 2020 e 2024, respectivamente. Nesta terça-feira, eles terão confronto direto.  Foto: Associated Press

Trump tem o dom de se vender para pessoas já inclinadas a comprar seus produtos. Kamala, como promotora, se especializou em persuadir júris diversos a acreditar em sua história, e não na história concorrente. As carreiras dos candidatos podem ter deixado ambos menos preocupados com nuances ou com a verdade objetiva do que com seus conjuntos preferidos de fatos.

Mas enquanto a experiência de Trump o convenceu do poder da grandiloquência, que ele chamou de “hipérbole verdadeira”, a formação de Kamala parece tê-la concentrado na preparação de seus casos para superar dúvidas razoáveis, examinando os argumentos de seus oponentes em busca de fraquezas.

“Isto não é verdade!”, exclamou a senadora Kamala Harris durante o quinto debate das primárias democratas em 20 de novembro de 2019, quando Joe Biden afirmou ter sido apoiado pela “única mulher afro-americana” já eleita para o Senado. “A outra está aqui”, acrescentou ela.

Como costuma fazer nessas situações, ela riu alegremente, escolhendo se divertir em vez de se ofender com seu adversário – e a plateia riu junto com ela. No que provou ser um momento crucial em sua eleição para procuradora-geral da Califórnia em 2010, seu oponente, um promotor público de longa data chamado Steve Cooley, foi questionado se aceitaria sua pensão por um cargo anterior junto com o salário que viria com o novo posto.

Ele disse que aceitaria porque “definitivamente a havia conquistado” e contaria com ela “para complementar o salário muito baixo, incrivelmente baixo que é pago ao procurador-geral do estado”. Kamala se iluminou como uma chama. “Vá em frente, Steve!”, disse ela, rindo alto. “Você mereceu, sem dúvida”. Trump raramente sorri em debates, muito menos dá risada.

Kamala também pode ser hábil em demonstrar raiva, transformando tentativas de oponentes de pintá-la como fraca em oportunidades de mostrar força. “Não vou ficar aqui ouvindo um sermão do vice-presidente sobre o que significa fazer cumprir as leis do nosso país”, Kamala rebateu durante seu debate com o vice-presidente Mike Pence em outubro de 2020, uma disputa que ela venceu, de acordo com as pesquisas da época.

Kamala tem menos experiência no grande palco da corrida presidencial e tem muitas vulnerabilidades. Trump pode conseguir constrangê-la sobre a retirada do Afeganistão ou a imigração ilegal. E sem dúvida a acusará de voltar atrás em posições importantes.

Mas aqui ela pode se provar mais forte: ela parece mais à vontade com suas novas posições. Trump, por outro lado, está com dificuldade de encontrar um novo meio-termo em uma de suas principais pautas: os direitos reprodutivos. Se ele ainda não decidiu uma linha de ataque, oscilando entre tratá-la como uma piada ou uma ameaça, ela vem aprimorando suas críticas a ele há anos.

Trump é tão cioso de sua autoimagem, para não falar de sua honra, que tem sido fácil atraí-lo para alegações defensivas sobre tudo, desde sua inteligência até seus resultados no golfe.

Um sinal da confiança de Kamala é que, embora Biden tenha solicitado que os microfones dos debatedores fossem silenciados quando não fosse a vez de cada candidato falar, para evitar que Trump o interrompesse, ela prefere que os microfones fiquem abertos. A campanha de Kamala Harris disse repetidas vezes à imprensa que os assessores de Trump estão insistindo que os microfones fiquem fechados, em uma clara tentativa de forçar Trump a desmenti-los. Ele não o fez.

Na última eleição, pesquisas apontaram Kamala Harris como vencedora do debate com Mike Pence, vice de Donald Trump.  Foto: Julio Cortez/Associated Press

Fêmea alfa

Kamala está apostando que a ânsia de Trump em projetar dominância o colocará em apuros. Ela fez o muito mais brando Pence parecer um canalha, e ela mesma parecer forte, ao encará-lo e dizer severamente “Senhor Vice-Presidente, eu estou falando”, quando ele a interrompeu. Esse momento viralizou nas redes sociais e claramente assombra Trump. Ele o citou recentemente ao chamar Harris de “uma pessoa desagradável” que foi “horrível” com Pence – embora as ameaças dos apoiadores de Trump de enforcar Pence possam parecer um pouco mais duras.

Antes do desastre de Biden em junho, a sabedoria convencional havia concluído que os debates não importavam muito. Pesquisas mostraram, por exemplo, que em 2016 Hillary Clinton venceu facilmente todos os três debates contra Trump. Mas, diferentemente de Clinton ou Trump, os americanos ainda estão conhecendo Harris. Este debate é a melhor chance de ela mostrar que seria a melhor presidente./ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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