Procura-se uma bandeira


Sem a Escócia, vai-se o azul da Grã-Bretanha

Por Redação

A Escócia é capaz de sobreviver sem o apoio de Londres? A libra pode ser usada como moeda? Com quem ficariam as reservas de petróleo do Mar do Norte? Caso os escoceses decidam se separar no plebiscito de quinta-feira, os ingleses terão questões muito mais sérias a resolver. Pode soar estranho, mas os dois problemas mais graves são os mais prosaicos: decidir o nome do novo país e o que fazer com a Union Jack, a velha bandeira.

Os atos de união de 1707, entre Escócia e Inglaterra, e de 1801, com a incorporação da Irlanda, criaram um dos maiores ícones da cultura pop: a Union Jack. A bandeira é uma fusão de três cruzes: duas vermelhas, a inglesa de São Jorge e a irlandesa de São Patrício, e a azul e branca de Santo André, patrono dos escoceses. Com o tempo, ela virou capa de álbum de bandas de rock, estampa de roupa e quadros de pop art.

Sem a Escócia, vai-se o azul e cria-se um problema. Como lidar com a perda de um símbolo tão arraigado na cultura britânica? O Flag Institute, de Londres, a mais importante instituição do mundo em vexilologia - o estudo das bandeiras -, propôs alternativas, entre elas substituir o azul pelo verde do País de Gales, excluído da Union Jack.

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A perda do azul significaria ainda mudar toda a identidade visual do país: agências do governo, associações esportivas e empresas, como a British Airways. A consequência de uma mudança seria global, afetando todas as bandeiras subsidiárias, como a da Austrália, da Nova Zelândia e de várias ex-colônias do Caribe e do Pacífico.

Outro impacto seria no universo esportivo. Nem tanto no futebol, já que escoceses e ingleses têm seleção própria. Mas nos Jogos Olímpicos a Inglaterra perderia alguns heróis. Em Londres, em 2012, 10% da delegação britânica era de escoceses, que conquistaram 20% das medalhas. A mais emblemática foi o ouro do tenista Andy Murray. Em 2013, ele se tornou o primeiro britânico a vencer Wimbledon em 77 anos. Sem a Escócia, o tênis inglês entra na fila de novo.

A questão mais delicada, porém, é como chamar o novo país. Irlanda do Norte e País de Gales nunca foram reinos, o que descarta manter o nome de Reino Unido. Grã-Bretanha seria uma fraude, porque é o nome da ilha que os ingleses dividem com galeses e escoceses.

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Outras sugestões incluem Pequena Bretanha (Little Britain), que é nome de um programa humorístico da BBC, e Bretanha do Sul, que ignora a posição geográfica da Irlanda do Norte. Ironicamente, o jornalista Charles Moore sugeriu o nome de Former United Kingdom ("Ex-Reino Unido"), cuja abreviatura é o mais tradicional palavrão da língua inglesa. / CRISTIANO DIAS

A Escócia é capaz de sobreviver sem o apoio de Londres? A libra pode ser usada como moeda? Com quem ficariam as reservas de petróleo do Mar do Norte? Caso os escoceses decidam se separar no plebiscito de quinta-feira, os ingleses terão questões muito mais sérias a resolver. Pode soar estranho, mas os dois problemas mais graves são os mais prosaicos: decidir o nome do novo país e o que fazer com a Union Jack, a velha bandeira.

Os atos de união de 1707, entre Escócia e Inglaterra, e de 1801, com a incorporação da Irlanda, criaram um dos maiores ícones da cultura pop: a Union Jack. A bandeira é uma fusão de três cruzes: duas vermelhas, a inglesa de São Jorge e a irlandesa de São Patrício, e a azul e branca de Santo André, patrono dos escoceses. Com o tempo, ela virou capa de álbum de bandas de rock, estampa de roupa e quadros de pop art.

Sem a Escócia, vai-se o azul e cria-se um problema. Como lidar com a perda de um símbolo tão arraigado na cultura britânica? O Flag Institute, de Londres, a mais importante instituição do mundo em vexilologia - o estudo das bandeiras -, propôs alternativas, entre elas substituir o azul pelo verde do País de Gales, excluído da Union Jack.

A perda do azul significaria ainda mudar toda a identidade visual do país: agências do governo, associações esportivas e empresas, como a British Airways. A consequência de uma mudança seria global, afetando todas as bandeiras subsidiárias, como a da Austrália, da Nova Zelândia e de várias ex-colônias do Caribe e do Pacífico.

Outro impacto seria no universo esportivo. Nem tanto no futebol, já que escoceses e ingleses têm seleção própria. Mas nos Jogos Olímpicos a Inglaterra perderia alguns heróis. Em Londres, em 2012, 10% da delegação britânica era de escoceses, que conquistaram 20% das medalhas. A mais emblemática foi o ouro do tenista Andy Murray. Em 2013, ele se tornou o primeiro britânico a vencer Wimbledon em 77 anos. Sem a Escócia, o tênis inglês entra na fila de novo.

A questão mais delicada, porém, é como chamar o novo país. Irlanda do Norte e País de Gales nunca foram reinos, o que descarta manter o nome de Reino Unido. Grã-Bretanha seria uma fraude, porque é o nome da ilha que os ingleses dividem com galeses e escoceses.

Outras sugestões incluem Pequena Bretanha (Little Britain), que é nome de um programa humorístico da BBC, e Bretanha do Sul, que ignora a posição geográfica da Irlanda do Norte. Ironicamente, o jornalista Charles Moore sugeriu o nome de Former United Kingdom ("Ex-Reino Unido"), cuja abreviatura é o mais tradicional palavrão da língua inglesa. / CRISTIANO DIAS

A Escócia é capaz de sobreviver sem o apoio de Londres? A libra pode ser usada como moeda? Com quem ficariam as reservas de petróleo do Mar do Norte? Caso os escoceses decidam se separar no plebiscito de quinta-feira, os ingleses terão questões muito mais sérias a resolver. Pode soar estranho, mas os dois problemas mais graves são os mais prosaicos: decidir o nome do novo país e o que fazer com a Union Jack, a velha bandeira.

Os atos de união de 1707, entre Escócia e Inglaterra, e de 1801, com a incorporação da Irlanda, criaram um dos maiores ícones da cultura pop: a Union Jack. A bandeira é uma fusão de três cruzes: duas vermelhas, a inglesa de São Jorge e a irlandesa de São Patrício, e a azul e branca de Santo André, patrono dos escoceses. Com o tempo, ela virou capa de álbum de bandas de rock, estampa de roupa e quadros de pop art.

Sem a Escócia, vai-se o azul e cria-se um problema. Como lidar com a perda de um símbolo tão arraigado na cultura britânica? O Flag Institute, de Londres, a mais importante instituição do mundo em vexilologia - o estudo das bandeiras -, propôs alternativas, entre elas substituir o azul pelo verde do País de Gales, excluído da Union Jack.

A perda do azul significaria ainda mudar toda a identidade visual do país: agências do governo, associações esportivas e empresas, como a British Airways. A consequência de uma mudança seria global, afetando todas as bandeiras subsidiárias, como a da Austrália, da Nova Zelândia e de várias ex-colônias do Caribe e do Pacífico.

Outro impacto seria no universo esportivo. Nem tanto no futebol, já que escoceses e ingleses têm seleção própria. Mas nos Jogos Olímpicos a Inglaterra perderia alguns heróis. Em Londres, em 2012, 10% da delegação britânica era de escoceses, que conquistaram 20% das medalhas. A mais emblemática foi o ouro do tenista Andy Murray. Em 2013, ele se tornou o primeiro britânico a vencer Wimbledon em 77 anos. Sem a Escócia, o tênis inglês entra na fila de novo.

A questão mais delicada, porém, é como chamar o novo país. Irlanda do Norte e País de Gales nunca foram reinos, o que descarta manter o nome de Reino Unido. Grã-Bretanha seria uma fraude, porque é o nome da ilha que os ingleses dividem com galeses e escoceses.

Outras sugestões incluem Pequena Bretanha (Little Britain), que é nome de um programa humorístico da BBC, e Bretanha do Sul, que ignora a posição geográfica da Irlanda do Norte. Ironicamente, o jornalista Charles Moore sugeriu o nome de Former United Kingdom ("Ex-Reino Unido"), cuja abreviatura é o mais tradicional palavrão da língua inglesa. / CRISTIANO DIAS

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