O Senado da França retoma hoje o processo de votação da impopular reforma previdenciária proposta pelo governo, enquanto os protestos e greves continuam por mais um dia no país. As manifestações afetam principalmente o abastecimento de gasolina nos postos de combustível e o setor de transportes, além de despertar alguns atos mais violentos nas ruas. Apesar disso, o apoio público aos protestos é de 69%, de acordo com uma sondagem da empresa de pesquisas BVA divulgada nesta sexta-feira. O levantamento mostrou também que 52% dos franceses apoiam até as greves no transporte público.O problema da falta de combustível recuou hoje na França, segundo o ministro da Energia, Jean-Louis Borloo. Ela afirmou que a falta de gasolina diminui para 20% dos postos do país. Ontem eram 24%. Apesar da falha no abastecimento, o governo admitiu hoje que não tem nenhum plano imediato para eventual racionamento. Nesta sexta-feira, a polícia ainda rompeu um bloqueio na refinaria Grandpuits, que serve a região de Paris. Todas as 12 refinarias da França são afetadas pelas greves.Enquanto isso, cerca de 150 manifestantes realizam um piquete na usina nuclear de Civaux, onde foi liberada apenas a entrada de suprimentos essenciais. Segundo um funcionário da usina, não há riscos para a segurança local, e o funcionamento aparentemente não foi afetado.No complexo portuário de Fos-Lavera, no sul do país, uma greve continua ocorrendo há 26 dias. Autoridades portuárias informaram em comunicado que 71 embarcações com cargas relacionadas ao petróleo estão atracadas nessa área, aguardando que seus produtos sejam descarregados. Todos os outros portos de Marselha voltaram a funcionar, afirma o comunicado.A polícia antidistúrbio foi enviada para conter a ação de manifestantes mais violentos em Lyon, terceira maior cidade do país, informou a agência de notícias France Press. Perto de Toulouse, no sul, a polícia usou gás lacrimogêneo para conter cerca de 200 manifestantes que tentavam bloquear um depósito de combustível. O bloqueio do depósito Lespinasse, da companhia Total, durou uma hora, até que os manifestantes recuaram. Em seguida, eles fizeram um bloqueio em uma rodovia próxima, disse Gisele Vidallet, funcionária da Confederação Geral do Trabalho (CGT), principal central sindical da França.O primeiro-ministro François Fillon realizará hoje seu segundo encontro da semana com altos funcionários da indústria petrolífera francesa para discutir o problema dos gargalos do suprimento pelo país. Mais cedo nesta semana, as empresas concordaram em compartilhar seus estoques para ajudar na distribuição da gasolina e do diesel.Reforma polêmicaA reforma previdenciária inclui o aumento da idade mínima para a aposentadoria de 60 para 62 anos. A aprovação do texto no Senado pode ocorrer ainda no fim desta sexta-feira. Ontem, os governistas conseguiram utilizar um mecanismo para apressar o debate. Em seguida, o projeto deve então voltar para a Câmara dos Deputados, onde os conservadores governistas são maioria.A reforma pode virar lei perto do fim do mês, ainda que isso não necessariamente interrompa os protestos de sindicatos e outros grupos, que têm também trazido à tona temas como a educação e reformas portuárias. Além disso, o presidente Nicolas Sarkozy planeja discutir um plano potencialmente polêmico para uma reforma fiscal em 2011, apenas um ano antes das eleições nacionais, marcadas para o meio de 2012. As informações são da Dow Jones.