Putin propõe a combatentes do grupo Wagner que se juntem ao Exército russo ou partam para Belarus


Líder russo fez seu primeiro discurso à nação após o fim do motim em Moscou e agradeceu aos combatentes mercenários por optar pelo ‘não derramamento de sangue’

Por Redação
Atualização:

MOSCOU - Em um discurso transmitido nesta segunda-feira, 26, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ofereceu aos combatentes do grupo Wagner que marcharam rumo a Moscou no sábado a opção de se juntar ao Exército russo ou partir para Belarus. A oferta segue o acordo feito entre Putin e Ievegni Prigozhin, mediado pelo presidente de Belarus, para que o líder mercenário se mudasse para o país vizinho em exílio após sua revolta.

“Agradeço aos soldados e comandantes do grupo Wagner que tomaram a única decisão certa - eles não optaram pelo derramamento de sangue fratricida, pararam na última linha”, disse Putin em um discurso de cinco minutos à nação. E acrescentou que os combatentes teriam a “oportunidade de continuar servindo a Rússia firmando um contrato com o Ministério da Defesa ou outras agências de aplicação da lei, ou de retornar para sua família e amigos.”

Quem, porém, não quiser se alistar nas Forças Armadas russas, poderá buscar exílio em Belarus, cujo líder Alexander Lukashenko é aliado de Putin e mediu o acordo com Prigozhin. Os combatentes são obrigados por lei a se alistar ao Exército desde 1º de julho, uma mudança legislativa que Prigozhin disse ser um motivador de sua revolta.

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Vladimir Putin fez seu primeiro discurso à nação russa desde o fim do motim de mercenários do grupo Wagner em Moscou Foto: Sergei Ilnitsky/EPA/EFE

Em seu primeiro discurso desde que a rebelião foi contida, Putin disse que deu instruções diretas para evitar um derramamento de sangue “desde o início dos eventos”. “Isso levou tempo, inclusive para dar aos que cometeram o erro a chance de mudar de ideia”, disse ele. Suas ações, acrescentou, “são resolutamente rejeitadas pela sociedade”, buscando enfatizar que a Rússia se uniu em torno de sua liderança.

A última vez que Putin havia falado foi no sábado, enquanto os eventos se desenrolavam em Moscou, quando chamou os combatentes de “traidores”. Desde então, o líder russo concordou, ao lado de Lukashenko em não punir os membros do grupo e permitir o exílio de Prigozhin. Mas não ficou claro quando o líder mercenário deve ir ao país vizinho.

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Proferido depois das 22h, horário de Moscou (16h no Brasil), o discurso parecia ser um esforço de Putin para lidar com as preocupações generalizadas sobre sua decisão de retirar as acusações contra Prigozhin depois de prometer ação dura, e para rebater as alegações de que o motim expôs falhas profundas no aparato de segurança da Rússia.

“Todas as decisões necessárias foram imediatamente tomadas para neutralizar a ameaça que surgiu, para proteger a ordem constitucional, a vida e a segurança de nossos cidadãos”, disse Putin. “Uma rebelião armada teria sido reprimida de qualquer maneira.”

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“A solidariedade civil mostrou que qualquer chantagem e tentativa de organizar um motim interno terminará em derrota”, acrescentou em seu discurso transmitido de dentro do Kremlin, segundo a agência de notícias TASS.

“Eles queriam que os russos lutassem entre si”, disse Putin. “Eles esfregaram as mãos, sonhando em se vingar de seus fracassos na frente e na chamada contraofensiva. Mas eles calcularam mal”, afirmou, agradecendo aos militares russos e sem citar Prigozhin pelo nome.

Os primeiros comentários públicos de Putin desde o motim ocorreram poucas horas depois que o próprio Prigozhin quebrou o silêncio. Em uma mensagem gravada de 11 minutos, o líder mercenário garantiu que o movimento de sábado se tratava de um protesto, não de uma rebelião.

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Prigozhin provocou os militares da Rússia no vídeo desta segunda, chamando sua marcha de uma “aula magistral” sobre como deveria ter sido feita a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Ele também zombou dos militares por não protegerem a Rússia, apontando brechas de segurança que permitiram ao grupo Wagner marchar 780 quilômetros em direção a Moscou sem enfrentar resistência.

O Kremlin também tentou projetar uma imagem de estabilidade nesta segunda, quando as autoridades divulgaram um vídeo do ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, revisando as tropas na Ucrânia.

Putin apareceu durante uma reunião do seu Conselho de Segurança logo após seu discurso televisionado Foto: Gavriil Grigorov/Sputnik/Kremlin via AP
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A rixa entre o líder do Grupo Wagner e o alto escalão militar da Rússia inflamou-se durante a guerra, explodindo em um motim no fim de semana, quando mercenários deixaram a Ucrânia para tomar um quartel-general militar em uma cidade do sul da Rússia. Eles marcharam aparentemente sem oposição por centenas de quilômetros em direção a Moscou antes de dar meia-volta depois de menos de 24 horas no sábado.

A agência de notícias russa Verstka informou que uma base voltada para o grupo Wagner para 8.000 soldados estava sendo construída em Belarus, na região de Mogilev, a sudeste de Minsk. O relato porém não pôde ser confirmado de forma independente.

Quaisquer que tenha sido as intenções, a revolta de Prigozhin confrontou Putin com o desafio mais feroz que ele enfrentou em mais de 23 anos como líder supremo da Rússia - questionando a estabilidade de um sistema onde o estado de direito é prontamente dispensável e feudos concorrentes, incluindo oligarcas e funcionários públicos, disputam constantemente favores presidenciais, benefícios do Estado e influência. Também expôs as amargas divisões sobre a forma como Putin lidou com a guerra na Ucrânia e pode ter sérias repercussões no campo de batalha.

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O comentário de Prigozhin de que o presidente Lukashenko ofereceu à milícia uma maneira de operar legalmente em Belarus sugeriu que Wagner continuará suas operações na África e em outras partes do mundo, alavancando contratos de segurança e operações de influência política em troca de concessões de mineração e dinheiro.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta segunda que o grupo Wagner continuará operando no Mali e na República Centro-Africana.

Logo após o discurso, a mídia estatal russa informou que Putin apareceria novamente na televisão falando durante uma reunião com seus chefes de segurança. A aparição, no entanto, foi curta./AP, AFP, NYT e W.POST

MOSCOU - Em um discurso transmitido nesta segunda-feira, 26, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ofereceu aos combatentes do grupo Wagner que marcharam rumo a Moscou no sábado a opção de se juntar ao Exército russo ou partir para Belarus. A oferta segue o acordo feito entre Putin e Ievegni Prigozhin, mediado pelo presidente de Belarus, para que o líder mercenário se mudasse para o país vizinho em exílio após sua revolta.

“Agradeço aos soldados e comandantes do grupo Wagner que tomaram a única decisão certa - eles não optaram pelo derramamento de sangue fratricida, pararam na última linha”, disse Putin em um discurso de cinco minutos à nação. E acrescentou que os combatentes teriam a “oportunidade de continuar servindo a Rússia firmando um contrato com o Ministério da Defesa ou outras agências de aplicação da lei, ou de retornar para sua família e amigos.”

Quem, porém, não quiser se alistar nas Forças Armadas russas, poderá buscar exílio em Belarus, cujo líder Alexander Lukashenko é aliado de Putin e mediu o acordo com Prigozhin. Os combatentes são obrigados por lei a se alistar ao Exército desde 1º de julho, uma mudança legislativa que Prigozhin disse ser um motivador de sua revolta.

Vladimir Putin fez seu primeiro discurso à nação russa desde o fim do motim de mercenários do grupo Wagner em Moscou Foto: Sergei Ilnitsky/EPA/EFE

Em seu primeiro discurso desde que a rebelião foi contida, Putin disse que deu instruções diretas para evitar um derramamento de sangue “desde o início dos eventos”. “Isso levou tempo, inclusive para dar aos que cometeram o erro a chance de mudar de ideia”, disse ele. Suas ações, acrescentou, “são resolutamente rejeitadas pela sociedade”, buscando enfatizar que a Rússia se uniu em torno de sua liderança.

A última vez que Putin havia falado foi no sábado, enquanto os eventos se desenrolavam em Moscou, quando chamou os combatentes de “traidores”. Desde então, o líder russo concordou, ao lado de Lukashenko em não punir os membros do grupo e permitir o exílio de Prigozhin. Mas não ficou claro quando o líder mercenário deve ir ao país vizinho.

Proferido depois das 22h, horário de Moscou (16h no Brasil), o discurso parecia ser um esforço de Putin para lidar com as preocupações generalizadas sobre sua decisão de retirar as acusações contra Prigozhin depois de prometer ação dura, e para rebater as alegações de que o motim expôs falhas profundas no aparato de segurança da Rússia.

“Todas as decisões necessárias foram imediatamente tomadas para neutralizar a ameaça que surgiu, para proteger a ordem constitucional, a vida e a segurança de nossos cidadãos”, disse Putin. “Uma rebelião armada teria sido reprimida de qualquer maneira.”

“A solidariedade civil mostrou que qualquer chantagem e tentativa de organizar um motim interno terminará em derrota”, acrescentou em seu discurso transmitido de dentro do Kremlin, segundo a agência de notícias TASS.

“Eles queriam que os russos lutassem entre si”, disse Putin. “Eles esfregaram as mãos, sonhando em se vingar de seus fracassos na frente e na chamada contraofensiva. Mas eles calcularam mal”, afirmou, agradecendo aos militares russos e sem citar Prigozhin pelo nome.

Os primeiros comentários públicos de Putin desde o motim ocorreram poucas horas depois que o próprio Prigozhin quebrou o silêncio. Em uma mensagem gravada de 11 minutos, o líder mercenário garantiu que o movimento de sábado se tratava de um protesto, não de uma rebelião.

Prigozhin provocou os militares da Rússia no vídeo desta segunda, chamando sua marcha de uma “aula magistral” sobre como deveria ter sido feita a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Ele também zombou dos militares por não protegerem a Rússia, apontando brechas de segurança que permitiram ao grupo Wagner marchar 780 quilômetros em direção a Moscou sem enfrentar resistência.

O Kremlin também tentou projetar uma imagem de estabilidade nesta segunda, quando as autoridades divulgaram um vídeo do ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, revisando as tropas na Ucrânia.

Putin apareceu durante uma reunião do seu Conselho de Segurança logo após seu discurso televisionado Foto: Gavriil Grigorov/Sputnik/Kremlin via AP

A rixa entre o líder do Grupo Wagner e o alto escalão militar da Rússia inflamou-se durante a guerra, explodindo em um motim no fim de semana, quando mercenários deixaram a Ucrânia para tomar um quartel-general militar em uma cidade do sul da Rússia. Eles marcharam aparentemente sem oposição por centenas de quilômetros em direção a Moscou antes de dar meia-volta depois de menos de 24 horas no sábado.

A agência de notícias russa Verstka informou que uma base voltada para o grupo Wagner para 8.000 soldados estava sendo construída em Belarus, na região de Mogilev, a sudeste de Minsk. O relato porém não pôde ser confirmado de forma independente.

Quaisquer que tenha sido as intenções, a revolta de Prigozhin confrontou Putin com o desafio mais feroz que ele enfrentou em mais de 23 anos como líder supremo da Rússia - questionando a estabilidade de um sistema onde o estado de direito é prontamente dispensável e feudos concorrentes, incluindo oligarcas e funcionários públicos, disputam constantemente favores presidenciais, benefícios do Estado e influência. Também expôs as amargas divisões sobre a forma como Putin lidou com a guerra na Ucrânia e pode ter sérias repercussões no campo de batalha.

O comentário de Prigozhin de que o presidente Lukashenko ofereceu à milícia uma maneira de operar legalmente em Belarus sugeriu que Wagner continuará suas operações na África e em outras partes do mundo, alavancando contratos de segurança e operações de influência política em troca de concessões de mineração e dinheiro.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta segunda que o grupo Wagner continuará operando no Mali e na República Centro-Africana.

Logo após o discurso, a mídia estatal russa informou que Putin apareceria novamente na televisão falando durante uma reunião com seus chefes de segurança. A aparição, no entanto, foi curta./AP, AFP, NYT e W.POST

MOSCOU - Em um discurso transmitido nesta segunda-feira, 26, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ofereceu aos combatentes do grupo Wagner que marcharam rumo a Moscou no sábado a opção de se juntar ao Exército russo ou partir para Belarus. A oferta segue o acordo feito entre Putin e Ievegni Prigozhin, mediado pelo presidente de Belarus, para que o líder mercenário se mudasse para o país vizinho em exílio após sua revolta.

“Agradeço aos soldados e comandantes do grupo Wagner que tomaram a única decisão certa - eles não optaram pelo derramamento de sangue fratricida, pararam na última linha”, disse Putin em um discurso de cinco minutos à nação. E acrescentou que os combatentes teriam a “oportunidade de continuar servindo a Rússia firmando um contrato com o Ministério da Defesa ou outras agências de aplicação da lei, ou de retornar para sua família e amigos.”

Quem, porém, não quiser se alistar nas Forças Armadas russas, poderá buscar exílio em Belarus, cujo líder Alexander Lukashenko é aliado de Putin e mediu o acordo com Prigozhin. Os combatentes são obrigados por lei a se alistar ao Exército desde 1º de julho, uma mudança legislativa que Prigozhin disse ser um motivador de sua revolta.

Vladimir Putin fez seu primeiro discurso à nação russa desde o fim do motim de mercenários do grupo Wagner em Moscou Foto: Sergei Ilnitsky/EPA/EFE

Em seu primeiro discurso desde que a rebelião foi contida, Putin disse que deu instruções diretas para evitar um derramamento de sangue “desde o início dos eventos”. “Isso levou tempo, inclusive para dar aos que cometeram o erro a chance de mudar de ideia”, disse ele. Suas ações, acrescentou, “são resolutamente rejeitadas pela sociedade”, buscando enfatizar que a Rússia se uniu em torno de sua liderança.

A última vez que Putin havia falado foi no sábado, enquanto os eventos se desenrolavam em Moscou, quando chamou os combatentes de “traidores”. Desde então, o líder russo concordou, ao lado de Lukashenko em não punir os membros do grupo e permitir o exílio de Prigozhin. Mas não ficou claro quando o líder mercenário deve ir ao país vizinho.

Proferido depois das 22h, horário de Moscou (16h no Brasil), o discurso parecia ser um esforço de Putin para lidar com as preocupações generalizadas sobre sua decisão de retirar as acusações contra Prigozhin depois de prometer ação dura, e para rebater as alegações de que o motim expôs falhas profundas no aparato de segurança da Rússia.

“Todas as decisões necessárias foram imediatamente tomadas para neutralizar a ameaça que surgiu, para proteger a ordem constitucional, a vida e a segurança de nossos cidadãos”, disse Putin. “Uma rebelião armada teria sido reprimida de qualquer maneira.”

“A solidariedade civil mostrou que qualquer chantagem e tentativa de organizar um motim interno terminará em derrota”, acrescentou em seu discurso transmitido de dentro do Kremlin, segundo a agência de notícias TASS.

“Eles queriam que os russos lutassem entre si”, disse Putin. “Eles esfregaram as mãos, sonhando em se vingar de seus fracassos na frente e na chamada contraofensiva. Mas eles calcularam mal”, afirmou, agradecendo aos militares russos e sem citar Prigozhin pelo nome.

Os primeiros comentários públicos de Putin desde o motim ocorreram poucas horas depois que o próprio Prigozhin quebrou o silêncio. Em uma mensagem gravada de 11 minutos, o líder mercenário garantiu que o movimento de sábado se tratava de um protesto, não de uma rebelião.

Prigozhin provocou os militares da Rússia no vídeo desta segunda, chamando sua marcha de uma “aula magistral” sobre como deveria ter sido feita a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Ele também zombou dos militares por não protegerem a Rússia, apontando brechas de segurança que permitiram ao grupo Wagner marchar 780 quilômetros em direção a Moscou sem enfrentar resistência.

O Kremlin também tentou projetar uma imagem de estabilidade nesta segunda, quando as autoridades divulgaram um vídeo do ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, revisando as tropas na Ucrânia.

Putin apareceu durante uma reunião do seu Conselho de Segurança logo após seu discurso televisionado Foto: Gavriil Grigorov/Sputnik/Kremlin via AP

A rixa entre o líder do Grupo Wagner e o alto escalão militar da Rússia inflamou-se durante a guerra, explodindo em um motim no fim de semana, quando mercenários deixaram a Ucrânia para tomar um quartel-general militar em uma cidade do sul da Rússia. Eles marcharam aparentemente sem oposição por centenas de quilômetros em direção a Moscou antes de dar meia-volta depois de menos de 24 horas no sábado.

A agência de notícias russa Verstka informou que uma base voltada para o grupo Wagner para 8.000 soldados estava sendo construída em Belarus, na região de Mogilev, a sudeste de Minsk. O relato porém não pôde ser confirmado de forma independente.

Quaisquer que tenha sido as intenções, a revolta de Prigozhin confrontou Putin com o desafio mais feroz que ele enfrentou em mais de 23 anos como líder supremo da Rússia - questionando a estabilidade de um sistema onde o estado de direito é prontamente dispensável e feudos concorrentes, incluindo oligarcas e funcionários públicos, disputam constantemente favores presidenciais, benefícios do Estado e influência. Também expôs as amargas divisões sobre a forma como Putin lidou com a guerra na Ucrânia e pode ter sérias repercussões no campo de batalha.

O comentário de Prigozhin de que o presidente Lukashenko ofereceu à milícia uma maneira de operar legalmente em Belarus sugeriu que Wagner continuará suas operações na África e em outras partes do mundo, alavancando contratos de segurança e operações de influência política em troca de concessões de mineração e dinheiro.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta segunda que o grupo Wagner continuará operando no Mali e na República Centro-Africana.

Logo após o discurso, a mídia estatal russa informou que Putin apareceria novamente na televisão falando durante uma reunião com seus chefes de segurança. A aparição, no entanto, foi curta./AP, AFP, NYT e W.POST

MOSCOU - Em um discurso transmitido nesta segunda-feira, 26, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ofereceu aos combatentes do grupo Wagner que marcharam rumo a Moscou no sábado a opção de se juntar ao Exército russo ou partir para Belarus. A oferta segue o acordo feito entre Putin e Ievegni Prigozhin, mediado pelo presidente de Belarus, para que o líder mercenário se mudasse para o país vizinho em exílio após sua revolta.

“Agradeço aos soldados e comandantes do grupo Wagner que tomaram a única decisão certa - eles não optaram pelo derramamento de sangue fratricida, pararam na última linha”, disse Putin em um discurso de cinco minutos à nação. E acrescentou que os combatentes teriam a “oportunidade de continuar servindo a Rússia firmando um contrato com o Ministério da Defesa ou outras agências de aplicação da lei, ou de retornar para sua família e amigos.”

Quem, porém, não quiser se alistar nas Forças Armadas russas, poderá buscar exílio em Belarus, cujo líder Alexander Lukashenko é aliado de Putin e mediu o acordo com Prigozhin. Os combatentes são obrigados por lei a se alistar ao Exército desde 1º de julho, uma mudança legislativa que Prigozhin disse ser um motivador de sua revolta.

Vladimir Putin fez seu primeiro discurso à nação russa desde o fim do motim de mercenários do grupo Wagner em Moscou Foto: Sergei Ilnitsky/EPA/EFE

Em seu primeiro discurso desde que a rebelião foi contida, Putin disse que deu instruções diretas para evitar um derramamento de sangue “desde o início dos eventos”. “Isso levou tempo, inclusive para dar aos que cometeram o erro a chance de mudar de ideia”, disse ele. Suas ações, acrescentou, “são resolutamente rejeitadas pela sociedade”, buscando enfatizar que a Rússia se uniu em torno de sua liderança.

A última vez que Putin havia falado foi no sábado, enquanto os eventos se desenrolavam em Moscou, quando chamou os combatentes de “traidores”. Desde então, o líder russo concordou, ao lado de Lukashenko em não punir os membros do grupo e permitir o exílio de Prigozhin. Mas não ficou claro quando o líder mercenário deve ir ao país vizinho.

Proferido depois das 22h, horário de Moscou (16h no Brasil), o discurso parecia ser um esforço de Putin para lidar com as preocupações generalizadas sobre sua decisão de retirar as acusações contra Prigozhin depois de prometer ação dura, e para rebater as alegações de que o motim expôs falhas profundas no aparato de segurança da Rússia.

“Todas as decisões necessárias foram imediatamente tomadas para neutralizar a ameaça que surgiu, para proteger a ordem constitucional, a vida e a segurança de nossos cidadãos”, disse Putin. “Uma rebelião armada teria sido reprimida de qualquer maneira.”

“A solidariedade civil mostrou que qualquer chantagem e tentativa de organizar um motim interno terminará em derrota”, acrescentou em seu discurso transmitido de dentro do Kremlin, segundo a agência de notícias TASS.

“Eles queriam que os russos lutassem entre si”, disse Putin. “Eles esfregaram as mãos, sonhando em se vingar de seus fracassos na frente e na chamada contraofensiva. Mas eles calcularam mal”, afirmou, agradecendo aos militares russos e sem citar Prigozhin pelo nome.

Os primeiros comentários públicos de Putin desde o motim ocorreram poucas horas depois que o próprio Prigozhin quebrou o silêncio. Em uma mensagem gravada de 11 minutos, o líder mercenário garantiu que o movimento de sábado se tratava de um protesto, não de uma rebelião.

Prigozhin provocou os militares da Rússia no vídeo desta segunda, chamando sua marcha de uma “aula magistral” sobre como deveria ter sido feita a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Ele também zombou dos militares por não protegerem a Rússia, apontando brechas de segurança que permitiram ao grupo Wagner marchar 780 quilômetros em direção a Moscou sem enfrentar resistência.

O Kremlin também tentou projetar uma imagem de estabilidade nesta segunda, quando as autoridades divulgaram um vídeo do ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, revisando as tropas na Ucrânia.

Putin apareceu durante uma reunião do seu Conselho de Segurança logo após seu discurso televisionado Foto: Gavriil Grigorov/Sputnik/Kremlin via AP

A rixa entre o líder do Grupo Wagner e o alto escalão militar da Rússia inflamou-se durante a guerra, explodindo em um motim no fim de semana, quando mercenários deixaram a Ucrânia para tomar um quartel-general militar em uma cidade do sul da Rússia. Eles marcharam aparentemente sem oposição por centenas de quilômetros em direção a Moscou antes de dar meia-volta depois de menos de 24 horas no sábado.

A agência de notícias russa Verstka informou que uma base voltada para o grupo Wagner para 8.000 soldados estava sendo construída em Belarus, na região de Mogilev, a sudeste de Minsk. O relato porém não pôde ser confirmado de forma independente.

Quaisquer que tenha sido as intenções, a revolta de Prigozhin confrontou Putin com o desafio mais feroz que ele enfrentou em mais de 23 anos como líder supremo da Rússia - questionando a estabilidade de um sistema onde o estado de direito é prontamente dispensável e feudos concorrentes, incluindo oligarcas e funcionários públicos, disputam constantemente favores presidenciais, benefícios do Estado e influência. Também expôs as amargas divisões sobre a forma como Putin lidou com a guerra na Ucrânia e pode ter sérias repercussões no campo de batalha.

O comentário de Prigozhin de que o presidente Lukashenko ofereceu à milícia uma maneira de operar legalmente em Belarus sugeriu que Wagner continuará suas operações na África e em outras partes do mundo, alavancando contratos de segurança e operações de influência política em troca de concessões de mineração e dinheiro.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta segunda que o grupo Wagner continuará operando no Mali e na República Centro-Africana.

Logo após o discurso, a mídia estatal russa informou que Putin apareceria novamente na televisão falando durante uma reunião com seus chefes de segurança. A aparição, no entanto, foi curta./AP, AFP, NYT e W.POST

MOSCOU - Em um discurso transmitido nesta segunda-feira, 26, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ofereceu aos combatentes do grupo Wagner que marcharam rumo a Moscou no sábado a opção de se juntar ao Exército russo ou partir para Belarus. A oferta segue o acordo feito entre Putin e Ievegni Prigozhin, mediado pelo presidente de Belarus, para que o líder mercenário se mudasse para o país vizinho em exílio após sua revolta.

“Agradeço aos soldados e comandantes do grupo Wagner que tomaram a única decisão certa - eles não optaram pelo derramamento de sangue fratricida, pararam na última linha”, disse Putin em um discurso de cinco minutos à nação. E acrescentou que os combatentes teriam a “oportunidade de continuar servindo a Rússia firmando um contrato com o Ministério da Defesa ou outras agências de aplicação da lei, ou de retornar para sua família e amigos.”

Quem, porém, não quiser se alistar nas Forças Armadas russas, poderá buscar exílio em Belarus, cujo líder Alexander Lukashenko é aliado de Putin e mediu o acordo com Prigozhin. Os combatentes são obrigados por lei a se alistar ao Exército desde 1º de julho, uma mudança legislativa que Prigozhin disse ser um motivador de sua revolta.

Vladimir Putin fez seu primeiro discurso à nação russa desde o fim do motim de mercenários do grupo Wagner em Moscou Foto: Sergei Ilnitsky/EPA/EFE

Em seu primeiro discurso desde que a rebelião foi contida, Putin disse que deu instruções diretas para evitar um derramamento de sangue “desde o início dos eventos”. “Isso levou tempo, inclusive para dar aos que cometeram o erro a chance de mudar de ideia”, disse ele. Suas ações, acrescentou, “são resolutamente rejeitadas pela sociedade”, buscando enfatizar que a Rússia se uniu em torno de sua liderança.

A última vez que Putin havia falado foi no sábado, enquanto os eventos se desenrolavam em Moscou, quando chamou os combatentes de “traidores”. Desde então, o líder russo concordou, ao lado de Lukashenko em não punir os membros do grupo e permitir o exílio de Prigozhin. Mas não ficou claro quando o líder mercenário deve ir ao país vizinho.

Proferido depois das 22h, horário de Moscou (16h no Brasil), o discurso parecia ser um esforço de Putin para lidar com as preocupações generalizadas sobre sua decisão de retirar as acusações contra Prigozhin depois de prometer ação dura, e para rebater as alegações de que o motim expôs falhas profundas no aparato de segurança da Rússia.

“Todas as decisões necessárias foram imediatamente tomadas para neutralizar a ameaça que surgiu, para proteger a ordem constitucional, a vida e a segurança de nossos cidadãos”, disse Putin. “Uma rebelião armada teria sido reprimida de qualquer maneira.”

“A solidariedade civil mostrou que qualquer chantagem e tentativa de organizar um motim interno terminará em derrota”, acrescentou em seu discurso transmitido de dentro do Kremlin, segundo a agência de notícias TASS.

“Eles queriam que os russos lutassem entre si”, disse Putin. “Eles esfregaram as mãos, sonhando em se vingar de seus fracassos na frente e na chamada contraofensiva. Mas eles calcularam mal”, afirmou, agradecendo aos militares russos e sem citar Prigozhin pelo nome.

Os primeiros comentários públicos de Putin desde o motim ocorreram poucas horas depois que o próprio Prigozhin quebrou o silêncio. Em uma mensagem gravada de 11 minutos, o líder mercenário garantiu que o movimento de sábado se tratava de um protesto, não de uma rebelião.

Prigozhin provocou os militares da Rússia no vídeo desta segunda, chamando sua marcha de uma “aula magistral” sobre como deveria ter sido feita a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Ele também zombou dos militares por não protegerem a Rússia, apontando brechas de segurança que permitiram ao grupo Wagner marchar 780 quilômetros em direção a Moscou sem enfrentar resistência.

O Kremlin também tentou projetar uma imagem de estabilidade nesta segunda, quando as autoridades divulgaram um vídeo do ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, revisando as tropas na Ucrânia.

Putin apareceu durante uma reunião do seu Conselho de Segurança logo após seu discurso televisionado Foto: Gavriil Grigorov/Sputnik/Kremlin via AP

A rixa entre o líder do Grupo Wagner e o alto escalão militar da Rússia inflamou-se durante a guerra, explodindo em um motim no fim de semana, quando mercenários deixaram a Ucrânia para tomar um quartel-general militar em uma cidade do sul da Rússia. Eles marcharam aparentemente sem oposição por centenas de quilômetros em direção a Moscou antes de dar meia-volta depois de menos de 24 horas no sábado.

A agência de notícias russa Verstka informou que uma base voltada para o grupo Wagner para 8.000 soldados estava sendo construída em Belarus, na região de Mogilev, a sudeste de Minsk. O relato porém não pôde ser confirmado de forma independente.

Quaisquer que tenha sido as intenções, a revolta de Prigozhin confrontou Putin com o desafio mais feroz que ele enfrentou em mais de 23 anos como líder supremo da Rússia - questionando a estabilidade de um sistema onde o estado de direito é prontamente dispensável e feudos concorrentes, incluindo oligarcas e funcionários públicos, disputam constantemente favores presidenciais, benefícios do Estado e influência. Também expôs as amargas divisões sobre a forma como Putin lidou com a guerra na Ucrânia e pode ter sérias repercussões no campo de batalha.

O comentário de Prigozhin de que o presidente Lukashenko ofereceu à milícia uma maneira de operar legalmente em Belarus sugeriu que Wagner continuará suas operações na África e em outras partes do mundo, alavancando contratos de segurança e operações de influência política em troca de concessões de mineração e dinheiro.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta segunda que o grupo Wagner continuará operando no Mali e na República Centro-Africana.

Logo após o discurso, a mídia estatal russa informou que Putin apareceria novamente na televisão falando durante uma reunião com seus chefes de segurança. A aparição, no entanto, foi curta./AP, AFP, NYT e W.POST

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