MONTEVIDÉU - O presidente eleito no Uruguai, Luis Lacalle Pou, fez neste sábado, 30, um chamado ao fortalecimento das relações entre presidentes do Mercosul e criticou os "ditadores" da América Latina.
"Teremos no Mercosul a melhor das relações com o presidente argentino, com o presidente brasileiro e com o presidente paraguaio para levantar a região", prometeu Lacalle Pou, de 46 anos, durante um ato de comemoração da sua vitória na eleição presidencial frente à governista Frente Ampla, de esquerda.
O ex-senador do Partido Nacional, de centro-direita, venceu com 48,8% dos votos o rival Daniel Martínez, que obteve 47,3%, após a conclusão, neste sábado, da apuração secundária habitual pelo Tribunal Eleitoral, que foi determinante, devido à diferença apertada de cerca de 35 mil votos entre os dois candidatos à presidência.
Diante de dezenas de milhares de pessoas reunidas em frente ao Rio da Prata, em Montevidéu, Lacalle Pou enviou uma mensagem para outros governos latinos. "Precisamos de uma região forte, com bons governos, que tenham um bom relacionamento", disse o presidente eleito uruguaio, que assumirá em 1º de março um mandato de cinco anos.
O líder de uma coalizão de cinco partidos, que contempla desde a direita até a esquerda social-democrata, criticou a política externa da Frente Ampla.
"Não importa o partido, nem a ideologia. Se nos guiarmos pela ideologia nas relações exteriores, não estaremos representando todo o país, e nosso interesse é de todos e cada um dos uruguaios", afirmou.
"Está claro que, nas relações exteriores, não nos envergonharemos. Está claro o que faremos: vamos chamar os ditadores de ditadores", enfatizou o presidente eleito, que, durante a campanha eleitoral, disse que a posição do atual governo sobre a Venezuela é "uma vergonha nacional".
Entre os participantes do ato, havia vários com bandeiras da Venezuela. Na multidão, destacaram-se os símbolos dos partidos que formaram a aliança eleitoral que levou Lacalle Pou ao poder após 15 anos de governos esquerdistas da Frente Ampla. Mas havia várias bandeiras do partido que ainda está no governo, um gesto que o futuro presidente aplaudiu do palco. / AFP