É uma clássica história de amor real. Uma princesa abre mão de seus privilégios reais para estar com seu verdadeiro amor. Desta vez, é a princesa Martha Louise da Noruega, que na terça-feira renunciou a seus deveres reais para poder trabalhar em medicina alternativa com seu noivo, o autodenominado xamã Durek Verrett.
Em um comunicado, a Casa Real da Noruega disse que a princesa “está dando este passo para criar uma linha divisória mais clara entre suas atividades comerciais e seu papel como membro da Família Real”.
Martha Louise, de 51 anos, filha única do rei Harald da Noruega, disse em um comunicado em vídeo na terça-feira que não havia discórdia entre ela e a família real e que espera que essa mudança “leve a um ambiente mais calmo e pacífico” entre a família real e ela e Verrett, de 47 anos.
O relacionamento - assim como algumas das alegações mais duvidosas contra Verrett - recebeu intensa crítica na Noruega, especialmente após o noivado do casal em junho.
De acordo com seu site, Verrett se descreve como um xamã de sexta geração que se dedica a “servir à evolução espiritual global” e “redefinir o que significa bem-estar”. No site, ele oferece um programa de 30 dias para “experimentar o conhecimento xamânico”, juntamente com outros cursos da “Shaman School” e “Wokeshops” virtuais.
Ele também hospeda um podcast e vende itens como o “otimizador espiritual”, um pequeno medalhão de US$ 222 (cerca de R$ 1,18 mil) que Verrett diz estar “imbuído de frequências e energias que se conectam ao mundo espiritual e ao mundo físico”. Uma sessão virtual privada de uma hora com Verrett custa US$ 1,5 mil (cerca de R$ 8 mil).
Algumas de suas alegações atraíram críticas na Noruega, incluindo sua sugestão de que o câncer é uma escolha. Ele também disse que ter muitos parceiros sexuais deixa marcas dentro de você que devem ser limpas. Os críticos o chamaram de “vigarista” e teórico da conspiração.
‘Autonomia’
“Sei que algumas das coisas que disse e fiz foram vistas como controversas na Noruega – alguns até argumentaram que isso se tornou um problema para a monarquia”, disse Verrett, na terça-feira, no comunicado em vídeo. “Essa nunca foi minha intenção.”
Mas, acrescentou, é importante que ele “tenha direito à autonomia”, para determinar em que acredita e “falar sobre isso”.
“A situação em que nós, como família, nos encontramos recentemente levantou problemas complexos”, disse a Casa Real, em comunicado. Eles disseram que era crucial manter um relacionamento de confiança com o povo norueguês e, ao mesmo tempo, garantir o bem-estar de sua família.
Tanto Verrett quanto Martha e a família real enfatizaram que a dupla ainda acredita na medicina convencional.
“Sou a favor da escola de medicina, e sempre fui, porque vi várias ocasiões em minha vida em que fui salvo pela escola de medicina”, disse Verrett. A medicina alternativa, disse ele, deveria vir “não em vez de, mas além” do sistema de saúde.
Martha disse que ficou “impressionada com todas as pessoas experientes que trabalham em hospitais, consultórios médicos e instituições educacionais em toda a Noruega”. Mas, acrescentou, ela também acredita que existem componentes da saúde física e mental que não são “resumidos em um relatório de pesquisa”. Como exemplos, ela listou espiritualidade, ioga, acupuntura e meditação.
Ela disse que quer continuar a “construir uma ponte” entre as formas convencionais e alternativas de medicina.
A Casa Real também condenou na terça-feira o que disse serem as “atitudes racistas que Durek Verrett teve de enfrentar”, acrescentando que “considera uma força que a Casa Real reflita a diversidade étnica da Noruega”.
Quando Verrett e Martha se casarem, ele se juntará à família real, mas sem um título ou papel oficial, de acordo com a tradição, segundo a Casa Real. O rei, no entanto, decidiu que a princesa poderia manter seu título – embora ela se abstenha de usá-lo em conexão com suas atividades comerciais.