LONDRES - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, defendeu nesta segunda-feira, 1°, as medidas restritivas adotadas por seu governo. Ele negou que a quarentena em hotéis tenha sido implementada tarde demais. Segundo o premiê, os cientistas não acreditam que a cepa brasileira seja uma “ameaça à população em geral”e garantiu que um “esforço em massa” está sendo feito para impedir a propagação da variante.
Johnson passou o dia tentando acalmar a população. Ele insistiu que “não havia razão para desconfiar que as vacinas não são eficazes” contra as novas variantes e defendeu a política do governo. “É um regime muito duro. Quando alguém chega, é imediatamente levado para um hotel, onde é mantido por 10 dias, 11 dias”, disse. “A pessoa é testada no segundo dia e no oitavo dia. Tudo foi feito para impedir a propagação de novas variantes enquanto continuamos o programa de vacinação.”
A Public Health England (PHE) afirmou ontem que os testes em que a variante foi encontrada foram feitos antes da imposição das atuais medidas de quarentena obrigatória em hotéis – iniciada em 15 de fevereiro. O governo, porém, ainda não sabe se o infectado que é procurado chegou do Brasil ou foi contaminado no Reino Unido.
A variante P1 tem algumas das mesmas mutações da variante sul-africana, que é altamente transmissível, e foi identificada pela primeira vez em Manaus, em janeiro. Além da caçada ao anônimo contaminado, autoridades identificaram outras cinco pessoas que testaram positivo para a cepa do Brasil.
Dois casos são de uma única residência no sul de Gloucestershire, no sudoeste da Inglaterra, vindos de uma pessoa que voltou do Brasil um mês depois que a variante foi identificada pela primeira vez e cinco dias antes de a política de quarentena dos hotéis entrar em vigor.
Um dos contaminados teria desenvolvido sintomas antes de fazer o teste. Seus contatos foram identificados e ele foi testado novamente. Novos exames estão sendo realizados em pessoas nas áreas próximas de Bradley Stoke, Patchway e Little Stoke como precaução.
Os outros três casos são de pessoas que vivem no nordeste da Escócia. Eles também testaram positivo para a variante P1 depois de voltar do Brasil via Paris e Londres. Eles foram identificados durante a quarentena e, desde então, completaram o isolamento de dez dias. Outros passageiros do mesmo voo, que pousou em Aberdeen no início de fevereiro, estão sendo contatados por precaução. A PHE também está fazendo testes e rastreamento de todos os passageiros que chegaram no voo da Swiss Air Lines, o LX318, que saiu de São Paulo via Zurique e pousou em Londres no dia 10.
A política de quarentena em hotéis, que foi arquitetada para proteger o Reino Unido contra novas variantes, entrou em vigor no dia 15, após muito atraso. Na Escócia, todos os viajantes que chegam em voos internacionais devem entrar em quarentena em um hotel por dez dias, enquanto na Inglaterra as regras se aplicam apenas às chegadas de 33 países da “lista vermelha”. / AP