‘Quero ser visionário sobre o papel de Itaipu’, disse presidente eleito do Paraguai ao Estadão


Santiago Peña tem o apoio de Horácio Cartes e tenta manter o Partido Colorado no poder após racha com a atual gestão do presidente Abdo Benítez

Por Fernanda Simas
Atualização:
Entrevista comSantiago PeñaCandidato à presidência do Paraguai pelo Partido Colorado

Santiago Peña foi eleito neste domingo, 30, o novo presidente do Paraguai. À frente do cargo, ele terá a missão de negociar o próximo acordo sobre o funcionamento da Hidrelétrica de Itaipu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta entrevista, concedida ainda durante a campanha, em 14 de abril, ele falou estar otimista e falou em ter um plano ‘visionário’ para a usina. Leia trechos da entrevista.

Qual é a sua posição para o próximo acordo de Itaipu?

Sou um amante da história. Me formei em economia, trabalhei em políticas públicas, mas sou um amante da história. Acredito que o acordo de Itaipu é um grande êxito da diplomacia que permitiu resolver problemas que duravam havia décadas. Permitiu empreender um projeto que levou ao desenvolvimento do Brasil e do Paraguai e hoje nos une. Não temos muitos exemplos assim no mundo. Os que desenharam o tratado foram visionários e eu não quero ser menos do que eles em pensar no papel de Itaipu nos próximos 50 anos.

continua após a publicidade

Hoje precisamos pensar no papel desse empreendimento nos próximos 50 anos e não só nos próximos dois e estou otimista para poder negociar isso com Lula, que nesse terceiro mandato pode ser a melhor versão para Brasil e Paraguai. Ele é uma pessoa com experiência e há testemunhas de que quer fortalecer os vínculos entre os dois países.

A pobreza atualmente afeta 27% da população. Como mudar esse cenário?

Gerando oportunidades de emprego, melhorando o acesso à terra, permitindo, assim, que os paraguaios possam encontrar oportunidades. Conseguimos gerar 500 mil empregos em cinco anos. Fui diretor do Banco Central e ministro da Fazenda, mas agora, como presidente, quero eliminar a pobreza por meio do emprego e da moradia digna, tendo um Estado à serviço do povo.

continua após a publicidade

Analistas questionam sua independência para governar em razão da presença de Horácio Cartes, acusado de corrupção. O que tem a dizer?

Ao longo dos anos que estou na política ou seja desde 2017, nunca puderam questionar minha capacidade e minha integridade ou patriotismo. Querem encontrar algo para falar e procuram uma dependência minha de Cartes.

Cartes é uma figura importante, foi presidente do Paraguai, é presidente do Partido Colorado, eu integrei seu governo como ministro da Fazenda, mas as decisões que tomei eram apenas minhas. Não há como levantar dúvidas sobre a experiência que tenho no mundo político. Além disso, tem duas coisas que jamais vou permitir estando na presidência: não vou delegar minhas decisões ou a caneta que toma essas decisões.

continua após a publicidade

Qual é a sua opinião sobre a atual relação do Paraguai com a Venezuela e como o senhor deverá tratar a situação?

O Paraguai tem uma firme convicção de integração. Temos que apostar na integração de diferentes blocos, como Mercosul, Unasul e qualquer tipo de espaço que tenhamos a oportunidade de nos unir. Agora, cada um dos países tem pensamentos diferentes, cada um dos líderes chegou ao poder por mandato popular, quem somos nós para questionar sua ideologia? Nós reconhecemos o governo de Nicolás Maduro, mas temos uma posição crítica, principalmente no que se refere aos direitos humanos. O governo atual (de Mario Abdo Benítez) tomou a decisão de não reconhecer o governo Maduro e não acho que foi uma decisão acertada. Aquele momento, com o surgimento e reconhecimento de Juan Guaidó, claramente não prosperou. Hoje ninguém deveria colocar em dúvida quem é o presidente legítimo da Venezuela.

continua após a publicidade

Por que hoje a divisão interna no partido Colorado está tão grande?

É um partido grande, com o maior número de eleitores e um espaço de debates internos, de diferentes pesos e contrapesos Foi isso que permitiu ser um espaço de exercício democrático. Agora, ao acabar as eleições, deveríamos nos unir. Nós concorremos contra o atual governo, por exemplo na disputa pela presidência do partido. Hoje estamos unidos em torno da gestão de Marito como presidente e Cartes como presidente do partido.

Nossa intenção não é silenciar as vozes, pelo contrário, mas devemos trabalhar nas coincidência que temos. E quais são as coincidências? Acreditamos que a família é a base da sociedade, e aqui quero dizer a família tradicional, vinda da união entre um homem e uma mulher. Valorizamos a vida, então estamos contra o aborto. E, para nós, a melhor política social é a geração de empregos, ou seja, ter um Estado servidor e o homem livre.

continua após a publicidade

Essas questões culturais têm sido muito discutidas em alguns países da América Latina. Como o senhor vê isso?

Aceitamos que outros países possam ter essas discussões, mas no Paraguai continuamos sendo um povo em sua maioria crente no matrimônio, na família como núcleo central da sociedade. Mas veja bem, isso não significa que vamos discriminar alguém. Nós não discriminamos, o Estado não vai negar direitos às pessoas.

Quais são seus planos para combater a corrupção?

continua após a publicidade

Precisamos melhorar a oferta política eleitoral. Eu não sou um político tradicional, cheguei na política irritado com a classe política e percebi que, se a oferta política não é boa, o resultado sempre será ruim. Mas eu passei da frustração para a ação e decidi participar ativamente do processo. Agora, tenho pedido aos paraguaios que saibam eleger e façam parte do processo eleitoral, com candidaturas ao senado, por exemplo. O resultado de 30 de abril vai ser determinante para uma gestão de nosso país com conhecimento da ciência, com patriotismo.

Como o senhor vê a atual relação do Paraguai com Taiwan e China?

Paraguai mantém relações diplomáticas com Taiwan há mais de 60 anos, com base em princípios e valores democráticos. É uma relação que nos aproxima muito porque os dois países são nações pequenas geograficamente perto de países muito grandes. Eles ao lado da China continental e nós, do Brasil. Isso permite ao Paraguai um aprendizado muito importante sobre desenvolvimento econômico.

O Paraguai também tem relações comerciais muito ativas com a China continental, que é o principal provedor de produtos para o Paraguai e nós temos também um fluxo de exportações à China, principalmente com a soja. Não há restrições comerciais. E eu tenho a firme convicção de manter uma relação diplomática com Taiwan nos próximos cinco anos como presidente.

Qual é a sua opinião sobre o crescimento do extremismo político e como isso chega ao Paraguai?

Infelizmente esse é um fenômeno que temos visto no mundo, no nosso continente. Eu tento lutar contra isso, mostrando que o debate político é mais do que a troca dos contrários, mas mostrar uma visão de desenvolvimento do Paraguai. Meu caminho até a política partidária é um testemunho disso. Rechaço a polarização, o populismo, seja de direita ou de esquerda, rechaço a mentira como estratégia de política, ou seja, a pós-verdade, porque já prejudicou muito o processo democrático. Eu, ao longo dessa campanha, recebi todo tipo de ataques e nunca respondi a isso. Sempre coloquei propostas e caminhos de desenvolvimento ao nosso país e como podemos chegar aos setores populares e que estão mais atrasados e vulneráveis.

Parte da minha contribuição no processo político paraguaio inclui lutar contra essas características que estão dominando a política latino-americana, derrubar muros e construir pontes. Internamente, em meu partido, hoje eu trabalho muito próximo a quem foi meu adversário nas primárias e quero fazer o mesmo depois de 30 de abril, para unir todas as forças políticas de todos os setores na construção de uma política pública inclusiva a todos. Da mesma forma, adoraria fazer o mesmo a nível continental, poder integrar mais a nossa região. Para isso, acredito que a liderança do Brasil pode ser muito importante com a presidência de Lula. Assim, o Paraguai será um participante ativo de todos os organismos, os mais tradicionais, como Mercosul, mas também os mais políticos, como Unasul e Prosul para podermos encontrar, dentro das características de cada país, a integração econômica e comercial, que seria mesmo uma boa notícia para todos os habitantes de nossa região.

Santiago Peña foi eleito neste domingo, 30, o novo presidente do Paraguai. À frente do cargo, ele terá a missão de negociar o próximo acordo sobre o funcionamento da Hidrelétrica de Itaipu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta entrevista, concedida ainda durante a campanha, em 14 de abril, ele falou estar otimista e falou em ter um plano ‘visionário’ para a usina. Leia trechos da entrevista.

Qual é a sua posição para o próximo acordo de Itaipu?

Sou um amante da história. Me formei em economia, trabalhei em políticas públicas, mas sou um amante da história. Acredito que o acordo de Itaipu é um grande êxito da diplomacia que permitiu resolver problemas que duravam havia décadas. Permitiu empreender um projeto que levou ao desenvolvimento do Brasil e do Paraguai e hoje nos une. Não temos muitos exemplos assim no mundo. Os que desenharam o tratado foram visionários e eu não quero ser menos do que eles em pensar no papel de Itaipu nos próximos 50 anos.

Hoje precisamos pensar no papel desse empreendimento nos próximos 50 anos e não só nos próximos dois e estou otimista para poder negociar isso com Lula, que nesse terceiro mandato pode ser a melhor versão para Brasil e Paraguai. Ele é uma pessoa com experiência e há testemunhas de que quer fortalecer os vínculos entre os dois países.

A pobreza atualmente afeta 27% da população. Como mudar esse cenário?

Gerando oportunidades de emprego, melhorando o acesso à terra, permitindo, assim, que os paraguaios possam encontrar oportunidades. Conseguimos gerar 500 mil empregos em cinco anos. Fui diretor do Banco Central e ministro da Fazenda, mas agora, como presidente, quero eliminar a pobreza por meio do emprego e da moradia digna, tendo um Estado à serviço do povo.

Analistas questionam sua independência para governar em razão da presença de Horácio Cartes, acusado de corrupção. O que tem a dizer?

Ao longo dos anos que estou na política ou seja desde 2017, nunca puderam questionar minha capacidade e minha integridade ou patriotismo. Querem encontrar algo para falar e procuram uma dependência minha de Cartes.

Cartes é uma figura importante, foi presidente do Paraguai, é presidente do Partido Colorado, eu integrei seu governo como ministro da Fazenda, mas as decisões que tomei eram apenas minhas. Não há como levantar dúvidas sobre a experiência que tenho no mundo político. Além disso, tem duas coisas que jamais vou permitir estando na presidência: não vou delegar minhas decisões ou a caneta que toma essas decisões.

Qual é a sua opinião sobre a atual relação do Paraguai com a Venezuela e como o senhor deverá tratar a situação?

O Paraguai tem uma firme convicção de integração. Temos que apostar na integração de diferentes blocos, como Mercosul, Unasul e qualquer tipo de espaço que tenhamos a oportunidade de nos unir. Agora, cada um dos países tem pensamentos diferentes, cada um dos líderes chegou ao poder por mandato popular, quem somos nós para questionar sua ideologia? Nós reconhecemos o governo de Nicolás Maduro, mas temos uma posição crítica, principalmente no que se refere aos direitos humanos. O governo atual (de Mario Abdo Benítez) tomou a decisão de não reconhecer o governo Maduro e não acho que foi uma decisão acertada. Aquele momento, com o surgimento e reconhecimento de Juan Guaidó, claramente não prosperou. Hoje ninguém deveria colocar em dúvida quem é o presidente legítimo da Venezuela.

Por que hoje a divisão interna no partido Colorado está tão grande?

É um partido grande, com o maior número de eleitores e um espaço de debates internos, de diferentes pesos e contrapesos Foi isso que permitiu ser um espaço de exercício democrático. Agora, ao acabar as eleições, deveríamos nos unir. Nós concorremos contra o atual governo, por exemplo na disputa pela presidência do partido. Hoje estamos unidos em torno da gestão de Marito como presidente e Cartes como presidente do partido.

Nossa intenção não é silenciar as vozes, pelo contrário, mas devemos trabalhar nas coincidência que temos. E quais são as coincidências? Acreditamos que a família é a base da sociedade, e aqui quero dizer a família tradicional, vinda da união entre um homem e uma mulher. Valorizamos a vida, então estamos contra o aborto. E, para nós, a melhor política social é a geração de empregos, ou seja, ter um Estado servidor e o homem livre.

Essas questões culturais têm sido muito discutidas em alguns países da América Latina. Como o senhor vê isso?

Aceitamos que outros países possam ter essas discussões, mas no Paraguai continuamos sendo um povo em sua maioria crente no matrimônio, na família como núcleo central da sociedade. Mas veja bem, isso não significa que vamos discriminar alguém. Nós não discriminamos, o Estado não vai negar direitos às pessoas.

Quais são seus planos para combater a corrupção?

Precisamos melhorar a oferta política eleitoral. Eu não sou um político tradicional, cheguei na política irritado com a classe política e percebi que, se a oferta política não é boa, o resultado sempre será ruim. Mas eu passei da frustração para a ação e decidi participar ativamente do processo. Agora, tenho pedido aos paraguaios que saibam eleger e façam parte do processo eleitoral, com candidaturas ao senado, por exemplo. O resultado de 30 de abril vai ser determinante para uma gestão de nosso país com conhecimento da ciência, com patriotismo.

Como o senhor vê a atual relação do Paraguai com Taiwan e China?

Paraguai mantém relações diplomáticas com Taiwan há mais de 60 anos, com base em princípios e valores democráticos. É uma relação que nos aproxima muito porque os dois países são nações pequenas geograficamente perto de países muito grandes. Eles ao lado da China continental e nós, do Brasil. Isso permite ao Paraguai um aprendizado muito importante sobre desenvolvimento econômico.

O Paraguai também tem relações comerciais muito ativas com a China continental, que é o principal provedor de produtos para o Paraguai e nós temos também um fluxo de exportações à China, principalmente com a soja. Não há restrições comerciais. E eu tenho a firme convicção de manter uma relação diplomática com Taiwan nos próximos cinco anos como presidente.

Qual é a sua opinião sobre o crescimento do extremismo político e como isso chega ao Paraguai?

Infelizmente esse é um fenômeno que temos visto no mundo, no nosso continente. Eu tento lutar contra isso, mostrando que o debate político é mais do que a troca dos contrários, mas mostrar uma visão de desenvolvimento do Paraguai. Meu caminho até a política partidária é um testemunho disso. Rechaço a polarização, o populismo, seja de direita ou de esquerda, rechaço a mentira como estratégia de política, ou seja, a pós-verdade, porque já prejudicou muito o processo democrático. Eu, ao longo dessa campanha, recebi todo tipo de ataques e nunca respondi a isso. Sempre coloquei propostas e caminhos de desenvolvimento ao nosso país e como podemos chegar aos setores populares e que estão mais atrasados e vulneráveis.

Parte da minha contribuição no processo político paraguaio inclui lutar contra essas características que estão dominando a política latino-americana, derrubar muros e construir pontes. Internamente, em meu partido, hoje eu trabalho muito próximo a quem foi meu adversário nas primárias e quero fazer o mesmo depois de 30 de abril, para unir todas as forças políticas de todos os setores na construção de uma política pública inclusiva a todos. Da mesma forma, adoraria fazer o mesmo a nível continental, poder integrar mais a nossa região. Para isso, acredito que a liderança do Brasil pode ser muito importante com a presidência de Lula. Assim, o Paraguai será um participante ativo de todos os organismos, os mais tradicionais, como Mercosul, mas também os mais políticos, como Unasul e Prosul para podermos encontrar, dentro das características de cada país, a integração econômica e comercial, que seria mesmo uma boa notícia para todos os habitantes de nossa região.

Santiago Peña foi eleito neste domingo, 30, o novo presidente do Paraguai. À frente do cargo, ele terá a missão de negociar o próximo acordo sobre o funcionamento da Hidrelétrica de Itaipu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta entrevista, concedida ainda durante a campanha, em 14 de abril, ele falou estar otimista e falou em ter um plano ‘visionário’ para a usina. Leia trechos da entrevista.

Qual é a sua posição para o próximo acordo de Itaipu?

Sou um amante da história. Me formei em economia, trabalhei em políticas públicas, mas sou um amante da história. Acredito que o acordo de Itaipu é um grande êxito da diplomacia que permitiu resolver problemas que duravam havia décadas. Permitiu empreender um projeto que levou ao desenvolvimento do Brasil e do Paraguai e hoje nos une. Não temos muitos exemplos assim no mundo. Os que desenharam o tratado foram visionários e eu não quero ser menos do que eles em pensar no papel de Itaipu nos próximos 50 anos.

Hoje precisamos pensar no papel desse empreendimento nos próximos 50 anos e não só nos próximos dois e estou otimista para poder negociar isso com Lula, que nesse terceiro mandato pode ser a melhor versão para Brasil e Paraguai. Ele é uma pessoa com experiência e há testemunhas de que quer fortalecer os vínculos entre os dois países.

A pobreza atualmente afeta 27% da população. Como mudar esse cenário?

Gerando oportunidades de emprego, melhorando o acesso à terra, permitindo, assim, que os paraguaios possam encontrar oportunidades. Conseguimos gerar 500 mil empregos em cinco anos. Fui diretor do Banco Central e ministro da Fazenda, mas agora, como presidente, quero eliminar a pobreza por meio do emprego e da moradia digna, tendo um Estado à serviço do povo.

Analistas questionam sua independência para governar em razão da presença de Horácio Cartes, acusado de corrupção. O que tem a dizer?

Ao longo dos anos que estou na política ou seja desde 2017, nunca puderam questionar minha capacidade e minha integridade ou patriotismo. Querem encontrar algo para falar e procuram uma dependência minha de Cartes.

Cartes é uma figura importante, foi presidente do Paraguai, é presidente do Partido Colorado, eu integrei seu governo como ministro da Fazenda, mas as decisões que tomei eram apenas minhas. Não há como levantar dúvidas sobre a experiência que tenho no mundo político. Além disso, tem duas coisas que jamais vou permitir estando na presidência: não vou delegar minhas decisões ou a caneta que toma essas decisões.

Qual é a sua opinião sobre a atual relação do Paraguai com a Venezuela e como o senhor deverá tratar a situação?

O Paraguai tem uma firme convicção de integração. Temos que apostar na integração de diferentes blocos, como Mercosul, Unasul e qualquer tipo de espaço que tenhamos a oportunidade de nos unir. Agora, cada um dos países tem pensamentos diferentes, cada um dos líderes chegou ao poder por mandato popular, quem somos nós para questionar sua ideologia? Nós reconhecemos o governo de Nicolás Maduro, mas temos uma posição crítica, principalmente no que se refere aos direitos humanos. O governo atual (de Mario Abdo Benítez) tomou a decisão de não reconhecer o governo Maduro e não acho que foi uma decisão acertada. Aquele momento, com o surgimento e reconhecimento de Juan Guaidó, claramente não prosperou. Hoje ninguém deveria colocar em dúvida quem é o presidente legítimo da Venezuela.

Por que hoje a divisão interna no partido Colorado está tão grande?

É um partido grande, com o maior número de eleitores e um espaço de debates internos, de diferentes pesos e contrapesos Foi isso que permitiu ser um espaço de exercício democrático. Agora, ao acabar as eleições, deveríamos nos unir. Nós concorremos contra o atual governo, por exemplo na disputa pela presidência do partido. Hoje estamos unidos em torno da gestão de Marito como presidente e Cartes como presidente do partido.

Nossa intenção não é silenciar as vozes, pelo contrário, mas devemos trabalhar nas coincidência que temos. E quais são as coincidências? Acreditamos que a família é a base da sociedade, e aqui quero dizer a família tradicional, vinda da união entre um homem e uma mulher. Valorizamos a vida, então estamos contra o aborto. E, para nós, a melhor política social é a geração de empregos, ou seja, ter um Estado servidor e o homem livre.

Essas questões culturais têm sido muito discutidas em alguns países da América Latina. Como o senhor vê isso?

Aceitamos que outros países possam ter essas discussões, mas no Paraguai continuamos sendo um povo em sua maioria crente no matrimônio, na família como núcleo central da sociedade. Mas veja bem, isso não significa que vamos discriminar alguém. Nós não discriminamos, o Estado não vai negar direitos às pessoas.

Quais são seus planos para combater a corrupção?

Precisamos melhorar a oferta política eleitoral. Eu não sou um político tradicional, cheguei na política irritado com a classe política e percebi que, se a oferta política não é boa, o resultado sempre será ruim. Mas eu passei da frustração para a ação e decidi participar ativamente do processo. Agora, tenho pedido aos paraguaios que saibam eleger e façam parte do processo eleitoral, com candidaturas ao senado, por exemplo. O resultado de 30 de abril vai ser determinante para uma gestão de nosso país com conhecimento da ciência, com patriotismo.

Como o senhor vê a atual relação do Paraguai com Taiwan e China?

Paraguai mantém relações diplomáticas com Taiwan há mais de 60 anos, com base em princípios e valores democráticos. É uma relação que nos aproxima muito porque os dois países são nações pequenas geograficamente perto de países muito grandes. Eles ao lado da China continental e nós, do Brasil. Isso permite ao Paraguai um aprendizado muito importante sobre desenvolvimento econômico.

O Paraguai também tem relações comerciais muito ativas com a China continental, que é o principal provedor de produtos para o Paraguai e nós temos também um fluxo de exportações à China, principalmente com a soja. Não há restrições comerciais. E eu tenho a firme convicção de manter uma relação diplomática com Taiwan nos próximos cinco anos como presidente.

Qual é a sua opinião sobre o crescimento do extremismo político e como isso chega ao Paraguai?

Infelizmente esse é um fenômeno que temos visto no mundo, no nosso continente. Eu tento lutar contra isso, mostrando que o debate político é mais do que a troca dos contrários, mas mostrar uma visão de desenvolvimento do Paraguai. Meu caminho até a política partidária é um testemunho disso. Rechaço a polarização, o populismo, seja de direita ou de esquerda, rechaço a mentira como estratégia de política, ou seja, a pós-verdade, porque já prejudicou muito o processo democrático. Eu, ao longo dessa campanha, recebi todo tipo de ataques e nunca respondi a isso. Sempre coloquei propostas e caminhos de desenvolvimento ao nosso país e como podemos chegar aos setores populares e que estão mais atrasados e vulneráveis.

Parte da minha contribuição no processo político paraguaio inclui lutar contra essas características que estão dominando a política latino-americana, derrubar muros e construir pontes. Internamente, em meu partido, hoje eu trabalho muito próximo a quem foi meu adversário nas primárias e quero fazer o mesmo depois de 30 de abril, para unir todas as forças políticas de todos os setores na construção de uma política pública inclusiva a todos. Da mesma forma, adoraria fazer o mesmo a nível continental, poder integrar mais a nossa região. Para isso, acredito que a liderança do Brasil pode ser muito importante com a presidência de Lula. Assim, o Paraguai será um participante ativo de todos os organismos, os mais tradicionais, como Mercosul, mas também os mais políticos, como Unasul e Prosul para podermos encontrar, dentro das características de cada país, a integração econômica e comercial, que seria mesmo uma boa notícia para todos os habitantes de nossa região.

Santiago Peña foi eleito neste domingo, 30, o novo presidente do Paraguai. À frente do cargo, ele terá a missão de negociar o próximo acordo sobre o funcionamento da Hidrelétrica de Itaipu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta entrevista, concedida ainda durante a campanha, em 14 de abril, ele falou estar otimista e falou em ter um plano ‘visionário’ para a usina. Leia trechos da entrevista.

Qual é a sua posição para o próximo acordo de Itaipu?

Sou um amante da história. Me formei em economia, trabalhei em políticas públicas, mas sou um amante da história. Acredito que o acordo de Itaipu é um grande êxito da diplomacia que permitiu resolver problemas que duravam havia décadas. Permitiu empreender um projeto que levou ao desenvolvimento do Brasil e do Paraguai e hoje nos une. Não temos muitos exemplos assim no mundo. Os que desenharam o tratado foram visionários e eu não quero ser menos do que eles em pensar no papel de Itaipu nos próximos 50 anos.

Hoje precisamos pensar no papel desse empreendimento nos próximos 50 anos e não só nos próximos dois e estou otimista para poder negociar isso com Lula, que nesse terceiro mandato pode ser a melhor versão para Brasil e Paraguai. Ele é uma pessoa com experiência e há testemunhas de que quer fortalecer os vínculos entre os dois países.

A pobreza atualmente afeta 27% da população. Como mudar esse cenário?

Gerando oportunidades de emprego, melhorando o acesso à terra, permitindo, assim, que os paraguaios possam encontrar oportunidades. Conseguimos gerar 500 mil empregos em cinco anos. Fui diretor do Banco Central e ministro da Fazenda, mas agora, como presidente, quero eliminar a pobreza por meio do emprego e da moradia digna, tendo um Estado à serviço do povo.

Analistas questionam sua independência para governar em razão da presença de Horácio Cartes, acusado de corrupção. O que tem a dizer?

Ao longo dos anos que estou na política ou seja desde 2017, nunca puderam questionar minha capacidade e minha integridade ou patriotismo. Querem encontrar algo para falar e procuram uma dependência minha de Cartes.

Cartes é uma figura importante, foi presidente do Paraguai, é presidente do Partido Colorado, eu integrei seu governo como ministro da Fazenda, mas as decisões que tomei eram apenas minhas. Não há como levantar dúvidas sobre a experiência que tenho no mundo político. Além disso, tem duas coisas que jamais vou permitir estando na presidência: não vou delegar minhas decisões ou a caneta que toma essas decisões.

Qual é a sua opinião sobre a atual relação do Paraguai com a Venezuela e como o senhor deverá tratar a situação?

O Paraguai tem uma firme convicção de integração. Temos que apostar na integração de diferentes blocos, como Mercosul, Unasul e qualquer tipo de espaço que tenhamos a oportunidade de nos unir. Agora, cada um dos países tem pensamentos diferentes, cada um dos líderes chegou ao poder por mandato popular, quem somos nós para questionar sua ideologia? Nós reconhecemos o governo de Nicolás Maduro, mas temos uma posição crítica, principalmente no que se refere aos direitos humanos. O governo atual (de Mario Abdo Benítez) tomou a decisão de não reconhecer o governo Maduro e não acho que foi uma decisão acertada. Aquele momento, com o surgimento e reconhecimento de Juan Guaidó, claramente não prosperou. Hoje ninguém deveria colocar em dúvida quem é o presidente legítimo da Venezuela.

Por que hoje a divisão interna no partido Colorado está tão grande?

É um partido grande, com o maior número de eleitores e um espaço de debates internos, de diferentes pesos e contrapesos Foi isso que permitiu ser um espaço de exercício democrático. Agora, ao acabar as eleições, deveríamos nos unir. Nós concorremos contra o atual governo, por exemplo na disputa pela presidência do partido. Hoje estamos unidos em torno da gestão de Marito como presidente e Cartes como presidente do partido.

Nossa intenção não é silenciar as vozes, pelo contrário, mas devemos trabalhar nas coincidência que temos. E quais são as coincidências? Acreditamos que a família é a base da sociedade, e aqui quero dizer a família tradicional, vinda da união entre um homem e uma mulher. Valorizamos a vida, então estamos contra o aborto. E, para nós, a melhor política social é a geração de empregos, ou seja, ter um Estado servidor e o homem livre.

Essas questões culturais têm sido muito discutidas em alguns países da América Latina. Como o senhor vê isso?

Aceitamos que outros países possam ter essas discussões, mas no Paraguai continuamos sendo um povo em sua maioria crente no matrimônio, na família como núcleo central da sociedade. Mas veja bem, isso não significa que vamos discriminar alguém. Nós não discriminamos, o Estado não vai negar direitos às pessoas.

Quais são seus planos para combater a corrupção?

Precisamos melhorar a oferta política eleitoral. Eu não sou um político tradicional, cheguei na política irritado com a classe política e percebi que, se a oferta política não é boa, o resultado sempre será ruim. Mas eu passei da frustração para a ação e decidi participar ativamente do processo. Agora, tenho pedido aos paraguaios que saibam eleger e façam parte do processo eleitoral, com candidaturas ao senado, por exemplo. O resultado de 30 de abril vai ser determinante para uma gestão de nosso país com conhecimento da ciência, com patriotismo.

Como o senhor vê a atual relação do Paraguai com Taiwan e China?

Paraguai mantém relações diplomáticas com Taiwan há mais de 60 anos, com base em princípios e valores democráticos. É uma relação que nos aproxima muito porque os dois países são nações pequenas geograficamente perto de países muito grandes. Eles ao lado da China continental e nós, do Brasil. Isso permite ao Paraguai um aprendizado muito importante sobre desenvolvimento econômico.

O Paraguai também tem relações comerciais muito ativas com a China continental, que é o principal provedor de produtos para o Paraguai e nós temos também um fluxo de exportações à China, principalmente com a soja. Não há restrições comerciais. E eu tenho a firme convicção de manter uma relação diplomática com Taiwan nos próximos cinco anos como presidente.

Qual é a sua opinião sobre o crescimento do extremismo político e como isso chega ao Paraguai?

Infelizmente esse é um fenômeno que temos visto no mundo, no nosso continente. Eu tento lutar contra isso, mostrando que o debate político é mais do que a troca dos contrários, mas mostrar uma visão de desenvolvimento do Paraguai. Meu caminho até a política partidária é um testemunho disso. Rechaço a polarização, o populismo, seja de direita ou de esquerda, rechaço a mentira como estratégia de política, ou seja, a pós-verdade, porque já prejudicou muito o processo democrático. Eu, ao longo dessa campanha, recebi todo tipo de ataques e nunca respondi a isso. Sempre coloquei propostas e caminhos de desenvolvimento ao nosso país e como podemos chegar aos setores populares e que estão mais atrasados e vulneráveis.

Parte da minha contribuição no processo político paraguaio inclui lutar contra essas características que estão dominando a política latino-americana, derrubar muros e construir pontes. Internamente, em meu partido, hoje eu trabalho muito próximo a quem foi meu adversário nas primárias e quero fazer o mesmo depois de 30 de abril, para unir todas as forças políticas de todos os setores na construção de uma política pública inclusiva a todos. Da mesma forma, adoraria fazer o mesmo a nível continental, poder integrar mais a nossa região. Para isso, acredito que a liderança do Brasil pode ser muito importante com a presidência de Lula. Assim, o Paraguai será um participante ativo de todos os organismos, os mais tradicionais, como Mercosul, mas também os mais políticos, como Unasul e Prosul para podermos encontrar, dentro das características de cada país, a integração econômica e comercial, que seria mesmo uma boa notícia para todos os habitantes de nossa região.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.