A presidente do Peru, Dina Boluarte, pediu ao Congresso nesta sexta-feira, 27, que aprove a antecipação para dezembro de 2023 das eleições presidenciais como saída para a grave crise que o país vive, com mais de 40 dias de protestos e ao menos 46 mortos. Até agora, o Executivo havia proposto adiantar as eleições de 2026 para abril de 2024, mas a medida não conteve o caos nas ruas.
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“Colocamos este projeto à consideração dos ministros para antecipar as eleições para dezembro de 2023″, disse a presidente Boluarte, em um ato de governo no aeroporto militar de Lima. Na quinta-feira, 26, o fujimorismo - opositor ao atual governo - afirmou que estava a favor de antecipar as eleições para este ano.
Qualquer antecipação precisa ter a aprovação em duas votações no Congresso, que deve debater a questão ainda nesta sexta-feira.
Até o momento, apenas o projeto de antecipação da votação para abril de 2024 estava sendo votado no Congresso.
Dina Boluarte explicou que diante do aumento dos protestos e bloqueios em rodovias no Peru foi preciso pensar em novas respostas. “Do Executivo havíamos proposto que essas eleições fossem antecipadas para abril de 2024, projeto que foi votado uma vez no Congresso e aguarda a segunda votação. Mas os protestos continuam, há mais bloqueios e violência”, afirmou.
Nesta semana, o governo de Dina Boluarte encomendou um projeto para antecipar as eleições para 2023. De acordo com o plano, o primeiro turno ocorreria em outubro, o segundo turno em novembro e a troca de comando em dezembro.
Agora, caso o Congresso aprove a antecipação para 2023, todos os detalhes sobre datas precisam ser alinhados e divulgados em um cronograma oficial.
Há sete semanas, o Peru é palco de manifestações que pedem a renúncia de Boluarte. Como vice-presidente, ela assumiu a presidência do país após a destituição e prisão de Pedro Castillo, em 7 de dezembro, ao tentar dissolver o Congresso e dar um golpe de Estado.
Escassez
O pedido de Boluarte para um nova antecipação das eleições ocorre em um momento de marchas e bloqueios de estradas sem trégua que geraram problemas de escassez de combustível, alimentos e suprimentos médicos.
Mais sobre os protestos
Em Puno, a 1.350 quilômetros ao sul da capital Lima e palco dos protestos mais violentos que resultaram em 18 mortes no início de janeiro, os comerciantes triplicaram os preços de alimentos como batatas e tomates.
O gás liquefeito de petróleo (GLP), principal combustível para veículos e também de uso doméstico no país, já estava em falta nos comércios de Arequipa, Tacna e Puno, regiões do sul que afirmam nas manifestações serem as mais pobres, esquecidas e discriminadas por suas populações de maioria indígena.
“Se (os partidos) Fuerza Popular (fujimorista) e Alianza para el Progreso estão pedindo o que já haviam apresentado (uma antecipação das eleições para 2023), que se retome, nesse sentido, essa proposta que não tem condições e vai nos tirar do atoleiro em que estamos”, disse Boluarte. / AFP