SYDNEY - Os líderes indígenas das antigas colônias britânicas exigiram nesta quinta-feira, 4, que o rei Charles III peça desculpa por “séculos de racismo” e pelo “legado de genocídio” do qual acusam a coroa.
Em uma carta enviada às vésperas da coroação do novo monarca, que ocorre no sábado, 6, representantes indígenas de 12 países da Commonwealth - a organização intergovernamental composta por 56 países membros independentes da coroa britânica -, exigiram reparações financeiras e a devolução de tesouros culturais saqueados.
A carta é assinada por líderes da Austrália, cujos povos indígenas foram massacrados e expulsos das suas terras pelos colonos britânicos, e de vários países das Caraíbas, povos indígenas das Antilhas, que foram pilhados para a obtenção de escravos.
O grupo afirma ter se reunido para ajudar os seus povos a “recuperar de séculos de racismo, opressão, colonialismo e escravatura”.
Leia mais sobre a coroação
Nos últimos anos, Charles III procurou aproximar-se dos líderes indígenas diante dos apelos para que a monarquia fosse responsabilizada pelas suas ligações ao tráfico de escravos e ao legado de violência do Império Britânico.
Embora admitindo que a coroa deve “reconhecer os erros” do seu passado, a carta pede ao novo rei que dê um passo a mais, com um pedido de desculpas oficial.
A antiga atleta olímpica Nova Peris, a primeira mulher aborígene a ser eleita para o parlamento federal da Austrália, é uma das signatárias.
Crítica das ligações da Austrália com a família real britânica, Peris afirmou que já é hora de “reconhecer as repercussões horríveis e duradouras” da colonização e o “legado de genocídio” sentido por muitos povos indígenas.
A carta insta Charles III a iniciar conversações para compensar os povos indígenas, que viram os seus tesouros saqueados e a sua cultura destruída pelos colonizadores. A carta é também assinada por representantes do Canadá, da Nova Zelândia e da Papua Nova Guiné./AFP