BOGOTÁ - O novo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, propõe como uma das medias de combate ao narcotráfico no país ampliar a legalização da cannabis sem licenças, cujo cultivo e comercialização já é permitido no país para fins medicinais.
Novo governo
O tema do combate ao narcotráfico está presente no discurso de Petro desde sua campanha presidencial. Agora, ele tem dados novos indícios do que tentará implementar. “Vamos conversar: o que acontece se a cannabis for legalizada na Colômbia sem licenças? Como plantar milho, como plantar batatas”, questionou o presidente de esquerda durante uma reunião com prefeitos do sudoeste do país na semana passada, onde as plantações ilegais de maconha são numerosas.
Nesta quarta-feira, 17, Petro voltou a falar, durante discurso de posse do alguns integrantes de seu gabinete, da necessidade de se ter uma nova política carcerária na Colômbia, “buscando fundamentalmente a descriminalização de certas condutas”.
Em seu discurso de posse, no dia 7 de agosto, Petro falou da necessidade de encerrar a atual política de “guerra às drogas” no mundo e passar para uma “política forte de prevenção do consumo” nos países desenvolvidos. “É hora de uma nova convenção internacional que aceite que a guerra às drogas fracassou”, disse o presidente. Ele também propôs novos acordos de paz com os grupos armados que financiam o narcotráfico.
A Colômbia, maior produtor de cocaína do mundo, legalizou a maconha medicinal em 2016. Desde então, várias empresas estrangeiras receberam licenças para produzir e exportar o produto, mas o comércio com fins recreativos segue criminalizado.
“Se vamos legalizar a cannabis, vamos manter toda essa gente presa em cadeias superlotadas ou chegou a hora de soltar muita gente?”, continuou Petro em seu discurso.
Exemplos
Nos últimos anos, vários países, como África do Sul, Uruguai e Canadá, legalizaram a maconha, assim como alguns estados dos Estados Unidos.
Dissidentes do acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), integrantes da guerrilha ELN (Exército de Libertação Nacional) e outros grupos armados disputam os lucros do tráfico de drogas e outros negócios ilegais em várias regiões da Colômbia, que só este ano já registrou quase 60 massacres.
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O governo da Colômbia e Exército de Libertação Nacional concordaram em reiniciar o diálogo. O anúncio foi feito em Havana.
“Vamos reunir as pessoas (para discutir a legalização). Inclusive que cheguem desarmados os que estão armados”, disse o presidente. Anteriormente, Petro havia feito apelos pelo fim da “fracassada” guerra às drogas, em que os Estados Unidos é o principal parceiro da Colômbia. Washington afirma estar disposto a ter um “diálogo aberto e honesto” sobre o tema. / AFP