PARIS- Protestos violentos contra a morte de um adolescente em uma operação policial se espalharam na madrugada deste sábado, 1, na França, dia do velório de Nahuel M. em Nanterre, na periferia de Paris. Segundo o ministério do Interior, 1.311 pessoas foram detidas, um volume maior de prisões que nos últimos dias.
Houve violência em grandes cidades como Paris, Lyon e Marselha e até mesmo em territórios ultramarinos, como a Guiana Francesa. Segundo a polícia, houve registros de dezenas de saques e 2,5 mil veículos queimados nas ruas do país,além de 800 ataques a prédios do governo e . O governo destacou 45 mil policiais para conter a violência, até agora sem sucesso.
Apesar dos apelos do presidente Emmanuel Macron para que pais mantessem jovens e adolescentes em casa, os protestos ganharam força. Na sexta-feira, o presidente atribuiu a onda de violência a videogames e disseminação de notícias falsas nas redes sociais e pediu a remoção de conteúdo on-line.
A cerimônia fúnebre do adolescente, identificado apenas como Nahel, que foi morto pela polícia no subúrbio parisiense de Nanterre na terça-feira, ocorreu nesta manhã. Família e amigos estavam vendo o caixão aberto antes de ser levado a uma mesquita para uma cerimônia e depois sepultado em um cemitério da cidade.
Apelo de estrelas da seleção francesa
A seleção nacional de futebol da França - incluindo Kylian Mbappé, do PSG, um ídolo para muitos jovens nos bairros desfavorecidos onde a raiva está enraizada - implorou pelo fim da violência. “Muitos de nós somos de bairros populares, também compartilhamos esse sentimento de dor e tristeza” pelo assassinato de Nahel, de 17 anos, disseram os jogadores em comunicado.
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“A violência não resolve nada. … Existem outras maneiras pacíficas e construtivas de se expressar. Eles disseram que é hora de “luto, diálogo e reconstrução”.
Entenda o caso
O assassinato de Nahel despertou tensões de longa data entre a polícia e os jovens em conjuntos habitacionais que lutam contra a pobreza, o desemprego e a discriminação racial. Os distúrbios subsequentes são os piores que a França já viu em anos e colocam uma nova pressão sobre Macron.
A raiva explodiu no subúrbio de Paris após a morte de Nahel na terça-feira e rapidamente se espalhou por todo o país. No início do sábado, os bombeiros de Nanterre extinguiram as chamas iniciadas por manifestantes que deixaram restos de carros queimados espalhados pelas ruas.
No subúrbio vizinho de Colombes, os manifestantes viraram latas de lixo e as usaram como barricadas improvisadas. Durante a noite, saqueadores invadiram uma loja de armas e fugiram com armas na cidade portuária de Marselha, no Mediterrâneo, disse a polícia.
Policiais em Marselha prenderam quase 90 pessoas enquanto grupos de manifestantes incendiavam carros e quebravam vitrines para pegar o que havia dentro. Prédios e empresas também foram vandalizados na cidade de Lyon, no leste do país, onde um terço das cerca de 30 prisões feitas foi por roubo, disse a polícia. /AP E AFP