Análise|Por que os republicanos não gostam da Taylor Swift — e como isto pode afetar Trump nas urnas


Conservadores estão espalhando afirmações falsas sobre a estrela pop e seu namorado, acusando-os de serem uma ‘operação psicológica’ para atrair eleitores a Biden

Por Mariana Alfaro
Atualização:

A cantora pop Taylor Swift tem um papel de protagonista em quase todos os lugares que vai — em estádios de todo o mundo se apresentando em sua popular Eras Tour, comemorando com seu namorado nos jogos de futebol americano e na lista de indicações para o Grammy deste ano — e agora ela também ocupando mentes de conservadores dos Estados Unidos que estão tensos se ela pode ter alguma influência na corrida presidencial de 2024.

Na segunda-feira, 29, o New York Times relatou que a campanha de Joe Biden está tentando conseguir o apoio da estrela pop antes da eleição geral, na qual o democrata possivelmente enfrentará o ex-presidente Donald Trump. Embora Taylor Swift não tenha feito nenhum apoio a candidato até agora, essa história despertou a ira entre republicanos, que agora estão espalhando informações infundadas sobre a cantora ser uma “psypop” — uma operação psicológica — feita para atrair votos ao Partido Democrata.

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Algumas figuras republicanas, como o fundador da Turning Point USA, Charlie Kirk, alertaram que o apoio de Taylor Swift para Biden poderia resultar em um “tsunami” que “seria muito difícil de impedir”. Enquanto isso, comentaristas conservadores da Fox News, nos programas One America Network e Newsmax, passaram muito tempo no ar discutindo sobre Taylor Swift nesta semana. Encarando diretamente a câmera na segunda-feira, a apresentadora Jeanine Pirro deixou uma mensagem para a cantora: “Não se envolva com política; nós não queremos ver você lá”.

Aqui está o que você precisa saber sobre como Taylor Swift irritou os conservadores estadunidenses.

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A campanha de Biden parece estar tentando apoio

Embora a campanha de Biden tenha focado em garantir o apoio dos principais atores políticos, assim como sindicatos, parece que a equipe dele sabe muito bem que o apoio de ícones da cultura pop pode ajudar o presidente a arrecadar mais votos jovens antes das eleições.

Não há nada de novo em campanhas que pedem o apoio de celebridades durante um ciclo eleitoral — e a manifestação de Taylor na campanha tem potencial de conseguir milhões de votos em todo o país.

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Nas eleições estaduais de 2023, a cantora compartilhou uma mensagem em um story do Instagram incentivando os seus fãs a se registrarem para votar. “Eu tenho sido tão sortuda em ver vários de vocês nos meus shows nos Estados Unidos recentemente. Eu ouvi vocês levantarem suas vozes, e eu sei o quão poderosas elas são”, escreveu a cantora. “Certifique-se de que você está pronta para usá-la nas nossas eleições esse ano!”

O movimento no vote.org aumentou mais 1,2 mil por cento na hora seguinte, de acordo com a CEO Andrea Hailey, contribuindo para um número recorde de visitantes ao site de registro eleitoral naquele dia. O aumento no tráfego não foi um problema — segundo a organização, foram registrados 35.252 novos eleitores naquele dia, o maior número desde 2020.

Campanha de Biden parece estar tentando o apoio público de cantora, que tem potencial de atrair milhões de votos jovens aos democratas em todo os Estados Unidos. Foto: AP Foto/Julio Cortez, Arquivo
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Gwynn Thomas, professora de estudos globais sobre gênero e sexualidade na Universidade de Buffalo, disse que embora “a literatura de ciência política seja um pouco confusa ” em termos do quão poderoso o apoio de celebridades é, parece haver uma “exceção Taylor Swift” por conta de sua conexão particularmente estreita que ela tem com seus fãs, conhecidos como swifties. Há milhões deles em todo o mundo, e a fidelidade desse público à cantora é tanta que a Eras Tour adicionou bilhões não apenas à carteira da estrela pop, mas também à economia dos Estados Unidos.

Na segunda-feira, o apresentador da Fox News Jesse Watters pareceu reconhecer o poder dos swifties. Depois de chamá-los de “um grupo demográfico massivo e emocional”, Watters observou que “se Taylor gosta de alguma coisa, eles amam essa coisa.”

Taylor tem histórico de apoiar democratas

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Durante muito tempo em sua carreira, Taylor permaneceu longe da política. Isso mudou em 2018, quando ela manifestou apoio para o democrata do Tennessee Phil Bredesen, durante a corrida para o Senado contra Marsha Blackburn, congressista republicana.

Em uma longa postagem no Instagram, Taylor disse que, no passado, ela “havia sido relutante em expressar publicamente” suas opiniões políticas, mas “devido a vários acontecimentos em minha vida e no mundo nos últimos dois anos, sinto muito diferente sobre isso agora”. “Sempre votei e sempre votarei baseado em qual candidato irá proteger e lutar pelos direitos humanos que acredito que todos nós merecemos neste país”, disse.

Bredesen perdeu a corrida para Blackburn no Estado, mas Taylor falou mais sobre sua decisão de divulgar seu apoio para democratas em 2020 no documentário Miss Americana, no qual ela revela o arrependimento de não ter se manifestado contra Trump em 2016. No documentário, ela é informada pela equipe de que seu apoio a Bredesen poderia fazer o público a acreditar que ela estava condenando Trump.

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“Eu não me importo se eles escreverem isso”, responde Taylor. “Eu estou triste que eu não disse isso há dois anos.”

Brennan Suen, vice-diretor de assuntos externos do meio de comunicação de esquerda Media Matters, disse que enquanto Taylor aproveitou “anos e anos de elogios” por não falar sobre política, os especialistas conservadores agora parecem estar tentando fazê-la “calar a boca e cantar novamente”, levando sua base ao frenesi para assustar Taylor e impedi-la de manifestar apoio.

Tomi Lahren, da Fox News, por exemplo, disse na segunda-feira que se cantora “quisesse proteger seu legado, ela deveria ficar de fora da política”.

Ela está namorando a estrela de futebol americano Travis Kelce

Há alguns meses, Taylor tem mantido um relacionamento público com Travis Kelce, estrela do Kansas City Chiefs. A história de amor despertou não apenas um interesse na Liga de Futebol Americano (NFL) entre a base de fãs da cantora, mas também uma enxurrada de falsas acusações da direita de que — agora que Kelce e os Chiefs, presumivelmente com Taylor junto, estão rumo ao Super Bowl — os dois fazem parte de uma manobra democrata para fazer com que o público da NFL vote em Biden.

Separado de Taylor, Kelce já tinha atraído a ira de conservadores por ser patrocinado pela Bud Light, a cerveja que no último ano também irritou algumas rodas de republicanos com uma parceria com uma atriz transgênero e por aparecer em propagandas da vacina da Pfizer contra o coronavírus, um movimento que não foi bem visto pelos antivax.

Taylor Swift beija seu namorado Travis Kelce after em um jogo de futebol americano da AFC Championship em Baltimore. Foto: AP Photo/Julio Corte

Watters disse na segunda-feira na Fox News que Kelce é “patrocinado pela Pfizer” e que seu relacionamento com Taylor foi “armado em laboratório”. Alison Steinberg, apresentadora superconservadora do programa One America Network declarou que o namoro dos dois é “falso, um show cuidadosamente elaborado” feito para deixar crianças “obcecadas por algum homem adulto que recebe milhões de dólares todos os anos para jogar uma bola enquanto promove doses mortais envenenadas”.

“Os esportes da liga principal em si nada mais são do que uma operação psicológica”, disse Steinberg.

Mas Jennifer Lawless, professora de ciências políticas na Universidade da Virgínia, rebateu que os especialistas de direita, e não Taylor, estão “injetando política partidária no futebol”. “A pessoa comum que assiste a um jogo de futebol fica fascinada por estar lá porque é uma estrela global, não porque possa votar em Joe Biden”, disse Jennifer.

Taylor abertamente defende igualdade, direito ao aborto e direitos LGBT+

Jennifer disse que os especialistas de direita parecem estar preocupados que, com alguém como Taylor Swift no bolso deles, a campanha de Biden pode ser capaz de energizar o público jovem de um jeito que... ele não consegue.”

Swifties são predominantemente jovens mulheres — um perfil com o qual o Partido Republicano já tem problemas, especialmente depois que a Suprema Corte derrubou o caso Roe v, que garantia o direito ao aborto. Depois da decisão de 2022, Taylor declarou seu apoio ao direito ao aborto no Twitter. Ela também já repetidamente expressou seu apoio à comunidade LGBT+, bem como seu posicionamento contra a desigualdade racial.

Em um comunicado na quarta-feira, 31, o grupo focado na geração Z Voters of Tomorrow divulgou um alerta — repleto de trechos de letras da Taylor Swift — para conservadores que estavam atacando os fãs da cantora.

“Gen Z sabia que Trump estava com problemas (Knew You Were Trouble) quando entrou na Casa Branca e travou guerra contra nossos direitos de aborto, direitos de voto e segurança”, o grupo disse. “Escolhendo uma briga (We Are Never Ever Getting Back Together) com a Taylor, você está puxando briga com eleitores jovens. E a última coisa que você precisa é uma reputação (Reputation) ainda pior conosco em novembro”.

A cantora pop Taylor Swift tem um papel de protagonista em quase todos os lugares que vai — em estádios de todo o mundo se apresentando em sua popular Eras Tour, comemorando com seu namorado nos jogos de futebol americano e na lista de indicações para o Grammy deste ano — e agora ela também ocupando mentes de conservadores dos Estados Unidos que estão tensos se ela pode ter alguma influência na corrida presidencial de 2024.

Na segunda-feira, 29, o New York Times relatou que a campanha de Joe Biden está tentando conseguir o apoio da estrela pop antes da eleição geral, na qual o democrata possivelmente enfrentará o ex-presidente Donald Trump. Embora Taylor Swift não tenha feito nenhum apoio a candidato até agora, essa história despertou a ira entre republicanos, que agora estão espalhando informações infundadas sobre a cantora ser uma “psypop” — uma operação psicológica — feita para atrair votos ao Partido Democrata.

Algumas figuras republicanas, como o fundador da Turning Point USA, Charlie Kirk, alertaram que o apoio de Taylor Swift para Biden poderia resultar em um “tsunami” que “seria muito difícil de impedir”. Enquanto isso, comentaristas conservadores da Fox News, nos programas One America Network e Newsmax, passaram muito tempo no ar discutindo sobre Taylor Swift nesta semana. Encarando diretamente a câmera na segunda-feira, a apresentadora Jeanine Pirro deixou uma mensagem para a cantora: “Não se envolva com política; nós não queremos ver você lá”.

Aqui está o que você precisa saber sobre como Taylor Swift irritou os conservadores estadunidenses.

A campanha de Biden parece estar tentando apoio

Embora a campanha de Biden tenha focado em garantir o apoio dos principais atores políticos, assim como sindicatos, parece que a equipe dele sabe muito bem que o apoio de ícones da cultura pop pode ajudar o presidente a arrecadar mais votos jovens antes das eleições.

Não há nada de novo em campanhas que pedem o apoio de celebridades durante um ciclo eleitoral — e a manifestação de Taylor na campanha tem potencial de conseguir milhões de votos em todo o país.

Nas eleições estaduais de 2023, a cantora compartilhou uma mensagem em um story do Instagram incentivando os seus fãs a se registrarem para votar. “Eu tenho sido tão sortuda em ver vários de vocês nos meus shows nos Estados Unidos recentemente. Eu ouvi vocês levantarem suas vozes, e eu sei o quão poderosas elas são”, escreveu a cantora. “Certifique-se de que você está pronta para usá-la nas nossas eleições esse ano!”

O movimento no vote.org aumentou mais 1,2 mil por cento na hora seguinte, de acordo com a CEO Andrea Hailey, contribuindo para um número recorde de visitantes ao site de registro eleitoral naquele dia. O aumento no tráfego não foi um problema — segundo a organização, foram registrados 35.252 novos eleitores naquele dia, o maior número desde 2020.

Campanha de Biden parece estar tentando o apoio público de cantora, que tem potencial de atrair milhões de votos jovens aos democratas em todo os Estados Unidos. Foto: AP Foto/Julio Cortez, Arquivo

Gwynn Thomas, professora de estudos globais sobre gênero e sexualidade na Universidade de Buffalo, disse que embora “a literatura de ciência política seja um pouco confusa ” em termos do quão poderoso o apoio de celebridades é, parece haver uma “exceção Taylor Swift” por conta de sua conexão particularmente estreita que ela tem com seus fãs, conhecidos como swifties. Há milhões deles em todo o mundo, e a fidelidade desse público à cantora é tanta que a Eras Tour adicionou bilhões não apenas à carteira da estrela pop, mas também à economia dos Estados Unidos.

Na segunda-feira, o apresentador da Fox News Jesse Watters pareceu reconhecer o poder dos swifties. Depois de chamá-los de “um grupo demográfico massivo e emocional”, Watters observou que “se Taylor gosta de alguma coisa, eles amam essa coisa.”

Taylor tem histórico de apoiar democratas

Durante muito tempo em sua carreira, Taylor permaneceu longe da política. Isso mudou em 2018, quando ela manifestou apoio para o democrata do Tennessee Phil Bredesen, durante a corrida para o Senado contra Marsha Blackburn, congressista republicana.

Em uma longa postagem no Instagram, Taylor disse que, no passado, ela “havia sido relutante em expressar publicamente” suas opiniões políticas, mas “devido a vários acontecimentos em minha vida e no mundo nos últimos dois anos, sinto muito diferente sobre isso agora”. “Sempre votei e sempre votarei baseado em qual candidato irá proteger e lutar pelos direitos humanos que acredito que todos nós merecemos neste país”, disse.

Bredesen perdeu a corrida para Blackburn no Estado, mas Taylor falou mais sobre sua decisão de divulgar seu apoio para democratas em 2020 no documentário Miss Americana, no qual ela revela o arrependimento de não ter se manifestado contra Trump em 2016. No documentário, ela é informada pela equipe de que seu apoio a Bredesen poderia fazer o público a acreditar que ela estava condenando Trump.

“Eu não me importo se eles escreverem isso”, responde Taylor. “Eu estou triste que eu não disse isso há dois anos.”

Brennan Suen, vice-diretor de assuntos externos do meio de comunicação de esquerda Media Matters, disse que enquanto Taylor aproveitou “anos e anos de elogios” por não falar sobre política, os especialistas conservadores agora parecem estar tentando fazê-la “calar a boca e cantar novamente”, levando sua base ao frenesi para assustar Taylor e impedi-la de manifestar apoio.

Tomi Lahren, da Fox News, por exemplo, disse na segunda-feira que se cantora “quisesse proteger seu legado, ela deveria ficar de fora da política”.

Ela está namorando a estrela de futebol americano Travis Kelce

Há alguns meses, Taylor tem mantido um relacionamento público com Travis Kelce, estrela do Kansas City Chiefs. A história de amor despertou não apenas um interesse na Liga de Futebol Americano (NFL) entre a base de fãs da cantora, mas também uma enxurrada de falsas acusações da direita de que — agora que Kelce e os Chiefs, presumivelmente com Taylor junto, estão rumo ao Super Bowl — os dois fazem parte de uma manobra democrata para fazer com que o público da NFL vote em Biden.

Separado de Taylor, Kelce já tinha atraído a ira de conservadores por ser patrocinado pela Bud Light, a cerveja que no último ano também irritou algumas rodas de republicanos com uma parceria com uma atriz transgênero e por aparecer em propagandas da vacina da Pfizer contra o coronavírus, um movimento que não foi bem visto pelos antivax.

Taylor Swift beija seu namorado Travis Kelce after em um jogo de futebol americano da AFC Championship em Baltimore. Foto: AP Photo/Julio Corte

Watters disse na segunda-feira na Fox News que Kelce é “patrocinado pela Pfizer” e que seu relacionamento com Taylor foi “armado em laboratório”. Alison Steinberg, apresentadora superconservadora do programa One America Network declarou que o namoro dos dois é “falso, um show cuidadosamente elaborado” feito para deixar crianças “obcecadas por algum homem adulto que recebe milhões de dólares todos os anos para jogar uma bola enquanto promove doses mortais envenenadas”.

“Os esportes da liga principal em si nada mais são do que uma operação psicológica”, disse Steinberg.

Mas Jennifer Lawless, professora de ciências políticas na Universidade da Virgínia, rebateu que os especialistas de direita, e não Taylor, estão “injetando política partidária no futebol”. “A pessoa comum que assiste a um jogo de futebol fica fascinada por estar lá porque é uma estrela global, não porque possa votar em Joe Biden”, disse Jennifer.

Taylor abertamente defende igualdade, direito ao aborto e direitos LGBT+

Jennifer disse que os especialistas de direita parecem estar preocupados que, com alguém como Taylor Swift no bolso deles, a campanha de Biden pode ser capaz de energizar o público jovem de um jeito que... ele não consegue.”

Swifties são predominantemente jovens mulheres — um perfil com o qual o Partido Republicano já tem problemas, especialmente depois que a Suprema Corte derrubou o caso Roe v, que garantia o direito ao aborto. Depois da decisão de 2022, Taylor declarou seu apoio ao direito ao aborto no Twitter. Ela também já repetidamente expressou seu apoio à comunidade LGBT+, bem como seu posicionamento contra a desigualdade racial.

Em um comunicado na quarta-feira, 31, o grupo focado na geração Z Voters of Tomorrow divulgou um alerta — repleto de trechos de letras da Taylor Swift — para conservadores que estavam atacando os fãs da cantora.

“Gen Z sabia que Trump estava com problemas (Knew You Were Trouble) quando entrou na Casa Branca e travou guerra contra nossos direitos de aborto, direitos de voto e segurança”, o grupo disse. “Escolhendo uma briga (We Are Never Ever Getting Back Together) com a Taylor, você está puxando briga com eleitores jovens. E a última coisa que você precisa é uma reputação (Reputation) ainda pior conosco em novembro”.

A cantora pop Taylor Swift tem um papel de protagonista em quase todos os lugares que vai — em estádios de todo o mundo se apresentando em sua popular Eras Tour, comemorando com seu namorado nos jogos de futebol americano e na lista de indicações para o Grammy deste ano — e agora ela também ocupando mentes de conservadores dos Estados Unidos que estão tensos se ela pode ter alguma influência na corrida presidencial de 2024.

Na segunda-feira, 29, o New York Times relatou que a campanha de Joe Biden está tentando conseguir o apoio da estrela pop antes da eleição geral, na qual o democrata possivelmente enfrentará o ex-presidente Donald Trump. Embora Taylor Swift não tenha feito nenhum apoio a candidato até agora, essa história despertou a ira entre republicanos, que agora estão espalhando informações infundadas sobre a cantora ser uma “psypop” — uma operação psicológica — feita para atrair votos ao Partido Democrata.

Algumas figuras republicanas, como o fundador da Turning Point USA, Charlie Kirk, alertaram que o apoio de Taylor Swift para Biden poderia resultar em um “tsunami” que “seria muito difícil de impedir”. Enquanto isso, comentaristas conservadores da Fox News, nos programas One America Network e Newsmax, passaram muito tempo no ar discutindo sobre Taylor Swift nesta semana. Encarando diretamente a câmera na segunda-feira, a apresentadora Jeanine Pirro deixou uma mensagem para a cantora: “Não se envolva com política; nós não queremos ver você lá”.

Aqui está o que você precisa saber sobre como Taylor Swift irritou os conservadores estadunidenses.

A campanha de Biden parece estar tentando apoio

Embora a campanha de Biden tenha focado em garantir o apoio dos principais atores políticos, assim como sindicatos, parece que a equipe dele sabe muito bem que o apoio de ícones da cultura pop pode ajudar o presidente a arrecadar mais votos jovens antes das eleições.

Não há nada de novo em campanhas que pedem o apoio de celebridades durante um ciclo eleitoral — e a manifestação de Taylor na campanha tem potencial de conseguir milhões de votos em todo o país.

Nas eleições estaduais de 2023, a cantora compartilhou uma mensagem em um story do Instagram incentivando os seus fãs a se registrarem para votar. “Eu tenho sido tão sortuda em ver vários de vocês nos meus shows nos Estados Unidos recentemente. Eu ouvi vocês levantarem suas vozes, e eu sei o quão poderosas elas são”, escreveu a cantora. “Certifique-se de que você está pronta para usá-la nas nossas eleições esse ano!”

O movimento no vote.org aumentou mais 1,2 mil por cento na hora seguinte, de acordo com a CEO Andrea Hailey, contribuindo para um número recorde de visitantes ao site de registro eleitoral naquele dia. O aumento no tráfego não foi um problema — segundo a organização, foram registrados 35.252 novos eleitores naquele dia, o maior número desde 2020.

Campanha de Biden parece estar tentando o apoio público de cantora, que tem potencial de atrair milhões de votos jovens aos democratas em todo os Estados Unidos. Foto: AP Foto/Julio Cortez, Arquivo

Gwynn Thomas, professora de estudos globais sobre gênero e sexualidade na Universidade de Buffalo, disse que embora “a literatura de ciência política seja um pouco confusa ” em termos do quão poderoso o apoio de celebridades é, parece haver uma “exceção Taylor Swift” por conta de sua conexão particularmente estreita que ela tem com seus fãs, conhecidos como swifties. Há milhões deles em todo o mundo, e a fidelidade desse público à cantora é tanta que a Eras Tour adicionou bilhões não apenas à carteira da estrela pop, mas também à economia dos Estados Unidos.

Na segunda-feira, o apresentador da Fox News Jesse Watters pareceu reconhecer o poder dos swifties. Depois de chamá-los de “um grupo demográfico massivo e emocional”, Watters observou que “se Taylor gosta de alguma coisa, eles amam essa coisa.”

Taylor tem histórico de apoiar democratas

Durante muito tempo em sua carreira, Taylor permaneceu longe da política. Isso mudou em 2018, quando ela manifestou apoio para o democrata do Tennessee Phil Bredesen, durante a corrida para o Senado contra Marsha Blackburn, congressista republicana.

Em uma longa postagem no Instagram, Taylor disse que, no passado, ela “havia sido relutante em expressar publicamente” suas opiniões políticas, mas “devido a vários acontecimentos em minha vida e no mundo nos últimos dois anos, sinto muito diferente sobre isso agora”. “Sempre votei e sempre votarei baseado em qual candidato irá proteger e lutar pelos direitos humanos que acredito que todos nós merecemos neste país”, disse.

Bredesen perdeu a corrida para Blackburn no Estado, mas Taylor falou mais sobre sua decisão de divulgar seu apoio para democratas em 2020 no documentário Miss Americana, no qual ela revela o arrependimento de não ter se manifestado contra Trump em 2016. No documentário, ela é informada pela equipe de que seu apoio a Bredesen poderia fazer o público a acreditar que ela estava condenando Trump.

“Eu não me importo se eles escreverem isso”, responde Taylor. “Eu estou triste que eu não disse isso há dois anos.”

Brennan Suen, vice-diretor de assuntos externos do meio de comunicação de esquerda Media Matters, disse que enquanto Taylor aproveitou “anos e anos de elogios” por não falar sobre política, os especialistas conservadores agora parecem estar tentando fazê-la “calar a boca e cantar novamente”, levando sua base ao frenesi para assustar Taylor e impedi-la de manifestar apoio.

Tomi Lahren, da Fox News, por exemplo, disse na segunda-feira que se cantora “quisesse proteger seu legado, ela deveria ficar de fora da política”.

Ela está namorando a estrela de futebol americano Travis Kelce

Há alguns meses, Taylor tem mantido um relacionamento público com Travis Kelce, estrela do Kansas City Chiefs. A história de amor despertou não apenas um interesse na Liga de Futebol Americano (NFL) entre a base de fãs da cantora, mas também uma enxurrada de falsas acusações da direita de que — agora que Kelce e os Chiefs, presumivelmente com Taylor junto, estão rumo ao Super Bowl — os dois fazem parte de uma manobra democrata para fazer com que o público da NFL vote em Biden.

Separado de Taylor, Kelce já tinha atraído a ira de conservadores por ser patrocinado pela Bud Light, a cerveja que no último ano também irritou algumas rodas de republicanos com uma parceria com uma atriz transgênero e por aparecer em propagandas da vacina da Pfizer contra o coronavírus, um movimento que não foi bem visto pelos antivax.

Taylor Swift beija seu namorado Travis Kelce after em um jogo de futebol americano da AFC Championship em Baltimore. Foto: AP Photo/Julio Corte

Watters disse na segunda-feira na Fox News que Kelce é “patrocinado pela Pfizer” e que seu relacionamento com Taylor foi “armado em laboratório”. Alison Steinberg, apresentadora superconservadora do programa One America Network declarou que o namoro dos dois é “falso, um show cuidadosamente elaborado” feito para deixar crianças “obcecadas por algum homem adulto que recebe milhões de dólares todos os anos para jogar uma bola enquanto promove doses mortais envenenadas”.

“Os esportes da liga principal em si nada mais são do que uma operação psicológica”, disse Steinberg.

Mas Jennifer Lawless, professora de ciências políticas na Universidade da Virgínia, rebateu que os especialistas de direita, e não Taylor, estão “injetando política partidária no futebol”. “A pessoa comum que assiste a um jogo de futebol fica fascinada por estar lá porque é uma estrela global, não porque possa votar em Joe Biden”, disse Jennifer.

Taylor abertamente defende igualdade, direito ao aborto e direitos LGBT+

Jennifer disse que os especialistas de direita parecem estar preocupados que, com alguém como Taylor Swift no bolso deles, a campanha de Biden pode ser capaz de energizar o público jovem de um jeito que... ele não consegue.”

Swifties são predominantemente jovens mulheres — um perfil com o qual o Partido Republicano já tem problemas, especialmente depois que a Suprema Corte derrubou o caso Roe v, que garantia o direito ao aborto. Depois da decisão de 2022, Taylor declarou seu apoio ao direito ao aborto no Twitter. Ela também já repetidamente expressou seu apoio à comunidade LGBT+, bem como seu posicionamento contra a desigualdade racial.

Em um comunicado na quarta-feira, 31, o grupo focado na geração Z Voters of Tomorrow divulgou um alerta — repleto de trechos de letras da Taylor Swift — para conservadores que estavam atacando os fãs da cantora.

“Gen Z sabia que Trump estava com problemas (Knew You Were Trouble) quando entrou na Casa Branca e travou guerra contra nossos direitos de aborto, direitos de voto e segurança”, o grupo disse. “Escolhendo uma briga (We Are Never Ever Getting Back Together) com a Taylor, você está puxando briga com eleitores jovens. E a última coisa que você precisa é uma reputação (Reputation) ainda pior conosco em novembro”.

Análise por Mariana Alfaro

Washington Post

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